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81 ANOS DE GRAÇAS E
BÊNÇÃOS
no Brasil e no mundo
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Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2018 |
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Fev. 6, 2018 - 11:00
«Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o
amor de muitos» (Mt. 24, 12).
Amados irmãos e irmãs!
Mais uma vez vamos encontrarmo-nos com a Páscoa do
Senhor! Todos os anos, com a finalidade de nos preparar
para ela, Deus na sua providência oferece-nos a
Quaresma, «sinal sacramental da nossa conversão»,[1]
que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o
coração e com toda a nossa vida.
Com a presente mensagem desejo, neste ano também, ajudar
toda a Igreja a viver, neste tempo de graça, com alegria
e verdade; faço-o deixando-me inspirar por esta
afirmação de Jesus, que aparece no Evangelho de Mateus:
«porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o
amor de muitos» (24,12).
Esta frase encontra-se no discurso sobre o fim dos
tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das
Oliveiras, precisamente onde terá início a Paixão do
Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos,
Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a
situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos
crentes: à vista de fenômenos espaventosos, alguns
falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar
apagar-se nos corações o amor que é o centro de todo o
Evangelho.
Os falsos profetas.
Escutemos este trecho, interrogando-nos sobre as formas
que assumem os falsos profetas.
Uns assemelham-se a «encantadores de serpentes»,
ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para
escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem.
Quantos filhos de Deus acabam encandeados pelas
adulações dum prazer de poucos instantes que se confunde
com a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem
fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na
realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses
mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si
mesmos e caem vítimas da solidão!
Outros falsos profetas são aqueles «charlatães»
que oferecem soluções simples e imediatas para todas as
aflições, mas são remédios que se mostram completamente
ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio
da droga, de relações passageiras, de lucros fáceis mas
desonestos! Quantos acabam enredados numa vida
completamente virtual, onde as relações parecem mais
simples e ágeis, mas depois se revelam dramaticamente
sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo que
oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais
precioso como a dignidade, a liberdade e a capacidade de
amar. É o engano da vaidade, que nos leva a fazer a
figura de pavões para, depois, nos precipitar no
ridículo; e do ridículo não se volta atrás. Não nos
admiremos! Desde sempre o demônio, que é «mentiroso e
pai da mentira» (Jo. 8, 44), apresenta o mal como
bem e o falso como verdadeiro, para confundir o coração
do homem. Por isso, cada um de nós é chamado a
discernir, no seu coração, e a verificar se está
ameaçado pelas mentiras destes falsos profetas. É
preciso aprender a não se deter no nível imediato,
superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um
rasto bom e mais duradouro, porque vem de Deus e visa
verdadeiramente o nosso bem.
Um coração frio.
Na Divina Comédia, ao descrever o Inferno, Dante
Alighieri imagina o diabo sentado num trono de gelo;[2]
habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então:
como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais
indicadores de que o amor corre o risco de se apagar em
nós?
O que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do
dinheiro, «raiz de todos os males» (1a
Tm. 6, 10); depois dela, vem a recusa de Deus e,
consequentemente, de encontrar consolação n’Ele,
preferindo a nossa desolação ao conforto da sua Palavra
e dos Sacramentos.[3] Tudo isto se transforma em
violência que se abate sobre quantos são considerados
uma ameaça para as nossas «certezas»: o bebê
recém-nascido, o idoso doente, o hóspede de passagem, o
estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às
nossas expectativas.
A própria criação é testemunha silenciosa deste
resfriamento do amor: a terra está envenenada por
resíduos lançados por negligência e por interesses; os
mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar
os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas;
os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua
glória – são rasgados por máquinas que fazem chover
instrumentos de morte.
E o amor resfria-se também nas nossas comunidades: na
Exortação apostólica Evangelii gaudium procurei
descrever os sinais mais evidentes desta falta de amor.
São eles a acedia egoísta, o pessimismo estéril, a
tentação de se isolar empenhando-se em contínuas guerras
fratricidas, a mentalidade mundana que induz a ocupar-se
apenas do que dá nas vistas, reduzindo assim o ardor
missionário.[4]
Que fazer?
Se porventura detectamos, no nosso íntimo e ao nosso
redor, os sinais acabados de descrever, saibamos que, a
par do remédio por vezes amargo da verdade, a Igreja,
nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de
Quaresma, o remédio doce da oração, da esmola e do
jejum.
Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso
coração descobrir as mentiras secretas, com que nos
enganamos a nós mesmos,[5] para procurar finalmente a
consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a
vida.
A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos
a descobrir que o outro é nosso irmão: aquilo que possuo
nunca é só meu. Como gostaria que a esmola se tornasse
um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria
que, como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos
e víssemos, na possibilidade de partilhar com os outros
os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão que
vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as
palavras exortativas de São Paulo aos Coríntios, quando
os convidava a tomar parte na coleta para a comunidade
de Jerusalém: «isto é o que vos convém» (2a
Cor. 8, 10). Isto vale de modo especial na Quaresma,
durante a qual muitos organismos recolhem coletas a
favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como
gostaria também que no nosso relacionamento diário,
perante cada irmão que nos pede ajuda, pensássemos: aqui
está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma
ocasião para tomar parte na Providência de Deus para com
os seus filhos; e, se hoje Ele se serve de mim para
ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover também às
minhas necessidades, Ele que nunca se deixa vencer em
generosidade?[6]
Por fim, o jejum tira força à nossa violência,
desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de
crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que
sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário,
provando dia a dia as mordeduras da fome. Por outro,
expressa a condição do nosso espírito, faminto de
bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos,
torna-nos mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a
vontade de obedecer a Deus, o único que sacia a nossa
fome.
Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da
Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e
mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se
vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no
mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e
a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade
comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar
juntos e, juntamente conosco, dar o que puderdes para
ajudar os irmãos!
O fogo da Páscoa.
Convido, sobretudo os membros da Igreja, a empreender
com ardor o caminho da Quaresma, apoiados na esmola, no
jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em
muitos corações o amor, este não se apaga no coração de
Deus! Ele dá-nos sempre novas ocasiões para podermos
recomeçar a amar.
Ocasião propícia será, também neste ano, a iniciativa
«24 horas para o Senhor», que convida a celebrar o
sacramento da Reconciliação num contexto de adoração
eucarística. Em 2018, ela terá lugar nos dias 9 e 10 de
março – uma sexta-feira e um sábado –, inspirando-se
nestas palavras do Salmo 130: «em Ti, encontramos o
perdão» (v. 4). Em cada diocese, pelo menos uma
igreja ficará aberta durante 24 horas consecutivas,
oferecendo a possibilidade de adoração e da confissão
sacramental.
Na noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de
acender o círio pascal: a luz, tirada do «lume novo»,
pouco a pouco eliminará a escuridão e iluminará a
assembleia litúrgica. «A luz de Cristo, gloriosamente
ressuscitado, nos dissipe as trevas do coração e do
espírito»,[7] para que todos possamos reviver a
experiência dos discípulos de Emaús: escutar a Palavra
do Senhor e alimentarmo-nos do Pão Eucarístico permitirá
que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança
e amor.
Abençôo-vos de coração e rezo por vós. Não vos esqueçais
de rezar por mim.
Vaticano, 1 de novembro de 2017, Solenidade de Todos os
Santos.
Papa Francisco
[1] Missal Romano, I Domingo da Quaresma, Oração Coleta.
[2] «Imperador do reino em dor tamanho / saía a meio
peito ao gelo baço» (Inferno XXXIV, 28-29).
[3] «É curioso, mas muitas vezes temos medo da
consolação, medo de ser consolados. Aliás, sentimo-nos
mais seguros na tristeza e na desolação. Sabeis porquê?
Porque, na tristeza, quase nos sentimos protagonistas;
enquanto, na consolação, o protagonista é o Espírito
Santo» (Angelus, 7/XII/2014).
[4] Cf. FRANCISCO, Exortação apostólica Evangelii
gaudium, 76-109.
[5] Cf. BENTO XVI, Carta encíclica Spe salvi, 33.
[6] Cf. PIO XII, Carta encíclica Fidei donum, III.
[7] Missal Romano, Vigília Pascal, Lucernário. |
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O Terço
(Rosário) dos Homens não exige
nada e não cobra nada da vida pessoal dos seus
participantes, o que faz
com que seus membros se sintam livres, e a liberdade dá ao
homem o poder de ser aquilo que ele deseja ser, daí as
transformações se sucederem de modo espontâneo
causado pelo contato que os mesmos passam a ter
com
Deus por intercessão
de Maria. |
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