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O Primeiro - o número 1 na Internet.-
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Criado em 30 de março de 2005 |
Não confundir o site do Terço dos Homens :
www.tercodoshomens.com.br
com o
www.tercodoshomens.org.br
que é o mesmo
www.tercodoshomensmaerainha.org.br
Este site apresenta, com exclusividade, o Terço dos
Homens rezado nas suas origens pelo primeiro tesoureiro,
um dos fundadores do grupo.
Sr. Manoel Pedral, falecido à mais de 40 anos -
ouçam
86 ANOS DE GRAÇAS E
BÊNÇÃOS
no Brasil e no mundo
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A Igreja, que é "a coluna e sustentáculo da verdade"
(1ª Tm. 3, 15), guarda fielmente a fé uma vez por todas
confiada aos santos (cf. Jd. 1, 3). É ela que conserva a
memória das Palavras de Cristo, é ela que
transmite de
geração em geração a confissão de fé dos apóstolos. Como
uma mãe que ensina seus filhos a falar e, com isso, a
compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos
ensina a linguagem da
fé para introduzir-nos na
compreensão e na vida da fé. (Catecismo da Igreja
Católica)"
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01 -
Prólogo |
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A Bíblia é um livro difícil. Difícil porque é antigo,
foi escrito por orientais, que têm uma mentalidade bem
diferente da greco-romana, da qual nós descendemos.
Diversos foram os seus escritores, que
viveram entre os
anos 1200 a.C. a 100 d.C. Isso, sem contar que foi
escrita em línguas hoje inexistentes ou totalmente
modificadas, como o hebraico, o grego, o aramaico, fato
este que dificulta enormemente
uma tradução, pois muitas
vezes não se encontram palavras adequadas.
Outra razão para se considerar a Bíblia um livro difícil
é que ela foi escrita por muitas pessoas, ás vezes até
desconhecidas e em situações concretas as mais diversas.
Por isso, para bem entendê-la é necessário colocar-se
dentro das situações vividas pelo escritor, o que é de
todo impraticável. Quando muito, consegue-se uma
aproximação metodológica deste entendimento.
Além do mais, a Bíblia é um livro inspirado e é muito
importante saber entender esta inspiração, para haurir
com proveito a mensagem subjacente em suas palavras.
Dizer que a Bíblia é inspirada não quer dizer que o
escritor sagrado (ou hagiógrafo) foi um mero instrumento
nas mãos de Deus, recebendo mensagens ao modo
psicográfico. É necessário entender o significado mais
próprio da 'inspiração' bíblica, assunto que será
abordado na continuação.
Entre os católicos, o interesse por conhecer a Bíblia
praticamente começou após o Concílio Vaticano II, ou
seja, a partir dos anos '60, enquanto os Protestantes há
muito se interessam por estudá-la. Não quero adentrar
aqui na histórica polêmica religiosa que cerca a leitura
e a interpretação da Bíblia, ressuscitando vetustas
divergências. Apenas vale salientar que uma série de
enganos podem advir de uma interpretação bíblica
literal, porque uma interpretação ao "pé da letra"
não revela o sentido mais adequado de todas as palavras.
Para que não aconteça conosco incidir neste equívoco,
devemos aprender a nos colocar na situação histórica de
cada escritor em cada livro, conhecer a situação social
concreta da sociedade em que ele viveu, procurar
entender o que aquilo significou no seu tempo e só então
tentar aplicar a sua mensagem às nossas circunstâncias
atuais.
A Bíblia é um livro difícil. Difícil porque é antigo,
foi escrito por orientais, que têm uma mentalidade bem
diferente da greco-romana, da qual nós descendemos.
Diversos foram os seus escritores, que viveram entre os
anos 1200 a.C. a 100 d.C. Isso, sem contar que foi
escrita em línguas hoje inexistentes ou totalmente
modificadas, como o hebraico, o grego, o aramaico, fato
este que dificulta enormemente uma tradução, pois muitas
vezes não se encontram palavras adequadas.
Outra razão para se considerar a Bíblia um livro difícil
é que ela foi escrita por muitas pessoas, ás vezes até
desconhecidas e em situações concretas as mais diversas.
Por isso, para bem entendê-la é necessário colocar-se
dentro das situações vividas pelo escritor, o que é de
todo impraticável. Quando muito, consegue-se uma
aproximação metodológica deste entendimento.
Além do mais, a Bíblia é um livro inspirado e é muito
importante saber entender esta inspiração, para haurir
com proveito a mensagem subjacente em suas palavras.
Dizer que a Bíblia é inspirada não quer dizer que o
escritor sagrado (ou hagiógrafo) foi um mero instrumento
nas mãos de Deus, recebendo mensagens ao modo
psicográfico. É necessário entender o significado mais
próprio da 'inspiração' bíblica, assunto que será
abordado na continuação.
Entre os católicos, o interesse por conhecer a Bíblia
praticamente começou após o Concílio Vaticano II, ou
seja, a partir dos anos '60, enquanto os Protestantes há
muito se interessam por estudá-la. Não quero adentrar
aqui na histórica polêmica religiosa que cerca a leitura
e a interpretação da Bíblia, ressuscitando vetustas
divergências. Apenas vale salientar que uma série de
enganos podem advir de uma interpretação bíblica
literal, porque uma interpretação ao "pé da letra"
não revela o sentido mais adequado de todas as palavras.
Para que não aconteça conosco incidir neste equívoco,
devemos aprender a nos colocar na situação histórica de
cada escritor em cada livro, conhecer a situação social
concreta da sociedade em que ele viveu, procurar
entender o que aquilo significou no seu tempo e só então
tentar aplicar a sua mensagem às nossas circunstâncias
atuais.
1. O que é a Bíblia?
- Definição do Concilio Vaticano II:
"a Bíblia é o conjunto de livros que, tendo sido
escritos sob a inspiração do Espirito Santo, têm Deus
como autor, e como tais foram entregues à Igreja".
Testamento (novo ou antigo): é a tradução da palavra
hebraica "berite" que significa a aliança de Deus
com o povo por Moisés. Na tradução dos 70 a palavra "berite"
foi traduzida por "diatheke", que em grego quer
dizer aliança, contrato, testamento.
Obs.: a 'tradução dos 70' é uma das versões mais
antigas da Bíblia. Segundo a tradição, este trabalho
teria sido realizado por 70 sábios da antiguidade.
2. Quais as partes que compõem a Bíblia? - A Bíblia se
divide em duas partes principais: o Antigo Testamento e
o Novo Testamento. O Antigo refere-se ao período
anterior a Jesus Cristo e o Novo se refere ao período
cristão. Cada uma destas partes se compõe de diversos
'livros', escritos em épocas históricas diferentes. A
seguir, a relação dos livros com uma breve referência ao
conteúdo deles.
Livros do Antigo Testamento:
- Pentateuco (cinco primeiros livros: Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio);
- Josué (narra a entrada do povo de Deus na Palestina);
- Juízes (narra a conquista da Palestina);
- I e II de Samuel (relatos da época de Saul e Davi,
continuação da conquista);
- I e II dos Reis (relatos sobre Salomão e seus
sucessores);
- I e II das Crônicas (continuação dos relatos sobre os
outros Reis);
- I e II dos Macabeus (continuação do período dos Reis)
- Livro de Rute (faz alusão ao universalismo. Noemi era
pagã e se inseriu no povo de Deus);
- Livro de Tobias, Livro de Judite, Livro de Ester
(pertencem ao gênero de contos. São livros do tempo do
exílio, quando se apresentavam exemplos de abnegação ao
povo oprimido, convidando-os a suportar o sofrimento);;
- Livro de Isaías (cap. l a 39 são do próprio escritor;
cap. 40 a 55 são de discípulos; cap. 56 a 66 são de
outros escritores posteriores);
- Livro de Jeremias (ditado por este a Baruc, seu
secretário);
- Livro de Ezequiel (um dos profetas maiores);
- Livro de Daniel (tem um conteúdo apocalíptico);
- Livro de Jó (do gênero conto, procura demonstrar que
não só os bons são felizes. Tem por objetivo combater
uma ideia comum de que só os ricos eram os abençoados
por Deus);
- Livros Sapienciais (Eclesiastes ou Qohelet;
Eclesiástico ou Siráside; Provérbios, Sabedoria e
Cântico dos Cânticos). São reflexões de cunho
acentuadamente humanístico, aproveitamento do saber
oriental;;
- Livro dos Salmos (coleção de cantos litúrgicos), e
- Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias,
Malaquias (chamados menores não com relação à sua
importância, mas ao tamanho de seus escritos).
Livros do Novo Testamento:
- Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas - têm
muitas semelhanças entre si);
- Evangelho de João (maior desenvolvimento teórico,
influência filosófica de época);
- Atos dos Apóstolos (narram a missão dos apóstolos após
a Ressurreição de Cristo);
- Epístolas de Paulo (historicamente, os primeiros
escritos do NT);
- Epístolas Católicas (Pedro, Tiago, Judas): dirigidas a
todos os fiéis, por isso, universais, e
- Apocalipse (escrito por João, na base de códigos,
símbolos) |
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02
-
Inspiração |
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Um dos principais conceitos a ser examinado para uma
melhor compreensão da Bíblia é o de inspiração. O que
significa dizer que os livros bíblicos são inspirados,
de onde vem está inspiração, até que ponto o que é
escrito representa a mensagem de Deus ou do hagiógrafo
(escritor sagrado)? Ao longo da história, os estudiosos
procuraram esclarecer este conceito básico e, é claro,
sempre houve divergências entre eles. Apresentamos aqui
algumas reflexões sobre este importante conceito.
Na inspiração distinguimos dois
aspectos: dogmático e especulativo.
O dogmático pode ser expresso como resposta à pergunta:
por que acreditamos que a Bíblia é um livro inspirado?
Isto não se pode provar pela própria Bíblia. Busca-se
então provar pelo fundamento histórico. Os evangelhos,
por exemplo, são históricos. Há uma tradição desde os
tempos dos Apóstolos que cita a Escritura como
autoridade divina (Mt. 1, 22; Mt. 22, 31; Mc. 7, 10; Jo.
10, 35; At. 1,16; Lc. 22, 37; Heb. 3, 7; 10, 15). Em 2ª
Tim. 3, 16, aparece pela primeira vez a palavra 'theopneustos',
ou seja, inspirada por Deus.
O especulativo pode ser expresso como resposta à
pergunta: em que consiste a inspiração? Este é mais
complicado e será exposto com mais detalhes.
a) Modo da inspiração.
É muito discutido o modo como se dá a inspiração do
escritor sagrado. Bañez afirmou que era um ditado. Mas
em II Mac. 2, 19-23, o autor se refere a um resumo de 5
livros em um só, cujo resumo lhe custou "suores e
noites de vigília". Como é que foi um ditado se
houve o esforço dele para elaborar a síntese? Do mesmo
modo Lucas (Lc. l, 1) escreve: "depois de haver
diligentemente investigado tudo desde o princípio,
resolvi escrever... ", logo não foi simplesmente um
'ditado' da parte de Deus.
Em reação à teoria do ditado veio outra que disse o
contrário: a inspiração é a aprovação que a Igreja dá ao
livro. O fato estar colocado no cânon é a garantia da
própria inspiração. Esta tese foi defendida por poucos e
não teve grande aceitação nos meios católicos.
O Cardeal Franzelin propôs uma nova fórmula: nem tudo é
de Deus nem tudo é do homem, mas as ideias são de Deus e
as palavras são do homem. Obteve um certo sucesso, mas
ainda não explicou de todo. Sto. Tomás de Aquino
propusera a teoria da "causa instrumental": são os dois
ao mesmo tempo - Deus e o Homem. Ambos estão presentes
em toda a obra. Um é o autor principal e o outro o autor
secundário. A inspiração eleva, sublima as faculdades do
autor. Pode até ser admitida esta teoria, entretanto,
convém lembrar que tudo que está na Bíblia é inspirado,
embora nem tudo seja revelado.
b) Funcionamento psicológico da
inspiração
Em II Mac, conforme mencionado acima, o autor se refere
a um resumo do livro que um certo Jazão escreveu. De 5
volumes ele reduziu a um só. Como dizer que isto é
palavra inspirada por Deus, como se explica aí a
inspiração divina?
Comecemos por analisar as operações do intelecto:
apreensão, juízo e raciocínio. Elas seguem um grau de
aprofundamento e refinamento do saber. Pode-se ter uma
inspiração de Deus logo no primeiro momento (na
apreensão), como se pode ter depois, no juízo ou também
nos dois. Quando a inspiração é logo na apreensão, se
diz 'revelação'. Quando, como no caso do II Mac, a
apreensão é do autor, a inspiração se dá no segundo
momento, ou seja, no juízo, enquanto na apreciação que
ele faz da obra está sendo iluminado pelo Espírito
Santo. Na confecção destes livros, a questão da
inspiração é que o autor estava iluminado pelo Espírito
Santo para dizer o fato corretamente, sem poder errar no
julgamento. Embora ele não esteja consciente disso, a
ação do Espírito Santo está sendo exercida no seu
intelecto.
Mas, pode-se questionar: como se sabe se ele foi ou não
inspirado quando nem ele mesmo pode perceber isso? Aí
passa a ser uma questão de fé. Tenta-se explicar o fato,
mas não se afirma que seja assim. O discernir se o livro
é ou não inspirado, dado o que acontece com o autor, é
alçada da Igreja, que também é inspirada pelo Espírito
Santo. É uma questão fundamentalmente de fé.
Por isso, para a definição dos livros autênticos,
reconhecidos pela Igreja Católica, os Cânones foram
aprovados em Concílios, nos quais se discutiram certas
dúvidas a respeito de alguns livros, se eram ou não
inspirados. Nas discussões, procurou-se ver na história
da Igreja, desde os cristãos primitivos até aquela
época, quais os livros que durante os séculos sempre
foram lidos nas Igrejas e, baseada no consenso, ela
constituiu o cânon. Sem dúvida, a tradição antiga é mais
fidedigna, pois está mais próxima dos tempos
apostólicos.
Mas, voltando ao conceito do juízo, ele pode ser
especulativo ou prático. Especulativo quando tem por fim
o verdadeiro; prático guando tem por fim o bem. No caso
de Jonas, por exemplo, o juízo do autor não foi
especulativo, mas prático. Jonas teve o sonho em que
Deus o mandava pregar em Nínive. Ora, raciocinou ele,
Javé é Deus de Israel, e não deve ser falado aos pagãos.
Então tomou o navio para outro lugar, e aí entra a
história da baleia... A finalidade do autor era
convencer a todos que Javé era o Deus universal, contra
uma certa corrente judia que negava fato, ou melhor, não
gostava da ideia.
Para se entender cada página da Bíblia deve-se ter em
mente a finalidade, a intenção do autor ao escrever cada
parte do livro. Não se pode abrir o livro em qualquer
parte e ler tudo com o mesmo espírito. Na antiga
concepção de inspiração (ditado) não se considerava este
problema. Tudo que lá estava se acreditava "ao pé da
letra". Não se podia duvidar. Mas esta é hoje uma
prática mais comum em algumas igrejas protestantes,
geralmente praticada por pessoas com conhecimentos
teológicos limitados e reducionistas.
Uma consequência direta da inspiração é o dom da
inerrância. Se o livro é inspirado, logo o que contém é
verdade. Porém está verdade não está ali imediatamente
evidente, ela precisa ser alcançada pela reflexão
animada pela fé, ou seja, a razão e a fé ajudando-se
mutuamente. |
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3. Origem e Formação da Bíblia
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1. Indícios e evidências
históricas
O período histórico da formação da Bíblia situa-se entre
1100 a.C. ou 1200 a.C. a 100 d.C. Provavelmente, a mais
antiga parte escrita da Bíblia é o Cântico de Débora,
que se encontra no livro dos Juízes (Jz. 5).
Quando os hebreus chegaram a Canaã, já havia na terra um
certo desenvolvimento literário, como por exemplo, o
alfabeto fenício (do qual se derivou o hebraico), que já
existia no século XIV a. C. Os judeus chegaram lá por
volta do século XIII a.C. Outro documento desta época é
o calendário de Gezér, que data mais ou menos do ano
1000 a.C. É uma indicação de datas para uso dos
agricultores. É o documento mais antigo encontrado na
Palestina. Outro documento também muito antigo é o
sarcófago do Rei Airam, que contém uma inscrição e foi
encontrado nos séculos XIV ou XV a. C., em Biblos. Há
ainda umas tabuletas encontradas em Ugarit (em 1929),
onde estão escritos uns poemas semelhantes aos salmos,
datando dos séculos XIV ou XV a. C.
Além destes, há outros documentos provando que já havia
uma escrita na Palestina, antes dos hebreus chegarem lá.
A inscrição do túmulo de Siloé (700 a. C.), explicando
como foi feito; os "óstracon", de Samaria, onde
há uma espécie de carta diplomática, são documentos que
provam a continuidade de uma atividade literária. Em
Juízes 8, 14, o autor descreve um acontecimento ocorrido
mais ou menos em 1100 a.C. E em que língua foi escrito
este fato pela primeira vez, na época em que aconteceu?
Provavelmente no alfabeto fenício (pré-hebraico).
2. A tradição oral e a tradição
escrita
A parte mais antiga da Bíblia remonta justamente deste
tempo (1100 a.C.), quando a escrita ainda não estava bem
definida, e é oral. Desde este tempo já se fora criando
uma tradição, que existia oralmente e era transmitida
aos novos pelos mais velhos nas reuniões que havia nos
santuários. Por este tempo, só eram relatados os
acontecimentos do deserto, do Sinai, da aliança de Deus
com o povo. Mas os jovens queriam saber o que havia
acontecido antes disto. Então foram sendo compostas as
histórias dos Patriarcas. Mas, e antes deles, antes de
Abraão? Passaram à história da criação do mundo. Por
isso, se afirma que a parte mais antiga da Bíblia é o
Cântico de Débora, no livro dos Juízes. A partir daí,
fez-se um retrospecto didático-histórico.
Como dissemos, estas histórias iam sendo passadas
oralmente de pai a filho, nos santuários. Acontece que
nem todos iam para os mesmos santuários, o que motivou a
existência de pequenas diferenças na catequese do norte
e na do sul. A tradição do sul foi chamada de Javista
(J), pois Deus era tratado sempre por Javé; a do norte
se chamou Eloista (E), porque Deus era tratado como
Eloi.
A tradição oral existiu até os tempos de Davi, quando
foi escrita a tradição javista; meio século depois, foi
escrita também a eloista. Por volta de 721 a.C., na
época, da divisão dos reinos, quando Samaria foi
destruída pelos assírios, muitos sacerdotes do norte
fugiram para o sul e levaram consigo a sua tradição. A
partir de então, as duas foram compiladas num só
escrito.
Falamos das duas tradições: uma do norte e outra do sul.
Mas não existiam apenas estas duas, que são as
principais. Há ainda a Deuteronômica (D), encontrada
casualmente em 622 a. C. por pedreiros, que trabalhavam
num templo. Corresponde ao livro Deuteronômio da Bíblia
atual. Após esta, surgiu a Sacerdotal (P), nova
compilação das catequeses antigas de Israel, datada do
século VI a.C. Ao fim, estas quatro tradições foram
combinadas entre si e compiladas em 5 volumes, dando
origem ao Pentateuco da Bíblia atual. Na tradição
Javista, Deus é antropomórfico. Na Sacerdotal, Deus é
poderoso, está acima do tempo, o que significa um
progresso no conceito de Deus que o povo tinha. A
redação do Pentateuco se deu pelo ano 398 a.C. e
compreendia a primeira parte da Bíblia judaica.
A partir de Josué, a tradição continuou oral, para ser
escrita somente por volta de 550 a.C. E foram escritas
do modo como o povo contava. Por isso não se pode dar a
mesma importância histórica aos fatos descritos nestes
livros em relação a outros posteriores, pois alguns
fatos narrados foram baseados na tradição popular,
enquanto que outros foram baseados em documentos de
arquivos (anais do Reino). Este é um grande desafio para
os estudiosos e também uma fonte de divergências.
3. Os Intérpretes - Profetas e
Sábios
Durante muito tempo, os profetas foram os orientadores
do povo de Deus. Os livros proféticos resumem os seus
ensinamentos, e na sua maioria foram escritos só mais
tarde, por seus seguidores. Somente por volta do ano 200
a.C. é que foram redigidos os livros proféticos. Os
livros Sapienciais foram o resultado de um estilo
literário que esteve em moda durante muito tempo, na
época posterior ao exílio. São umas reflexões
humanístico religiosas. Passados os profetas, surgiram
os sábios que raciocinavam sobre as coisas da natureza,
tirando delas ensinamentos para a vida. Foram
acrescentados aos livros sagrados nos últimos séculos aC.,
sendo os mais recentes livros do AT.
4. A nova tradição da era cristã
O NT não foi escrito com a finalidade de ser
acrescentado à Bíblia. No tempo de Cristo e dos
Apóstolos, o livro sagrado era apenas o AT. O próprio
Jesus Cristo se baseava nele em suas pregações. E Ele
mandou apenas pregar, e não escrever. Foi quando uma
nova tradição oral foi se formando. E após a morte de
Cristo, os apóstolos saíram pregando.
Mas veio a necessidade de congregar outras pessoas para
o anúncio, em vista do grande número de comunidades
existentes. Então, começaram a escrever. Mais tarde, com
a aceitação também de cidadãos estrangeiros nas
comunidades, a mensagem precisou ser traduzida e
adaptada. Além disso, o próprio povo necessitava de uma
escrita (doutrina escrita) para se conservar una, após a
morte dos Apóstolos. Esta redação, no início, era apenas
de alguns escritos esparsos, que só depois de algum
tempo foram juntos em livros. Exemplo disso está em Mc.
2, uma série de disputas de JC com os Judeus, onde se vê
claramente que foi recolhida de escritos separados.
Também em João se lê: “muitas outras coisas Jesus fiz
que não foram escritas..." (Jo. 21, 24) Isto
significa que só foram escritas aquelas mensagens que
teriam utilidade, conforme as necessidades momentâneas.
O evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, data
dos anos 60 ou 70 d.C.; os de Lucas e Mateus, são de 70
ou 80, o que significa que somente após uns 40 anos da
morte de JC sua palavra começou a ser escrita. 0
Evangelho de João só foi escrito em torno do ano 100
d.C. Antigamente, se acreditava ser Mateus o autor do
primeiro Evangelho. Mas a crítica histórica mostra que o
de Marcos foi anterior. Aliás, a respeito deste
evangelho de Mateus, não se sabe ao certo quem é o seu
autor. Foi atribuído a Mateus, apenas por uma tradição e
também por uma praxe da época de se atribuir um escrito
a alguém mais conhecido e famoso, para que a obra
tivesse mais autoridade.
5. Entendendo algumas dificuldades
concretas
Durante o tempo anterior à escrita dos Evangelhos, havia
apenas a pregação dos Apóstolos, recordando os fatos da
vida de Cristo, todavia eram fatos esparsos, sem nenhuma
preocupação com sequência ou unidade. Por isso os
Evangelhos, que foram esta pregação escrita, se
contradizem em algumas datas, o que mostra a pouca
importância dada à cronologia. Os fatos eram recordados
e aplicados, conforme as necessidades. Assim, até entre
os Evangelhos sinóticos, que seguiram a mesma fonte, há
diversificações. Por exemplo, no Sermão da Montanha, em
Lucas fala "bem aventurados os pobres"; e em Mateus,
"bem aventurados os pobres de espírito". A diferença
consiste no seguinte: Lucas deu um sentido social, mais
importante para as comunidades gregas, para as quais
escrevia. Mas o de Mateus destinava-se às comunidades
judias e queria combater uma doutrina dos judeus que
tinham uma ideia falsa de pobreza. Para eles, o próprio
fato de a pessoa ser pobre, já lhe garantia a salvação,
enquanto outra pessoa, pelo simples fato de ser rica, já
estava condenada. Por causa disso ele escreveu
"pobres de espírito".
Outro ponto de discordância é o caso da cura de um cego.
Mateus diz "um cego, na saída de Jericó"; e Lucas
"dois
cegos, na entrada de Jericó". 0 fato da 'entrada' e
'saída' pode ser explicado pela existência de duas
cidades chamadas Jericó. 0 fato de serem um ou mais
cegos explica-se pelo seguinte: era comum naquele tempo
os cegos formarem grupos em torno de um cego-líder; e o
nome deste geralmente era o do grupo. No entanto, estes
detalhes pouco importam ao evangelho. 0 seu interesse é
a apresentação da mensagem (evangélion = boa nova).
6. A fonte comum
Os Evangelistas sinóticos se basearam no Evangelho de
Marcos e noutra fonte, convencionada por fonte "Q",
simbolizando os inúmeros escritos esparsos de que já
tratamos. Espalharam cópias destes por outras partes do
mundo. Lucas, Mateus, cada um em lugares diferentes, se
inspiraram nos escritos disponíveis e inclusive no
evangelho de Marcos, que na época já havia sido escrito.
O fato do primeiro Evangelho ser atribuído anteriormente
a Mateus se deve a uma afirmação de Eusébio de que
Mateus escrevera a "logia" do Senhor em aramaico. Mas a
crítica histórica provou que o Evangelho que conhecemos
não traz apenas a "logia" do Senhor e não foi escrito em
aramaico, e sim em grego. Portanto a notícia de Eusébio
se refere a outro escrito, e não a este evangelho. Nada
impede, porém, que tenha sido escrito por discípulos de
Mateus e atribuído ao Mestre. Aliás, a respeito de
"Evangelho", o primeiro a usar esta palavra para
indicar as memórias dos Apóstolos foi S. Justino, em 130
d.C.
7. As Cartas
As cartas de Paulo foram enviadas para serem lidas em
público. Em 1ª Tes. 5, 27 há uma alusão a isto. Havia
também o intercâmbio das cartas, como se lê em Col. 4,16:
"mostrem esta carta para Laodiceia e tragam a de lá
para vocês". Aos poucos as cartas foram
colecionadas, e no fim do I século já se tem notícia
delas, quando em 2ª Pd. 3, 15 se lê: "...nosso irmão
Paulo vos escreveu conforme o dom que lhe foi dado... "
As cartas de Paulo foram os primeiros escritos do NT.
Não se sabe quando os Evangelhos e elas foram acoplados,
mas já no fim do I século estavam reunidos num só livro.
As Epistolas Católicas (universais) são chamadas assim
por se destinarem à Igreja em geral, e não a tal ou qual
comunidade, como fizera Paulo. Elas também se originaram
da necessidade pastoral, e já no começo do II século
estavam incorporadas aos outros escritos do NT. Os Atos
dos Apóstolos podem ser considerados a continuação do
terceiro Evangelho, pois também foi escrito por Lucas. E
o Apocalipse de S. João, livro profético, foi
acrescentado por último.
Nos escritos do NT, frequentemente se encontram citações
do AT. É que muitas vezes os Apóstolos queriam tirar
dúvidas sobre certas passagens, que tinham falsa
interpretação. Nas assembleias, eram lidos escritos do
AT e do NT, para explicá-los. Exemplo disto temos em 1ª
Tes. 4, 15; 1ª Cor. 7, 10. 25. 40; At. 15, 28; 1ª Tim.
5, 18; Lc. 10, 7.
8. O Cânon Sagrado
No século IV, a Igreja se reuniu em Concilio em Nicéia,
e uma das tarefas era organizar o "cânon", ou a
lista de livros sagrados considerados autênticos. Neste
Concilio, os livros foram estudados e se investigou
quais os que sempre foram lidos nos cultos e sempre
foram considerados legítimos. E se estabeleceu a ordem
ainda hoje conservada. O motivo pelo qual alguns livros
foram postos em dúvida era a grande quantidade de livros
apócrifos, que fazia com que se duvidasse dos
verdadeiros. Havia muitos livros que os judeus não
aceitavam. Então os Ss. Padres ponderaram os prós e
contras e definiram a lista que foi aprovada. |
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4. Hermenêutica |
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1. Conceito
A palavra 'hermenêutica' vem do verbo
'hermenêuein' (interpretar). E esta interpretação
foi entendida diversamente através dos tempos. Por isso,
temos três tipos de exegese:
- l. rabínica;
- 2. Protestante,
- 3. católica.
2. Exegese Rabínica
Os judeus interpretavam a escritura ao pé da letra, por
causa da noção de inspiração que tinham. Se uma palavra
não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam
artifícios intelectuais, para lhes dar um sentido,
porque todas as palavras da Bíblia tinham que ter uma
explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele
passara 38 anos doente. Por que 38? Ora, 40 é um número
perfeito, usado várias vezes na vida de Cristo (antes da
ressurreição, no jejum) ou também no AT (deserto,
Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os
mandamentos (vontade) de Deus se resumem em "2":
amar Deus e ao próximo. Portanto, tirando um número
perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um
número imperfeito (38) que é número de doença...
Alegoria pura: neste sentido se entende a condenação de
certas teorias que apareceram e eram contrárias à Bíblia
(caso de Galileu). Assim era a exegese antiga. No século
XVIII, o racionalismo fez o extremo oposto desta
doutrina: negaram tudo que tinha algum aspecto de
sobrenatural e mistério, e procuravam explicações
naturais para os fatos incompreensíveis, assim por
exemplo, dizendo que Cristo hipnotizava os ouvintes e os
iludia dizendo que era milagre. JC não ressuscitou, mas
ele apenas havia desmaiado na cruz, e quando tornou a si
saiu do sepulcro... Talvez não o fizessem por maldade.
Era por princípio filosófico.
A Igreja primitiva herdou muito do rabinismo, no início,
mas depois se libertou. Começaram por ver na Bíblia
vários sentidos: literal, pleno e acomodatício. Literal:
sentido inerente às palavras, expressão pura e simples
da ideia do autor; Pleno: fundado no literal, mas que
tem um aprofundamento talvez nem previsto pelo autor.
Deus pode ter colocado em certas palavras um significado
mais profundo que o autor não percebeu, mas que depois
se descobre. Deus, como autor, fez assim. A palavra do
profeta se refere a uma situação histórica; a palavra de
Deus se refere ao futuro. Acomodatício: é a acomodação a
um sentido à parte que combina com as palavras. É a
Bíblia aplicada à realidade apenas pela coincidência dos
textos. Por exemplo, em Mt. se lê "do Egito chamei
meu filho"... para que se cumprisse a Escritura. Mas
o sentido, ou seja, a aplicação original deste trecho
não se referia à volta da Sagrada Família, mas sim à
saída do Povo do Egito. Esta acomodação foi explorada
demasiadamente pelos pregadores, que até abusaram disto.
Outro exemplo de acomodação é a aplicação a Maria dos
textos do livro da Sabedoria. Estes são mais literatura
que Escritura. Todavia, crendo-se na inspiração,
aceita-se que as palavras do autor podem ter uma
significação mais profunda que a original.
3. Exegese Protestante
Surgiu do protesto de alguns cristãos contra a
autoridade da Igreja como intérprete fiel da Bíblia.
Lutero instituiu o princípio da "scritura sola"
(traduzindo, a escritura sozinha), sem tradição, sem
autoridade, sem outra prova que não a própria Bíblia. A
partir daquele instante, os Protestantes se dedicaram a
um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia,
antecipando-se mesmo aos católicos. Mas o princípio
posto por Lutero contribuiu para um desastre
hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um
interpretasse a Bíblia como entendesse, isto é, como o
Espírito Santo o iluminasse.
Isto fez surgir várias correntes de interpretação, que
podem se resumir em duas: a conservadora e a
racionalista. A conservadora parte daquele princípio da
inspiração = ditado, em que se consideram até os pontos
massoréticos como inspirados. Não se deve aplicar
qualquer método cientifico para entender o que está
escrito. É só ler e, do modo que Deus quiser, se
compreende. A racionalista foi influenciada pelo
iluminismo e começou a negar os milagres. Daí passou à
negação de certos fatos, como os referentes a Abraão.
Afirmam que as narrações descritas, como provam o
vocabulário, os costumes, são coisas de uma época
posterior, atribuído àquela por ignorância. Esta, teoria
teve muito sucesso e começaram a surgir várias 'vidas'
de Jesus em que ele era apresentado como um pregador
popular, frustrado, fracassado...
Outros ainda interpretavam o Cristianismo dentro da
lógica hegeliana: São Paulo, entusiasmado, teria feito
uma doutrina, que atribuiu a J C (tese); depois São
João, com seu Evangelho constituiu a antítese;
finalmente São Marcos fez a síntese. Hoje, porém, se
sabe que Marcos é o mais antigo. Estes intérpretes se
contradizem entre si, o que provocou uma certa
desconfiança. Por fim, a própria arqueologia, em auxílio
do Cristianismo, veio provar com a descoberta de vários
documentos históricos que a Bíblia tinha razão: aqueles
costumes, aquele vocabulário era realmente daquela
época, inclusive o uso dos nomes Abraão, Isaac também
eram comuns no tempo. Isto e outras coisas serviram para
desmentir tais ideias iluministas.
4. Exegese Católica
Inicialmente, apegou-se muito aos métodos tradicionais:
usava mais a tradição e menos a Bíblia. Mesmo no século
XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a
defesa da fé. Foi o Padre Lagrange quem iniciou o
movimento de restauração da exegese católica. Começou a
comentar o AT. com base na crítica histórica. Mas foi
alvo tantos protestos que não teve coragem de continuar.
Em seguida, comentou o NT, e ainda hoje é autoridade no
assunto. A Igreja Católica custou muito a perceber o seu
atraso no estudo bíblico, e até bem pouco tempo ainda
afirmava ser Moisés o autor do Pentateuco, quando os
protestantes há mais de um século já descobriram que
não.
O primeiro passo da nova exegese da Igreja Católica foi
dado por Pio XII, em 1943, com a encíclica DIVINO
Afflante Spiritu, na qual aprovou a teoria dos vários
gêneros literários da Bíblia. Depois, em 1964, Paulo VI
aprovou um estudo de uma comissão bíblica a respeito da
história das formas (formgeschichte). E hoje em dia,
tanto os exegetas católicos como os protestantes são a
favor desta, e qualquer livro sério sobre o assunto traz
este aspecto. Protestantes citam católicos e vice versa,
sem nenhuma restrição. |
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5. História das Formas e Gêneros
Literários |
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1. História das Formas ("Formgeschichte")
É o padrão da exegese moderna. Em geral todo método
exegético moderno aborda os seguintes tópicos:
a) critica textual - se os manuscritos originais
desapareceram ou nunca foram encontrados, como se sabe
se o texto atual corresponde ao original? Até que ponto
é fiel? Em 1008, foi encontrado um manuscrito básico
para a edição da melhor bíblia hebraica que se tem hoje.
Está no museu de Leningrado. Mas, questiona-se: por
quanto tempo o livro foi sendo recopiado, e foi
adquirindo erros de escrita? Muitas vezes, vários
manuscritos (cópias) de um mesmo livro trazem palavras
diferentes. E por que tanta fé neste manuscrito?
O manuscrito mais antigo (até pouco tempo) do AT. era
composto de fragmentos de um papiro do I ou II século
a.C. Os beduínos acharam às margens do Mar Morto vários
manuscritos datando do II século a.C. e há alguns, como
o livro de Isaías, cujo texto é quase completamente
igual ao que temos. A Bíblia original (copiada) data do
século II d.C. Os rabinos tinham muito cuidado em
transmitir a doutrina, e procuravam unificar os textos.
Os textos velhos eram colocados em lugares onde ninguém
podia mais usá-los, chamados gezidas. Numa destas
gezidas foi encontrado um documento do ano 800,
aproximadamente, do qual aquele de 1008 é cópia. A
diferença entre ambos é pouquíssima. Ora, se a nossa
Bíblia é a tradução daquele manuscrito, considerado
autentico, aquela Bíblia é a melhor.
b) 'sitz in leben'- Há livros que antes de serem
escritos, foram passados oralmente por várias gerações.
Cada manuscrito que serviu para a composição de um texto
tem uma história diferente. Por isso eles dividem as
perícopas e estudam as tradições e fontes delas. E como
o manuscrito chegou a esta fonte? Deste estudo se deduz
a 'sitz in leben' (situação na vida) deste
manuscrito no gênero literário. A 'sitz in leben'
que este gênero literário tem na comunidade; a 'sitz
in leben' desta comunidade na história.
c) história da redação - Por que há certas palavras a
mais ou a menos nos Evangelhos? Isto varia com a
'sitz in leben' do manuscrito. Quem determina, isto
é, a crítica literária. Tudo isto dentro do estudo da
história das formas.
2. Principais Gêneros Literários
da Bíblia
Dividem-se assim os diversos gêneros literários
encontrados na Bíblia:
a) Narrativo: histórico e didático
b) Legislativo
c) Sapiencial
d) Profético
e) Cânticos
a) Nrrativo-didático: mito, saga,
legenda, conto, fábula, alegoria, parábola
l. mito - conto que se passa com deuses, ou cujos
personagens são os deuses. Têm tonalidade solene e são
originários de círculos politeístas. A mitologia
babilônica, por exemplo, muito influenciou no povo de
Israel, que sempre foi monoteísta. Isto se vê nos salmos
103, 6-9; 17, 8-16; 88, ll e nos proféticos: Job. 26,
l2. Nos livros históricos, a influência é mais velada.
Mas a árvore da vida do Gênesis já existe num poema de
Gilgames (de origem Babilônica): um herói perguntou a um
seu antepassado que era deus, onde ficava a árvore da
vida. Ele a encontrou no fundo do mar, e levou um ramo
para plantar. Tendo sede, foi beber num poço e uma
serpente levou o seu ramo. A história do dilúvio tem uma
similar na cultura babilônica. É o caso de uma deusa que
era amada ao mesmo tempo por um deus e por um homem.
Então para matar o homem, o deus mandou o dilúvio.
O importante a se notar nisso tudo é que, ao ser
transcrita para o livro sagrado, o autor purifica a
lenda, tirando as características politeístas e
servindo-se da cultura popular para levar uma mensagem.
A árvore da vida, na bíblia, significa que o homem foi
criado para não morrer. Na sabedoria babilônica,
explicam que o mundo nasceu de uma briga dos deuses. O
deus vencido foi partido ao meio. De uma metade fez o
deus vencedor o céu; de outra fez a terra. Depois pediu
a um deus artista que fizesse o homem com o sangue
apodrecido do deus vencido. Por isso, o homem e o mundo
são maus do princípio. O autor sagrado aproveita-se
destes elementos, mas purificando-os e adaptando-os. A
tradicional briga dos anjos com Lúcifer existe num mito
fenício sob a forma de uma briga de deuses. A linguagem
mítica da bíblia, o antropomorfismo de Deus... tudo isto
tem origem desta inspiração na literatura exterior a
Israel.
2. saga - contos que se ligam a lugares, pessoas,
costumes, modos de vida dos quais se quer explicar a
origem, o valor, o caráter sagrado de qualquer fenômeno
que chama a atenção. A saga se chama etiológica quando
procura a causa de um fenômeno. Por exemplo, para
explicar a existência de uma vegetação pobre e espinhosa
na região sul ocidental do Mar Morto, surgiu a lenda de
Sodoma e Gomorra, a chuva de enxofre... A origem de
várias estátuas de pedra, formadas pela erosão é
explicada pela história da mulher de Ló, que foi
transformada em estátua. A narrativa de Caim e Abel é
outra, para explicar a origem de uma tribo cujos
integrantes tinham um sinal na testa. Explicavam que
Deus colocara um sinal em Caim para que ninguém o
matasse, e daí este sinal ficou para a descendência. O
próprio nome de Caim é inventado, porque a tribo tinha o
nome de cainitas e eles deduziram que seu fundador devia
chamar-se Caim.
A saga se chama etimológica quando é para explicar um
nome. Existe na Palestina uma Ramat Leqi (montanha da
queixada). Para explicar a origem deste nome eles
inventaram a estória de Sansão, um homem muito forte,
que lutara contra muitos inimigos usando uma queixada, e
os vencera. Depois ele jogou a queixada naquele monte,
que ficou c conhecido como monte da queixada. 0 caso das
filhas de Ló (Gn. 19) é uma história difamatória contra
os amonitas e moabitas, tradicionais inimigos de Israel.
(Amon e Moab significam 'do pai'). Outras sagas
da Bíblia: a de Noé embriagado; a briga de Labão com
Jacó (Gn. 31). A saga se chama heróica quando tem por
finalidade engrandecer a vida dos heróis do passado. O
valor da saga está na riqueza popular (folclórica) que
ela traz. Nem sempre há lição em cada uma. Mas a fartura
de detalhes que ela traz mostra a mentalidade do povo.
Seu valor é maior para a crítica literária.
3. legenda - distingue-se da saga porque se refere a
pessoas ou objetos sagrados e querem demonstrar a
santidade destes por meio de um fato maravilhoso.
Legendas na Bíblia há em Num 16,1 - 17,15: histórias a
respeito de Moisés; Dan. l, 2, 3, 4: sonhos de Daniel;
os milagres de Elias contra os sacerdotes de Baal; Gn.
28, 10: Jacó sonha com os anjos (pedra de Betel). É
comum nas legendas referir-se à lei ou objeto de culto.
A imolação de Isaac, que não deu certo, é para reprimir
um costume dos cananeus de imolar crianças, costume
proibido pela lei de Moisés. A serpente de bronze (Num.
21) se refere a uma serpente de bronze mandada fazer
pelo rei Manassés, que foi destruída por Javé. A
circuncisão (Gn. 17) é explicada assim: Deus apareceu a
Abraão para fazer aliança com ele e o pacto era a
circuncisão de todos os meninos no oitavo dia. Jos. 5, 9
e Ex. 12 e 13 falam da origem da Páscoa.
4. parábolas, fábulas, alegorias - parábola é uma
história comparativa, de sentido global (ex: 2º Sm. 12,
1-4); fábula é a narrativa que faz os seres inanimados
ou os animais falarem (ex: Juízes, 9, 7); alegoria é uma
história comparativa em que cada elemento tem um
significado particular (ex: Is. 5, 1-7). Há ainda o
apólogo, quando se trata da animação de objetos.
b) Narrativo-histórico - Difere do
didático porque pretende contar um fato acontecido
realmente. Há três tipos:
1. popular, onde ninguém sabe o fim da lenda e o começo
da história. É uma história primitiva, baseada em
histórias que corriam na boca do povo, um misto de
elementos verídicos e legendários acrescentados. Os
livros Josué e Juízes (550 a.C.) estão nesta categoria.
2. epopéia (nacional-religiosa) são histórias retiradas
da catequese do povo. Se bem que tenham elementos
acrescentados, todavia a mensagem pode ser considerada
autêntica. O exemplo mais típico deste gênero é a
narração epopeica da passagem do mar vermelho (Ex. 14).
A fuga de Israel do Egito está ligada a um fato
acontecido no tempo de Ramsés II. Ele foi um faraó que
empreendeu grandes conquistas, principalmente à procura
de escravos para trabalhar. Entre os povos submetidos
havia um grupo de judeus. Mais tarde, fraquejou a
vigilância, e muitos fugiram, inclusive muitos judeus.
Então eles empreenderam a fuga pelo deserto e se
aproveitaram de uma região onde havia um braço de mar
que secava durante a maré baixa para sair do território
egípcio.
Esta narrativa na Bíblia é contada com todos aqueles
retoques conhecidos. Mas se analisarmos bem, veremos que
na própria Bíblia, há duas citações do mesmo fato, e
cada uma conta diferente. São as duas tradições: a
javista, mais antiga e mais verdadeira, afirma que o
vento soprou durante toda a noite e fez o mar recuar; a
sacerdotal, mais recente, modificou a narração para a
divisão das águas em duas muralhas por onde todos
passaram em seco. Há uma certa contradição nestas duas.
Mas o que se deve concluir daí é que os soldados os
perseguiram na fuga e eles passaram na maré baixa.
Quando os soldados chegaram, a maré já subira e não dava
passagem. Enquanto isso, eles se adiantaram ainda mais.
Ao transcrever isto na Bíblia, o autor sagrado quer
mostrar o fato da presença de Deus em ajuda de seu povo,
através dos elementos da natureza.
3. historiográfico - é o trabalho dos escribas
encarregados de escrever as crônicas dos anais dos reis.
A partir destas crônicas vários livros foram escritos. 0
1º Reis, cap. 11, vers.41 cita os anais de Salomão; em
14, 19 afirma que o restante está nos livros das
crônicas dos Reis de Israel. São documentos de maior
credibilidade, porque são mais históricos. Somente a
partir do livro dos Reis, é que são usados documentos
escritos na época. Antes era apenas história popular.
c) Legislativo - É representado na Bíblia principalmente
no Pentateuco. Tem muito em comum com os outros povos
vizinhos e herdou muito deles. Há passagens na Bíblia
que são repetições do código de Hamurábi. Os povos
orientais são muito ricos neste tipo de literatura.
Quanto aos tipos de leis, há três: 1. leis causídicas:
pormenorizadas conforme as situações; 2. leis apodíticas:
universais; 3. leis rituais.
d) Sapiencial
Originou-se também dos povos vizinhos, principalmente a
partir do Exílio. São de origem profana e não religiosa,
pois as suas fontes também não eram religiosas. 0 povo
oriental é pensador por natureza e a sabedoria é uma
virtude muito difundida e apreciada. A sabedoria bíblica
não difere muito da sabedoria oriental em geral.
e) Profético
Também tem origem fora de Israel. Os povos da época
tinham seus profetas. Eles moravam nos palácios dos reis
e eram os que dialogavam com os deuses. É preciso notar
que naquela época profeta não era sinônimo de adivinho,
como às vezes se identifica. Eles manifestavam ao povo a
vontade de Deus com sermões, com sinais, exortações e
oráculos.
f) Salmos
Também tem influência externa (fora de Israel). Não são
todos de Davi. Apareceram conforme as necessidades.
Foram compostos sem sequência ou cronologia. São cantos
de louvor, de súplica.
- Principais Etapas da História de
Israel
O primeiro marco importante na história política de
Israel foi o exílio. Sua finalidade política era para
evitar a rebelião. Em geral, quando era conquistado um
povo muito numeroso, os conquistadores achavam perigoso
deixá-los em suas terras de origem, porque isso lhes
facilitava um trabalho oculto de rebelião para expulsar
os invasores. Então, longe de suas terras e sem uma
liderança, eles não podiam se movimentar. Os judeus
foram assim exilados para a Babilônia. 0 exílio teve
início no ano 587 e foi concluído com o edito de Ciro
que, em 538 conquistou a Babilônia e libertou os judeus.
Dizem os historiadores que a rivalidade entre judeus e
samaritanos começou na volta do exílio. O povo no exílio
ficou muito tempo em contado com vários povos
estrangeiros e adquiriu com isto um sincretismo
religioso que levaram para a Pátria. Ao retornarem à
pátria, logo eles empreenderam a reconstrução de
Jerusalém (casas, templo...), mas não se livraram
completamente das influências politeístas, causando
assim várias brigas internas.
O Sinédrio era a cúpula religiosa da nação, composta de
70 membros sob a presidência do Sumo Sacerdote, que
tinha autoridade suprema. Os fariseus e saduceus eram
partidos políticos, mas com inspiração religiosa. Os
primeiros eram da oposição e os outros, da situação. No
ano 63 a.C. a Palestina foi conquistada pelos Romanos,
iniciando outra era de dominação estrangeira, que
perdurou até o tempo de Cristo.
Cronologia Bíblica
- séc. XIX (1850 a.C.) - migração de Abraão.
- séc. XIII - libertação do Egito; êxodo (1225 a.C.);
aliança no Sinai
- séc. X - (1013 a 973 a.C.) - Tempo do Rei Davi. Foi
escrita a tradição javista (sul); (970 a 930 a.C.) -
Tempo do Rei Salomão. Foi escrita a tradição eloista.
(norte); (930 a.C.) - divisão dos reinos.
- séc. VIII (722 a.C.) - queda de Samaria para o
exército de Sargão II, Profetas escritores.
- séc. VII (586 a.C.) - queda de Jerusalém para
Nabucodonosor, rei da Babilônia; (538 a.C.) - edito de
Ciro, volta do exílio.
- séc. III (300) - tradução dos 70". |
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06 -
As Origens |
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1. Deus Cria o Mundo a Partir do Nada
No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra
era ainda informe e vazia; estava coberta de águas e
havia trevas por toda a parte. Deus disse então:
"Exista a luz" e a luz apareceu. Separou a luz das
trevas e chamou à luz de "dia" e às trevas de
"noite". Este foi o primeiro dia. E Deus disse:
"faça-se um firmamento que separe as águas umas das
outras" e assim se fez. Deus chamou ao firmamento de
"céu". Foi o segundo dia. E Deus disse:
"ajuntem-se as águas que estão debaixo do céu num só
lugar e apareça o solo firme" e assim se fez. Deus
chamou ao solo firme de "terra" e ao conjunto das
águas de "mar". E Deus disse: "que a terra
produza ervas, plantas e árvores que deem frutos, cada
qual segundo sua espécie" e assim se fez. Foi o
terceiro dia.
E Deus disse: "haja corpos luminosos no firmamento"
e assim se fez. Deus criou então dois grandes astros: o
maior para presidir ao dia e o menor para presidir a
noite. Criou também as estrelas. Foi o quarto dia.
E Deus disse: "povoem-se as águas de seres vivos e
voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento do céu".
Deus criou então os peixes nas águas e as aves nos ares.
Abençoou-os e disse-lhes: "crescei e multiplicai-vos".
Foi o quinto dia.
E Deus disse: "produza a terra seres vivos de toda a
espécie: animais domésticos, répteis e feras" e
assim se fez.
2. Deus Cria o Homem
- em seguida, Deus disse:
"façamos o homem à nossa imagem e semelhança”; que
ele domine os peixes do mar, as aves do céu, os animais
e toda a terra. Deus formou então o corpo do homem com o
barro da terra e comunicou-lhe um sopro de vida. Ao
primeiro homem deu o nome de "Adão". Foi o sexto
dia.
3. Deus Institui o Sábado
- no sétimo dia Deus
descansou. Abençoou este dia e o santificou. [Deus
também criou um mundo invisível, o dos espíritos
inumeráveis chamados anjos. Eram bons e felizes, mas
muitos deles pecaram por orgulho e foram precipitados no
Inferno; são os espíritos maus ou demônios].
4. O Homem no Paraíso
- Deus plantara para o
homem um jardim de delícias ou Paraíso, onde fez crescer
árvores de todas as espécies, formosas à vista e
carregadas de frutos deliciosos. No meio, erguia-se a
árvore da ciência do bem e do mal.
Deus colocou o homem neste jardim para o cultivar e
guardar. E disse: "podes comer dos frutos de todas as
árvores do jardim, exceto da árvore da ciência do bem e
do mal. Se comeres do fruto dessa árvore, morrerás".
5. Deus Cria Eva
- em seguida Deus disse: "não
é bom que o homem esteja só. Façamos-lhe uma auxiliar
semelhante a ele". Mandou então um sono profundo a
Adão e, tirando uma das suas costelas, formou com ela
uma mulher. Quando Adão acordou, Deus a apresentou.
Assim que a viu, Adão exclamou: "eis o osso dos meus
ossos e a carne da minha carne". Adão chamou à
mulher de "Eva", que significa mãe de todos os
viventes.
6. Eva e Adão Cometem o Pecado
- o demônio
invejava a felicidade dos homens. Para os enganar,
disfarçou-se em forma de serpente e disse à mulher:
"por que Deus vos mandou que não comêsseis dos frutos
destas árvores"? A mulher respondeu: "nós podemos
comer do fruto de todas as árvores. Só nos é proibido o
fruto da árvore que está no meio [do jardim]. O Senhor
mandou que nem a tocássemos, senão poderíamos morrer".
A serpente replicou: "nada disso, vós não morrereis.
Assim que comerdes deste fruto, ficareis com os olhos
abertos e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal".
Então a mulher pensou que seria bom comer desse fruto,
que tão formoso lhe parecia. Apanhou um e comeu e depois
o deu a seu marido, que comeu também. Imediatamente se
abriram os olhos de ambos e perceberam que estavam nus.
Costuraram folhas de figueira e fizeram cintos para se
cobrir. Mas sentindo que Deus se aproximava,
esconderam-se debaixo das árvores do jardim.
7. Adão e Eva Confessam a Sua Falta
- Deus chamou
por Adão, dizendo: "onde estás"? Adão respondeu:
"sentindo que vos aproximavas, tive medo porque
estava nu e escondi-me". Disse-lhe Deus: "como
soubeste que estavas nu? Acaso comeste do fruto da
árvore proibida"? Adão respondeu: "a mulher que
me deste por companheira deu-me do fruto desta árvore e
eu comi". Então o Senhor disse à mulher: "por que
fizeste isso"? Ela respondeu: "foi a serpente que
me enganou".
8. Deus Promete o Redentor
- Deus disse à
serpente: "já que fizeste isso, serás maldita entre
todos os animais. Andarás rastejando sobre o teu peito e
comerás terra todos os dias da tua vida. Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a sua raça e a tua; ela te
pisará a cabeça e tu procurarás atingi-la no calcanhar".
9. Deus Castiga o Homem Pecador
- a mulher [Deus]
disse: "terás grandes sofrimentos e muitos desgostos
com teus filhos. Estarás sob o poder do marido e ele
será o teu senhor". A Adão disse: "a terra será
maldita por tua causa. Por si só não produzirá além de
espinhos e cardos. Comerás o pão com o suor do teu rosto
até que voltes à terra de que foste tirado, porque tu és
pó e ao pó irás retornar".
Depois Deus vestiu Adão e Eva com umas túnicas de peles
e os expulsou do Paraíso. Pôs à entrada do Paraíso
querubins armados com espada de fogo para guardar o
caminho da árvore da vida".
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7. Os Filhos dos Primeiros Homens |
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10. Caim Mata Seu Irmão Abel
-
Adão e Eva tiveram dois filhos: Caim e Abel. Abel
era pastor de ovelhas e Caim lavrador. Aconteceu que
ambos ofereceram sacrifícios ao Senhor. Caiu deu frutos
das suas terras e Abel os melhores cordeiros do seu
rebanho. O Senhor viu com prazer o sacrifício de Abel,
mas não olhou para a oferenda de Caim. Este ficou muito
irritado. O Senhor disse-lhe: "Por que estás irritado?
Se praticares o bem serás recompensado, mas se fizeres o
mal serás castigado. Domina as tuas paixões". Depois
disto, Caim disse a seu irmão: "Saiamos". E, logo que
estavam no campo, Caim lançou-se contra seu irmão Abel e
o matou.
11. Deus Castiga Caim
-
Imediatamente o Senhor disse a Caim: "onde está o
teu irmão Abel"? Caim respondeu: "Não sei. Acaso
sou o guarda de meu irmão”? Disse-lhe Deus: "o
que fizeste? O sangue de teu irmão grita da terra por
mim. Por isso serás maldito sobre a terra que bebeu o
sangue de teu irmão".
-
Então Caim disse ao Senhor: "o meu pecado é tamanho
que não mereço perdão. Esconder-me-ei do vosso olhar e
quem me encontrar me matará". Disse-lhe o Senhor:
"não será assim". E marcou-o com um sinal para que
ninguém ousasse matá-lo. Caim afastou-se e andou errante
pelo oriente do Éden. Os seus descendentes foram os maus
filhos dos homens.
12. Set Substitui Abel
- Adão e Eva tiveram outro
filho, ao qual chamaram Set. Os descendentes de Set
foram os piedosos filhos de Deus. Mas, pouco a pouco,
aliaram-se com os maus filhos dos homens e adotaram os
seus perversos costumes.
[Deus concedeu larga vida aos patriarcas: Adão viveu 930
anos; Set, 912; Matusalém, avô de Noé, 969; Henoc, pai
de Matusalém, viveu com tanta piedade que o Senhor o
levou deste mundo e ele não morreu]. |
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8. A História de Noé e seus Filhos |
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13. Deus Anuncia o Dilúvio
-
Deus viu que os homens se pervertiam cada vez mais.
Arrependeu-se de os ter criado e disse: "Exterminarei os
homens da face da terra". Só um homem, chamado Noé,
achou graça diante do Senhor porque era justo. Deus
disse a Noé: Faze uma arca de madeira com 300 côvados de
comprimento, 50 de largura e 30 de altura; reveste-a de
betume por dentro e por fora. Mandarei o dilúvio sobre a
terra; tudo o que nela vive perecerá. Mas farei uma
aliança contigo. Entrarás na arca com teus filhos, tua
mulher e as mulheres de teus filhos. Tomarás também
animais de cada uma das espécies para que sobrevivam
contigo e alimentos para o vosso sustento". E Noé fez
tudo o que Deus lhe havia ordenado.
14. O Dilúvio Inunda a Terra
- então Deus abriu
todas as fontes do grande abismo e uma chuva torrencial
caiu durante 40 dias e 40 noites. As águas aumentaram e
passaram 15 côvados acima dos montes mais altos. A arca
flutuava sobre as águas. Todos os homens e todos os
animais morreram. Só sobreviveu Noé e os que estavam com
ele na arca. As águas cobriram a terra durante 150 dias.
Então Deus mandou um vento quente e as águas começaram a
baixar. Por fim, a arca deteve-se sobre uma montanha da
Armênia.
15. Estabelece a Aliança Com Noé
- Noé saiu da
arca com toda a sua família e os animais. Levantou um
altar e ofereceu um sacrifício ao Senhor. O Senhor
aceitou o seu sacrifício e disse: "nunca mais um dilúvio
devastará a terra". Em seguida, abençoou Noé e os seus
filhos e disse-lhes: "eis que vou fazer a minha aliança
convosco e com a vossa posterioridade. O meu arco nas
nuvens é o sinal da minha aliança convosco". |
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9. Os Descendentes de Noé |
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16. Cam Peca Contra Seu Pai
-
Os filhos de Noé que saíram com ele da arca
chamavam-se: Sem Cam e Jafet. Cam era pai de Canaan.
Deles descenderam todos os homens que depois povoaram a
terra.
-
Noé, que era agricultor, começou a cultivar a vinha e
fez vinho. Mas, como ainda não conhecia a sua força, foi
surpreendido pela embriaguez e adormeceu nu na sua
tenda. Cam, vendo o pai naquele estado, pôs-se a rir
dele. Pelo contrário, Sem e Jafet entraram recuando na
tenda para não verem o pai e o cobriram com o seu manto.
17. Noé Julga os Filhos
-
Logo que Noé soube o que tinham feito seus filhos,
disse: "maldito seja Canaan! Ele será escravo dos
escravos de seus irmãos"! Em seguida, abençoou Sem e
Jafet, dizendo-lhes: "bendito seja o Senhor, Deus de
Sem, e Canaan seja seu escravo! Alargue-se Jafet e
habite nas tendas de Sem e Canaan seja seu escravo"!
18. Deus Dispersa os Descendentes de Noé
-
Os descendentes de Noé foram muito numerosos.
Partindo do Oriente, estabeleceram-se na planície de
Senaar. Ali, disseram uns para os outros:
"construamos uma cidade e ergamos uma torre que chegue
até o céu". Até então, todos os homens falavam a
mesma língua. Deus disse: "vou confundir-lhes a
linguagem, de forma que não se entendam uns com os
outros".
-
Tiveram então de parar com os seus trabalhos. À cidade,
chamou-se Babel, que quer dizer confusão, por lá ter
sido confundida a linguagem dos homens.
-
Noé morreu com 950 anos de idade, 350 após o dilúvio.
[Pouco a pouco os homens esqueceram o Senhor e caíram na
idolatria. Então Deus escolheu Abraão e a sua
descendência, o povo de Israel, para guardar a
verdadeira fé e a esperança na vinda do Redentor]. |
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10. A História de Abraão |
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19. Deus Chama Abrão
-
Taré, descendente de Sem, teve três filhos: Abrão,
Nacor e Aran. Tendo partido de Ur, na Caldéia, com seu
filho Abrão, seu neto Lot e Sarai, esposa de Abrão, foi
viver em Haran, na Mesopotâmia. Um dia, Deus disse a
Abrão: "sai da tua terra e da casa de teu pai e vai
para a terra que eu te mostrar. Em ti serão benditas
todas as nações da terra". Abrão obedeceu. Foi com
Sarai, sua mulher, e seu sobrinho Lot para a terra de
Canaan. Aí lhe apareceu o Senhor e lhe disse: "darei
esta terra aos teus descendentes".
20. Melquisedec Abençoa Abrão
-
Aconteceu que uns reis estrangeiros invadiram aquela
terra, saquearam as cidades e levaram muitos cativos.
Abrão reuniu 318 servos e, à frente deles, perseguiu os
inimigos, venceu-os e retomou todo o saque. No regresso,
passou pela cidade de Salém. Então Melquisedec, rei de
Salém, trouxe pão e vinho para o sacrifício porque era
sacerdote do Altíssimo. E abençoou Abrão, dizendo:
"bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do céu
e da terra"! Depois disto, Abrão deu-lhe o dízimo de
todos os seus bens.
21. Deus Promete Descendência a Abraão
- Abrão
não tinha filhos. Uma noite, Deus disse-lhe: "levanta
os olhos e conta, se podes, as estrelas do céu! A tua
descendência será tão numerosa como elas". Abrão
acreditou em Deus e Deus imputou à justiça a sua fé.
-
Aos 99 anos de idade, Abrão teve outra aparição em que o
Senhor lhe disse: "daqui em diante não te chamarás
Abrão, mas sim Abraão, porque te destinei para pai de
muitas gentes. Para o futuro, não chamarás a tua mulher
de Sarai, mas de Sara. Eu a abençoarei e ela terá um
filho ao qual chamarás Isaac. Concluirei com ele uma
aliança perpétua em favor da sua posterioridade".
22. Deus Experimenta Abraão - Deus cumpriu a sua
promessa. Sara teve um filho na sua velhice e Abraão
deu-lhe o nome de Isaac.
-
Sendo este já crescido, Deus experimentou Abraão e
disse-lhe: "toma Isaac, teu filho único a quem amas,
para me ofereceres em sacrifício na montanha que eu te
designar".
-
Abraão levantou-se antes de amanhecer, preparou o
jumentinho, cortou a lenha necessária para o sacrifício
e pôs-se a caminho com Isaac e dois servos. Ao terceiro
dia, avistou de longe a montanha do sacrifício. Disse
então aos servos: "esperai aqui com o jumento
enquanto eu e meu filho vamos lá em cima adorar o
Senhor". Pôs a lenha sobre os ombros de Isaac e ele
mesmo levou o fogo e o cutelo.
-
Enquanto subiam, Isaac disse: "meu pai"! Abraão
perguntou: "o que queres, meu filho"? Isaac
respondeu: "levamos o fogo e a lenha, mas onde está o
cordeiro para o sacrifício"? Abraão disse: "Deus
tratará disso, meu filho".
-
Quando chegaram, Abraão levantou o altar, dispôs nele a
lenha, amarrou o filho e o colocou em cima. Em seguida,
agarrou no cutelo para imolar a criança.
23. Deus Poupa Isaac
-
Então, do alto do céu, gritou o anjo do Senhor:
"Abraão! Abraão! Não faças mal ao menino. Agora sei que
temes a Deus pois não poupaste teu filho único para me
obedeceres". Abraão levantou os olhos e viu um
cordeiro preso num espinheiro. Foi buscá-lo e ofereceu-o
em holocausto em lugar do filho. Então o anjo do Senhor
disse pela segunda vez: "já que para me obedeceres
não poupaste o teu filho único, eu te abençôo. Dar-te-ei
uma posterioridade tão numerosa como as estrelas do céu
e a areia na praia marítima. Em um dos teus descendentes
serão benditas todas as nações da terra".
[Abraão viveu até a idade de 175 anos. Seu filho
sepultou-o em Mambré, junto de Sara, sua esposa] |
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11. A História de Isaac e Jacó |
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19. Deus Chama Abrão
-
Taré, descendente de Sem, teve três filhos: Abrão,
Nacor e Aran. Tendo partido de Ur, na Caldéia, com seu
filho Abrão, seu neto Lot e Sarai, esposa de Abrão, foi
viver em Haran, na Mesopotâmia. Um dia, Deus disse a
Abrão: "sai da tua terra e da casa de teu pai e vai
para a terra que eu te mostrar. Em ti serão benditas
todas as nações da terra". Abrão obedeceu. Foi com
Sarai, sua mulher, e seu sobrinho Lot para a terra de
Canaan. Aí lhe apareceu o Senhor e lhe disse: "darei
esta terra aos teus descendentes".
20. Melquisedec Abençoa Abrão
-
Aconteceu que uns reis estrangeiros invadiram aquela
terra, saquearam as cidades e levaram muitos cativos.
Abrão reuniu 318 servos e, à frente deles, perseguiu os
inimigos, venceu-os e retomou todo o saque. No regresso,
passou pela cidade de Salém. Então Melquisedec, rei de
Salém, trouxe pão e vinho para o sacrifício porque era
sacerdote do Altíssimo. E abençoou Abrão, dizendo:
"bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do céu
e da terra"! Depois disto, Abrão deu-lhe o dízimo de
todos os seus bens.
21. Deus Promete Descendência a Abraão
- Abrão
não tinha filhos. Uma noite, Deus disse-lhe: "levanta
os olhos e conta, se podes, as estrelas do céu! A tua
descendência será tão numerosa como elas". Abrão
acreditou em Deus e Deus imputou à justiça a sua fé.
-
Aos 99 anos de idade, Abrão teve outra aparição em que o
Senhor lhe disse: "daqui em diante não te chamarás
Abrão, mas sim Abraão, porque te destinei para pai de
muitas gentes. Para o futuro, não chamarás a tua mulher
de Sarai, mas de Sara. Eu a abençoarei e ela terá um
filho ao qual chamarás Isaac. Concluirei com ele uma
aliança perpétua em favor da sua posterioridade".
22. Deus Experimenta Abraão - Deus cumpriu a sua
promessa. Sara teve um filho na sua velhice e Abraão
deu-lhe o nome de Isaac.
-
Sendo este já crescido, Deus experimentou Abraão e
disse-lhe: "toma Isaac, teu filho único a quem amas,
para me ofereceres em sacrifício na montanha que eu te
designar".
-
Abraão levantou-se antes de amanhecer, preparou o
jumentinho, cortou a lenha necessária para o sacrifício
e pôs-se a caminho com Isaac e dois servos. Ao terceiro
dia, avistou de longe a montanha do sacrifício. Disse
então aos servos: "esperai aqui com o jumento
enquanto eu e meu filho vamos lá em cima adorar o
Senhor". Pôs a lenha sobre os ombros de Isaac e ele
mesmo levou o fogo e o cutelo.
-
Enquanto subiam, Isaac disse: "meu pai"! Abraão
perguntou: "o que queres, meu filho"? Isaac
respondeu: "levamos o fogo e a lenha, mas onde está o
cordeiro para o sacrifício"? Abraão disse: "Deus
tratará disso, meu filho".
-
Quando chegaram, Abraão levantou o altar, dispôs nele a
lenha, amarrou o filho e o colocou em cima. Em seguida,
agarrou no cutelo para imolar a criança.
23. Deus Poupa Isaac
-
Então, do alto do céu, gritou o anjo do Senhor:
"Abraão! Abraão! Não faças mal ao menino. Agora sei que
temes a Deus pois não poupaste teu filho único para me
obedeceres". Abraão levantou os olhos e viu um
cordeiro preso num espinheiro. Foi buscá-lo e ofereceu-o
em holocausto em lugar do filho. Então o anjo do Senhor
disse pela segunda vez: "já que para me obedeceres
não poupaste o teu filho único, eu te abençôo. Dar-te-ei
uma posterioridade tão numerosa como as estrelas do céu
e a areia na praia marítima. Em um dos teus descendentes
serão benditas todas as nações da terra".
[Abraão viveu até a idade de 175 anos. Seu filho
sepultou-o em Mambré, junto de Sara, sua esposa] |
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11. A História de Isaac e Jacó |
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24. Esaú Vende o Direito de Primogenitura
-
Isaac casou com Rebeca, neta de Nacor, irmão de Abraão.
Deus deu-lhe dois filhos gêmeos. O primeiro era muito
peludo, chamou-se Esaú; o segundo recebeu o nome de
Jacó. Esaú tornou-se hábil caçador; Jacó gostava de
viver na sua tenda.
-
Um dia, Jacó havia preparado um prato de lentilhas. Esaú
chegou da caça, exausto de fadiga, e disse-lhe:
"dá-me desse legume vermelho porque estou muito
cansado"! Jacó respondeu: "primeiro dá-me o
direito de primogenitura". Esaú disse: "estou
morrendo de fome. De que me serve o direito de
primogênito"? Jacó continuou: "jura que me cedes".
Esaú fez o juramento e depois de ter comido e bebido,
saiu.
25. Jacó é Abençoado em Vez de Esaú
-
Estando velho e quase cego, Isaac disse a Esaú:
"toma o teu arco, vai à caça e traz-me o guisado de que
eu gosto, para eu te abençoar antes de morrer". Logo que
Esaú saiu, Rebeca disse a Jacó: "Meu filho, vai escolher
no rebanho dois dos melhores cabritos; com eles farei
para teu pai um prato como ele gosta e tu irás levá-lo
para ele te abençoar antes de morrer".
-
Depois de ter preparado o prato, Rebeca vestiu a Jacó
com as roupas de seu irmão Esaú; cobriu-lhe o pescoço e
as mãos com a pele dos cabritos e mandou-o a Isaac, seu
pai. O velho mandou Jacó se aproximar, apalpou-lhe as
mãos e o pescoço, mas não o reconheceu. Depois de ter
comido, Isaac abençoou Jacó e disse: "Deus te dê do
orvalho do céu e da fertilidade da terra. As nações hão
de inclinar-se diante de ti e tu serás o de senhor teus
irmãos. Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem
te abençoar"!
Foi assim que Jacó se tornou herdeiro das promessas.
26, Deus Abençoa Jacó
Esaú ficou muito zangado com seu irmão Jacó e queria
matá-lo. Jacó soube disso e fugiu para a Mesopotâmia.
Durante a viagem, viu em sonhos uma escada que ligava a
terra ao céu e os anjos de Deus subiam e desciam por
ela. No alto estava o Senhor que lhe disse: "Eu sou o
Senhor, o Deus de Abraão e Isaac. Dar-te-ei a ti e à tua
descendência a terra em que repousas. A tua
posterioridade será numerosa como os grãos de areia da
praia e num dos teus descendentes serão abençoadas todas
as nações".
27. Jacó Recebe o Nome Glorioso de Israel
-
Jacó ficou 20 anos na Mesopotâmia, em casa de seu
tio Labão. Por fim, Deus disse-lhe: "volta para a
terra de teus pais e eu estarei contigo". Jacó
obedeceu. No caminho, um homem misterioso lutou com ele
até pela manhã. E disse-lhe então: "deixa-me porque
já vem vindo a aurora". Jacó respondeu: "não te
deixarei partir enquanto não me abençoares". O homem
misterioso disse-lhe "daqui em diante não te chamarás
Jacó, mas Israel - que quer dizer guerreiro de Deus -
porque se lutaste com tanta valentia com Deus, muito
mais forte serás contra os homens". E o abençoou.
-
Mais tarde, Esaú reconciliou-se com Jacó. Este teve doze
filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dan, Neftali, Gad,
Aser, Issacar, Zabulon, José e Benjamim. Isaac morreu em
Hebron, com 180 anos de idade]. |
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12. A História de José |
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28. Os Irmãos têm Inveja de José
-
Jacó amava e preferia José do que os outros filhos e
mandou-lhe fazer uma túnica de várias cores. Por isso,
os mais velhos começaram a invejá-lo. Um dia praticaram
uma ação muito má e José os acusou ao pai. Desde então
seus irmãos tomaram-lhe ódio e começaram a falar-lhe com
maus modos.
-
Uma vez, José disse-lhes: "ouçam um sonho que tive:
estávamos no campo a atar feixes. O meu feixe ergueu-se
de pé e os vossos puseram-se em volta e prostraram-se
diante dele". Os irmãos replicaram-lhe:
"porventura serás nosso rei"? E o odiavam cada vem
mais.
-
José contou-lhes ainda outro sonho dizendo: "vi em
sonhos o sol, a lua e onze estrelas inclinarem-se diante
de mim". O pai repreendeu-o: "o que significa esse sonho
que tiveste? Acaso eu, tua mãe e teus irmãos haveremos
de nos prostrar diante de ti"? E a inveja e o ódio
dos irmãos aumentava cada vez mais.
29. José é Vendido Por Seus Irmãos
-
Um dia, os irmãos de José tinham ido para muito
longe com os rebanhos. E o pai disse a José: "vai ver
se os teus irmãos estão bem". Assim que eles o
avistaram, disseram: "lá vem o sonhador. Matemo-lo e
depois diremos que uma fera o devorou".
-
Logo que José chegou até eles, seus irmãos o despiram da
túnica de várias cores e o lançaram numa cisterna velha.
Por acaso passava por ali uma caravana de mercadores
estrangeiros que seguia para o Egito. E eles, então,
tiraram José da cisterna e o venderam por vinte moedas
de prata. Em seguida, tingiram a túnica com o sangue de
um cabrito e mandaram-na ao pai com este recado:
"encontramos está túnica. Não será a de vosso filho"?
O pai a reconheceu e disse: "a túnica é do meu filho!
Uma fera devorou José". E nunca mais deixou de
chorar pelo filho.
30. José na Prisão
- os mercadores levaram José
para o Egito e lá o venderam a um dos dignatários do
faraó, chamado Putifar, que o fez administrador de seus
bens. Um dia, a mulher de Putifar tentou arrastá-lo para
o pecado, mas José disse-lhe: "como eu poderia
cometer tamanha injustiça e pecar contra o meu Deus"?
Ela ficou muito irritada e disse ao marido: "José
quis que eu cometesse o pecado". O egípcio acreditou
na mulher e mandou prender José.
31. José Explica os Sonhos
- Deus estava com
José. O chefe da prisão gostava dele e confiou-lhe a
vigilância dos outros presos.
-
Aconteceu que o rei do Egito mandou prender o copeiro e
o chefe dos padeiros como culpados de um crime contra
sua pessoa. Uma manhã José, vendo-os muito tristes,
perguntou-lhes: "por que estais tão preocupados"?
Eles responderam: "tivemos um sonho e ninguém sabe
interpretá-lo". José disse-lhes: "só Deus dá a
inteligência dos sonhos. Contai-me o sonho".
-
O copeiro-mor disse: "vi em sonho uma cepa de videira
que tinha três varas. Peguei em dois cachos, espremi-os
numa taça e apresentei-a ao faraó". José disse-lhe:
"as três varas significam três dias. Dentro de três
dias o faraó te restituirá ao cargo. Lembra-te de mim
quando fores feliz. Pede ao faraó que me tire deste
cárcere porque eu não fiz mal algum".
-
O padeiro disse por sua vez: "no meu sonho,
parecia-me levar à cabeça três cestos de pão branco. No
cesto que ia por cima havia muitas iguarias para o
faraó, mas as aves vinham comê-las". José disse:
"os três cestos significam três dias, depois dos quais o
faraó te mandará cortar a cabeça e as aves devorarão tua
carne".
-
Três dias depois, o faraó festejava o aniversário do seu
nascimento. Durante o banquete, lembrou-se do
copeiro-mor e restituiu-o ao seu cargo; ao padeiro,
mandou enforcar, tudo como José lhes tinha predito. Mas
o copeiro, retornando ao seu lugar, não se lembrou mais
de José.
32.Elevação de José
- dois anos depois, o faraó
teve também um sonho: viu sair do Nilo sete vacas,
lindas e gordas, e depois outras sete, feias e magras,
que devoravam as primeiras. Em seguida, viu sair do
mesmo caule sete espigas cheias de grãos e formosas, e
outras sete, delgadas e vazias, que engoliram as
primeiras. Ninguém soube interpretar o sonho do faraó.
Então ele mandou chamar José, que lhe disse: "as sete
vacas formosas e as sete espigas cheias significam sete
anos de abundância. As sete vacas magras e as sete
espigas vazias significam sete anos de fome. Virão agora
sete anos de grande fertilidade para todo o Egito, mas
depois seguir-se-ão sete anos de penúria. Escolha, pois,
o faraó um homem sábio e prudente para recolher o sobejo
das colheitas e reservar provisões para os sete anos de
miséria".
-
O faraó aceitou este conselho e disse a José: "quem
haverá mais sábio e prudente do que tu? Faço-te senhor
de todo o Egito". E, tirando o anel real, colocou-o
no dedo de José. Vestiu-o ricamente, pôs-lhe no pescoço
um colar de ouro e mandou-o passear em triunfo no seu
côche real. Além disso, deu-lhe um nome egípcio que
significa salvador do mundo. Todos deviam se prostrar
diante de José.
-
Chegaram os sete anos de fertilidade e José mandou
recolher todo o excedente das colheitas. Seguiram-se os
sete anos de miséria e o povo começou a pedir pão ao
faraó. O faraó respondia: "ide a José". Então
José mandou abrir os celeiros. De toda a parte acorria
gente ao Egito para comprar trigo.
33. José Torna a Ver os Irmãos
- Jacó mandou
também seus filhos ao Egito comprar trigo. Mas não
deixou que Benjamim fosse, com receio de lhe acontecer
algum mal. José reconheceu seus irmãos logo que os viu,
mas eles não o reconheceram. Falou-lhes como a
estrangeiros e disse-lhes: "vós sois espiões"!
Eles responderam: "oh, não, senhor! Viemos de Canaan
só para comprar trigo. Somos doze irmãos. O mais novo
ficou em casa e o outro... desapareceu"! José fingiu
não acreditar e mandou-os prender. Passados três dias,
ordenou que viessem à sua presença e disse-lhes: "se
sois de paz, um de vós ficará como refém. Os outros
podem voltar, mas devem trazer seu irmão mais novo.
Dessa forma saberei que falais a verdade".
-
Depois deu ordem para que lhes enchessem os sacos, mas
teve o cuidado de mandar pôr em cada um o dinheiro da
compra. Quando eles chegaram em casa e abriram os sacos,
ficaram muito admirados por lá encontrarem o dinheiro.
34. José Dá-se a Conhecer
- Tendo acabado o
trigo, Jacó disse a seus filhos: "voltai ao Egito e
comprai mantimentos para vivermos". Um dos irmãos
respondeu: "bem queremos ir, mas é preciso levar o
nosso irmão mais novo"! Jacó respondeu: "se assim
é necessário, levai Benjamim convosco".
-
Desceram eles ao Egito com Benjamim. Assim que chegaram
à presença de José, ofereceram-lhe presentes e
inclinaram-se diante dele até ao chão. Ele retribui-lhes
a saudação e perguntou: "o vosso pai ainda é vivo"?
Eles disseram: "o nosso pai, vosso servo, ainda é
vivo e está com saúde". Então, vendo Benjamim,
perguntou: "este é o vosso irmão mais novo? Deus te
abençoe, meu filho". E retirou-se apressadamente
para ocultar as lágrimas. No dia seguinte, não podendo
dominar por mais tempo a sua comoção, exclamou a
soluçar: "eu sou José, vosso irmão, a quem vendeste.
Ide depressa ter com meu pai e o trazei-me. Eu tratarei
de vós". Lançou-se então ao pescoço de Benjamim e,
chorando, abraçou-o; abraçou também todos os irmãos.
Estes saíram e puseram-se a caminho.
35. Jacó Vai Para o Egito (aprox. 1920 a.C.)
-
Quando chegaram, os irmãos de José disseram a seu pai:
"José, vosso filho, ainda vive e é ele quem governa
todo o Egito". Jacó não queria acreditar, mas depois
disse: "vou ter com ele. Quero vê-lo antes de morrer".
E pôs-se a caminho do Egito. José saiu ao encontro do
pai. Chegando à sua presença, lançou-se ao seu pescoço
e, chorando, abraçou-o.
-
Em seguida, José apresentou seu pai e seus irmãos ao
faraó. Este disse a José: "dá-lhes a melhor parte da
terra". José estabeleceu-os na região de Géssen.
-
Jacó viveu ainda 17 anos no Egito. Antes de morrer,
abençoou cada um de seus filhos. A Judá disse: "Judá,
teus irmãos te louvarão e os filhos de teu pai
prostrar-se-ão diante de ti. O cetro não se afastará de
Judá até que venha aquele que deve ser enviado e que as
nações esperam".
-
[Depois da morte de seu pai, os irmãos de José recearam
que ele quisesse se vingar e foram implorar o seu
perdão. José disse-lhes, chorando: "não temais. Eu
cuidarei de vós e de vossos filhos". Prestes a
morrer, disse ainda a seus irmãos: "Deus vos
reconduzirá à terra que prometeu a nossos pais. Levai os
meus ossos convosco". Morreu no Egito com 110 anos.
Embalsamaram-no e depuseram-no num caixão.] |
|
13.
A História de Jó |
|
36. Jó é Experimentado nos Seus Bens
-
Em Hus, terra da Arábia, vivia um homem chamado Jó,
reto, justo, temente a Deus e afastado do mal. Tinha 7
filhos e 3 filhas; possuía grandes rebanhos de ovelhas,
camelos, bois e jumentos, além de muitos criados. Era
homem muito considerado em todo o Oriente.
-
Deus experimentou-o, permitindo a Satanás que lhe
fizesse muito mal. Um dia, chegou um mensageiro e disse
a Jó: "andavam os bois a lavrar e a jumentas a pastar
junto deles e eis que surgiram os sabeus e os levaram.
Passaram à espada os criados. Só escapei eu para vos
trazer esta notícia". Falava ainda quando chegou
outro mensageiro que disse: "os caldeus lançaram-se
sobre os camelos, levaram-nos e trucidaram todos os
criados. Só escapei eu para vos trazer esta notícia".
-
Enquanto este falava, entrou outro mensageiro dizendo:
"os vossos filhos e filhas estavam a comer e beber em
casa do irmão mais velho. De repente desencadeou-se um
violento furacão vindo do deserto. Sacudida de todos os
lados, a casa desabou sobre eles e esmagou a todos. Só
eu escapei para vos anunciar está triste notícia".
-
Então Jó levantou-se, rasgou as vestes e, raspada a
cabeça, prostrou-se por terra e adorou o Senhor,
dizendo: "o Senhor deu, o Senhor tirou. Como foi do
agrado do Senhor, assim se sucedeu. Bendito seja o nome
do Senhor"! Jó não pecou em nenhuma destas coisas,
nem pronunciou nenhuma palavra insensata contra Deus.
37. Jó é Experimentado na Sua Saúde
-
Satanás foi então ferir Jó com uma lepra horrível,
que o cobriu desde a planta dos pés até ao alto da
cabeça. E Jó tirava o pus de suas úlceras com um pedaço
de telha. Dizia-lhe a mulher: "ainda estás firme na
tua piedade"? Ele respondia: "falas como mulher
insensata. Se recebemos os bens da mão de Deus, por que
não receberemos também os males"?
38. Jó Permanece Fiel a Deus
-
Alguns amigos de Jó ousaram afirmar que Deus o castigava
por causa dos seus pecados. Mas Jó disse: "ainda que
Deus me matasse, confiaria sempre nele. Eu sei que o meu
Redentor vive e que no último dia ressurgirei da terra;
serei novamente revestido do meu corpo e na minha carne
verei o meu Deus. Sim, eu mesmo o verei e os meus olhos
o hão de contemplá-lo. Esta esperança repousa no meu
coração".
39. Deus Dá a Jó o Dobro Dos Bens Perdidos
-
Deus restituiu o dobro de tudo que ele possuía.
Deu-lhe também sete filhas e três filhos. Jó viveu ainda
140 anos e viu os filhos dos seus filhos até a quarta
geração. |
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14. A História de Moisés |
|
Prospecto
-
Os hebreus estavam no Egito há quase 400 anos e
tinham-se tornado muito numerosos. O faraó resolveu
aniquilá-los: mandou tratá-los severamente e ordenou que
se lançassem ao Nilo todos os seus filhos
recém-nascidos. Deus inspirou à filha do faraó que
recolhesse uma destas crianças e ela chamou-lhe de
Moisés e o educou. Com cerca de 40 anos de idade, Moisés
teve que fugir porque tomara a defesa dos israelitas.
Por ordem de Deus, voltou 40 anos depois e fez os
israelitas saírem do Egito. Foi seu chefe no deserto
durante 40 anos e conduziu-os até a fronteira da Terra
Prometida.
40. Moisés Salvo da Morte
-
Os descendentes de Jacó tornaram-se muito numerosos no
Egito. Chamavam-se a si próprios de filhos de Israel ou
israelitas porque Jacó recebera de Deus o nome de
Israel. Os estrangeiros chamavam-lhes de hebreus.
-
Passado muito tempo, houve no Egito um novo rei que não
conhecia a história de José. Temendo que os filhos de
Israel se tornassem demasiadamente poderosos, oprimiu-os
com penosos trabalhos de construção e cultura. Por fim,
prescreveu que se lançassem ao Nilo todos os seus filhos
recém-nascidos.
-
Uma mãe israelita teve um filho. Como era muito lindo,
escondeu-o durante três meses. Porém, não podendo
conservá-lo oculto por mais tempo, tomou um cesto de
junco betumado com resina e pez, meteu dentro o menino e
foi expô-lo nuns canaviais à margem do rio. A irmã do
menino conservou-se escondida a alguma distância para
ver o que acontecia.
-
Chegou a filha do faraó e, vendo um cesto no meio do
canavial, mandou uma criada buscá-lo. Abriu-o e viu o
menino chorando. Ficou cheia de pena e disse: "é
filho de hebreus". A irmã da criança aproximou-se e
disse: "quereis que vá chamar uma mulher israelita
para amamentar esse menino". Ela respondeu: "vai,
sim". A menina foi chamar a própria mãe. Esta levou
o menino e o educou. Quando já estava crescido, levou-o
à filha do faraó, que o adotou e disse: "chamar-se-á
Moisés porque o tirei da água".
41. Deus Envia Moisés Para Libertar o Seu Povo
-
Chegado aos 40 anos de idade, Moisés viu a aflição
dos israelitas e tomou a sua defesa. O faraó ficou
sabendo e mandou procurá-lo para lhe dar a morte. Então
Moisés fugiu para a terra de Madian, onde ficou a
guardar ovelhas.
-
Em dia, chegou com o seu rebanho ao interior do deserto,
perto do monte Horeb e ali o Senhor lhe apareceu no meio
das chamas que se elevavam de uma sarça de espinhos.
Embora toda em chamas, a sarça não se consumia. Moisés
se aproximou e então o Senhor gritou-lhe do meio da
sarça: "Moisés, Moisés"! Moisés cobriu o rosto
para não ver a Deus.
-
O Senhor disse-lhe: "vi a aflição do meu povo. Por
isso desci para o libertar e o conduzir a uma terra onde
corre o leite e o mel. És tu quem fará sair o meu povo
do Egito". Moisés partiu imediatamente para o Egito.
Saiu-lhe ao encontro, por ordem de Deus, seu irmão Aarão
e Moisés contou-lhe tudo. Moisés e Aarão foram procurar
o faraó e disseram-lhe: "o Deus dos hebreus disse:
'deixa partir o meu povo'". O faraó não consentiu e
Deus o castigou, mandando-lhe grandes desgraças. Mas o
faraó continuou endurecido. O Senhor disse a Moisés:
"ferirei o faraó e a sua gente com uma última praga,
depois da qual ele vos deixará partir. À meia-noite
passarei pelo Egito e todo o filho primogênito dos
egípcios morrerá. Mas aos filhos de Israel não se
sucederá mal algum".
42. Moisés Manda Celebrar a Páscoa
(aproximadamente 1500 a.C.)
-
Por ordem de Deus, Moisés mandou aos filhos de Israel
que celebrassem a Páscoa, dizendo-lhes: "no dia 14
deste mês, à tarde, cada chefe de família imolará um
cordeiro sem defeito, com um ano de idade, sem lhe
quebrar osso algum. Com um molhinho de hissôpo,
aspergirá seu sangue nas umbreiras e na padieira da
porta. Comereis a sua carne, assada no fogo, com pão sem
fermento e ervas amargas. Tereis os rins cingidos, as
sandálias nos pés e o bordão na mão. E comereis depressa
porque é a Páscoa, isto é, a Passagem do Senhor. Nesta
mesma noite, ferirei de morte todos os filhos
primogênitos do Egito. Mas vendo o sangue nas vossas
casas, passarei adiante e a praga destruidora não vos
atingirá".
-
Os filhos de Israel fizeram o que o Senhor lhes ordenou.
Pela meia-noite, o Senhor feriu de morte os primogênitos
de todas as famílias do Egito. Ouviu-se em todo o país
um enorme grito de dor porque não havia casa onde não
houvesse um morto.
43. Os Israelitas Saem do Egito
-
O faraó chamou Moisés e disse-lhe: "leva depressa o
teu povo". Os egípcios também pediam para que os
israelitas saíssem o quanto antes, "senão morreremos
todos", diziam eles.
-
Os filhos de Israel partiram em número de 600 mil, sem
contar as mulheres e crianças. Moisés levou também os
ossos de José.
-
Guiados por Deus, que ia adiante deles, de dia numa
coluna de nuvem, de noite numa coluna de fogo, chegaram
todos ao Mar vermelho.
-
Entretanto, o faraó arrependeu-se de ter deixado partir
os israelitas. Perseguiu-os com os seus carros e todo o
exército e foi alcançá-los junto ao Mar vermelho. Moisés
disse ao seu povo: "não temais, o Senhor combaterá
por vós"! Por ordem de Deus, Moisés estendeu a mão
sobre o mar; imediatamente as águas se dividiram,
erguendo-se como muralha à direita e à esquerda, e os
israelitas atravessaram sem molharem os pés. Os egípcios
avançaram por sua vez até ao meio do mar. Mas o Senhor
disse a Moisés: "estende a mão sobre o mar".
Moisés obedeceu e imediatamente as águas se juntaram e
cobriram todo o exército do faraó, com os carros e
cavaleiros. Ninguém escapou.
-
Os filhos de Israel entoaram então um cântico de louvor
e ação de graças ao Senhor, dizendo: "cantemos ao
Senhor porque fez brilhar a sua glória: precipitou no
mar os cavalos e os cavaleiros".
-
Em seguida, os israelitas conduzidos por Moisés
dirigiram-se para o deserto.
44. Deus Protege o Seu Povo
-
No deserto, os israelitas tiveram fome. Deus
disse-lhes: "esta tarde comereis carne e amanhã pela
manhã tereis pão em abundância. E sabereis que eu sou o
Senhor vosso Deus". Efetivamente, à tarde, pousaram
cordonizes sobre os acampamentos e no dia seguinte
apareceu a terra coberta de uma coisa miúda, parecida
com a geada. Vendo isto, os filhos de Israel
perguntaram: "manhu, que significa 'o que é isto”?
Moisés disse-lhes: "este é o pão que o Senhor vos dá
para comer". Daí vem o nome de maná.
-
O maná tinha sabor de bolos de mel. Os israelitas
comeram maná durante 40 anos até chegarem em Canaan.
-
Doutra vez, faltou água e o povo queixou-se a Moisés:
"para que nos fizeste sair do Egito? Foi para morrermos
de sede"? Moisés perguntou ao Senhor: "o que
farei a este povo"? Deus disse-lhe: "toma a tua
vara e bate com ela no rochedo; jorrará água e o povo
terá o que beber". E assim aconteceu.
45. Deus Promulga o Decálogo
- No terceiro mês
depois da saída do Egito, os israelitas chegaram ao pé
do Sinai. Armaram as tendas em frente do monte e Moisés
subiu até junto de Deus. O Senhor disse-lhe: "manda
que lavem as vestes e estejam prontos para o terceiro
dia. Nesse dia, quando soar a trombeta, que se aproximem
do monte". Moisés obedeceu ao Senhor.
-
Na madrugada do terceiro dia, houve trovões e relâmpagos
e uma espessa nuvem envolveu o Sinai. Ouviu-se então o
som estridente das trombetas. Todos se atemorizaram.
Moisés levou os israelitas para junto da montanha e o
Senhor promulgou o decálogo:
-
Eu sou o Senhor, teu Deus:
I. Não terás outros deuses, nem farás imagens deles para
as adorar;
II. Não pronunciarás em vão o nome do Senhor, teu Deus;
III. Lembra-te de santificar o dia do sábado;
IV. Honra teu pai e tua mãe para viveres muito tempo
sobre a terra;
V. Não matarás;
VI. Não cometerás adultério;
VII. Não furtarás
VIII. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo;
IX. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, e
X. Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu campo,
nem o seu servo ou serva, nem o seu boi ou jumento, nem
coisa alguma que lhe pertença.
-
O povo tremia de medo. Todos disseram: "faremos o que
o Senhor mandou e seremos fiéis". Por ordem de Deus,
Moisés tornou a subir ao Sinai e lá ficou 40 dias e 40
noites.
-
Então o Senhor deu-lhe os dez mandamentos, escritos por
sua mão, em duas tábuas de pedra.
46. Moisés Organiza o Culto Divino
- No Sinai o
Senhor disse a Moisés: "haveis de fazer-me um
santuário. Quero habitar no meio de vós". Moisés
mandou então construir o Tabernáculo. Era feito de
tábuas, com ricas coberturas. Quando os israelitas se
punham em marcha, desmanchavam o Tabernáculo para o
levarem com eles. O Tabernáculo tinha dois
compartimentos: o santo e o santo dos santos. No santo
dos santos, encontrava-se a arca da aliança. Na arca,
guardavam-se as duas tábuas da Lei.
-
[No santo, encontravam-se o altar dos perfumes, a mesa
dos pães da proposição e o candeeiro de sete braços. No
átrio, estava o altar dos holocaustos. Deus disse também
a Moisés: "Aarão e seus filhos exercerão funções
sacerdotais". Moisés estabeleceu seu irmão Aarão
como sumo-sacerdote e designou para sacerdotes os filhos
de Aarão e os seus descendentes. Os sacerdotes deviam
oferecer os sacrifícios. Geralmente ofereciam animais,
que se imolavam, sendo a carne consumida pelo fogo sobre
o altar. Havia também sacrifícios incruentos.
Celebravam-se três grandes festas: a Páscoa, em memória
da saída do Egito; o Pentecostes, comemorando a
promulgação da Lei ao pé do Sinai; e a dos Tabernáculos,
para relembrar a peregrinação do povo através do
deserto. Em todas as semanas, o sétimo dia ou sábado
devia ser consagrado unicamente ao culto do Senhor.]
47. Exploração da Terra de Canaan
-
Logo que os israelitas chegaram à fronteira
meridional de Canaan, Moisés enviou 12 homens, um por
cada tribo, a explorar a terra. No regresso, trouxeram
eles frutos deliciosos como romãs, figos e, numa vara,
conduzida por dois homens, um enorme cacho de uvas. E
disseram: "é na verdade uma terra onde corre o leite
e o mel"!
-
Porém, os israelitas já estavam cansados de vaguear
através do deserto. E disseram a Moisés: "por que nos
mandaste sair do Egito? Foi para nos deixar morrer no
deserto? Nós não temos pão, falta-nos a água e já
estamos enjoados deste maná!".
-
Para castigo, o Senhor mandou serpentes, cuja picada
queimava como fogo. Muitos israelitas foram picados e
morreram. Os outros reconheceram o seu pecado e
arrependeram-se. Então Moisés intercedeu por eles.
-
Deus disse-lhe: "faze uma serpente de bronze e
expõe-na num poste. Aqueles que, sendo feridos, olharem
para ela, viverão". Moisés assim fez e todos os que,
tendo sido picados, olhavam para a serpente de bronze,
ficaram sãos.
-
[Moisés morreu no topo do monte Nebo, à vista da Terra
Prometida, com 120 anos de idade.] |
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15. A História de Saul |
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15. A História de Saul |
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- [Depois da morte de Moisés, Josué introduziu os
israelitas na terra de Canaan (aprox. 1450 a.C.).
Milagrosamente auxiliado por Deus, os fez atravessar o
Jordão, tomou a cidade de Jericó, conquistou toda a
terra em 7 anos e a dividiu pelas 12 tribos.
-
Josué morreu com 110 anos de idade.
-
Durante os 300 anos que se seguiram, os israelitas não
tiveram nenhum chefe único reconhecido por todas as
tribos. Cada tribo vivia sob um chefe particular e
governava-se segundo os costumes do regime patriarcal.
-
Muitas vezes os israelitas esqueciam do Deus de seus
pais. Então o Senhor, para os castigar, abandonava-os
aos seus inimigos. Mas, logo que se arrependiam, vinha
em seu auxílio. Suscitava entre eles alguns homens,
chamados juízes, que os livravam dos seus perseguidores.
Houve 14 juízes em Israel; os principais foram: Gedeão,
Sansão, Heli e Samuel (aprox. 1400 à 1095 a.C.).]
48. Saul é Proclamado Rei de Israel
-
Samuel tinha envelhecido e seus filhos não lhe
seguiam os conselhos. Por isso, os israelitas
disseram-lhe: "dá-nos um rei como têm as outras
nações". Samuel não gostou desse pedido. Consultou o
Senhor e este disse-lhe: "faz o que eles pedem"!
-
Passado algum tempo, estando Samuel em Ramá, viu chegar
junto de si um filho de Cis, chamado Saul, da tribo de
Benjamim. O Senhor disse-lhe: "eis o homem destinado
para reinar sobre o meu povo"!
-
No dia seguinte, pela manhã, Samuel tomou um vaso de
óleo, derramou-o sobre a cabeça de Saul, beijou-o e
disse: "por esta unção, o Senhor te faz príncipe da
sua herança". Em seguida, convocou o povo para
apresentar-lhe o eleito de Deus. Assim que Saul apareceu
na assembleia, Samuel disse: "olhai: foi aquele que
Deus escolheu". Então todos exclamaram: "viva o
rei"!
49. Saul Desobedece a Deus. Deus Rejeita
-
O Saul reinou durante 40 anos. A princípio, foi fiel a
Deus e Deus deu-lhe vitória sobre os amalecitas. Mas
logo se tornou orgulhoso e deixou de obedecer as ordens
do Senhor.
-
Numa guerra contra os filisteus, Saul tinha a ordem de
esperar a chegada de Samuel antes de travar a batalha.
Samuel devia oferecer um sacrifício a Deus, para
implorar a sua proteção. No sétimo dia, como Samuel não
chegava e o exército, cansado de esperar, começava a
dispersar-se, Saul ofereceu o sacrifício em vez do
sumo-sacerdote. Apenas tinha acabado quando Samuel
chegou e lhe disse: “procedeste insensatamente! Por
isso, não serás rei por muito tempo"!
50. A Eleição de Davi
-
Deus disse a Samuel: "enche de óleo o teu
recipiente e vai à casa de Isaí, em Belém, porque
escolhi um dos seus filhos para ser rei no lugar de
Saul". Samuel foi a Belém. Isaí mostrou-lhe primeiro
o seu filho mais velho, que era alto e elegante. Mas o
Senhor disse-lhe: "não repares para a sua elevada
estatura. Não é esse quem escolhi". Isaí
apresentou-lhe sucessivamente os outros seis filhos.
Samuel disse-lhe: "o Senhor não escolheu nenhum
deles. Não tens mais nenhum"?. Isaí respondeu:
"ainda falta Davi, o mais novo, que anda a guardar as
ovelhas". Disse-lhe Samuel: "manda-o chamar".
Quando Davi chegou, o Senhor disse a Samuel: "unge-o!
É esse"!. Samuel tomou o vaso de óleo e ungiu Davi
na presença de seus irmãos. Desde então, repousou sobre
Davi o espírito do Senhor. |
|
16. A História de Davi (Aprox. 1055-1015) |
|
51. Davi Vence o Gigante Golias
-
Estourou a guerra contra os filisteus e todos os irmãos
de Davi tiveram de pegar em armas.
-
Um dia, o pai de Davi mandou-o ao acampamento para obter
notícias. Enquanto ele estava lá, saiu um gigante do
campo dos filisteus, que tinha seis côvados e um palmo
de altura. Usava capacete de metal, couraças e
tornozeleiras de bronze. A haste de sua lança era como o
órgão de um tear. Dirigindo-se ao exército de Israel,
Golias dizia: "escolhei entre vós um homem que ouse
lutar comigo. Se ele me matar, seremos vossos escravos;
mas se eu o matar, sereis nossos escravos". E
ninguém ousava lutar com ele.
-
Então Davi apresentou-se e disse: "irei combater com
ele". Tomou o cajado e escolheu na torrente cinco
pedras bem lisas, metendo-as numa sacola; depois com a
funda na mão, avançou contra o filisteu. O gigante,
vendo Davi tão pequeno, gritou-lhe: "serei eu algum
cão para vires contra mim armado com um pau”?. Davi
respondeu: "tu vens contra mim com espada, lança e
escudo e eu avanço em nome do Senhor. Hoje o Senhor vai
entregar-te nas minhas mãos e toda a terra saberá que há
um Deus em Israel". Então Davi tirou uma pedra da
sacola e arremessou-a com a funda. A pedra foi cravar-se
na fronte do filisteu e o gigante caiu por terra. Davi
correu e, tirando-lhe a espada, cortou-lhe a cabeça. Os
filisteus fugiram aterrorizados e os israelitas matou-os
em grande quantidade.
52. Magnanimidade de Davi
-
Depois de ter matado o filisteu, Davi voltou com
Saul. Por toda a parte as mulheres saíam ao seu
encontro, cantando: "Saul matou mil e Davi matou dez
mil". Essa preferência irritava o rei. Um dia,
enquanto Davi tocava harpa na sua presença, Saul atirou
por duas vezes a lança contra ele, para o matar, mas
Davi esquivou-se ao golpe. Desde então Saul teve medo de
Davi porque via que o Senhor estava com ele. Tendo Davi
alcançado nova vitória na guerra contra os filisteus,
aumentou a inveja de Saul. Davi pôs-se, então, em fuga
e, com alguns de seus companheiros mais fiéis,
refugiou-se no deserto.
-
Saul perseguiu-o com 3 mil homens. Um dia, Davi entrou
sem ruído na tenda de Saul enquanto este dormia. Abisai
aconselhava-o a matar o rei naquela oportunidade, mas
Davi recusou-se dizendo: "quem poderá levantar a mão
contra o ungido do Senhor sem cometer crime"?
Contentou-se em levar a lança e a taça do rei. Em
seguida, de uma colina vizinha, gritou a Abner, general
de Saul: "Abner, por que não guardaste o teu rei e
senhor? Vê agora onde está a lança e a taça do rei!".
Saul reconheceu a voz de Davi e ficou muito arrependido.
-
Algum tempo depois, Saul travou batalha com os filisteus
nos montes de Gelboé. O seu exército foi derrotado e
Saul ficou gravemente ferido. Então disse ao escudeiro:
"desembainha a espada e mata-me"! Como o
escudeiro hesitasse, Saul deixou-se cair sobre a própria
espada e morreu.
53. Davi é Proclamado Rei
-
Então Davi consultou o Senhor, que lhe disse:
"sobe a Hebron". Os homens de Judá o acolheram bem e
deram-lhe a unção real.
-
Entretanto, Abner, general de Saul, elevou ao trono
Isboset, filho de Saul. Só ao fim de sete anos e seis
meses depois da morte de Abner e de Isboset os anciãos
das tribos de Israel foram procurar Davi em Hebron e o
reconheceram como rei. Logo que subiu ao trono, Davi
pôs-se à frente de seus guerreiros e marchou sobre
Jerusalém que estava então em poder dos jebuseus.
Conquistou a fortaleza de Sião, estabeleceu nela a sua
residência e chamou-lhe cidade de Davi.
-
[Hábil e valente guerreiro, Davi venceu diversas
guerras. Bateu os filisteus, submeteu os moabitas, os
sírios, os idumeus e os amonitas. O seu reino
estendia-se do Eufrates até o Egito.]
54. Davi Organiza o Culto Divino
-
Davi mandou construir na colina de Sião uma tenda
magnífica para a celebração do culto. Para lá foi
transportada a arca da aliança no meio de um cortejo
imponente. Os sacerdotes levaram a arca. Grande número
de cantores e músicos abrilhantavam a cerimônia. O
próprio Davi tocava harpa diante da arca.
-
Depois de colocar a arca no novo tabernáculo, Davi
organizou o culto divino. Distribuiu os sacerdotes em 24
classes encarregadas do serviço divino, por turnos, cada
qual por uma semana. Escolheu também 4 mil levitas para
executar os cânticos sagrados e acompanhá-los com
instrumentos. Estes cânticos têm o nome de Salmos, isto
é, cânticos de louvor.
-
Davi também pensava em construir um templo ao Senhor.
Mas Deus mandou-lhe dizer pelo profeta Natan: "não
serás tu que me construirás uma casa, mas sim Salomão,
teu filho. Eu firmarei para sempre o seu trono. Serei
para ele um pai e ele será para mim um filho".
55. Revolta de Absalão
-
Davi tinha um filho, chamado Absalão, que organizou
uma conspiração contra ele e, tendo-se proclamado rei em
Hebron, marchou sobre Jerusalém. Davi só teve tempo de
fugir. Acompanhado de seus servos fiéis, saiu da cidade,
atravessou o Cedron e subiu o monte das Oliveiras,
descalço e com a cabeça coberta. Depois, refugiou-se
para além do Jordão.
-
Absalão perseguiu o rei travou-se uma batalha. Davi
disse a seu general: "poupai o meu filho Absalão"!
O exército de Absalão foi derrotado e ele fugiu num
cavalo. Ao passar por baixo de um carvalho frondoso, seu
cabelo prendeu-se nos ramos da árvore e ele ficou
suspenso, enquanto o animal continuava a correr. Levaram
a notícia a Joab. Este tomou três lanças e traspassou
com elas o coração de Absalão. Depois vieram os
escudeiros e acabaram de o matar.
-
Quando lhe anunciaram o resultado da batalha, Davi
perguntou: "meu filho Absalão está vivo"? O
mensageiro respondeu: "oxalá tenham a mesma sorte
todos os inimigos do rei"! Davi, cheio de tristeza,
repetia a chorar: "meu filho Absalão! Absalão filho
meu! Quem me dera ter morrido por, Absalão meu filho,
filho meu Absalão"!
-
[Chegando ao término de sua vida, Davi mandou dar a
unção real a seu filho Salomão. Morreu com 70 anos de
idade, depois de ter reinado 40 anos em Israel (aprox.
1015 d.C.)]. |
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17. A História de Salomão (aprox. 1015-975 a.C.) |
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56. Salomão Pede a Deus a Sabedoria
-
Salomão sucedeu a seu pai Davi no trono. Uma noite,
o Senhor apareceu-lhe em sonhos e disse-lhe: "pede-me
o que quiseres e eu te darei". Salomão respondeu:
"Senhor, meu Deus, fizeste-me rei, a mim vosso servo!
Sou ainda muito novo e inexperiente e o vosso povo é
numeroso. Dai-me um coração dócil para que eu saiba
governar". O Senhor disse-lhe: "não me pedes
longos dias, nem riquezas, mas sabedoria para bem
julgar. Vou atender o teu desejo. Dou-te sabedoria e
inteligência como ninguém a teve, nem jamais terá.
Dou-te também o que não me pediste: riquezas e glória. E
se tu guardares os meus preceitos, como os guardou teu
pai Davi, dar-te-ei longos anos de vida".
57. Salomão Julga Sabiamente
-
Pouco tempo depois, apresentaram-se duas mulheres a
Salomão. Uma disse: "Senhor, eu e esta mulher
habitávamos na mesma casa. Durante a noite, estando a
dormir, sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono,
pôs o meu filho adormecido junto de si e colocou aos
meus pés o seu filho que estava morto. De manhã, olhando
de perto para ele, vi que não era o meu filho". A
outra mulher interrompeu: "não, o meu filho é o que
está vivo, o teu morreu". A primeira replicou:
"não, o teu é que morreu. O que está vivo é meu". E
continuaram a disputar.
-
Então o rei disse: “trazei uma espada, dividi em duas
partes o menino que está vivo e daí metade a cada uma"!
Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho estava
vivo suplicou: "Senhor, peço-vos que lhes deis a ela
o menino vivo e não o mateis"! A outra, pelo
contrário, dizia: "não seja para mim nem para ti, mas
divida-se". Então Salomão disse: "daí à primeira
o menino vivo porque é ela a verdadeira mãe". E
assim todo o povo de Israel soube que a sabedoria de
Deus assistia ao rei para julgar com retidão.
58. A Construção do Templo
-
No décimo ano do seu reinado, Salomão enviou
embaixadores a Irã, rei de Tiro, para lhe dizer: "o
Senhor deu-me paz com todos os meus vizinhos e penso em
lhe edificar uma casa. Manda-me, pois, cortar no Líbano
cedros e ciprestes!". Irã consentiu e fez-se uma
convenção entre os dois reis. Salomão escolheu milhares
de operários em todo o Israel e os mandou, por turnos,
trabalhar no Líbano com a gente de Irã. Além disso,
tinha milhares de carreteiros e cabouqueiros no monte;
era lá que se aparelhavam as pedras. Terminada a
construção, que levou 7 anos, Salomão convocou os
príncipes do povo e ordenou que se transladasse a arca
para o templo, com grandioso cortejo. Cento e vinte
sacerdotes tocavam trombetas; os levitas cantavam salmos
ao som de instrumentos musicais. Imolaram-se inúmeras
ovelhas e bois. Colocada a arca no santo dos santos, uma
nuvem encheu a casa do Senhor.
-
Salomão prostrou-se diante do altar dos holocaustos e
disse: "Senhor, Deus de Israel, se os céus não vos
podem conter, muito menos esta casa que eu vos
edifiquei. Todavia, dignai-vos a lançar sobre ela um
olhar de misericórdia e ouvi a todos aqueles que orarem
neste lugar". Então desceu o fogo do céu e consumiu
as vítimas. Depois o Senhor apareceu a Salomão e disse:
"nesta casa estarão sempre os meus olhos e o meu
coração".
59. Descrição do Templo
-
O templo de Salomão reproduzia a planta do
tabernáculo, mas em maiores dimensões. O edifício tinha
60 côvados de comprimento, 20 de largura e 30 de altura.
Do lado do Oriente erguia-se um pórtico. Dos outros três
lados, tinha encostada uma construção de 18 côvados,
dividida em 3 andares, com compartimentos para guardar o
mobiliário do templo. O interior compreendia o santo e o
santo dos santos. O santo tinha 40 côvados de
comprimento; o santo dos santos, que se prolongava do
lado do Oriente, tinha 20 côvados de comprimento, 20 de
largura e 20 de altura. As paredes e os tetos do
santuário eram guarnecidos de tábuas de cedro e ornados
com flores, palmas e querubins esculpidos, tudo
revestido de ouro. O próprio pavimento era de lâminas de
ouro. Em volta das construções havia dois átrios: um no
interior reservado aos sacerdotes e outro no exterior
para o povo.
60. A Rainha de Sabá Visita Salomão
-
Acabada a construção do templo do Senhor, Salomão
construiu também para si um esplêndido palácio. O trono
era de ouro e marfim e a baixela era do mais fino ouro.
Os seus navios iam buscar nos países mais longínquos
ouro e objetos preciosos de toda a espécie, como dentes
de elefante e pavões. Em riqueza, excedeu todos os reis
da terra.
-
De todos os países do mundo corria gente para ver
Salomão e todos se honravam em lhe oferecer presentes. A
rainha de Sabá, na Arábia, veio também a Jerusalém com
grande comitiva para conhecer a sabedoria de Salomão.
Quando o ouviu e viu toda a sua magnificência, ficou
encantada e disse: "Na verdade, a tua sabedoria e a
tua glória ultrapassam a fama que tinha chegado até mim.
Bem-aventurados os servos que estão sempre contigo e
ouvem as palavras da tua sabedoria! Bendito seja o
Senhor, teu Deus, que te colocou sobre o trono de Israel
E ofereceu-lhe ricos presentes de ouro e pedras
preciosas antes de voltar para o seu país.
61. Pecado de Salomão
Salomão desposou mulheres pagãs que o levaram a cair
na idolatria, quando já era velho. O Senhor mandou-lhe
dizer: "porque transgrediste os meus mandamentos, eu
dividirei o teu reino. Contudo, em atenção ao meu servo
Davi, deixarei uma parte dele a teu filho". Salomão
reinou 40 anos em Jerusalém. |
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18. O Reino de Israel (aprox. 975-722 a.C.) |
|
62. Dez Tribos se Separam de Roboão
-
Depois da morte de Salomão, os chefes das tribos
foram ter com Roboão e disseram-lhe: "teu pai
impôs-nos um jugo duríssimo. Suaviza um pouco esse fardo
e nós te serviremos". Roboão respondeu: "voltai
dentro de três dias". Depois foi se aconselhar com
os anciãos que assistiam a seu pai. Estes disseram-lhe:
"se fores condescendente com o povo, ele te servirá
sempre". Roboão desprezou este conselho para seguir
o dos novos, do seu tempo, e respondeu ao povo:
"tornarei o vosso jugo ainda mais pesado! Meu pai
bateu-vos com azorragues, mas eu vos flagelarei com
escorpiões"! Então dez tribos escolheram Jeroboão
para rei e constituíram o reino separado de Israel, que
teve por primeira capital Siquém e mais tarde Samaria.
As tribos de Judá e Benjamim permaneceram fiéis aos
descendentes de Davi e formaram o reino de Judá, com
capital em Jerusalém.
63. Jeroboão Introduz o Culto aos Ídolos
-
Jeroboão levantou dois bezerros de ouro, um em
Betel, ao sul e outro em Dan, na parte setentrional. Ao
mesmo tempo, proibiu ao povo que voltasse a Jerusalém
para adorar o Senhor. Levantou templos e pôs neles
sacerdotes que não pertenciam à tribo de Levi. E assim
levou o povo ao culto dos ídolos. Deus disse-lhe pelo
profeta Aías: "exterminarei a tua casa porque me
rejeitaste".
64. Deus Envia Profetas
-
Para levar os reis e o povo a melhores sentimentos,
Deus enviou-lhes os seus profetas, que pregavam a
penitência pela palavra e pelo exemplo, anunciavam os
castigos iminentes e prediziam muitos passos da vida do
futuro Salvador. Deus concedia-lhes o dom de operarem
muitos milagres em confirmação de suas palavras.
65. O Reino de Israel Sucumbe (aprox. 975-722
a.C.)
-
O reino de Israel durou 253 anos. Teve 19 reis: Jeroboão
I, Nadab, Baasa, Ela, Zambri, Amri, Acab, Ocozias,
Jorão, Jeú, Joacaz, Joás, Jeroboão II, Zacarias, Selum,
Manaém, Faceia, Faceias e Oséias.
-
Os israelitas não ouviram as advertências que Deus lhes
fazia pelos profetas. Foi por isso que o Senhor,
irritado, os abandonou. Salmanasar, rei da Assíria,
tendo conhecimento de que Oséias, último rei de Israel,
preparava uma revolta, cercou a Samaria com um grande
exército. Três anos depois, Sargon, seu sucessor,
apoderou-se da cidade, destruiu-a completamente e levou
a maior parte dos habitantes cativos para a Assíria
(aprox. 721 a.C.).
66. Os Samaritanos
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O rei da Assíria mandou colonos pagãos para a terra
devastada de Israel. Estes aliaram-se com os poucos
israelitas que lá ficaram e desta aliança proveio a raça
mista dos samaritanos. Ao culto dos ídolos pagãos, os
samaritanos juntavam a adoração ao verdadeiro Deus, em
honra do qual edificaram um templo no monte Garizim,
perto de Siquém. Viveram sempre em inimizade com os
judeus. [Entre os profetas que apareceram no reino de
Israel, os mais célebres são Elias, Eliseu e Jonas.] |
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19. Os Profetas Elias e Eliseu |
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67. Deus Envia o Profeta Elias
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Acab, sétimo rei de Israel, foi mais ímpio que todos
os seus predecessores. Tomou por mulher uma pagã,
Jezabel, filha do rei de Sidon; adorou o falso deus
Baal, edificou lhe um templo na Samaria servido por 450
sacerdotes idólatras e mandou matar os sacerdotes do
Senhor. Então Deus mandou o profeta Elias, que se
apresentou diante do rei e disse: "é tão certo como
Deus vive que não haverá orvalho nem chuva em Israel
enquanto eu não o disser"! Depois o Senhor disse a
Elias: "vai-te esconder nas margens da torrente de
Carit. Beberás água da torrente e os corvos te
alimentarão nesse lugar". Elias obedeceu. Todos os
dias, de manhã e à tarde, os corvos lhe levavam pão e
carne e ele bebia água da torrente.
68. Elias e a Viúva de Sarepta
-
Passado algum tempo, a torrente secou. Então o
Senhor disse a Elias: "vai para Sarepta, na terra dos
Sidônios, porque ordenei a uma viúva dessa cidade que te
sustente". Elias foi. À porta da cidade, viu uma
mulher que apanhava lenha e disse-lhe: "busque-me um
pouco de água e um pedaço de pão". Ela respondeu:
"só tenho um pouco de farinha numa panela e um pouco de
azeite no recipiente. Cozinharei esses restos para mim e
para meu filho, senão morremos de fome". Elias
disse-lhe: "não te preocupes. Com o punhado de
farinha, faze-me um pãozinho cozido debaixo da cinza;
depois farás outro para teu filho. Porque esta é a
Palavra do Senhor: 'a farinha que está na panela não
faltará nem diminuirá no recipiente o azeite até o dia
em que o Senhor faça cair chuva sobre a terra'". A
pobre viúva fez como Elias lhe tinha dito e não faltou a
farinha na panela, nem diminuiu o azeite no recipiente.
69. Elias Convoca o Povo
-
Decorreram três anos e seis meses sem chover. A fome
era extrema. Então o Senhor disse a Elias: "vai
apresentar-te diante de Acab para eu fazer cair chuva
sobre a terra". Elias foi procurar Acab e disse-lhe:
"convoca todo o povo no monte Carmelo, incluindo os
450 sacerdotes de Baal". Acab assim o fez e foi
também ao Carmelo. Então Elias disse: "eu, o profeta
do Senhor, estou só; os profetas de Baal são 450.
Deem-nos dois bois: eles escolherão um, cortá-lo-ão em
pedaços e depois de os disporem sobre o altar, não lhes
lançarão fogo. Eu farei o mesmo com o outro. Vós
invocareis o vosso deus e eu invocarei o Senhor. O que
acender a fogueira será o verdadeiro Deus". Eles
disseram: "que assim o seja".
70. Elias Confunde os Sacerdotes de Baal
-
Os sacerdotes de Baal fizeram os seus preparativos e
puseram-se a gritar desde manhã até o meio-dia:
"Baal, ouve-nos". Mas Baal não respondia. Elias
disse-lhes: "gritai mais alto. Naturalmente, o vosso
Baal está a conversar ou talvez esteja na estalagem ou
em viagem. Quem sabe se não está a dormir? Gritai mais
alto para o acordar". Eles puseram-se a gritar cada
vez mais, mas Baal nunca respondia.
-
Então Elias tomou doze pedras, fez com elas um altar e
cavou um buraco em volta. Depois cortou o boi em
pedaços, colocou-os sobre a lenha e regou até que o
buraco ficasse cheio de água. Em seguida, orou a Deus,
dizendo: "Senhor, mostrai hoje que sois o verdadeiro
Deus". Imediatamente o fogo caiu do céu e consumiu o
holocausto, a lenha e até as pedras, além de absorver
toda a água do buraco. O povo prostrou-se com o rosto
por terra, gritando: "o Senhor é o verdadeiro Deus! O
verdadeiro Deus é o Senhor"! O céu não tardou a
escurecer e caiu uma chuva torrencial.
71. Elias Prediz a Morte de Acab
-
Um homem, chamado Nabot, possuía uma vinha em
Jezrael, junto ao palácio de Acab. Este disse-lhe:
"cede-me a tua vinha que em troca eu te dou outra melhor
ou, se preferes, o seu valor em dinheiro". Nabot
respondeu: "Deus me livre de abandonar a herança de
meus pais"! Acab foi embora muito zangado. Quando
Jezabel, sua mulher, soube desta recusa, escreveu aos
anciãos da cidade: "arranjai duas testemunhas que
digam que Nabot blasfemou. Depois levai-o para fora da
cidade e apedrejai-o". Os anciãos executaram esta
ordem. Nabot foi apedrejado e Acab tomou posse da vinha.
Elias apresentou-se diante dele e disse: "eis a Palavra
do Senhor: 'os cães lamberão o teu sangue onde lamberam
o de Nabot e Jezabel será devorada pelos cães"!
-
Três anos depois, Acab foi gravemente ferido numa
batalha contra o rei da Síria. Levaram-no num carro e à
tarde ele morreu. Ao lavarem o carro, os cães vieram
lamber o seu sangue.
-
Algum tempo depois, o novo rei Jeú entrou na cidade de
Jezrael. Jezabel estava à janela toda pintada e
enfeitada. Jeú viu-a e disse: "precipitai-a daí
abaixo". Assim fizeram. Jezabel foi esmagada pelos
cavalos e devorada pelos cães.
72. Eliseu Recebe a Sucessão de Elias
-
Elias, sabendo que o Senhor queria levá-lo deste
mundo, foi com seu discípulo Eliseu para a margem do
Jordão. De repente, um carro de fogo, com cavalos também
de fogo, separou-os um do outro e Elias foi arrebatado
ao céu num turbilhão. Eliseu via-o e gritava: "meu
pai! Meu pai"! Mas logo tudo desapareceu.
-
Eliseu tomou o manto que Elias deixara cair e
retirou-se. Chegando ao Jordão, bateu com o manto nas
águas e imediatamente elas se dividiram para o deixar
passar. À vista deste prodígio, os discípulos do profeta
disseram: "o espírito de Elias repousou sobre Eliseu".
-
Eliseu foi para Betel. Enquanto subia para a cidade, uns
rapazes seguiram-no e insultavam-no, dizendo: "sobe, ó
calvo! Sobe, ó calvo"! O profeta ameaçou-os em nome do
Senhor. No mesmo instante, saíram da floresta dois ursos
que devoraram 42 destes rapazes. |
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20. A História do Profeta Jonas |
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73. Jonas Não Quer Obedecer a Deus
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Jonas profetizou no reino de Israel depois da morte
de Eliseu. O Senhor disse-lhe: "vai pregar à grande
cidade de Nínive porque a sua maldade chegou ao extremo".
-
Jonas tentou fugir do Senhor. Chegou a Jope e encontrou
um navio que partia para Társis. Pagou a passagem e
embarcou.
74. Jonas é Lançado ao Mar
-
Deus permitiu que uma forte tempestade pusesse o
navio em perigo de se fazer em pedaços. Os marinheiros
tiveram medo e cada um invocava o seu deus. Entretanto,
Jonas, deitado no porão, dormia profundamente. O capitão
despertou-o e disse-lhe: "como podes dormir?
Levanta-te e invoca o teu Deus para que não pereçamos".
Em seguida, lançaram sortes para saberem qual deles era
o responsável por aquela desgraça. A sorte caiu em
Jonas, que disse: "sei que foi por minha causa que
nos sobreveio está tempestade"!
-
Os marinheiros fizeram os maiores esforços para alcançar
a terra, mas foi em vão. Então, invocando o Senhor,
disseram: "Senhor, não nos deixeis morrer por causa
deste homem". E atiraram Jonas ao mar. No mesmo
instante, o mar serenou. O Senhor mandou um enorme
peixe, que engoliu Jonas. Jonas esteve no ventre do
peixe durante três dias e três noites e pedia ao Senhor
seu Deus que o salvasse. O Senhor mandou então ao peixe
que o vomitasse na praia.
75. Os Habitantes de Nínive Fazem Penitência
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De novo o Senhor disse a Jonas: "vai a Nínive"!
Desta vez, Jonas foi e andou pelas ruas da cidade um dia
inteiro, clamando: "daqui a 40 dias Nínive será
destruída". Os ninivitas creram em Deus, fizeram
jejum e vestiram-se de luto, desde o maior ao mais
pequeno. Deus teve compaixão deles e perdoou-lhes.
- 76. O Senhor Repreende Jonas
-
Jonas saiu da cidade e sentou-se para ver o que
aconteceria. E Deus fez crescer uma hera para lhe
oferecer sombra. Vendo a planta, Jonas ficou cheio de
alegria. Mas, na manhã seguinte, Deus enviou um bicho
que roeu a raiz da hera e ela secou. O sol bateu em
cheio na cabeça de Jonas e o profeta, cansado de sofrer,
chamou a morte. Deus disse-lhe: "tu reclamas por
causa desta hera que não plantaste, que nasceu numa
noite e numa noite morreu. E eu não hei de perdoar a
grande cidade de Nínive, onde há mais de 120 mil pessoas
que não sabem distinguir a mão direita da esquerda e
onde vive grande número de animais"? |
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21. O Reino de Judá (aprox. 975-588 a.C.)
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[Desde o ano 975 a.C., data da separação das dez tribos
até o fim do reino em 588, vinte reis - todos
descendentes de Davi - governaram o reino de Judá. Só
alguns foram fiéis a Deus. Tais foram: Josafá (914-889),
Joatam (753-738), Ezequias (723-693) e Josias (637-607).
Por fim, tanto o rei como o povo tornaram-se infiéis e
Deus deixou de os proteger. Nabucodonosor, rei da
Babilônia, tomou e destruí Jerusalém e levou em
cativeiro para a Babilônia o rei Sedecias e a população.
Os maiores profetas que apareceram no reino de Judá
foram Isaías e Jeremias.]
77. Isaías Anuncia o Messias
-
Isaías foi enviado por Deus no último ano de Osias
(804-753) e ainda exerceu o ministério profético durante
o reinado dos três sucessores deste rei. Com inteira
liberdade e nos termos mais vivos, repreendeu o povo
escolhido sobre suas graves prevaricações e a sua odiosa
ingratidão para com Deus. Ameaçou-o com os severos
castigos do Senhor e empregou todos os esforços para o
reconduzir a Deus. Mas o povo não quis converter-se e,
assim, foi correndo para a sua perdição.
-
As profecias messiânicas de Isaías têm especial
importância. Ele prediz o nascimento virginal do
Messias, a sua divindade, os seus milagres, a sua paixão
e morte, seguidas da sua glorificação. Os vaticínios são
tão claros e precisos, que se diria ser ele um
evangelista a contar a vida de Jesus:
- "uma virgem conceberá e dará à luz um filho e seu
nome será Emanuel, isto é, Deus conosco". (Is. 7,
14)
- "Nasceu para nós um menino e foi-nos dado um filho:
foi posto o principado sobre o seu ombro e ele será
chamado Admirável, Conselheiro, Deus forte, Pai eterno,
Príncipe da Paz" (Is. 9, 5)
- "Dizei aos corações receosos: não temais, o próprio
Deus virá para nos salvar. Então se abrirão os olhos dos
cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos, o coxo
saltará como um cervo e desatar-se-á a língua dos mudos"
(Is. 35, 4. 6)
- "Foi desprezado como o último dos homens, foi um
homem de dores. Tomou sobre si as nossas fraquezas e
dores. Foi ferido por causa de nossos pecados. Foi
despedaçado por causa de nossos crimes. O castigo que
nos era devido caiu sobre Ele. Fomos curados graças às
suas feridas. Ofereceu-se como vítima em sacrifício
voluntário, como ovelha que é levada ao matadouro e como
cordeiro diante de quem o tosquia; guardou silêncio e
nem sequer abriu sua boca" (Is. 53, 3. 7) "Será
invocado pelas nações e será glorioso o seu sepulcro"!
(Is. 11, 10)
78. Isaias Prediz a Ruína do Reino
-
No 14º ano do seu reinado, o rei Ezequias caiu
gravemente doente. Deus mandou-o avisar pelo profeta
Isaías de que estava próximo o seu fim. Ezequias pediu a
Deus que lhe prolongasse a vida. Comovido com esta
súplica, Deus voltou atrás e mandou-lhe dizer por Isaías
que lhe daria ainda quinze anos de vida.
-
Para mostrar que era verdadeira a sua predição, Isaías
fez retroceder a sombra do palácio em 10 graus no
quadrante solar.
-
O rei ficou curado, mas cometeu o erro de receber uma
embaixada do rei da Babilônia, então em guerra com
Senaquerib, rei da Assíria. Deus mandou Isaías dizer ao
rei: "dias virão em que tudo o que teus pais juntaram
até hoje se levará para a Babilônia e os teus
descendentes ficarão cativos no palácio do rei da
Babilônia".
79. Jeremias Assiste a Ruína do Reino
-
Jeremias exerceu o ministério profético durante os
últimos cinco reis de Judá, até o exílio da Babilônia.
Inacessível ao temor, repreendia o povo pelos seus
pecados e anunciava a próxima ruína da cidade santa. Mas
ninguém o ouvia, por isso Deus disse ao povo pela sua
boca: "já que não escutastes as minhas palavras,
mandarei procurar todos os povos do norte e irei junto
de meu servo Nabucodonosor, rei da Babilônia.
Mandá-los-ei vir contra esta terra e contra os seus
habitantes! Toda esta terra ficará deserta e os seus
habitantes ficarão sujeitos ao rei da Babilônia durante
70 anos". Pela primeira vez, no tempo do rei
Joaquim, Nabucodonosor, rei da Babilônia, foi à frente
de um numeroso exército cercar Jerusalém e apoderou-se
da cidade (606 a.C.). Levou o rei cativo para a
Babilônia com grande número de vassalos. Foi o princípio
dos 70 anos do cativeiro da Babilônia (606-536 a.C.).
-
Algum tempo depois, Joaquim conseguiu regressar ao seu
reino, mas, três anos mais tarde, revoltou-se contra o
rei da Babilônia. Então Nabucodonosor voltou a cercar
Jerusalém e Joaquim morreu durante o cerco. Jeconias,
seu filho e sucessor, foi obrigado a render-se ao fim de
três meses e foi deportado para a Babilônia com 10 mil
vassalos (598 a.C.).
-
Por sua vez, Sedecias tornou-se rei de Judá, mas
desertou. O rei da Babilônia correu sobre Jerusalém,
destruiu a cidade e o templo, e deportou o resto da
população e o rei para a Babilônia. Deixou apenas o povo
humilde dos campos, vinhateiros e lavradores. Assim
acabou o reino de Judá (588 a.C.).
80. Jeremias Anuncia a Vinda do Messias
O profeta Jeremias ficou na sua terra. Foi sobre as
ruínas da cidade santa que fez ouvir as suas
Lamentações. O Senhor revelara-lhe, porém, que 70 anos
depois o povo regressaria.
E no longínquo futuro ele via o Redentor e anunciava-o
nestes termos: "eis que vêm os dias em que suscitarei
a Davi um germe justo. Será rei e reinará. Será sábio e
praticará a equidade e a justiça na terra. Eis o seu
nome: O Senhor, nosso Justo"! (Jr. 23, 5-6) |
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22. O Cativeiro da Babilônia |
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81. O Profeta Ezequiel
-
O Senhor levou Ezequiel ao meio de um campo cheio de
ossos e disse-lhe: "dize aos ossos secos que voltem à
vida". Ezequiel assim fez. Ouviu-se um ruído, os
ossos aproximaram-se um dos outros, pondo-se cada um na
sua juntura e revestiram-se de músculos e de carne. Mas
faltava-lhes o espírito da vida. Então o Senhor disse:
"dize ao espírito: 'vem, ó espírito de vida, sopra
sobre estes mortos para que eles revivam'". Ezequiel
assim fez e o espírito de vida animou os ossos e
levantou-se um exército inumerável.
-
O Senhor disse: "estes ossos são a casa de Israel.
Eles dizem: 'secaram os nossos ossos, pereceu a nossa
esperança, estamos perdidos”'! Mas eu declaro:
“abrirei os vossos túmulos e vos reconduzirei à terra de
Israel. Infundirei em vós o meu espírito e vós vivereis;
e então sabereis que eu sou o Senhor"! (Ez. 37, 1.
14).
-
O regresso de Israel à vida nacional prefigurava a
futura ressurreição dos mortos.
82. Daniel Recusa-se a Transgredir a Lei
-
Daniel e seus companheiros Ananias, Mizael e Azarias
eram do grupo dos jovens da linhagem de príncipes que o
rei da Babilônia queria aproveitar para o seu serviço.
Mandou ensinar-lhes a escrita e a língua dos caldeus e
quis que lhes servissem iguarias da sua mesa e vinho que
ele próprio bebia. Como não queria ofender a Deus,
comendo alimentos proibidos, Daniel pediu ao mordomo que
lhe desse de outros, assim como aos seus três amigos. O
mordomo disse-lhe: "tenho medo do rei, meu amo. Se
ele vos vê mais magros que os outros jovens da vossa
idade, isso custar-me-á a vida". Daniel respondeu:
"fazei uma experiência: durante dez dias dai-nos
somente legumes como comida e água como bebida e depois
vereis quem tem melhor aspecto: nós ou os outros jovens,
e procedereis como entenderdes".
-
O mordomo consentiu na experiência. Passados os dez
dias, os quatro jovens tinham melhor aspecto que os
outros. Por isso, continuou a dar-lhes somente legumes e
água. Deus deu-lhe ainda mais inteligência e sabedoria.
-
Ao fim dos três anos, foram à presença do rei e ele
achou-os mais sábios e entendidos que os outros e
admitiu-os ao seu serviço.
83. Daniel Interpreta um Sonho
-
Nabucodonosor estava em seu segundo ano de reinado
quando teve um sonho. Mas, ao acordar, foi-lhe
impossível reconstituir a visão. Convocou os magos e
adivinhos para lhe dizerem que sonho era e qual a sua
explicação. Os adivinhos disseram-lhe: "não há homem
no mundo que possa dizer qual foi o sonho do rei".
Muito irritado, o rei condenou-os à morte.
-
Daniel e seus companheiros recorreram à oração. E, de
noite, Deus deu-lhe a conhecer a visão misteriosa.
Daniel disse ao rei: "só Deus que está nos céus
revela os segredos. Ele mostrou-vos o que vai acontecer.
No vosso sonho, ó rei, vistes uma grande estátua que
tinha a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o
ventre e as coxas de cobre, as pernas de ferro e os pés
metade de ferro e metade de barro. De repente, uma pedra
se desprendeu do monte e foi bater nos pés da estátua.
E, enquanto está ficava reduzida a pó, a pedra
transformava-se num grande monte que encheu toda a
terra. Eis a explicação do vosso sonho: vós sois o rei
dos reis. O Deus do céu deu-vos o império universal - a
cabeça de ouro sois vós. Depois de vós, levantar-se-á
outro reino, menor que o vosso - que será de prata - e
um terceiro - que será de cobre - e mandará em toda a
terra. O quarto reino será como ferro: assim como o
ferro quebra todas as coisas, assim ele esmagará todos
os outros. Mas, ao mesmo tempo, será fraco pois vistes
os pés metade de ferro e metade de barro. Enfim, o
próprio Deus suscitará um reino que dominará todos os
outros e que subsistirá eternamente". Então o rei
disse: "o teu Deus é verdadeiramente o Deus supremo:
é Ele quem revela os mistérios". E elevou Daniel às
maiores honras e deu-lhe magníficos presentes.
84. Deus Protege os Três Amigos de Daniel
-
Nabucodonosor mandou erigir uma estátua de ouro, com
66 côvados de altura e ordenou que todos a adorassem.
Todos se prostraram, exceto Ananias, Mizael e Azarias.
-
Disse-lhes o rei: "se não prostrares, sereis lançados
numa fornalha ardente"! Eles responderam: "o
nosso Deus pode tirar-nos da fornalha e, mesmo que não o
faça, ficai sabendo, ó rei, que nunca adoraremos a vossa
estátua"! Então o rei ordenou que aquecessem a
fornalha sete vezes mais que de costume e que lançassem
nela os jovens hebreus, vestidos e amarrados. Mas um
anjo desceu à fornalha para proteger os jovens. E eles
passeavam por entre as chamas, cantando louvores ao
Senhor.
-
Ao ver isto, o rei ficou admirado e disse: "não
lançamos na fornalha três homens amarrados? Mas eu vejo
quatro homens soltos passeando no meio das chamas e o
quarto parece um anjo". Aproximou-se então da
fornalha e gritou: "saí, servos do Deus excelso"!
E eles saíram com as vestes intactas e nem um só fio de
cabelo se tinha queimado.
-
Nabucodonosor exclamou: "bendito seja o Deus deles,
que enviou o seu anjo e livrou os seus servos! Quem
blasfemar este Deus seja punido de morte porque não há
outro que possa salvar assim".
-
Então o rei cumulou de honras Daniel e os seus
companheiros e mandou publicar este prodígio em todo o
reino.
85. Deus Protege Daniel na Cova dos Leões
-
Dario, rei da Babilônia, mandou publicar este edito:
"durante 30 dias é proibido rezar, seja a quem for,
exceto ao rei. Quem não obedecer será lançado na cova
dos leões".
-
Daniel continuou a orar, como de costume, e os seus
inimigos o denunciaram ao rei que, apesar de gostar de
Daniel, teve de ceder. Daniel foi lançado na cova dos
leões. De madrugada, o rei foi à cova dos leões e
gritou: "Daniel, servo do Deus vivo, o teu Deus
livrou-te dos leões"? Daniel respondeu: "ó rei,
vivei eternamente! O meu Deus enviou o seu anjo que
fechou as bocas dos leões para que não me fizessem mal".
-
Muito contente, o rei mandou retirar Daniel da cova dos
leões e não se encontrou nele a mais pequena ferida
porque confiara em Deus.
-
Então, por ordem do rei, foram lançados na cova os
denunciantes com suas mulheres e filhos. E ainda não
tinham atingido o fundo do pavimento quando os leões se
lançaram contra eles e os despedaçaram.
-
Então o rei mandou que todos os povos do reino
soubessem: "respeite-se em todo o meu império o Deus
de Israel porque ele é o Deus vivo, o Deus que
subsistirá por todos os séculos e o seu reino jamais
será destruído".
86. Daniel Prediz a Vinda do Messias
-
O Arcanjo Gabriel, protetor do povo escolhido, disse
a Daniel da parte de Deus: "presta atenção ao que vou
te dizer: setenta semanas foram decretadas sobre o teu
povo e sobre a cidade santa. Desde a publicação do
decreto para se reconstruir Jerusalém até ao Rei Messias
haverá sete semanas e 62 semanas (de anos). E passadas
as 62 semanas, o Messias será morto e não será seu povo
quem o negar. A cidade e o santuário serão destruídos
pelo capitão de um povo que há de vir e o seu fim será a
ruína total. Após o fim da guerra, virá a desolação
decretada". |
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23. Após o Exílio da Babilônia |
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87. Regresso do Cativeiro
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No primeiro ano do seu reinado, Ciro, rei dos Persas,
publicou um edito que permitia aos exilados regressar à
Judéia. Então 42 mil judeus puseram-se a caminho,
conduzidos por Zorobabel e pelo sumo-sacerdote Josué.
Ciro restitui-lhes também os vasos de ouro e prata que
Nabucodonosor tirara do templo.
-
Voltando a Jerusalém, reconstruíram no seu antigo lugar
o altar dos holocaustos e começaram a oferecer, de manhã
e à noite, os sacrifícios prescritos pela Lei. Depois
lançaram os fundamentos do novo templo. Para manter o
zelo do povo, Deus enviou os profetas Ageu e Zacarias.
Cerca de vinte anos depois, estava terminada a
reconstrução do edifício e celebrou-se a cerimônia de
dedicação com o maior regozijo de todo o povo.
-
Algum tempo depois, o sacerdote Esdras reconduziu uma
segunda leva de exilados. Mais tarde, Neemias, copeiro
de rei dos persas, também obteve autorização para
voltar, com a missão de reerguer os muros de Jerusalém.
-
Foi nesta época, sob o governo de Neemias, que apareceu
Malaquias, o último dos profetas.
88. A Judeia Sob o Domínio da Síria
-
A Judéia passou para o domínio de Alexandre Magno ao
mesmo tempo que o império persa, do qual era dependente.
-
Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), pertenceu
sucessivamente aos reis do Egito e da Síria.
-
Governados por sumos-sacerdotes, sob a suserania de
soberanos estrangeiros, os judeus gozaram da maior
liberdade religiosa sob os reis egípcios. Porém, não
aconteceu o mesmo depois que Seleuco IV, rei da Síria,
se apoderou da Palestina. Este ordenou ao seu ministro
Heliodoro que fosse a Jerusalém roubar o tesouro do
templo. Mas Deus evitou o sacrilégio milagrosamente.
Sobre um cavalo magnificamente ajaezado, apareceu um
cavaleiro que encheu de terror os companheiros do
sacrílego. Heliodoro foi calcado pelas patas do cavalo
e, ao mesmo tempo, apareceram dois jovens, de radiante
beleza, que cercaram Heliodoro e começaram a açoitá-lo.
Heliodoro ficou sem poder se mexer e foi preciso levá-lo
para fora do templo.
-
No tempo de Antíoco IV, sucessor de Seleuco, estalou-se
uma violenta perseguição. Então grande número de judeus
abandonou a sua religião. Mas também houve exemplos de
heroica fidelidade à lei de Deus.
89. O Martírio do Ancião Eleazar
-
Eleazar era um velho de 90 anos e um dos mais
considerados doutores da Lei. Quiseram obrigá-lo a comer
carne de porco. Alguns amigos ofereciam-se para lhe
trazer secretamente as carnes permitidas, suplicando-lhe
que fingisse comer a carne de porco. Por este modo,
desejavam salvar-lhe a vida.
-
O velho respondeu: "tal representação não é própria
da minha idade. Muitos jovens poderiam pensar que
Eleazar, aos 90 anos, adotara os costumes pagãos e assim
se deixariam seduzir; e eu atrairia sobre a minha
velhice a vergonha e a maldição. Ainda que me livrasse
agora dos suplícios dos homens, não escaparia do castigo
de Deus. Prefiro perder a vida e deixar aos jovens um
exemplo de fortaleza".
-
Arrastaram-no logo ao suplício e ele morreu,
animosamente, pela sua fé.
90. O Martírio de Uma Mãe Com Seus Sete Filhos
-
Antíoco também mandou prender uma mãe e seus sete
filhos e queria obrigá-los a comer carne de porco.
-
O mais velho dos irmãos disse: "preferimos morrer do
que transgredir a lei de Deus". Enfurecido, o rei
mandou-lhe cortar a língua, arrancar a pele da cabeça,
cortar as mãos e os pés, e lançá-lo vivo numa
frigideira.
-
Durante esse horrível suplício, os outros irmãos
exortavam-se a morrer corajosamente. Então os carrascos
tomaram o segundo e, depois de lhe arrancarem a pele da
cabeça, perguntaram-lhe se não preferia comer a carne.
Ele respondeu: "não farei isso"! Quando estava
prestes a morrer, disse ainda: "carrasco, podes
arrancar-nos a vida presente, mas no dia da
Ressurreição, o Rei do mundo nos despertará para a vida
eterna".
-
O terceiro estendeu corajosamente as mãos e disse:
"recebi-as do céu e tenho a firme esperança de que Deus
as irá restabelecer-me um dia". O rei não pôde
deixar de admirar o valor deste jovem que não temia tão
grandes tormentos.
-
Os três irmãos seguintes mostraram a mesma constância.
Quando chegou a vez do mais novo, Antíoco prometeu
fazê-lo rico e feliz se ele abandonasse a lei de seus
pais. Como o jovem não se deixasse persuadir, o rei
chamou a mãe, para a convencer de salvar-lhe a vida.
-
A mãe disse-lhe: "meu filho, suplico-te que não temas
o algoz. Se morres, encontrar-te-ei com teus irmãos na
vida eterna"! Enquanto a mãe assim falava, a criança
dizia aos algozes: "o que esperais? Eu não obedeço a
ordem do rei, mas à lei de Deus. E tu, ó rei, não
escaparás ao castigo de Deus todo-poderoso". Louco
de cólera, o rei o mandou torturar ainda mais cruelmente
que os demais irmãos.
-
Por fim, juntou-se na morte a mãe com os filhos. |
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24. A Judéia no Tempo dos Macabeus (167-63 a.C.) |
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91. Matatias Defende a Religião
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Vivia na cidade de Modin um sacerdote chamado
Matatias. Foi se encontrar com ele um enviado do rei
para obrigar os judeus à apostasia. Matatias e seus
cinco filhos permaneceram constantes. Vendo um judeu
aproximar-se do altar para sacrificar aos ídolos,
Matatias avançou contra ele e o matou. Fez o mesmo com o
enviado de Antíoco. Depois percorreu a cidade gritando
em alta voz: "quem tiver o zelo da lei, siga-me".
E fugiu para os montes com seus filhos.
-
Sob o seu comando, os judeus que permaneceram fiéis
derrotaram as tropas do rei. Em seguida, percorreram o
país e destruíram todos os altares erguidos aos ídolos.
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Sentindo a morte aproximar-se, Matatias disse a seus
filhos: "meus filhos, sede zeladores da Lei e daí o
sangue pela aliança de vossos pais. Os que têm esperança
em Deus, nunca desfalecem. Judas, vosso irmão, é
valente: seja ele o vosso chefe". Depois abençoou-os
e morreu. Toda Israel chorou amargamente.
92. Judas Macabeu Derrota os Sírios
-
Depois de Matatias, assumiu o comando seu filho
Judas, chamado Macabeu, cuja valentia lhe conquistou
grande fama. Antíoco, rei da Síria, enviou contra ele um
grande exército. Judas disse à sua gente: "não
temais! O próprio Deus os esmagará à nossa vista".
Cheio de fé, lançou-se sobre os inimigos e derrotou-os.
Em seguida, conduziu o seu exército ao monte Sião.
Desalojou os sírios da fortaleza, que ainda ocupavam, e
restabeleceu no templo o culto do Senhor. Também mandou
fortificar a montanha de Sião com altas muralhas e
fortes torres.
93. Judas Manda Oferecer Sacrifícios Pelos Mortos
-
Depois de ganhar a batalha contra os sírios,
encontraram-se sob as túnicas dos soldados judeus mortos
em combate, vários objetos oferecidos aos ídolos, que a
Lei proibia. Judas pediu ao Senhor que lhes perdoasse
este pecado.
-
Depois mandou fazer uma coleta que rendeu 12 mil dracmas
de prata, que foi mandada para Jerusalém a fim de se
oferecer um sacrifício de expiação pelos mortos. É,
pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos,
para que sejam livres dos seus pecados.
-
Judas morreu como herói na batalha contra os sírios.
Seus irmãos sepultaram-no em Modin e todo o povo de
Israel o chorou e vestiu luto por ele durante muito
tempo.
94. A Judeia é Reduzida a Província Romana
-
Depois da morte de Judas, passou o comando a seu
irmão Jônatas e, na morte deste, ao seu outro irmão,
Simão. Este conseguiu libertar completamente a sua
pátria do domínio dos sírios. Tornou-se independente e
mandou cunhar moeda sua. A Judéia esteve em paz durante
a sua vida e ainda no reinado de seu filho e sucessor,
João Hircano. Depois deste, começou a decadência.
-
No ano 63 a.C., entrou na Judéia o general romano
Pompeu, que se apoderou de Jerusalém. Um estrangeiro
chamado Herodes, filho do idumeu Antípatro, obteve de
Roma o título e a dignidade real (40 a.C.). Mandou
reconstruir, em grandiosas proporções, o templo de
Zorobabel. Foi neste terceiro templo que apareceu o
Messias, nosso Senhor Jesus Cristo. |
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25. O Nascimento de Jesus (6 a.C.) |
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1. A Saudação do Anjo Gabriel à Virgem Maria
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Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a
Nazaré, à uma virgem chamada Maria, desposada com um
homem que se chamava José. Entrando em sua casa, o anjo
disse-lhe: "Ave Maria, cheia de graça; o Senhor é
convosco, bendita sois vós entre as mulheres".
-
Ouvindo estas palavras, Maria ficou atemorizada e
perguntava a si mesma o que queria dizer está saudação.
O anjo disse-lhe: "não temais, Maria, pois achastes
graça diante do Senhor. Eis que tereis um filho e lhe
dareis o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado
Filho do Altíssimo".
-
Maria disse ao anjo: "como poderá ser isso se não
conheço varão"? O anjo respondeu: "o Espírito
Santo descerá sobre vós e te cobrirá com sua sombra. A
Deus nada é impossível".
-
Então Maria disse: "eis a serva do Senhor! Faça-se em
mim segundo a vossa palavra"! E o anjo afastou-se
dela.
2. Maria Visita Sua Prima Isabel
-
Maria foi logo, apressadamente, a uma cidade de Judá
onde habitava sua prima Isabel. Bastou Isabel receber a
sua saudação para ficar cheia do Espírito Santo e
exclamar em voz alta: "bendita sois vós entre as
mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre! De onde me
vem ser visitada pela Mãe do meu Senhor? Bem-aventurada
sois vós por ter crido porque se cumprirão todas as
coisas que vos foram ditas da parte do Senhor".
Maria ficou com Isabel cerca de três meses e depois
voltou para sua casa.
3. Jesus Nasce em Belém
Naquele tempo, apareceu um edito de César Augusto
para que se recenseasse todo o império. Todos iam
registrar-se, cada um em sua cidade. José, que era
descendente de Davi, teve de ir para Belém, chamada a
Cidade de Davi, para lá se registrar junto com Maria.
Enquanto estavam nesta cidade, Maria teve o seu Filho
primogênito. Embrulhou-o em paninhos e deitou-o numa
manjedoura pois não havia lugar para eles na hospedaria.
4. Um Anjo Apareceu aos Pastores
-
Nos campos da vizinhança, andavam pastores a guardar
os seus rebanhos. De repente, apareceu-lhes um anjo do
Senhor e eles tiveram muito medo. Mas o anjo disse-lhes:
"não temais! Eu vos anuncio uma grande alegria: hoje,
na cidade de Davi, nasceu o Salvador, Cristo nosso
Senhor. Eis o sinal pelo qual o reconhecereis: achareis
um menino envolto em paninhos e reclinado num presépio".
No mesmo instante, juntou-se ao anjo uma multidão de
espíritos celestes que cantavam louvores ao Senhor e
diziam: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos
homens de boa vontade".
5. Os Pastores Vão ao Presépio
-
Quando os anjos subiram ao céu, os pastores disseram
uns aos outros: "vamos a Belém para ver o que lá se
sucedeu". Foram apressadamente e encontraram Maria,
José e o Menino deitado no presépio. Contemplaram-no e
contaram o que lhes tinha sido dito sobre este Menino.
Depois voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo
o que tinham ouvido e visto. |
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26. A Infância de Jesus |
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6. A Apresentação do Menino Jesus no Templo
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Quarenta dias após o nascimento do Menino, Maria e José
levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor.
Havia então em Jerusalém um velho, chamado Simeão, homem
justo e temente a Deus, a quem o Espírito Santo tinha
revelado que não morreria antes de ter visto o Salvador.
Levado por inspiração divina, Simeão foi ao templo.
Recebeu o Menino Jesus nos seus braços e louvou a Deus,
dizendo: "agora posso morrer em paz porque os meus
olhos viram o Senhor".
-
Também havia em Jerusalém uma piedosa viúva de 84 anos,
chamada Ana. Servia a Deus, noite e dia, em jejuns e
orações. Apareceu também nessa ocasião e pôs-se a louvar
ao Senhor.
7. Os Magos Adoraram o Menino Jesus
-
Depois do nascimento de Jesus em Belém, vieram uns
magos do Oriente a Jerusalém e perguntaram: "onde
está o Rei dos judeus que nasceu há pouco? Vimos a sua
estrela no Oriente e viemos adorá-lo".
-
Ouvindo isto, o rei Herodes perturbou-se. Perguntou aos
doutores da Lei onde devia nascer o Messias.
Disseram-lhe: "em Belém de Judá". Então Herodes
mandou os magos a Belém e disse-lhes: "quando
encontrardes o Menino, venham me dizer para que também
eu vá adorá-lo". Os magos partiram. A estrela ia
sempre à frente deles até parar sobre a casa onde estava
o Menino. Os magos entraram e encontraram o Menino com
Maria, sua Mãe. Prostraram-se logo para o adorar e
ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. De
noite, Deus avisou-os de que não voltassem a Herodes.
Por isso, retornaram para sua terra por outro caminho.
8. A Sagrada Família Foge Para o Egito
-
Quando os magos partiram, um anjo do Senhor apareceu
em sonhos a José e disse-lhe: "levanta-te, toma o
Menino e sua Mãe e foge para o Egito porque Herodes
procura o Menino para o matar". José levantou-se e
nessa mesma noite partiu para o Egito com o Menino e sua
Mãe.
-
Vendo que os magos não haviam retornado, Herodes ficou
muito irritado e mandou matar todos os meninos de Belém
e arredores, da idade de dois anos para baixo.
-
Depois da morte de Herodes, o anjo do Senhor apareceu a
José e disse-lhe: "levanta-te, toma o Menino e sua
Mãe e volta para a terra de Israel". José
levantou-se, pôs-se a caminho para a terra de Israel e
foi residir em Nazaré. Nesta cidade, Jesus foi
crescendo, cheio de sabedoria e a graça de Deus estava
com ele.
9. O Menino Jesus Fica no Templo
-
Todos os anos os pais de Jesus iam a Jerusalém por
ocasião da festa da Páscoa. Quando Jesus chegou à idade
de doze anos, foi também com eles. Depois da solenidade,
Maria e José regressaram, mas o Menino ficou em
Jerusalém sem que os pais percebessem. Julgando que ele
estava em outro grupo, andaram um dia de caminho.
Depois, procuraram-no entre os parentes e conhecidos.
-
Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, em busca
dele. Foram ao templo e lá o encontraram, sentado no
meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos
estavam admirados com a sua sabedoria e as suas
respostas. A Mãe disse-lhe: "meu filho, por que
fizeste assim? Teu pai e eu estávamos aflitos
procurando-te". Jesus respondeu: "por que me
procuráveis? Não sabíeis que estava na casa de meu Pai"?
-
Jesus voltou a Nazaré com seus pais. Prestava-lhes
obediência e crescia em sabedoria, em idade e em graça,
diante de Deus e dos homens. |
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27. A Vida Pública de Jesus (30 dC.) |
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10. João Batista Anuncia o Salvador
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Naquele tempo, o Senhor falou a João, filho de
Zacarias, no deserto.
-
João vestia peles de camelo, usava uma cinta de couro em
torno dos rins e alimentava-se de gafanhotos e mel
silvestre. Percorreu toda a região do Jordão, a pregar o
batismo de penitência para a remissão dos pecados,
dizendo: "fazei penitência porque o reino dos céus
está próximo"! Acorria gente de Jerusalém e de toda
a Judéia, e todos eram batizados por ele no Jordão,
confessando os seus pecados.
-
Muitos perguntavam se João não seria o Cristo, mas ele
disse a todos: "eu vos batizo com água, para
penitência. Mas virá alguém mais forte do que eu, de
quem eu não sou digno de desamarrar as correias das
sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo".
11. Jesus é Batizado Por João
-
Aos trinta anos de idade, Jesus foi de Nazaré da
Galileia para as margens do rio Jordão, para receber o
batismo de João. Tendo sido batizado pelo precursor,
Jesus saiu da água e pôs-se em oração. E eis que os céus
se abriram e o Espírito de Deus desceu visivelmente
sobre ele, em forma de pombo. Então ouviu-se uma voz do
céu que dizia: "este é o meu Filho amado no qual pus
a minha complacência".
12. Jesus é Tentado Pelo Demônio
-
Depois, Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito
Santo, para ser tentado pelo demônio. E, tendo jejuado
quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então
Satanás se aproximou e disse-lhe: "se és o Filho de
Deus, manda que estas pedras se transformem em pães".
Jesus respondeu: "está escrito: 'nem só de pão vive o
homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus'".
-
Então o demônio transportou-o à Cidade Santa e, pondo-o
sobre o pináculo do templo, disse-lhe: "se és o Filho
de Deus, lança-te daqui abaixo pois está escrito:
'confiou aos seus anjos o cuidado de ti e eles te
tomarão as mãos para que não tropeces o teu pé em alguma
pedra'". Jesus disse-lhe: "também está escrito:
'não tentarás o Senhor teu Deus'".
-
Novamente o demônio o transportou, desta vez para um
monte muito alto e, mostrando-lhe todos os reinos do
mundo com a sua magnificência, disse-lhe: "tudo isto
te darei se, prostrado, me adorares". Então Jesus
disse-lhe: "sai, Satanás, porque está escrito:
'somente ao Senhor adorarás e somente a ele servirás'".
Finalmente o demônio se retirou e logo os anjos se
aproximaram de Jesus para o servir. |
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28. Os Apóstolos de Jesus |
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13. Jesus Chama os Seus Primeiros Discípulos
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Naquele tempo, João viu Jesus aproximar-se dele e disse:
"eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado do
mundo! Vi o Espírito descer do céu em forma de pomba e
repousar sobre Ele. Eu não o conhecia, mas o que me
mandou batizar em água disse-me: 'aquele sobre quem
vires descer e repousar o Espírito é o que batiza no
Espírito Santo'. Eu o vi e dou testemunho de que ele é o
Filho de Deus".
-
Dois discípulos de João ouviram-no dizer de Jesus:
"eis o Cordeiro de Deus" e logo resolveram segui-lo.
Jesus voltou-se para eles e perguntou: "o que vós
buscais"? Eles disseram-lhe: "Mestre, onde
moras"? Jesus respondeu: "vinde e vede".
Foram e ficaram com ele durante todo aquele dia. Esses
dois discípulos chamavam-se André e João.
-
André encontrou seu irmão Simão e disse-lhe:
"encontramos o Messias, que é o Cristo". E levou-o a
Jesus. Jesus olhou para ele e disse: "tu és Simão,
filho de Jonas; hás de chamar-te Cefas" que quer
dizer Pedro (isto é, rochedo).
-
No dia seguinte, Jesus encontrou Filipe e disse-lhe:
"segue-me". Filipe encontrou Natanael e disse-lhe:
"encontramos aquele que foi anunciado por Moisés e
pelos profetas: Jesus de Nazaré, filho de José".
Natanael respondeu-lhe: "acaso poderá sair coisa boa
de Nazaré"? Filipe disse-lhe: "venha ver".
Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito:
"cá está um verdadeiro israelita que não engana
ninguém". Natanael perguntou-lhe: "de onde me
conheces"? Jesus respondeu: "antes de Filipe te
chamar, eu já tinha te visto debaixo da figueira".
Natanael disse-lhe: "Mestre, vós sois o Filho de
Deus! Vós sois o Rei de Israel"!
14. Jesus Manifesta Seu Poder em Caná
-
Estava Jesus, com seus discípulos, a assistir a umas
bodas em Caná da Galileia. Faltando o vinho, Maria
aproximou-se dele e disse-lhe: "eles não têm mais
vinho". Jesus respondeu: "por que vos incomodais
com isso? Ainda não chegou a minha hora". Então sua
Mãe disse aos que serviam: "fazei tudo o que Ele vos
mandar".
-
Ora, havia ali seis cântaros de pedra destinados às
purificações dos judeus, cada um dos quais levava duas
ou três medidas. Jesus disse: "enchei esses cântaros
de água". Encheram até o topo. Então Jesus
disse-lhes: "tirai o vinho e levai-o ao chefe da
mesa". E assim fizeram.
-
Quando o chefe provou a água mudada em vinho, sem saber
de onde viera, embora os serventes o soubessem,
dirigiu-se ao esposo e disse-lhe: "todos costumam dar
primeiro o vinho bom e, após os convidados já terem
bebido bastante, servem o pior. Mas tu guardaste até
agora o melhor vinho".
-
Este foi o primeiro milagre de Jesus em Caná da
Galileia. Foi assim que ele manifestou a sua glória e os
seus discípulos creram nele.
15. Os Discípulos Seguem a Jesus
-
Jesus estava à beira do lago de Genesaré, entrou no
barco de Simão Pedro e começou a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, disse a Simão: "entre mar
adentro e joga as redes para pescar". Simão
respondeu: "Mestre, trabalhamos a noite toda e não
apanhamos nada. Mas em atenção à tua palavra, vamos
lançar as redes". Assim fizeram e apanharam tanto
peixe que a rede quase arrebentou. Acenaram aos
companheiros que estavam na outra barca, para que
viessem ajudá-los. Eles vieram e as duas barcas ficaram
tão cheias de peixes que por pouco não afundaram. Vendo
isto, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse:
"Senhor, afastai-vos de mim, que sou um homem pecador".
Jesus disse-lhe: "não temais. De agora em diante
serás pescador de homens".
-
Levaram as barcas para terra e deixaram tudo para seguir
a Jesus.
16. Jesus Escolhe os 12 Apóstolos
- Naquele
tempo, Jesus retirou-se para um monte e passou toda a
noite em oração. Quando raiou o dia, chamou os
discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais chamou
apóstolos.
-
Eram: Simão (também chamado Pedro) e seu irmão André;
Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; Filipe e
Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e seu
irmão Judas Tadeu; Simão, chamado Zelota e Judas
Iscariotes, que foi o traidor.
-
Mais tarde escolheu 72 discípulos. Sem os igualar aos
apóstolos, mandou-os também a pregar o Evangelho.
17. Jesus Promete o Primado a Pedro
-
Andando Jesus pelo território de Cesareia de Filipe,
perguntou aos seus discípulos: "quem os homens dizem
que eu sou"? Eles responderam: "uns dizem que
sois João Batista, outros Elias, outros Jeremias ou
algum dos profetas". Então Jesus disse-lhes: "e
vós, quem dizeis que eu sou"? Simão Pedro respondeu:
"Vós sois o Cristo, o Filho do Deus vivo".
-
Jesus disse-lhe: "bem-aventurado és, Simão, filho de
Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelou
isso, mas meu Pai que está nos céus. E eu digo-te: tu és
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te
darei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares
sobre a terra, será ligado também nos céus; tudo o que
desligares sobre a terra, será desligado também nos
céus". |
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29. Jesus, Nosso Divino Mestre |
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29. Jesus, Nosso Divino Mestre |
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18. A Transfiguração
-
Um dia, Jesus foi com três dos seus apóstolos, Pedro,
Tiago e João, a um monte alto e transfigurou-se diante
deles. A sua face resplandeceu como o sol e as suas
vestes alvejaram como a neve. Ao mesmo tempo apareceram
Moisés e Elias falando com ele.
-
Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: "Senhor, é
bom estarmos aqui. Se quiserdes, armaremos aqui três
barracas, uma para vós, outra para Moisés e outra para
Elias".
-
Mas, de repente, uma nuvem luminosa os envolveu e do
meio da nuvem ouviu-se uma voz: "este é o meu filho
dileto em quem pus toda a minha complacência. Escutai-o".
-
Ouvindo estas palavras, os discípulos caíram por terra e
ficaram com muito medo. Porém, Jesus se aproximou deles
e os tocou, dizendo: "levantai-vos e não temais".
Então ergueram os olhos e não viram mais ninguém a não
ser Jesus.
19. As Bem-Aventuranças
- De toda a parte
acorriam multidões para ouvir as palavras de Jesus.
Certa vez, Jesus subiu a um monte, sentou-se e começou a
ensinar, dizendo:
- "Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles
é o reino dos céus;
- Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra;
- Bem aventurados os que choram porque serão consolados;
- Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça
porque serão saciados;
- Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão
misericórdia
- Bem-aventurados os puros de coração porque verão a
Deus;
- Bem-aventurados os pacíficos porque serão chamados
filhos de Deus;
- Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da
justiça porque deles é o reino dos céus, e
- Alegrai-vos e exultai porque grande é a vossa
recompensa nos céus".
20. A Lei do Amor
- Certo dia, um doutor da Lei
perguntou a Jesus: "Mestre, qual o maior mandamento
da Lei"?
-
Jesus disse-lhe: "amarás o Senhor teu Deus com todo o
teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas
forças. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. O
segundo é semelhante a este: amarás o teu próximo como a
ti mesmo".
-
Jesus também disse: "amai os vossos inimigos, fazei
bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e
caluniam. Assim sereis filhos do vosso Pai que está nos
céus e que faz nascer o sol para os bons e os maus, além
de enviar a sua chuva aos justos e aos pecadores".
21. A Oração do Senhor
-
Certo dia que Jesus voltava de orar num lugar
solitário, disseram-lhe os discípulos: "Senhor,
ensinai-nos a orar". Então Jesus disse:
"quando orardes, dizei assim: Pai nosso que estais no
céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso
reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como
no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em
tentação, mas livrai-nos do mal. Amém".
-
Depois Jesus disse: "pedi e recebereis; procurai e
achareis; batei e abrir-se-vos-á!
-
Se porventura algum de vós pedir pão a seu pai dar-lhe-á
ele uma pedra? Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á ele
uma serpente? Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á ele um
escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas
a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará
espírito bom aos que lhe pedirem?
-
Digo-vos ainda que, se dois de vós se unirem na terra e
pedir qualquer coisa, está lhe será concedida por meu
Pai que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou
três pessoas reunidas em meu nome, eu estarei no meio
delas".
22. Devemos Orar Com Humildade
-
Jesus também propôs está parábola: "entraram dois
homens no templo para orar: um era fariseu e o outro era
cobrador de impostos. O fariseu, em pé, gritava: 'Graças
te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens:
ladrões, ímpios, adúlteros, nem como este cobrador de
impostos. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de
tudo o que possuo'. Porém, o cobrador de
impostos, conservando-se a distância, não ousava sequer
levantar os olhos para o céu, mas batia no peito
dizendo: 'Tende piedade de mim, ó Deus, porque sou
pecador'. Digo-vos que este voltou justificado para sua
casa e não o outro porque quem se exalta será humilhado
e quem se humilha será exaltado".
23. Devemos Procurar os Bens do Céu
- Jesus ainda
disse: "não vos preocupeis demais com o vosso
sustento. Vede as aves do céu: elas não semeiam, não
colhem, nem juntam no celeiro; mas o vosso Pai Celeste
as sustenta. Acaso vós não valeis muito mais do que
elas?
-
Não vos inquieteis com o que haveis de vestir. Vede como
crescem os lírios do campo: não trabalham, nem fiam;
contudo eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua
magnificência, se vestiu como um deles.
-
Não vos aflijais, dizendo: 'que haveremos de comer ou de
beber? Com que havemos de nos vestir?'. O vosso Pai do
céu sabe que precisais de tudo isso. Mas, em primeiro
lugar, buscai o reino de Deus e a sua justiça e tudo
mais vos será dado por acréscimo".
24. Jesus Ensina a Praticar Boas Obras
-
Disse Jesus: "nem todo aquele que me diz 'Senhor,
Senhor' entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai que está nos céus, esse entrará no
reino dos céus.
-
Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos
homens com o fim de serdes vistos por eles; de outra
sorte, não sereis remunerados pelo vosso Pai que está
nos céus. Quando deres esmola, não façais tocar a
trombeta diante de vós, como fazem os hipócritas nas
sinagogas e nas ruas para serem honrados pelos homens.
Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, não saiba a vossa mão esquerda o
que faz a direita para que a vossa esmola fique em
segredo e o vosso Pai, que vê no segredo, vos pagará".
-
Certo dia, Jesus estava no templo em frente da caixa de
esmolas e observava o povo que ali deixava dinheiro.
Alguns ricos davam muito, mas chegou também uma pobre
viúva que colocou duas moedinhas. Jesus chamou os
discípulos e disse-lhes: "em verdade vos digo: está
pobre viúva deu mais que todos os outros porque os
outros deram o que tinham de sobra enquanto que ela deu,
em sua pobreza, tudo o que tinha".
25. Jesus Manda Obedecer as Autoridades
-
Certa vez, os fariseus quiseram armar uma cilada
para Jesus. Mandaram seus discípulos juntamente com os
herodianos perguntarem-lhe: "Mestre, conhecemos a
vossa retidão e sabemos que ensinais o caminho de Deus
segundo a verdade, sem querer agradar ninguém pois não
fazeis distinção de pessoas. Dizei-nos, portanto: é
lícito ou não pagar o tributo a César"?
-
Jesus, percebendo a malícia, respondeu: "por que me
tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo".
-
Eles mostraram-lhe o dinheiro e Jesus disse-lhes: "de
quem é esta imagem e está inscrição"? Responderam:
"de César". Disse-lhes então Jesus: "pois daí
a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
26. A Vida Presente Prepara a Eternidade
-
Jesus disse: "havia um homem rico, que se vestia
de púrpura e de linho fino e que todos os dias preparava
um banquete esplêndido. Havia também um mendigo chamado
Lázaro que jazia à sua porta, coberto de chagas. Este
desejava saciar-se com as migalhas que caíam da mesa do
rico, mas ninguém as dava. E os cães vinham lamber-lhe
as feridas.
-
Ora, certo dia o mendigo morreu e os anjos o levaram
para o seio de Abraão. O rico também morreu e foi levado
para o inferno. Enquanto estava sendo atormentado,
levantou os olhos e viu Abraão ao longe e Lázaro no seu
seio. Gritando, disse: 'Pai Abraão, tende piedade de mim
e mandai Lázaro molhar a ponta do dedo na água para me
refrescar a língua porque sofro terrivelmente nestas
chamas'. Abraão respondeu-lhe: 'filho, lembra-te que
recebeste os bens em vida e Lázaro, ao contrário, os
males. Por isso, agora ele é consolado e tu és
atormentado'. Disse o rico: 'Pai, peço-vos ao menos que
o mandeis a minha casa para que avise os meus irmãos
para que também eles não venham para este lugar de
tormentos'. Abraão respondeu: 'eles têm Moisés e os
profetas. Que os ouçam'. Ele, porém, insistiu: 'não, pai
Abraão! Se algum dos mortos for até eles, farão
penitência'. Abraão disse: 'se não ouvem Moisés e os
profetas, tão pouco acreditariam ainda que algum dos
mortos ressuscitasse'".
27. No Fim, Todos Serão Julgados
-
Jesus ainda disse: "no fim do mundo, Deus voltará
com todos os anjos. Assentar-se-á no seu trono de glória
e todas as nações se reunirão diante dele. Os bons
estarão à direita e os maus à esquerda.
-
Dirá então aos da direita: 'vinde, benditos de meu Pai.
Possuí o reino que vos está preparado desde a criação do
mundo'. Depois dirá aos da esquerda: 'afastai-vos de
mim, malditos. Ide para o fogo eterno preparado para o
demônio e seus anjos'. Estes irão para o suplício eterno
e os justos para a vida eterna". |
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30. As Parábolas do Reino de Deus |
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28. A Parábola do Semeador
-
Naquele tempo, juntara-se em torno de Jesus enorme
multidão que viera das cidades vizinhas. E Jesus
contou-lhes está parábola: "o semeador saiu para
semear as suas sementes. E, enquanto semeava, uma parte
caiu ao longo do caminho e foi calcada pelos pés e
comida pelas aves dos céus. Outra parte caiu entre as
pedras e, quando germinou, secou por falta de umidade.
Outra parte caiu entre os espinhos e estes a sufocaram.
Outra parte, enfim, caiu em boa terra e, depois de
crescer, produziu frutos em todas as unidades. Quem tem
ouvido para ouvir, ouça"!.
29. Explicação da Parábola do Semeador
-
Os discípulos perguntaram a Jesus o que significava está
parábola e ele disse: "eis a explicação da parábola:
a semente é a Palavra de Deus. A que caiu ao longo do
caminho, são aqueles que a ouvem, mas depois vem o
demônio e tira-lhes a palavra do coração para que não se
salvem crendo. A que cai entre as pedras são os que
ouvem a palavra e a recebem com gosto, mas como não têm
raízes, creem por certo tempo e depois voltam atrás com
a tentação. A que caiu entre os espinhos são aqueles que
ouviram a palavra, mas depois de sufocados pelas
riquezas e prazeres deste mundo, não dão fruto. Enfim, a
que cai em terra boa são aqueles que recebem a palavra
com boas disposições e produzem fruto pela perseverança".
30. A Parábola do Joio e do Trigo
-
Jesus disse: "o reino dos céus é semelhante ao
homem que semeou boa semente em seu campo. Enquanto os
empregados dormiam, seu inimigo veio, semeou joio no
meio do trigo e foi embora. Quando o trigo cresceu e
espigou, apareceu também o joio. Então os empregados
procuraram seu senhor e disseram-lhe: 'Senhor, não
semeaste boa semente no teu campo'? De onde veio o
joio'? Ele respondeu: 'foi algum inimigo meu'. Os
criados perguntaram: 'quereis que nós o arranquemos?'.
Ele respondeu-lhes: 'não pois se arrancardes o joio,
arrancareis também o trigo. Deixai crescer tudo até a
ceifa e então direi aos ceifadores: arrancai primeiro o
joio, atai-o em feixes e queimem-no; colhei depois o
trigo e guardai-o no celeiro'".
31. Explicação da Parábola do Joio e do Trigo
-
Os discípulos disseram-lhe: "explicai-nos está
parábola". Jesus respondeu: "o que semeia a boa
semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa
semente são os filhos do reino. O joio são os filhos da
iniquidade. O inimigo que o semeou é o demônio. O tempo
da ceifa é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos.
Assim como o joio é arrancado e queimado no fogo, assim
também será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará os
seus anjos a arrancar do seu reino todos os que praticam
o mal, para os lançar na fornalha ardente, onde haverá
choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão
como o sol no reino de seu Pai".
32. A Parábola do Grão de Mostarda
- Jesus disse
ainda: "o reino dos céus é semelhante a um grão de
mostarda, que um homem tomou e semeou no seu campo. É a
menor de todas as sementes, mas depois de crescer,
torna-se a maior de todas as leguminosas e faz-se
árvore, de sorte que as aves do céu vêm abrigar-se nos
seus ramos". |
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31. Os Milagres de Jesus |
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33. Jesus Acalma Uma Tempestade no Mar
Certo dia, Jesus estava na margem do lago de
Genesaré e entrou numa barca juntamente com seus
discípulos. E eis que formou-se uma violente tempestade
no mar e as ondas cobriram a barca.
Mas Jesus estava dormindo. Então os discípulos se
aproximaram dele e despertaram-no, dizendo: "Senhor,
salvai-nos, pois, afundaremos". Jesus disse-lhes:
"por que tendes medo, homens de pouca fé"?
Levantando-se, mandou o vento e o mar se acalmarem e no
mesmo instante tudo ficou em bonança.
Admirados, os discípulos diziam: "quem é este a quem
até o vento e o mar obedecem"?
34. Jesus Multiplica os Pães
Num dia em que muita gente estava reunida à sua
volta, Jesus disse aos discípulos: "onde poderemos
comprar comida para toda esta gente"? Um deles
respondeu: "temos aqui um menino que tem cinco pães
de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tamanha
multidão"? Jesus disse: "dizei ao povo para que
se sente". Todos se sentaram. Eram quase cinco mil
homens, sem contar mulheres e crianças. Então Jesus
tomou os cinco pães, deu graças e mandou-os distribuir à
multidão. Fez o mesmo com os peixes. E todos comeram o
quanto quiseram.
Estando todos saciados, Jesus disse aos discípulos:
"recolham o que sobrou, para nada seja desperdiçado".
Eles juntaram tudo e encheram doze cestos.
35. Jesus Cura o Servo do Centurião
Certo dia, um centurião foi encontrar Jesus e disse-lhe:
"Senhor, tenho em casa um criado com paralisia, que
está com muitas dores".
Jesus disse-lhe: "Eu vou lá curá-lo". O centurião
respondeu: "Senhor, eu não sou digno de que entreis
em minha casa, mas dizei uma só palavra e meu servo
ficará curado".
Então Jesus disse: "vai e faça-se como crês".
Nessa mesma hora, o criado ficou curado.
36. Jesus Cura um Surdo-Mudo
Certo dia, levaram a Jesus um homem surdo-mudo e pediram
a Jesus que lhe impusesse as mãos. Jesus colocou seus
dedos nos ouvidos do surdo-mudo e também colocou saliva
na língua dele. Depois, levantou os olhos ao céu e
disse: "abri-vos"! E logo o surdo-mudo ficou
curado.
37. Jesus Cura um Leproso
Certa vez, um leproso prostrou-se diante de Jesus e
disse-lhe: "Senhor, se vós quiserdes, podeis
curar-me". Jesus, estendendo a mão, tocou-o e disse:
"quero! Sê curado". E logo ficou curado da sua
lepra. Jesus disse-lhe então: "vai agora mostrar-te
ao sacerdote e apresenta a oferta prescrita por Moisés".
38. Jesus Cura um Cego
Doutra vez, chegando Jesus perto de uma cidade, um
cego está sentado à beira do caminho, pedindo esmola.
Disseram-lhe que Jesus ia passar por ali e ele começou a
gritar: "Jesus, tende piedade de mim". Jesus
perguntou-lhe: "o que queres que eu faça"? O cego
respondeu: "fazei que eu venha a enxergar". Jesus
disse-lhe: "vê! A tua fé te salvou"!
Imediatamente o cego passou a ver e acompanhou Jesus,
glorificando a Deus.
39. Jesus Ressuscita uma Jovem
Jesus chegou a uma cidade chamada Naím, acompanhado
pelos discípulos e uma grande multidão. Às portas da
cidade, encontrou um morto que era levado para o
cemitério. Era o filho único de uma pobre viúva. Muitas
pessoas da cidade acompanhavam o enterro.
Ao ver a mãe, Jesus comoveu-se e disse-lhe: "não
chores". Depois, aproximou-se e tocou no caixão. Os
que o carregavam pararam. Jesus disse ao morto:
"jovem, eu te ordeno: levanta-te". O morto
levantou-se e começou a falar e Jesus o entregou à sua
mãe.
À vista deste espetáculo, todos ficaram cheios de temor
e glorificaram a Deus, dizendo: "grande profeta
surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo".
40. Jesus Ressuscita Lázaro
Um amigo de Jesus, chamado Lázaro, adoecera em Betânia.
Suas irmãs, Marta e Maria, mandaram dizer a Jesus:
"Senhor, aquele que amais está enfermo". Tendo
recebido esta mensagem, Jesus ficou ainda dois dias no
lugar onde estava. Depois, disse aos discípulos:
"nosso amigo Lázaro dorme, mas despertá-lo-ei do sono".
Os discípulos disseram: "Senhor, se ele dorme, está
salvo". Então Jesus disse-lhes claramente:
"Lázaro morreu e eu, por amor a vós, alegro-me de não
ter estado lá, para que acrediteis. Mas vamos
encontrá-lo".
Quando Jesus chegou, Lázaro estava no túmulo há quatro
dias. Marta saiu-lhe ao encontro e disse: "Senhor, se
tivésseis estado aqui antes, meu irmão não teria
morrido". Respondeu-lhe Jesus: "teu irmão
ressuscitará". Disse-lhe Marta: "eu sei que ele
ressuscitará no último dia". Disse-lhe Jesus: "Eu
sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que
esteja morto, viverá. E todo o que vive e crê em mim,
não morrerá eternamente. Crês nisto"? Ela respondeu:
"sim, Senhor. Eu creio que vós sois o Cristo, Filho
do Deus Vivo que veio a este mundo".
Então Jesus se dirigiu ao sepulcro: era uma gruta que
tinha uma pedra fechando-lhe a abertura. Jesus disse:
"tirai a pedra". Marta observou: "Senhor, já tem
mau cheiro porque ele está aí há quatro dias". Jesus
respondeu: "se creres, verás brilhar a glória de
Deus". Tiraram a pedra e Jesus bradou em alta voz:
"Lázaro, sai daí". E, imediatamente, o que
estivera morto saiu, com os pés e mãos amarrados por
ataduras e com o rosto envolto num sudário. Jesus disse
então: "desatai-o e deixai-o ir".
Muitos judeus, testemunhas deste milagre, creram em
Jesus. |
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32. Jesus, o Bom Pastor |
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41. Jesus é o Bom Pastor
Naquele tempo, Jesus disse: "Eu sou o bom pastor. O
bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. Eu conheço as
minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem e eu dou
a vida pelas minhas ovelhas. Tenha também outras ovelhas
que não são deste aprisco e importa que eu as traga; e
elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só
pastor".
42. Jesus e a Conversão dos Pecadores
Os fariseus murmuravam contra Jesus, dizendo:
"Ele recebe os pecadores e come com eles". Então
Jesus contou está parábola: "qual de vós, tendo cem
ovelhas e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no
deserto para correr atrás daquela que se perdeu até
encontrá-la? E quando a encontra, coloca-a com alegria
sobre os ombros e, entrando em casa, reúne os amigos e
vizinhos e diz-lhes: 'alegrai-vos comigo porque
encontrei a ovelhinha perdida'. Eu vos digo: assim
também haverá alegria no céu por um só pecador que faça
penitência".
43. Parábola do Filho Pródigo
Jesus disse: "um homem tinha dois filhos e o mais
novo disse ao pai: 'pai, dai-me a parte dos bens que me
pertence'. E o pai repartiu os bens entre eles. Passados
alguns dias, o mais novo juntou tudo o que era seu e
partiu para uma terra distante onde dissipou seus bens.
Houve então grande fome nessa terra. E o rapaz, como já
não tinha nada, colocou-se a serviço de um homem que o
mandou para os campos tomar conta dos porcos. E ele
queria saciar sua fome com a lavagem dos porcos, mas
ninguém a dava. Caindo em si, disse: 'retornarei para
meu pai e direi: pai, pequei contra o céu e contra vós.
Já não sou digno de ser chamado vosso filho. Tratai-me
como um de vossos servos'.
E pôs-se logo a caminho. Seu pai avistou-o ainda de
longe e, cheio de compaixão, correu ao seu encontro para
abraçar e beijar. Disse-lhe o filho: 'pai, pequei contra
o céu e contra vós. Já não sou digno de ser chamado
vosso filho'. Mas o pai disse aos criados: 'trazei
depressa as vestes mais preciosas e dai-lhe; coloque-lhe
um anel no dedo e sandálias nos pés. Matai um cordeiro
gordo para fazermos um banquete porque este meu filho
estava morto e reviveu, andava perdido e foi encontrado".
44. Jesus Ama as Crianças
Traziam também a Jesus as criancinhas para que lhes
impusesse as mãos e orasse sobre elas. Os discípulos
queriam afastá-las, mas Jesus disse: "deixai vir a
mim os pequeninos e não os afasteis porque o reino dos
céus é deles e dos que se parecem com eles". E
pegava nelas ao colo, impunha-lhes as mãos e
abençoava-as.
Um dia os discípulos perguntaram-lhe: "Mestre, quem
será o maior no reino dos céus"? Jesus chamou uma
criancinha e, colocando-a no meio deles, disse-lhes:
"em verdade vos digo: se vós não vos converterdes e não
vos tornares como crianças, não entrareis no reino dos
céus". |
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33. Os Últimos Dias de Jesus |
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45. Jesus Entra Triunfante em Jerusalém
Naquele tempo, Jesus aproximou-se de Jerusalém e disse a
dois dos seus discípulos: "ide à aldeia que está a
vossa frente e logo encontrareis uma jumenta e o seu
jumentinho com ela. Desamarrai-os e
me tragam. Se vos
disserem alguma coisa, respondei que o Senhor precisa
deles e logo os deixarão trazer".
Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenou. Trouxeram
a jumenta e o jumentinho, estenderam suas vestes sobre
eles e montaram Jesus. Muita gente estendia no caminho
suas vestes; outros cortavam ramos de árvores e punham
sobre a estrada. E toda a multidão aclamava Jesus,
dizendo: "bendito o que vem em nome do Senhor".
46. Jesus Chora Sobre Jerusalém
À vista da cidade, Jesus chorou sobre ela e disse:
"ai! Se ao menos neste dia soubesses reconhecer
aquele que seria a tua salvação! Dias virão em que os
teus inimigos hão de te cercar por todos os lados, te
destruirão completamente junto com os que se abrigam
dentro de teus muros e não deixarão pedra sobre pedra
porque não soubeste aproveitar o tempo da salvação".
No dia seguinte, mostrando o templo e suas construções
aos discípulos, disse-lhes: "vedes este grandioso
edifício? Em verdade vos digo: não ficará pedra sobre
pedra".
47. Jesus Celebra a Última Páscoa
Na véspera da sua paixão, à tarde, Jesus pôs-se à
mesa com os discípulos para comer o cordeiro pascal. A
certo momento, levantou-se, colocou água numa bacia e
começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com
uma toalha. Chegando a vez de Simão Pedro, este
disse-lhe: "Senhor, vós irás lavar os meus pés?".
Jesus respondeu: "o que eu faço tu não o sabes agora,
mas irás saber depois". Disse-lhe Pedro: "não
permitirei que o faças". Jesus respondeu: "neste
caso, não terás parte comigo". Disse-lhe Simão
Pedro: "Senhor, se é assim, então não me laveis só os
pés, mas também as mãos e a cabeça".
Tendo acabado de lavar os pés de todos os apóstolos,
disse-lhes Jesus: "compreendeis o que vos fiz?
Dei-vos o exemplo para que o façais uns aos outros como
eu vos fiz a vós".
48. Jesus Institui a Sagrada Eucaristia
Depois da refeição, Jesus tomou o pão, deu graças,
partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: "tomai e
comei. Isto é o meu Corpo que é dado por vós". Da
mesma forma, tomou o cálice, deu graças e o entregou aos
discípulos, dizendo: "tomai e bebei todos vós. Isto é
o meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança que será
derramado por vós e por todos os homens para a remissão
dos pecados. Fazei isto em minha memória".
Jesus cumpriu assim a promessa que fizera, quando disse:
"Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste
pão viverá eternamente. O pão que vos darei é a minha
própria carne para a vida do mundo. A minha carne é
verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue está em mim
e eu nele".
49. Jesus Declara a traição de Judas
Durante a ceia, Jesus disse: "em verdade vos
digo: um de vós há de entregar-me". Os discípulos
começaram a olhar uns para os outros, perguntando entre
si qual deles faria tal coisa. João, o discípulo
predileto, estava encostado sobre o lado de Jesus. Simão
Pedro perguntou-lhe por sinais: "de quem ele fala"?.
João reclinou-se sobre o peito de Jesus e perguntou-lhe:
"Senhor, quem será"?. Jesus respondeu: "será
aquele a quem eu der um pedaço de pão molhado". E,
molhando o pão, entregou-o a Judas Iscariotes. Este
disse: "por ventura serei ei, Mestre"? Jesus
respondeu-lhe: "tu o disseste! O que tiverdes que
fazer, faça-o depressa".
Como Judas tinha uma bolsa, alguns julgaram que Jesus
lhe dissera: "compra o que for preciso para o dia da
festa" ou "dá algo aos pobres". Judas engoliu
o pedaço de pão e Satanás tomou posse dele. Saiu
imediatamente. Já era noite. |
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34. A Paixão de Jesus |
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50. Judas Vende o Senhor
O apóstolo Judas foi encontrar-se com os príncipes dos
judeus e disse-lhes: "o que me dais se vos entregar
Jesus". Ofereceram-lhe trinta moedas e ele aceitou.
51. Jesus no Jardim das Oliveiras
Saindo do Cenáculo, Jesus atravessou a torrente do
Cedron e dirigiu-se, com seus discípulos, para o monte
das Oliveiras.
Chegando a um lugar chamado Getsemani, onde havia um
jardim, entrou nele com os discípulos e disse-lhes:
"sentai-vos aqui enquanto eu vou orar". Levou
consigo Pedro, Tiago e João e disse-lhes: "a minha
alma está triste até à morte. Ficai aqui e vigiai
comigo". Depois, andou um pouco, pôs-se de joelhos e
orou, dizendo: "Pai, se for possível, afasta de mim
este cálice! Mas seja feita a vossa vontade e não a
minha".
Depois de orar assim por três vezes, apareceu-lhe um
anjo do céu para o consolar. Jesus, prolongando a sua
oração, caiu em agonia e começou a suar sangue que
escorria até o chão. Depois voltou para junto dos três
apóstolos, que estavam dormindo. Jesus disse-lhes:
"vamos, levantai-vos! Já está perto aquele que me traiu".
52. A Prisão de Jesus
Jesus
ainda
estava falando quando chegou Judas com um grupo de
soldados e servos. Todos traziam lanternas e archotes,
espadas e varapaus. O traidor tinha-lhes dito: "será
aquele que eu beijar. Prendei-o".
Judas aproximou-se logo de Jesus e disse: "Mestre, eu
vos saúdo". E deu-lhe um beijo na face. Jesus
disse-lhe: "meu amigo, que vieste fazer? Judas, é com
um beijo que entregas o Filho do Homem"?
Então Jesus disse aos que acompanhavam Judas: "a quem
procurais"? Eles responderam: "a Jesus de Nazaré".
Jesus disse-lhes: "sou eu". E logo caíram por
terra. Jesus perguntou-lhe outra vez: "a quem
procurais"? Eles repetiram: "a Jesus de Nazaré".
Jesus respondeu: "já vos disse que sou eu. Se é a mim
que buscais, deixai que estes se vão". Então puseram
as mãos em Jesus e o prenderam.
53. Jesus Proíbe a Resistência
Vendo isto, os discípulos perguntaram: "Senhor, e
se os feríssimos à espada"? Sem esperar a resposta,
Simão puxou a espada, feriu Malco, servo do
sumo-sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. Jesus
disse: "basta"!. E, dirigindo-se a Pedro, disse:
"coloca a espada na bainha porque quem com o ferro
mata, com o ferro será morto. Julgas que eu não poderia
pedir a meu Pai e ele não me enviaria mais de doze
legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras,
que anunciam que assim deve acontecer? Não hei de beber
o cálice que o Pai me deu"? E, tocando a orelha de
Malco, a curou.
Depois Jesus disse aos príncipes dos sacerdotes, aos
magistrados do templo e aos anciãos: "viestes armados
de espadas e varapaus para me prender, como se faz a um
ladrão. Todos os dias eu estava sentado entre vós,
ensinando no templo e não me prendestes. Mas é esta a
vossa hora, a hora do poder das trevas. Tudo isto
aconteceu para que se cumprissem as palavras dos
profetas".
Então os discípulos o abandonaram e fugiram. Só Pedro e
João o seguiram de longe.
54. O Sinédrio Condena Jesus à Morte
Os
soldados levaram Jesus preso ao palácio do
sumo-sacerdote Caifás, onde estava reunido o Sinédrio.
Os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam
algum falso testemunho contra Jesus, para o entregarem à
morte, mas nada encontravam, embora se apresentassem
muitas falsas testemunhas. Por fim, apareceram duas que
declararam: "ouvimos ele dizer: 'posso destruir o
templo de Deus e reedificá-lo em três dias. Destruirei
este templo, feito pela mão do homem e em três dias
edificarei outro que não será feito pela mão do homem".
Mas as testemunhas não eram concordes.
Então o sumo-sacerdote levantou-se e, em pé, no meio do
Sinédrio, disse a Jesus: "nada respondes aos que
depõem contra ti"? Mas Jesus permaneceu em silêncio
e nada respondeu. Então o sumo-sacerdote disse: "eu
te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se és o Cristo,
o Filho do Deus Altíssimo". Jesus respondeu: "sou
eu". Então o sumo-sacerdote rasgou as vestes,
dizendo: "blasfemou! Que necessidade temos de mais
testemunhas? Acabais de ouvir a blasfêmia! Que vos
parece"? Responderam: "é réu de morte"!
55. Pedro Nega o Senhor Três Vezes
Simão Pedro, que tinha seguido Jesus de longe,
entrou no átrio do palácio e sentou-se com outros perto
de uma fogueira, a aquecer-se. Então a criada que
abriu-lhe a porta aproximou-se dele e disse: "tu
também andavas com Jesus da Galileia". Pedro negou
diante de todos, dizendo: "não era eu, mulher. Eu não
o conheço, nem sei do que falas". No mesmo instante
o galo cantou.
Pouco depois, enquanto se dirigia para a porta, outra
criada reparou ele e disse aos que o cercavam: "este
também estava com Jesus de Nazaré". Pedro protestou
pela segunda vez, jurando: "não! Eu não conheço esse
homem"!
Passada quase uma hora, outro veio confirmar as
suspeitas, afirmando: "certamente este estava com ele
pois é galileu"! Os assistentes se aproximaram e
disseram-lhe: "não há dúvidas! Também pertenceis a
eles! Até se percebe pela fala"!
Um dos servos do sumo-sacerdote, parente daquele a quem
Pedro cortara a orelha, disse-lhe: "então eu não te
vi com ele no jardim"? Ainda desta vez Pedro negou,
protestou e jurou: "não conheço esse homem de quem
falais".
Ele ainda falava quando o galo cantou pela segunda vez.
Nesse instante, Jesus virou-se e bateu o olhar em Pedro.
Então o apóstolo lembrou-se da palavra que o Mestre lhe
dissera: "antes que o galo cante duas vezes, tu me
negarás três vezes"! Pedro saiu do palácio e chorou
amargamente.
56. Jesus é Ridicularizado e Maltratado
Os criados que estavam guardando Jesus começaram a
ridicularizá-lo e a maltratá-lo. Uns cuspiam-lhe no
rosto e o feriam a punhaladas; outros vedavam-lhe os
olhos e davam-lhe bofetadas, dizendo: "profetiza
agora, Cristo: quem te bateu"? E acrescentavam
muitos outros ultrajes. Logo ao raiar do dia, os anciãos
do povo, os príncipes dos sacerdotes e os doutores da
Lei se reuniram e decidiram entregar Jesus à morte.
Então Judas sentiu o remorso de o haver traído e foi
devolver as trinta moedas de prata ao Sinédrio, dizendo:
"pequei ao entregar sangue inocente". Eles
responderam: e o que isso nos importa? Judas arremessou
o dinheiro no templo e, retirando-se, enforcou-se numa
árvore.
57. Jesus na Presença de Pilatos
Os judeus levaram Jesus da casa de Caifás ao
Pretório para o entregarem a Pôncio Pilatos, governador
romano da Judéia. Pilatos saiu do Pretório e perguntou
aos judeus: "que acusação apresentais contra este
homem"? Eles responderam: "estava sublevando a
nossa nação, proibindo de pagar o tributo a César e
dizendo que ele é o Cristo Rei". Pilatos tornou a
entrar no Pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: "és
tu o rei dos judeus"? Jesus respondeu: "dizes
isto por ti mesmo ou foram os outros que te falaram
sobre mim"? Pilatos respondeu: "acaso eu sou
judeu? A tua nação e os príncipes dos sacerdotes é que
te entregaram nas minhas mãos. O que fizeste"? Jesus
respondeu: "o meu reino não é deste mundo. Se o meu
reino fosse deste mundo, certamente os meus soldados se
esforçariam para que eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui". Então Pilatos
disse-lhe: "logo, tu és rei". Respondeu Jesus:
"tu o dizes: eu sou rei". Então Pilatos foi ter com
os judeus e disse-lhes: "não encontro nele crime
algum". Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
apresentavam toda espécie de acusações contra ele, mas
Jesus não respondeu nada.
58. Pilatos Quer Libertar Jesus
Tendo chamado os príncipes dos sacerdotes, os
magistrados e o povo, Pilatos disse-lhes:
"apresentaste-me este homem como perturbador.
Interroguei-o na vossa presença e não encontrei nenhuma
das culpas de que o acusais. Vou soltá-lo depois de o
castigar".
Havia um preso famoso chamado Barrabás. Era um ladrão e
assassino, preso por ter cometido homicídio num motim.
Quando a multidão se juntou, Pilatos perguntou: "a
quem quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus chamado o
Cristo".
Os príncipes dos sacerdotes incitaram o povo a pedir a
libertação de Barrabás e pedir a morte de Jesus. O
governador, falando outra vez, disse: "qual dos dois
quereis que eu solte"? O povo gritou: "queremos
Barrabás". Pilatos, que desejava libertar Jesus,
disse: "o que farei com Jesus, chamado o Cristo"?
Gritaram: "crucifica-o!
Crucifica-o"!
Pilatos disse-lhes ainda: "mas que mal ele fez?
Não encontro nele causa alguma de morte". Mas os
judeus gritavam cada vez mais: "crucifica-o!
Crucifica-o"!
59. Jesus é Flagelado e Coroado de Espinhos
Pilatos, vendo que nada conseguia, mandou vir água e
lavou as mãos diante da multidão, dizendo: "estou
inocente do sangue deste justo! A vós pertence toda a
responsabilidade"! O povo gritou: "que caia o seu
sangue sobre nós e nossos filhos". Cedendo às
exigências, Pilatos soltou Barrabás e mandou flagelar
Jesus.
Em seguida, os soldados levaram Jesus para o Pretório,
despojaram-no de suas vestes e puseram-lhe sobre os
ombros um manto escarlate; teceram uma coroa de espinhos
e enterraram-na em sua cabeça; colocaram-lhe uma cana na
mão direita e, dobrando o joelho, ridicularizavam-no,
dizendo: "salve, ó rei dos judeus". Cuspiam-lhe
na face e, tirando-lhe a cana da mão, batiam-lhe com ela
na cabeça. Depois, davam-lhe bofetadas.
60. Jesus é Condenado à Morte
Então Pilatos mandou levar Jesus à presença do povo,
com a coroa de espinhos e o manto púrpura. E disse aos
judeus: "eis aqui o homem". Mas logo que o viram,
os judeus gritaram: "crucifica-o! Crucifica-o".
Disse-lhes Pilatos: "tomai-o vós e crucifiquem-no
porque eu não encontro nele crime algum".
Responderam-lhe os judeus: "se o soltas, não és amigo
de César".
Aterrado, Pilatos pronunciou a sentença de morte e
entregou Jesus aos judeus, para que o crucificassem.
61. Jesus é Crucificado
Depois de tornarem a vesti-lo com suas vestes, os
soldados levaram Jesus para ser crucificado. Carregando
a sua cruz, Jesus saiu da cidade a caminho do monte
Calvário, também chamado Gólgota.
Com ele seguiam outros dois condenados, dois
malfeitores, destinados ao suplício.
Pelo caminho, encontraram um homem de Cirene, chamado
Simão, que voltava do campo e o obrigaram a levar a cruz
atrás de Jesus.
No Calvário, Jesus foi crucificado, entre os dois
ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. E
Jesus orava: "Pai, perdoai-os pois não sabem o que
fazem".
Os soldados dividiram entre si as vestes de Jesus,
tirando a sorte. Como a túnica era uma peça única,
lançaram a sorte para ver a quem cabia. Junto à cruz do
Senhor estava Maria, sua Mãe, e o apóstolo João. Jesus
disse à Mãe: "Mulher, eis aí o teu filho". Depois
disse ao discípulo: "eis aí a tua Mãe". E a
partir daquele momento o discípulo tomou Maria consigo.
62. Jesus Morre na Cruz
Depois Jesus disse: "tenho sede"! Um dos
soldados molhou a esponja em vinagre, colocou-a na ponta
de uma vara e chegou-a aos lábios de Jesus. Após provar
o vinagre, Jesus disse: "tudo está consumado"!
Em seguida, exclamou em alta voz: "Pai! Nas vossas
mãos entrego o meu espírito". Depois destas
palavras, inclinou a cabeça e expirou. Imediatamente a
terra tremeu, os rochedos racharam, os túmulos se
abriram e muitos mortos ressuscitaram.
O centurião e os soldados que estavam de guarda
disseram: "verdadeiramente este homem era o Filho de
Deus"!.
63. Jesus é Sepultado
Ao anoitecer, um dos soldados traspassou com a lança
o lado de Jesus. E logo saiu sangue e água.
Pouco depois, dois homens piedosos e estimados, José de
Arimateia e Nicodemos, desprenderam da cruz o corpo do
Senhor. Envolveram-no em um lençol de linho fino e o
colocaram em um sepulcro novo, aberto no rochedo.
Rolaram uma grande pedra sobre a entrada do sepulcro. Os
judeus selaram a pedra e puseram soldados a guardar o
sepulcro. |
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35. A Glorificação de Jesus |
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64. Jesus Sai do Túmulo
Na aurora do terceiro dia, Jesus ressuscitou dentre
os mortos e saiu glorioso do túmulo.
De repente, sentiu-se um grande tremor de terra. Do céu
desceu um anjo que rolou a pedra do túmulo para o lado e
se sentou em cima dela. O seu rosto brilhava como um
relâmpago e os seus vestidos eram brancos como a neve. À
vista do anjo, os guardas foram tomados pelo medo e
caíram como mortos.
65. Jesus Aparece às Santas Mulheres
Ao raiar do sol, algumas mulheres piedosas foram ao
sepulcro para embalsamar o corpo de Jesus. Quando lá
chegaram, viram a pedra que o fechava afastada para o
lado. O anjo disse-lhes: "procurais a Jesus de Nazaré
que foi crucificado? Ressuscitou! Não está mais aqui!
Ide dizer aos discípulos". Quando regressavam,
apareceu-lhes Jesus e disse: "Eu vos saúdo"!
Cheias de alegria, prostraram-se para o adorar.
66. Jesus Aparece aos Discípulos de Emaús
Nesse mesmo dia, dois discípulos seguiam para uma
aldeia chamada Emaús e iam falando sobre os
acontecimentos dos três últimos dias. Jesus aproximou-se
deles, mas não o reconheceram. Perguntou Jesus: "que
conversas são essas e por que estais tão tristes"? E
eles contaram-lhe. Então Jesus começou a instruí-los
nestas palavras: "não era preciso que o Cristo
sofresse tais coisas para entrar na sua glória"? E
explicou-lhes o que dele havia sido dito em todas as
Escrituras. Quando chegaram a Emaús, pareceu-lhes que
Jesus ia para mais longe. Por isso disseram-lhe:
"ficai conosco porque já é tarde e o dia se encerra".
Jesus entrou com eles na hospedaria e, estando com eles
à mesa, tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu. Então
seus olhos se abriram e puderam reconhecê-lo. Mas Jesus
desapareceu imediatamente.
67. Jesus Aparece aos Apóstolos no Cenáculo
Estando os apóstolos e os discípulos reunidos em
Jerusalém, numa sala à portas fechadas, Jesus entrou de
repente e disse-lhes: "a paz esteja convosco! Assim
como o Pai me enviou também eu vos envio". Depois
destas palavras, soprou sobre eles, dizendo: "recebam
o Espírito Santo! Àqueles a quem perdoardes os pecados
ser-lhe-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes,
ser-lhe-ão retidos".
68. Jesus Designa Pedro Para Chefe da Igreja
Um dia, Jesus manifestou-se a sete discípulos junto
do lago de Genesaré. E disse a Pedro: "Simão, filho
de Jonas, tu me amas mais do que estes"? Pedro
respondeu: "sim, Senhor, vós sabeis que eu vos amo".
Jesus disse-lhe: "apascenta os meus cordeiros".
Jesus perguntou pela segunda vez: "Simão, filho de
Jonas, tu me amas"? Pedro respondeu: "sim,
Senhor, vós sabeis que eu vos amo". Jesus disse-lhe:
"apascenta os meus cordeiros". Perguntou ainda
pela terceira vez: "Simão, filho de Jonas, tu me
amas"? Pedro ficou triste porque Jesus
perguntara-lhe pela terceira vez: "Tu me amas"? E
respondeu: "Senhor, vós sabeis tudo, bem sabes que eu
te amo". Disse-lhe Jesus: "apascenta as minhas
ovelhas"
69. A Ascensão de Jesus
Quarenta dias depois da ressurreição, Jesus apareceu
mais uma vez aos apóstolos no Cenáculo, em Jerusalém. E
disse-lhes: "ide pelo mundo inteiro e ensinai todas
as nações. Batizai-as em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo". Depois levou-os ao monte das
Oliveiras e, erguendo as mãos, abençoou-os. Enquanto os
abençoava, subiu ao céu. Os apóstolos estavam a vê-lo
subir quando dois anjos vestidos de branco apareceram e
lhes disseram: "este Jesus tornará a descer do céu da
mesma forma como o vistes subir". Os apóstolos
voltaram para Jerusalém repletos de alegria.
70. O Espírito Santo Desce Sobre os Discípulos
Reunidos no Cenáculo, em Jerusalém, os discípulos de
Jesus passaram nove dias inteiros em oração. O décimo
dia era o Pentecostes dos judeus. De repente, ouviu-se
do céu um ruído semelhante ao de uma tempestade, que
encheu toda a casa. Ao mesmo tempo, apareceram umas
línguas de fogo que pousaram sobre cada um deles. E
todos começaram a falar em línguas estrangeiras.
Ouvindo o ruído, muita gente acorreu até aquela casa.
Pedro começou a falar: "homens de Israel, ouvi! Este
Jesus de Nazaré, que vós crucificastes, ressuscitou dos
mortos. E eis que nos enviou o Espírito Santo".
Muitos dos judeus pediram então o batismo. Eram quase
três mil.
71. A Igreja Espalhada Por Todo o Mundo
Depois do Pentecostes, os apóstolos pregaram o
Evangelho, primeiro aos judeus, depois aos pagãos.
Muitos acolheram a doutrina de Jesus e passaram a se
chamar cristãos.
[A Igreja de Jesus Cristo foi se espalhando diariamente
pelo mundo. É assim que a Igreja Católica existe há
vinte séculos. Aumentará cada vez mais e não terminará
nunca. Esta foi a promessa feita por Jesus Cristo, seu
divino fundador, aos apóstolos: "Eu estarei convosco
todos os dias até a consumação dos séculos"! |
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36. O que é a Bíblia? |
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Ao contrário do que parece à primeira vista, a Bíblia
não é um livro único e independente, mas uma coleção de
73 livros, uma minibiblioteca que destaca o a aliança e
plano de salvação de Deus para com a humanidade. É
interessante observar que alguns livros possuem poucas
ou até mesmo uma única página escrita, mas mesmo assim
são considerados como livros.
A própria palavra Bíblia provém do grego biblos e
significa livros, o que bem demonstra não ser a Bíblia
um livro único. Assim, quando usamos hoje a palavra
"Bíblia" nos referimos a esse conjunto de 73 livros.
Às vezes, também a chamamos de Sagradas Escrituras ou
tão somente Escrituras e tratam de diversos assuntos:
orações, rituais, história, sabedoria, exortações e até
mesmo poesia... tudo em grande harmonia - já que
inspirada por Deus - relacionando o homem com o único e
verdadeiro Deus, e vice-versa.
A Bíblia é muito antiga: sua redação começou por volta
do séc. XV aC. e somente se encerrou no final do séc. I
dC. Esse é, aliás, o motivo pelo qual muitas passagens
são difíceis de serem compreendidas, obrigando-nos, às
vezes, a recorrer a cursos bíblicos ou outros livros de
apoio.
Autor: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Agnus Dei |
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37. Introdução à Bíblia |
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1. A Bíblia é Única
A Bíblia Sagrada, por tudo
o que encerra, pela maneira como foi escrita, e da forma
como tem sido preservada por tantos séculos, só pode ser
definida numa palavra: "única"
O dicionário define "único", - como:
- 1. Que é um só;
- 2. De cuja espécie não existe outro;
- 3. exclusivo; excepcional;
- 4. a que nada é comparável;
- 5. superior a todos os demais.
M. Monteiro Williams, antigo professor de sânscrito, que
passou 42 anos estudando livros orientais e
comparando-os com a Bíblia, afirmou: "se você quiser,
empilhe-os no lado esquerdo de sua escrivaninha; mas
coloque a sua Bíblia do lado direito - apenas ela, só
ela - e que haja uma boa distância entre a pilha de
Livros e a Bíblia. Pois existe uma grande distância
entre ela e os chamados livros sagrados do Oriente, de
modo que estes se opõem àquela, total, completa e
definitivamente; um abismo real que nenhuma ciência do
pensamento religioso conseguirá transpor" (J. Mc. Dowell,
"Evidencia que Exige um Veredicto", pg.19, 20).
2. Única na Sua Coerência
É livro "diferente de todos os demais" nos
seguintes aspectos (além de muitos outros):
- escrito durante um período de aproximadamente 1600
anos;
- escrito durante mais de 40 gerações;
- escrito por cerca de 40 autores, das mais diferentes
atividades, tais como: reis, camponeses, filósofos,
pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc.:
Moisés, um líder político, que estudou nas universidades
do Egito; Pedro, um pescador; Amós, um boiadeiro; Josué,
um general; Neemias um copeiro; Daniel, um diplomata;
Lucas, um médico; Salomão e Davi (reis e poetas); Mateus
(cobrador de impostos); Paulo (rabino); Esdras (escriba
e sacerdote).
- escrito em diferentes lugares: no deserto; numa
masmorra; nos palácios de Susã, na Pérsia; nas prisões;
em viagens; numa ilha, exilado;
- escrito em diferentes condições e circunstâncias: em
tempos de paz e em tempos de guerra; em tempos de
alegria, e em tempos de profunda tristeza; em tempos de
liberdade, e sob o cativeiro;
- escrito em três continentes: Ásia, África e Europa;
- escrito em três idiomas: Hebraico (a língua do Antigo
Testamento) Em 2º Reis 18: 26-28 essa língua é chamada
de "judaica"; Em Is. 19: 18 é chamada de
"língua de Canaã"; Aramaico a língua "franca"
do Oriente Próximo até à época de Alexandre, o grande
(século VI ao século IV a.C.), tendo permanecido em uso,
paralelamente ao grego, por judeus e palestinos até à
época de Cristo;
Grego, a língua do Novo Testamento. Era o idioma de uso
internacional à época de Cristo.
A Bíblia trata de centenas de temas controversos
(aqueles que podem gerar opiniões divergentes, quando
mencionado ou discutido. Os autores bíblicos falaram de
centenas de temas controversos, com harmonia e
coerência, desde Gênesis a Apocalipse, revelando uma
única história: - "a redenção do homem por parte de
Deus". Assim, o "Paraíso Perdido" de Gênesis,
se torna o "Paraíso Recuperado" do Livro de
Apocalipse. Enquanto que o acesso à árvore da vida está
fechado em Gênesis, encontra-se aberto para todo o
sempre em Apocalipse. A grande diversidade dos escritos
da Bíblia trata de: lei (civil, criminal, ética, ritual,
sanitária), história, poesia religiosa e lírica, textos
didáticos, parábolas e alegorias, biografia
correspondência pessoal, reminiscências pessoais,
diários, além de estilos caracteristicamente bíblicos de
literaturas proféticas e apocalípticas. Por tudo isso a
Bíblia não é uma simples antologia. Existe uma unidade
que dá coesão ao todo. Uma antologia é compilada por um
antologista, mas nenhum antologista compilou a Bíblia.
3. Única em Circulação
A Bíblia tem sido lida por mais pessoas e publicada
em mais línguas do que qualquer outro livro. Existem
mais cópias impressas de toda a Bíblia e mais porções e
seleções dela do que de qualquer outro livro em toda a
história. Em termos absolutos não existe qualquer livro
que alcance, ou que mesmo comece a se igualar à Bíblia,
em termos de circulação.
O primeiro grande livro a ser impresso foi a
"Vulgata" (versão da Bíblia em latim), impressa por
Gutemberg.
4. Única em Tradução
A Bíblia foi um dos primeiros livros importantes a
ser traduzido (Septuaguinta: tradução em grego do Antigo
Testamento hebraico, por volta de 250a.C.). A Bíblia tem
sido traduzida, retraduzida e parafraseada mais do que
qualquer outro livro existente. A Enciclopédia Britânica
informa que "até 1966 a Bíblia completa havia
aparecido em 240 línguas e dialetos; um ou mais livros
da Bíblia em outros 739 idiomas, num total de 1280
línguas". Entre 1950 e 1960 3.000 tradutores da
Bíblia estiveram trabalhando na tradução das Escrituras.
Os fatos colocam a Bíblia numa condição única ("de
cuja espécie não existe outra") em termos de
tradução.
5. Única em Sobrevivência
- Através dos tempos
-
Ser escrita em material perecível, tendo que ser copiada
e recopiada durante centenas de anos, antes da invenção
da imprensa, não prejudicou seu estilo, exatidão ou
existência. Comparada com outros escritos antigos, a
Bíblia possui mais provas em termos de manuscritos do
que, juntos, possuem os dez textos de literatura
clássica com maior número de manuscritos. Os judeus a
preservaram como nenhum outro manuscrito foi jamais
preservado. Com a "massora" (parva, magna e
finalis) eles verificavam atentamente cada letra,
sílaba, palavra e parágrafo. Dentro de sua cultura, eles
dispunham de grupos de homens com funções específicas,
cuja única responsabilidade era preservar e transmitir
esses documentos com uma fidelidade praticamente
perfeita, eram "escribas, copistas e massoretas".
Quem alguma vez contou as letras, sílabas e palavras dos
textos de Aristóteles ou Platão? de Cícero ou de Sêneca?
- Em meio a perseguições.
Como nenhum outro livro, a Bíblia tem suportado os
ataques malévolos de seus inimigos. Muitos tem procurado
queimá-la, proibi-la e torná-la ilegal, desde os dias
dos imperadores romanos até os dias de hoje, nos países
dominados pelo comunismo, islamismo, ou pagãos radicais.
Voltaire, o renomado francês, incrédulo, que morreu em
1778, afirmou que, cem anos depois dele o cristianismo
estaria varrido da face da terra e teria passado à
história. Mas aconteceu que, Voltaire passou à história,
ao passo que a circulação da Bíblia continua a aumentar
em quase todas as partes do mundo, levando bênçãos aonde
quer que vá. Em 303 A.D. o imperador Diocleciano
proclamou um edito para impedir os cristãos de adorarem
Deus e para destruir as Escrituras. Eusébio registra o
edito proclamado 25 anos após, por Constantino, sucessor
de Diocleciano, para que se preparassem 50 cópias das
Escrituras às expensas do governo.
- Em meio às críticas.
-
Durante dezoito séculos os incrédulos tem refutado e
atacado esse livro, e, no entanto, ele está hoje firme
como uma rocha. Aumenta sua circulação, é mais amado,
apreciado e lido do que em qualquer outra época. Por
mais de mil vezes badalaram os "sinos" anunciando
a morte da Bíblia, formou-se o cortejo fúnebre,
talhou-se a inscrição na lápide e fez-se a leitura da
elegia fúnebre. Mas por alguma maneira o cadáver nunca
permaneceu sepultado. Nenhum outro livro tem sido tão
atacado, retalhado, vasculhado, examinado e difamado.
Que livro de filosofia, religião, psicologia ou
literatura do período clássico ou moderno, sofreu um
ataque tão maciço como a Bíblia? Apesar de todos os
ataques, a Bíblia é amada por milhões, lida e estudada
por milhões. Críticas, como por exemplo da "hipótese
documental", que argumenta que o Pentateuco não
poderia ter sido por Moisés, pois, segundo esses
críticos, à época de Moisés não havia escrita, ruem por
terra, pois a arqueologia descobriu o "obelisco
negro". Tinha caracteres uniformes e continha as
leis de Hamurabi. Era um texto pós-Mosaico? Não! era
pré-mosaico. E não apenas isso, mas era pelo menos três
séculos anteriores a Moisés, o qual supunham que era um
homem primitivo e não dispunha de alfabeto. Também
falharam os defensores da "hipótese documental"
quando asseveravam que não existiam heteus à época de
Abraão, pois não existiam outros registros sobre esse
povo. Deviam ser um mito. Estavam errados mais uma vez.
Fruto da pesquisa arqueológica, hoje existem centenas de
referências se sobrepondo umas às outras e cobrindo mais
de 1200 anos da civilização dos heteus.
6. Única nos Ensinos -
a - Profecia. Wilbor Smith, que formou uma biblioteca
pessoal de 25.000 volumes, chegou à conclusão de que
"não importa o que alguém pense sobre a autoridade do
livro que chamamos de Bíblia e sobre a mensagem que ele
apresenta; o fato é que existe uma aceitação
generalizada de que, por inúmeras razões, esse é o livro
mais notável que já foi produzido nestes aproximadamente
cinco mil anos em que a raça humana domina a escrita".
É o único volume já produzido pelo homem, ou por um
grupo de homens, em que se encontra um grande corpo de
profecias a respeito de nações, em particular de Israel,
de todos os povos da terra, de certas cidades e daquele
que viria e deveria ser o Messias. O mundo antigo
possuía muitos e diferentes meios para determinar o
futuro, o que é conhecido como "prognosticação",
mas na totalidade da literatura grega e latina, muito
embora empreguem as palavras "profetas" e
"profecia", não conseguimos encontrar qualquer
profecia real e especifica acerca de um grande
acontecimento histórico que deveria ocorrer no futuro
distante, nem qualquer profecia acerca de um Salvador
que iria surgir no meio da raça humana. O Islamismo é
incapaz de indicar qualquer profecia acerca da vinda de
Maomé, e que tenha sido pronunciada centenas de anos
antes de seu nascimento. De igual modo, os fundadores de
quaisquer das seitas existentes no mundo são incapazes
de identificar com precisão qualquer texto antigo que
tenha predito o surgimento de tal ou tal seita.
História.
b - Nos livros bíblicos de 1ª Samuel até 2ª Crônicas
encontra-se a história de Israel, cobrindo cerca de
cinco séculos. Certamente o povo de Israel manifesta uma
capacidade excepcional para a interpretação da história,
e o Antigo Testamento representa a descrição da história
mais antiga que existe. A tradição nacional hebraica
supera todas as outras na maneira clara como descreve a
origem tribal e familiar. No Egito e na Babilônia, na
Assíria e na Fenícia, na Grécia e em Roma, procuramos em
vão por qualquer coisa parecida. Nada há de semelhante
na tradição dos povos germânicos.
A Índia e a China também não têm algo parecido para
apresentar, visto que suas lembranças históricas mais
antigas são registros literários de tradições dinásticas
distorcidas, sem que haja menção a criadores de animais
ou lavradores que tivessem antecedido o semideus ou rei,
com quem esses registros iniciam. Nem nos mais antigos
escritos históricos indianos (os Puranas) nem nos
primeiros historiadores gregos existe qualquer alusão ao
fato de que tanto os indo-arianos como os helenos
outrora haviam sido nômades que, vindos do norte,
imigraram para as regiões onde se instalaram. A bem da
verdade, os assírios se lembravam vagamente de seus
primeiros lideres, cujos nomes recordavam sem quaisquer
detalhes sobre seus feitos, e que haviam habitado em
tendas; mas já fazia muito tempo que os assírios tinham
se esquecido de onde vieram.
A "Tabela das Nações", de Gênesis Cap.10, é um
relato histórico surpreendentemente exato. É algo
absolutamente único na literatura antiga, sem qualquer
paralelo mesmo entre os gregos... 'A Tabela das
Nações' permanece sendo um documento
surpreendentemente exato... Revela, apesar de toda a
complexidade, uma compreensão tão notavelmente moderna
da situação étnica e linguística do mundo moderno, que
os estudiosos jamais deixam de ficar impressionados com
o conhecimento do autor sobre o assunto.
c- As pessoas descritas. "A Bíblia não é o tipo de
livro que um homem escreveria caso pudesse, nem poderia
escrever, caso quisesse". Ela trata com muita
franqueza a respeito dos pecados de suas personagens.
Leia as biografias escritas hoje em dia e repare como
elas tentam esconder, deixar de lado ou ignorar o lado
pouco recomendável das pessoas. Veja os maiores gênios
da literatura: em sua maioria são descritos como santos.
A Bíblia não procede dessa maneira. Ela simplesmente
conta a verdade.
d - Denunciando os pecados do povo (Deut. 9: 24); e os
pecados dos patriarcas (Gn.12: 11-13; 49: 5-7); os
evangelistas descrevem suas próprias faltas e as dos
apóstolos (Mt. 8: 10-26; 26: 31-56; Mc. 6:52; 8:18; Lc.
8: 24, 25; 9:40-45; João 10:6; 16: 32) e a desordem nas
igrejas (1ª Cor. 1: 11; 15: 12; 2ª Cor. 2: 4, etc.).
Muitos indagarão: "por que tinham que colocar aquele
capítulo sobre Davi e Bate-Seba"? Bem, a Bíblia tem
o costume de contar a verdade.
7. Única na influência sobre a literatura
"Se todas as Bíblias de uma cidade grande fossem
destruídas, seria possível restaurar o Livro em suas
partes essenciais, a partir das citações dele feitas
existentes nos livros da biblioteca pública municipal.
Existem livros cobrindo quase todos os grandes autores
literários, escritos especificamente para mostrar o
quanto a Bíblia os influenciou".
O historiador Philip Schaff descreve de maneira
brilhante a singularidade da Bíblia ao apresentar a
singularidade do Salvador: "esse Jesus de Nazaré, sem
dinheiro nem armas, conquistou milhões de pessoas em
número muito maior do que Alexandre, César, Maomé e
Napoleão; sem o conhecimento e a pesquisa científica ele
despejou mais luz sobre assuntos materiais e espirituais
do que todos os filósofos e cientistas reunidos; sem a
eloquência aprendida nos bancos escolares, ele
pronunciou palavras de vida como nunca antes, nem depois
foram ditas e provocou resultados que o orador e o poeta
não conseguem alcançar; sem ter escrito uma linha, ele
pôs em ação mais canetas, e forneceu temas para mais
sermões, discursos, livros profundos, obras de arte e
música de louvor do que todo o contingente de grandes
homens da antiguidade e da atualidade".
"Existem questões complexas no estudo da Bíblia, que
não tem paralelo com qualquer outra ciência ou ramo do
conhecimento humano. A partir dos "pais apostólicos", em
95 A.D., até à época atual corre um largo rio literário,
inspirado pela Bíblia. São dicionários bíblicos,
enciclopédias bíblicas, léxicos bíblicos, atlas bíblicos
e livros de geografia. Pode-se considerá-los como ponto
de partida. Então, aleatoriamente, podemos mencionar as
enormes bibliografias nos campos de teologia, educação
religiosa, hinologia, missões, línguas bíblicas,
história da Igreja, biografia religiosa, devocionários,
comentários, filosofia da religião, provas do
cristianismo, apologética, e assim por diante, parece
ser um número interminável.
"É prova da importância d’Ele, do efeito que Ele tem
causado na história e, presumivelmente, do mistério
desconcertante, provocado por Ele, que nenhuma outra
pessoa que viveu neste planeta tenha sido a razão de um
volume tão grande de literatura entre tão grande número
de povos e línguas e que, longe de terminar, o nível da
inundação continua subindo".
A Conclusão é óbvia. A Bíblia é única. A ela, nada é
comparável. A Bíblia é o primeiro livro religioso a ser
levado para o espaço sideral (ela foi em forma de
microfilme). É o primeiro livro lido que descreve a
origem da terra (os astronautas leram Gênesis 1:1 – ("No
princípio criou Deus os céus e a terra").
É também um dos livros mais caros (senão o mais caro) A
Bíblia Vulgata Latina de Gutenberg custa 100.000
dólares. Os russos venderam o Códice Sinaítico (uma
antiga cópia da Bíblia) à Inglaterra por 510.000 dólares
(em 1933). E, finalmente, o mais longo telegrama do
mundo foi o Novo Testamento na Edição Revista, enviado
de New York a Chicago, duas cidades norte-americanas. |
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38. Quem escreveu a Bíblia? |
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Já dissemos em nosso artigo "O que é a Bíblia",
que ela foi totalmente inspirada por Deus. Para
definirmos inspiração, preferimos seguir o conceito
descrito por São Tomás de Aquino:
"é a ação de Deus, movendo e dirigindo o autor na
produção do livro, preservando-o de erros, de forma que
é Deus o autor e o homem mero instrumento usado para
escrever" (2 Quodlibetales, VII,14,5)
Vemos, assim, que os livros da Bíblia foram escritos por
homens movidos pela ação direta de Deus, de forma a
prevenir erros, fazendo que aceitemos Deus como autor
principal e o homem como autor secundário. O homem é
instrumento de Deus e é movido e dirigido por Ele.
Porém, não devemos confundir inspiração com revelação: a
revelação ocorre quando Deus mostra ou descobre ao homem
verdades de fé; a inspiração, como vimos, é o ato de
Deus mover o homem a escrever verdades de fé, assistindo
e preservando seus escritos do erro.
O fato de Deus de ter inspirado homens, não significa,
contudo, que tenha anulado a inteligência e a liberdade
do ser humano. Sobre isso, ensina-nos o Magistério da
Igreja:
"na redação dos livros sagrados, Deus escolheu
homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas
próprias faculdades e capacidades a fim de que, agindo
Ele próprio neles e por eles, escrevessem, como
verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio
quisesse" (Dei Verbum, 11).
Mas por que Deus inspiraria seres humanos para elaborar
a Bíblia?
Ora, Deus é nosso Criador e nos criou por amor!
Inspirando alguns santos homens a escrever tais livros,
deu à religião uma base divina, absolutamente correta,
já que, por serem inspirados, os livros da Bíblia são a
própria Palavra de Deus, em toda a sua essência e força.
Já que foram escritos por homens, de forma que podemos
entender seu conteúdo, foram usadas linguagens humanas.
Quase todas as Bíblias modernas trazem logo na primeira
folha as três linguagens que foram usadas para compô-la:
o hebraico, o aramaico e o grego. O hebraico foi usado
para a redação de quase todo o Antigo Testamento; o
aramaico (língua falada na Palestina na época de Jesus)
foi usado para alguns pequenos trechos do Antigo
Testamento e, segundo alguns estudiosos, para o original
do Evangelho de Mateus; o grego comum (koiné), por fim,
foi utilizado para escrever alguns poucos livros do
Antigo Testamento e para todo o Novo Testamento. |
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39.
Como são feitas as citações bíblicas? |
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É comum abreviarmos os nomes dos livros da Bíblia para
facilitar a citação de certas passagens. Em geral, os
católicos adotam o seguinte elenco de abreviaturas:
ANTIGO TESTAMENTO |
Pentateuco |
Gn. |
Livro da Gênese |
|
|
Ex. |
Livro do Êxodo |
|
|
Lv. |
Livro do Levítico |
|
|
Nm. |
Livro dos Números |
|
|
Dt. |
Livro do Deuteronômio |
|
Históricos |
Js. |
Livro de Josué |
|
|
Jz. |
Livro dos Juízes |
|
|
Rt. |
Livro de Rute |
|
|
1º Sm. |
1º Livro de Samuel |
|
|
2º Sm. |
2º Livro de Samuel |
|
|
1º Rs. |
1º Livro dos Reis |
|
|
2º Rs. |
2º Livro dos Reis |
|
|
1º Cr. |
1º Livro das Crônicas |
|
|
2º Cr. |
2º Livro das Crônicas |
|
|
Esd. |
Livro de Esdras |
|
|
Ne. |
Livro de Neemias |
|
|
Tb. |
Livro de Tobias |
|
|
Jud. |
Livro de Judite |
|
|
Est. |
Livro de Ester |
|
|
1º Mc. |
1º Livro dos Macabeus |
|
|
2º Mc. |
2º Livro dos Macabeus |
|
Sapienciais |
Jó. |
Livro de Jó |
|
|
Sl. |
Livro dos Salmos |
|
|
Pr. |
Livro dos Provérbios |
|
|
Ecl. |
Livro do Eclesiastes |
|
|
Ct. |
Cântico dos Cânticos |
|
|
Sb. |
Livro da Sabedoria |
|
|
Eclo. |
Livro do Eclesiástico |
|
Proféticos |
Is. |
Livro de Isaías |
|
|
Jr. |
Livro de Jeremias |
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Lm. |
Livro das Lamentações |
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Br. |
Livro de Baruc |
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Ez. |
Livro de Ezequiel |
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Dn. |
Livro de Daniel |
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Os. |
Livro de Oséias |
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Jl. |
Livro de Joel |
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Am. |
Livro de Amós |
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Ab. |
Livro de Abdias |
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Jn. |
Livro de Jonas |
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Mq. |
Livro de Miquéias |
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Na. |
Livro de Naum |
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Hab. |
Livro de Habacuc |
|
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Sf. |
Livro de Sofonias |
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Ag. |
Livro de Ageu |
|
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Zc. |
Livro de Zacarias |
|
|
Ml. |
Livro de Malaquias |
NOVO TESTAMENTO |
Evangelhos |
Mt. |
Evangelho segundo Mateus |
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Mc. |
Evangelho segundo Marcos |
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|
Lc. |
Evangelho segundo Lucas |
|
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Jo. |
Evangelho segundo João |
|
|
Atos |
At Atos dos Apóstolos |
|
Epístolas |
Rm. |
Epístola aos Romanos |
|
|
1ª Cor. |
1ª Epístola aos Coríntios |
|
|
2ª Cor. |
2ª Epístola aos Coríntios |
|
|
Gl. |
Epístola aos Gálatas |
|
|
Ef. |
Epístola aos Efésios |
|
|
Fl. |
Epístola aos Filipenses |
|
|
Cl. |
Epístola aos Colossenses |
|
|
1ª Ts. |
1ª Epístola aos Tessalonicenses |
|
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2ª Ts. |
2ª Epístola aos Tessalonicenses |
|
|
1ª Tm. |
1ª Epístola a Timóteo |
|
|
2ª Tm. |
2ª Epístola a Timóteo |
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|
Tt. |
Epístola a Tito |
|
|
Fm. |
Epístola a Filemon |
|
|
Hb. |
Epístola aos Hebreus |
|
|
Tg. |
Epístola de Tiago |
|
|
1ª Pd. |
1ª Epístola de Pedro |
|
|
2ª Pd. |
2ª Epístola de Pedro |
|
|
1ª Jo. |
1ª Epístola de João |
|
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2ª Jo. |
2ª Epístola de João |
|
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3ª Jo. |
3ª Epístola de João |
|
|
Jd. |
Epístola de Judas |
|
Profético |
Ap. |
Apocalipse de João |
Assim, quando quisermos citar a Primeira Epístola aos
Tessalonicenses, basta escrever 1ª Ts.
A seguir, informamos o capítulo. Assim, 1ª Ts 2
significa Primeira Epístola aos Tessalonicenses,
capítulo dois.
Para fazermos citações mais completas, usamos alguns
sinais de pontuação:
- a vírgula separa os versículos do capítulo.
Ex.: Mt. 16, 18 significa Evangelho segundo Mateus,
capítulo 16, versículo 18.
- O hífen apresenta uma sequência de capítulos ou
versículos.
Ex.: At. 1-2 significa Atos dos Apóstolos, capítulos 1
e 2 (integrais). Ex. 15, 2-5 significa Livro do Êxodo,
capítulo 15, versículos 2 a 5.
- O ponto apresenta capítulos e/ou versículos citados
isoladamente.
Ex.: 1ª Cr. 1. 3 significa Primeiro Livro das
Crônicas, capítulos 1 e 3.
Is. 32,1. 4. 6 significa Livro do Profeta Isaías,
capítulo 32, versículos 1, 4 e 6.
- O ponto e vírgula dispõe capítulos e versículos
isolados, mas pertencentes ao mesmo livro.
Ex.: Jo. 3, 23-25; 6, 1-4 significa Evangelho segundo
João, capítulo 3, versículos de 23 à 25 e capítulo 6,
versículos de 1 à 4.
Algumas Bíblias podem usar "s" e "ss" a
seguir do número do capítulo e/ou versículo. "s"
significa seguinte e "ss", seguintes. São usados
para simplificar - ainda mais - a citação,
respectivamente, de dois ou três capítulos e/ou
versículos.
Ex.: Rm. 2, 5s significa Epístola aos Romanos, capítulo
2, versículos 5 e 6 (isto é, o versículo 5 e o
seguinte).
Ap 6, 7ss significa Livro do Apocalipse, capítulo 6,
versículos de 7 à 9 (isto é, o versículo 7 e os dois
seguintes).
Tg. 1s significa Epístola de Tiago, capítulos 1 e 2
(isto é, o capítulo 1 e o seguinte).
Com todas essas abreviações e sinais podemos montar e
citar, de forma bem resumida, qualquer passagem Bíblica.
Ex.: Lv. 1, 12-15. 20; 3, 2s; Mc. 1,3ss.10; 2ª Cor. 3-5
significa, respectivamente:
- Livro do Levítico, capítulo 1, versículos de 12 à 15 e
o versículo 20; no mesmo Livro do Levítico, capítulo 3,
versículos 2 e 3.
- Evangelho segundo Marcos, capítulo 1, versículos de 3
à 5 e o versículo 10.
- Segunda Epístola aos Coríntios, capítulos de 3 à 5.
Autor: Carlos Martins Nabeto |
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40. Como está dividida a Bíblia? Quais livros a compõem? |
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A Bíblia está dividida em duas grandes partes:
- Antigo Testamento: que são todos os livros escritos a
partir do séc. XV a.C. até o nascimento de Cristo.
Contém a Lei de Deus dada a Moisés, a história do povo
de Israel e suas reflexões, bem como a previsão da vinda
do Messias, que se deu com a vinda de Jesus Cristo.
- Novo Testamento: que são todos os livros escritos após
a vinda de Jesus até o final do séc. I d.C. Traz a vida
e as obras de Jesus, a criação e a expansão da Igreja,
além de documentos de formação do povo cristão.
Essas duas grandes divisões estão, ainda, subdivididas
de acordo com o conteúdo dos livros. Temos assim, para o
Antigo Testamento: Livros da Lei: também chamados de
Pentateuco, isto é, os "cinco livros" de Moisés,
que abrem a Bíblia, e falam da Criação de Deus e da
formação de seu Povo Eleito: Israel. Livros Históricos:
são os livros que descrevem as guerras de Israel, bem
como a história de seus reinos. Livros Didáticos: ou
sapienciais, apresentam a sabedoria e poesia dos
hebreus. Livros Proféticos: foram escritos por profetas
que pregavam o arrependimento e preparavam o povo eleito
para a chegada do Messias Salvador. enquanto que, para o
Novo Testamento, temos: Livros do Evangelho: narram a
vida, os ensinamentos, os milagres e a obras do Messias
Jesus Cristo. Livro Histórico: apresenta a instituição e
expansão da Igreja Cristã, primeiro na Palestina e, a
seguir, no mundo até então conhecido. Epístolas: são as
doutrinas e exortações escritas por alguns Apóstolos de
Cristo e encaminhadas a comunidades ou fiéis cristãos.
Livro Profético: traz a vitória de Cristo e sua Igreja
sobre as forças do mal e o juízo final.
Os livros que compõem a Bíblia são 73, sendo 46 do
Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. (veja no
capítulo 39, acima). |
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41. Como ler com proveito a
Bíblia? |
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Dedique um tempo diário para estudar e meditar a Bíblia:
pode ser pela manhã, logo após acordar; ou, depois do
almoço ou da janta; ou antes de dormir; ou, ainda,
qualquer outro horário que se adapte ao seu tempo livre.
A quantidade de tempo também pode ser livremente
estabelecida: 10, 30, 60 minutos ou mais. Quanto mais
tempo você tiver, melhor! Porém, dívida o tempo total
para as duas atividades que devem ser feitas: leitura e
estudo. O ideal é dividir na ordem de 1/3 e 2/3,
respectivamente. Assim, se você resolver dedicar 15
minutos diários, use 5 minutos para leitura e 10 minutos
para o estudo.
Após estabelecer o horário que melhor o satisfaça,
cumpra-o rigorosamente, não esquecendo nem adiando
nenhum dia, mesmo que se sinta cansado. Lembre-se:
devemos amar a Deus sobre todas as coisas!
Se você não tiver uma Bíblia, adquira uma. Compre,
entretanto, em livrarias católicas pois as versões
comercializadas por livrarias evangélicas são
incompletas quanto ao Antigo Testamento (faltam 7 livros
e alguns trechos de Ester e Daniel). Existem Bíblias com
uma linguagem mais simples (ex.: "Bíblia Ave Maria")
e outras mais técnicas (ex: "Bíblia de Jerusalém");
leve aquela que esteja dentro da sua linguagem e das
suas condições. Além disso, compre um caderno e também
um comentário bíblico. As editoras católicas
disponibilizam diversos comentários, dos mais simples
aos mais completos. Folheie-os com calma e encontre um
que atenda seus requisitos de linguagem e complexidade.
Adquirido o material e chegada a hora do estudo, com a
Bíblia nas mãos, inicie com uma oração ao Espírito
Santo, pedindo para que o ilumine. Pode ser a seguinte
ou uma outra semelhante e espontânea:
"Espírito Santo: Tu inspiraste estas palavras.
Ilumina a minha mente para que eu possa compreendê-las.
Vem, Espírito Santo, ilumina o meu coração e o meu
entendimento. Ajuda-me a reconhecer a Verdade eterna que
preciso para agradar a Deus. Amém".
Selecione a leitura. Há várias formas de se fazer
isto... Você pode seguir a sugestão da Igreja e ler as
leituras selecionadas para o tempo litúrgico em que
estiver (algumas Bíblias trazem essa seleção de textos
em apêndice no final do volume; caso sua Bíblia não
possua essa indicação, imprima as páginas das Leituras
Dominicais e Semanais que disponibilizamos neste Site)
ou ler a Bíblia na forma sequencial, a partir do
primeiro livro (neste caso, particularmente sugiro que
se inicie pelo Novo Testamento - por ser mais dinâmico -
para só depois se passar para o Antigo Testamento).
Leia com atenção - sem pressa e meditativamente - cada
versículo. Não se incomode de precisar voltar a ler
alguma passagem não muito clara. Releia todo o texto
mais uma ou duas vezes, pois sempre acabamos percebendo
algo que deixamos escapar na leitura anterior...
Identifique-se com os personagens em cada cena. Se
estiver lendo os Evangelhos, coloque-se no lugar do
sofredor Lázaro, no lugar de Mateus convidando Jesus
para uma refeição... Considere tudo o que Jesus fala
como diretamente dirigido a você. Ao ler as epístolas,
além da voz do Apóstolo e do Espírito Santo, reconheça a
voz da Igreja, exortando-o a aumentar e amadurecer a fé.
Termine a leitura também com uma oração ao Espírito
Santo, como, por exemplo: "Fala, Senhor: teu servo
está te ouvindo. Aqui estou, Senhor” ou “Senhor:
aqui estamos, Tu e eu, juntos agora. Fala-me, pois eu te
escuto"! Faça, então, um breve silêncio.
Inicie o estudo lendo com calma e atenção o comentário
sobre o texto lido. Leia também todas as notas de rodapé
existentes na sua Bíblia: elas são importantes
principalmente para os pontos mais obscuros.
Prossiga o estudo tomando nota das passagens que mais o
tocam. Neste ponto, sugiro que se utilize o método do
Pe. Jonas Abib, dividindo as citações em cinco pontos:
- promessas: é tudo aquilo que Deus promete àqueles que
cumprem (ouvem e praticam) a Sua Palavra. São promessas
em que podemos seguramente confiar. Ex.: "onde dois
ou três estão reunidos em meu nome, aí estou no meio
deles" (Mt. 18, 20); v. tb.: Jo. 1, 12; Lc. 11, 13;
Ef. 6, 8.
- ordens: são os mandamentos que devemos obedecer
durante a nossa vida, onde demonstramos a nossa
fidelidade a Deus. Ex.: "amai-vos uns aos outros como
eu vos tenho amado" (Jo. 13, 34); v. tb.: Mt. 5, 37;
Mc. 16, 15; Lc. 6, 27-28.
- princípios Eternos: são as leis que regem o Reino de
Deus e não devem ser confundidos com as ordens. São os
segredos do funcionamento do Reino. Ex.: "para os
puros, todas as coisas são puras. Para os corruptos e
descrentes, nada é puro; até sua mente e consciência são
corrompidas" (Tt. 1, 15); v. tb.: Lc. 6, 36; 18, 14;
1ª Tm. 6, 7.
- mensagem de Deus para Hoje: certamente Deus tem uma
mensagem para você. Faça de maneira pessoal, com suas
próprias palavras.
- como Aplicar a Leitura na Vida: é a parte mais pessoal
e mais concreta. Anote e coloque em prática tudo o que
descobrir. É a maneira decisiva para mudar o
comportamento (ser e agir) e o relacionamento com Deus.
Para terminar o estudo, releia o comentário bíblico e as
suas anotações. Observe, então, a incrível unidade que
existe entre eles. Se você quiser - e é altamente
recomendado - tente relembrar a leitura do dia anterior;
se possível, memorize o versículo principal, o núcleo da
mensagem.
Termine o seu "dever de casa" com uma oração
espontânea agradecendo a Deus pelas descobertas do dia e
certo de ter aumentado a sua intimidade com Ele.
Lembre-se sempre: não caia no erro de querer ler somente
a Bíblia sem a ajuda da Igreja, achando que pode
interpretá-la de forma particular. Essa tese é
protestante e anti-bíblica. Foi por causa disso que o
sectarismo se instalou no mundo cristão, existindo hoje
mais de 20.000 denominações - todas elas com mensagens
"muito particulares" e distintas umas das outras.
Autor: Carlos Martins Nabeto - Fonte: Agnus Dei |
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42. A Bíblia não erra |
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1. Mentalidade Hebraica e Linguagem Bíblica
Vamos, pois, estudar inicialmente um pouco da
mentalidade dos judeus e do seu jeito de se exprimir.
No salmo 62, versículo 6, lemos: "minha alma será
saciada de gordura e de tutano, de meus lábios alegres
ressoará o teu louvor". Nós poderíamos dizer: O que
é isso? A alma não come! É verdade. Mas, para o judeu,
um bom almoço era aquele com muita carne gorda. Um bom
almoço alegra. Por isso o salmista, em vez de dizer:
"minha alma estará feliz junto de Deus", diz:
"junto de Deus minha alma será alimentada com carnes
gordas e tutano". Pode não parecer piedoso. Mas
assim é que rezavam.
No salmo 118, 109, encontramos: "minha vida está
sempre em minhas mãos". Ter alguma coisa nas mãos, é
estar pronto a entregar, a perder. "Ter a vida nas
mãos" queria dizer: estou pronto a perder a minha
vida, estou quase morrendo, estou em grande perigo.
Com a mão pegamos as coisas, tomamos posse. Em vez de
dizer que alguém era rico, os judeus diziam: "ele tem
a mão grande". Quem era pobre ou avarento "tinha
as mãos pequenas".
Esses exemplos bastam para mostrar como os judeus usavam
uma linguagem muito concreta, quase sem termos
abstratos. Aliás, hoje ainda usamos linguagem
semelhante. Se alguém nos diz que "está na fossa",
"foi para o brejo", "foi para o buraco",
entendemos logo o que quer dizer e não perguntamos qual
a fundura do buraco nem onde é o brejo.
Como os orientais em geral, os judeus gostavam de falar
de um modo teatral. Assim, sem muitas explicações, a
ideia se tornava clara, quase palpável. Usavam
expressões que, analisadas friamente, são exageros. Um
rei, para dizer que seu exército era numeroso, dizia que
a poeira da Samaria não seria bastante para encher as
mãos de seus soldados (1º Livro dos Reis 20, 10). Em vez
de dizer: "houve fome em muitos países", diziam:
"houve fome na terra inteira". Há uma passagem do
Evangelho (Lc. 14, 26) em que Jesus diz: "quem não
odiar pai, mãe... não pode ser meu discípulo".
Odiar, no caso, significa amar menos do que ao Cristo.
A língua hebraica não tinha os mesmos recursos das
línguas modernas. Nós temos palavras que indicam
claramente a comparação entre os termos. Nós dizemos
claramente: "é maior o número dos chamados e menor o
número dos escolhidos". "Deus quer mais a
misericórdia do que o sacrifício". Os judeus diziam:
"muitos são os chamados e poucos os escolhidos"
(Mt. 22, 14). "Quero a misericórdia e não o
sacrifício" (Mt. 9, 13).
Usavam comparações e imagens que não podem ser tomadas
ao pé da letra. As ideias abstratas estavam ligadas a
coisas materiais. Por exemplo:
- fraqueza: carne, cinza, poeira, flor que murcha, cera
derretida.
- força: montanha, rochedo, bronze, tempestade,
exército.
- glória: luz, brilho, relâmpago.
- fartura: leite, mel, água, azeite.
Esse modo concreto de pensar e de falar é que levava os
judeus a falarem das coisas e de Deus usando expressões
que realmente só de aplicam aos homens. Por exemplo:
- as cisternas, os montes, as árvores devem bater palmas
e gritar de alegria;
- o sangue inocente pede vingança divina;
- Deus tem rosto, nariz, ouvidos, boca, lábios, olhos,
voz, braços, mãos e pés. Está revestido de um manto,
senta-se num trono de rei. Tem desgosto, ódio,
sentimentos de agrado, alegria, arrependimento. Tem até
um nome próprio.
Na linguagem da Bíblia os números não têm a mesma
importância nem o mesmo significado que têm para nós.
Quando damos um número, procuramos ser matematicamente
exatos; interessa-nos a quantidade real. Para os judeus
os números tinham todo um significado simbólico,
indicava o sentido dos acontecimentos ou as qualidades
das pessoas. A idade dos patriarcas, cem ou mais anos,
não era contada em razão dos anos realmente vividos, mas
em razão da veneração que mereciam, do quanto eram
queridos por Deus. No capítulo quinto do Gênesis
encontramos uma série de dez gerações desde Adão até o
patriarca Noé. Dez era apenas o número que indicava uma
série completa e final. Falando de dez patriarcas, o
hagiógrafo queria abarcar todos os acontecimentos, todas
as gerações entre Adão e Noé, fossem lá quais e quantos
fossem. Não estava, de modo algum, querendo ensinar que
de fato tinha havido apenas uma série de dez gerações.
De modo semelhante Jesus fala das "dez virgens";
S. Paulo menciona os "dez adversários" que nos
tentam separar do Cristo (Rm. 8, 38s), e os "dez
vícios" que nos podem excluir do Reino de Deus (1ª
Cor. 6, 9s). Os meses do ano são doze. Por isso esse
número também significava a perfeição, a totalidade.
Quando damos um número, estamos de fato excluindo
qualquer quantidade maior ou menor, a não ser que
digamos claramente o contrário. Os judeus indicavam o
número que interessava no momento. Podemos dar alguns
exemplos: Mc. 11, 2; Lc. 19, 30; Jo. 12, 14, dizem que
Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumento. Mt. 21,
2 fala, porém, de uma jumenta e de um jumentinho. Mc.
10, 46 diz que, ao sair de Jericó, Jesus curou um cego;
Mt. 20, 30, diz que dois foram os cegos curados. Além do
mais, precisamos ainda lembrar que muitas vezes houve
engano dos copistas na transcrição dos números. Engano
fácil de entender já que os números eram representados
com letras do alfabeto, bastante parecidas entre si.
Bastam esses exemplos para percebermos o cuidado
necessário para termos uma correta compreensão dos
textos bíblicos.
2. Gêneros Literários
Há ainda um outro fator que devemos levar em conta:
o gênero literário, isto é, o tipo de composição que
temos diante de nós. Isso vai determinar o sentido e o
alcance que lhe podemos dar.
Se você ouve alguém contar uma história para crianças,
uma dessas histórias em que os animais falam, aparecem
fadas e bruxas, você não vai entender essa história do
mesmo modo como entende as palavras de alguém que lhe
está contando um fato real. Há muita diferença entre uma
poesia, ou a letra de uma canção, e um trecho de um
livro de ciências. Uma carta é bem diferente de uma
reportagem ou uma notícia no jornal. Um discurso
político não é a mesma coisa que um sermão. Aí estão
exemplos de alguns "gêneros literários".
A poesia, a anedota, a narrativa histórica, cada gênero
literário afinal têm suas regras próprias de composição.
Tem a sua linguagem própria, suas palavras apropriadas,
seu estilo. Escrevemos ou falamos de um jeito quando
queremos ensinar; de outro, quando queremos divertir, ou
agradar, ou informar, ou amedrontar, e assim por diante.
E mais. Cada "gênero literário" olha para a
realidade de um lado diferente. Alguns, querem
apresentar um fato real, enquanto outros falam de fatos
imaginários. Alguns podem aprofundar o assunto até aos
mínimos detalhes, outros ficam só em generalidades. E
podemos ainda notar que essas formas de expressão variam
conforme o povo, o tempo e o lugar.
Também na Bíblia podemos encontrar muitos gêneros
literários bem característicos. Há narrativas,
históricas ou não, há poesia, parábola, alegoria,
profecia. apocalipse. E temos que levar isso em conta
ou, então, vamos interpretar mal o que foi escrito. O
que lemos no Apocalipse ou nos Profetas não pode ser
compreendido do mesmo modo como se estivéssemos lendo os
Evangelhos. Vamos entender mal as Epístolas de S. Paulo
se esquecermos que são cartas, escritas em
circunstâncias bem concretas. Precisamos conhecer e
levar em conta as regras próprias de cada gênero
literário para não lermos o que não foi pensado nem
escrito pelos autores da Bíblia.
3. A Bíblia e a História
Lendo a Bíblia encontramos narrativas que nos levam
a perguntar: - Isso aconteceu mesmo? Tanto mais que,
muitas vezes, os dados fornecidos parecem não coincidir
com o que atualmente conhecemos da História do antigo
oriente.
No livro de Daniel, por exemplo, está escrito que o rei
Baltasar da Babilônia era filho de Nabucodonosor. Ora,
pelos documentos babilônicos, conservados em tabuinhas
de argila, sabemos que Baltasar era de fato filho de
Nabonide, quarto sucessor de Nabucodonosor. E o livro de
Jonas, será que quer apresentar um fato histórico, ou
seria apenas uma narrativa com finalidade edificante? A
mesma pergunta podemos levantar quanto aos livros de Jó,
de Judite, de Tobias e outros.
Não vem ao caso um exame detalhado de todos os problemas
que se apresentam. Vamos ver apenas alguns princípios
que nos aludem a compreender o modelo literário de
História usado em algumas partes da Escritura.
Em primeiro lugar é preciso saber que a Bíblia se
interessa pela História na medida em que os
acontecimentos têm uma importância religiosa. O que
interessa ao hagiógrafo é apresentar o que Deus fez pela
salvação dos homens e qual a resposta que os indivíduos,
o povo e a humanidade deram à proposta divina. São
mencionados, por isso, apenas os fatos realmente
significativos sob esse aspecto. E mesmo esses fatos são
narrados de forma a dar relevo ao seu significado
religioso. Dados de menor importância são omitidos ou
apresentados de um modo aproximativo, sem que se procure
a exatidão que estamos acostumados a encontrar na
História cientificamente escrita.
Não podemos, porém, esquecer que a Bíblia se apresenta
como o relato do que Deus realmente fez para a nossa
salvação. Não quer apresentar lendas e mitos. Afirma
fatos: e a fé cristã é possível somente se aceitamos a
realidade desses fatos fundamentais.
Por outro lado, é bom lembrar que as descobertas
arqueológicas dos últimos tempos vêm confirmando dados
até agora conhecidos apenas através das informações
bíblicas. O que nos dá, mesmo do ponto de vista da
ciência histórica, uma garantia bastante grande pelo
menos quando a exatidão dos fatos centrais.
Finalmente, há na Bíblia muitas narrativas que não
precisam nem podem ser tomadas como apresentação de
fatos realmente acontecidos. São "histórias"
contadas com a finalidade de ensinar, exortar, animar.
Concluindo: a Bíblia não erra nem pode errar quando o
hagiógrafo quer de fato apresentar o que realmente
aconteceu. Nem tão pouco pode errar ao nos dar o
sentido, a significação religiosa dos fatos.
4. A Bíblia e a Ciência
A nossa visão atual do mundo, dos seres vivos e da
humanidade é muito diferente da que encontramos na
Bíblia. Essa nossa visão é formada por conhecimentos
certos, adquiridos através das descobertas científicas,
ou se baseia em hipóteses, tentativas de explicação
coerente para os fenómenos que ainda não chegamos a
compreender perfeitamente. Na Bíblia, encontramos uma
concepção do mundo bastante poética e ao mesmo tempo
simplista. A terra era considerada como uma grande
planície, cercada de altas montanhas (onde moravam o sol
e a lua). Sobre essas montanhas, como se fossem imensos
pilares, estaria apoiado o céu, imaginado como imensa
cúpula de cristal onde estariam incrustadas as estrelas.
A terra estaria flutuando sobre o mar imenso, sob o qual
estava a habitação dos mortos. Acima dos céus, havia o
grande mar superior, e mais alto ainda o céu, habitação
de Deus. A origem do mundo e da humanidade era imaginada
como acontecimento bem recente. A uma palavra de Deus a
criação teria surgido como um todo perfeito e
definitivo. Os fenômenos naturais (ventos, raios,
chuvas) eram atribuídos a uma intervenção direta de
Deus. As doenças, eram causadas por forças misteriosas.
Baste isso para nos fazer compreender a dificuldade de
alguns em conciliar as afirmações da Bíblia com os dados
científicos agora conhecidos.
Houve tempo em que se tomaram atitudes extremas. Alguns,
partindo dos conhecimentos atuais, viam a Bíblia cheia
de erros e tentavam explicar tudo, até os milagres, de
um modo natural. Outros tentavam colocar a Bíblia como
critério para o nosso conhecimento científico da
natureza; ou, então, queriam a todo o custo fazer uma
acomodação entre suas afirmações e as da ciência.
Tentativas que não serviam nem à verdade da Bíblia nem à
verdade da ciência.
Para evitar mal-entendidos podemos seguir estes
princípios:
- a Escritura não quer ensinar "ciência". Quer
apresentar-nos Deus, suas obras e seus planos para a
nossa salvação. Como dizia um escritor antigo: "a
Escritura ensina-nos como ir ao céu e não como vai indo
o céu". É claro, porém, que falando sobre Deus e suas
obras, a Bíblia faz afirmações que têm consequências
para a ciência. Por exemplo, quando afirma que tudo
quanto existe não surgiu por si mesmo, mas foi criado
por livre decisão de Deus.
- a Bíblia, quando fala dos fenômenos e realidades da
natureza, fala ao modo do povo, fala segundo as
aparências: o sol que nasce e se põe etc. E muitas vezes
os hagiógrafos usam uma linguagem poética que
personifica as forças da natureza.
5. A Bíblia e a Moral
Quem lê o Antigo Testamento poderia ficar chocado
com certos costumes, mais ou menos tolerados, ou com
certos episódios mais ou menos escabrosos. Como é
possível isso num livro escrito sob a inspiração divina?
A Bíblia fala sobre o homem. Fala, pois, do que há de
bom e mau, mesmo em homens que deviam desempenhar um
importante papel nos planos de Deus. Não simplesmente
para falar do mal, nem muito menos para o ensinar. Quer
mostrar até que ponto pode chegar a fraqueza humana,
quer ensinar-nos a evitar todo pecado. Justamente essa
presença do mal nos mostra como Deus foi pacientemente
educando a humanidade para que pudesse afinal aceitar e
viver o Evangelho de Cristo. Não impunha exigências
maiores do que as assimiláveis por homens ainda presos a
uma situação precária. Não estava interessado apenas em
fazer cumprir um código moral; queria levar as pessoas a
um crescimento interior. Sabia esperar o momento de
mandar o seu Cristo que, diante das tolerâncias da lei
antiga, iria anunciar: "...eu, porém, vos digo..."!
Neste ponto podemos concluir:
- a Bíblia não erra nem pode errar em nenhuma das
afirmações que Deus e o hagiágrafo quiseram de fato
fazer e no sentido em que a fizeram.
Autor: Flávio Cavalca de Castro
Fonte: Livro "Para Ler a Bíblia", ed. Santuário,
pp. 59-67 |
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43. A Bíblia mal utilizada |
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Consequências de um princípio funesto: a Sola Scriptura
"Então o Diabo lhe disse: 'Se és o filho de Deus,
atira-te para baixo, porque está escrito..." (Mateus
4, 5). A Sagrada Escritura é uma lâmpada que ilumina o
nosso caminho para a Casa do Pai (Salmo 119, 105),
porém, quando mal utilizada, pode nos levar a danos
físicos e morais e até mesmo à perdição eterna. O
próprio Diabo se valeu desta técnica para inutilmente
tentar derrubar Jesus.
O profeta Amós anunciou (8, 11): "chegará o dia em
que Deus mandará fome sobre a terra; não fome de pão,
nem sede de água, mas de ouvir a Palavra de YHWH".
Como esta fome de ouvir a Palavra de Deus é inerente à
natureza humana, que deseja conhecer o seu Criador,
devemos, nesta busca, estar atentos às infinidades de
doutrinas errôneas inventadas pelo homem, que tenta
baseá-las na Bíblia mal interpretada. Já o apóstolo
Pedro advertia em 2Pedro 3,16, que haveria quem viesse a
torcer o seu ensino para sua própria perdição.
Alguém disse: "da Bíblia mal interpretada pode se
extrair até petróleo"...
Joseph Smith, fundador dos mórmons, baseando-se na ordem
divina de Gênese 1, 22 e 35, 11 ("crescei e
multiplicai-vos"), aprovou a poligamia.
Joseph F. Rutherford, 2º líder mundial dos Testemunhas
de Jeová, apoiou a já conhecida recusa às transfusões de
sangue, que tantas mortes causou entre eles, a partir do
texto de Atos 15, 20, quando a Igreja proclamou uma
ordem transitória e circunstancial de vir a abster-se do
sangue.
Os líderes dos Adventistas do 7º Dia, utilizando
Êxodo-20, 8 ("recorda-te do dia de sábado para
santificá-lo"), obrigam os seus adeptos a observá-lo
como faziam os judeus do Antigo Testamento e rejeitam o
domingo, o "Dia do Senhor", próprio dos cristãos.
Os cristãos fundamentalistas (Igreja da Fé em Cristo
Jesus e outras da mesma linha doutrinária), lendo Atos
8, 16 ("unicamente tendo sido batizados em nome do
Senhor Jesus"), dizem que os cristãos devem ser
batizados apenas em nome de Jesus e não no nome das Três
Pessoas da Santíssima Trindade, muito embora esta seja a
ordem expressa de Cristo em Mateus 28, 19
A grande maioria das Igrejas Cristãs Evangélicas,
citando Romanos 3, 28 ("concluímos que o homem é
justificado pela fé, sem as obras da Lei"), proclama que
a justificação (salvação) é obtida somente pela fé sem
obras, em oposição ao que diz Tiago 2, 26.
Entre os pentecostais, têm surgido casos de pessoas
virem à falecer - principalmente crianças - em razão de
seus pais não recorrerem ao médico para tratar das suas
doenças, já que creem que, segundo Lucas 8, 48, tudo
pode ser curado apenas pela fé e as orações. No entanto,
os judeus - o povo da Bíblia - recorriam aos médicos
(Eclesiástico 39); e entre os apóstolos, havia um médico
eminente: São Lucas (Colossenses 4, 14).
Em San Luis Potosi, numa comunidade de pessoas que
seguia esta linha doutrinária, algumas morreram ao
inalar gás butano. O pastor lhes dizia que se tratava da
ação do Espírito Santo (Heraldo de Chih, 1° de janeiro
de 1992).
Os seguidores da urinoterapia (=beber da própria urina),
justificam esta prática no texto de Provérbios 5, 15
("toma a água da tua própria fonte")!
As práticas mais absurdas podem ter apoio na Bíblia mal
interpretada; citar todas seria interminável. Para
evitarmos ser vítimas destes e de outros danos tão
terríveis, leiamos a Sagrada Escritura sempre seguindo a
interpretação do Magistério da Igreja Católica, a quem
Jesus conferiu esse ministério (Lucas 10,16) e não o que
é proclamado à margem deste.
Autor: José L. Fierro Cordova (México)
Fonte: http://www.apologetica.org Tradução: Carlos
Martins Nabeto |
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44. A Bíblia é infalível? |
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O conceito de inspiração implica na inerrância bíblica,
em sua infalibilidade. No entanto, devemos compreender a
extensão dessa infalibilidade...
Todas as coisas possuem limites: não é diferente para a
Bíblia!
Não poucas vezes, nos defrontamos com pessoas que querem
"provar" a todo custo que a Bíblia está cheia de
erros científicos, não possui harmonia entre seus vários
livros, cai diversas vezes em contradição e tem diversas
passagens lendárias. E chegam a exemplificar:
- ao abandonar seus pais, com quem Caim se casou, já que
não havia mulheres filhas de Adão e Eva? (Gn. 4, 17);
- quantos soldados havia em Israel e em Judá? 800 mil e
500 mil, respectivamente, segundo 2º Sm. 24 ou 1100 e
470 mil, respectivamente, segundo 1ª Cr. 21?
- Mateus atribui ao profeta Jeremias uma profecia de
Zacarias (Mt. 27, 9);
- Judas se suicidou por enforcamento (Mt. 27, 5) ou por
pular em um precipício (At. 1, 18)? e os exemplos se
multiplicam...
Tais argumentos fazem aparecer pessoas "iluminadas"
que, crendo na total infalibilidade da Bíblia, encontram
respostas inúteis, tais como defender que Judas se
enforcou numa árvore próxima de um abismo, tendo caído
neste assim que a corda se rompeu! Da mesma forma,
Galileu Galilei quase foi queimado pela Inquisição por
defender que a terra girava em torno do sol e não o
contrário, como todos até então acreditavam; isso porque
parecia contradizer a passagem de Js. 10, 12-13, que
afirma que o sol parou por ordem de Josué.
Vemos, assim, que tais discussões são inúteis e
extremadas! Tudo por causa do conceito de inerrância ou
infalibilidade da Bíblia que não é visto de acordo com a
verdade. E qual é a verdade? É que a Bíblia é um livro
de fé e não um livro de ciências! É infalível para
doutrinas da religião, mas não o é para a ciência.
Deus, quando inspirou os homens que escreveram a Bíblia,
esmerou-se por se fazer entender pela humanidade e, para
isso, comunicou as verdades da fé usando a linguagem
simples da época, que ainda era muito pobre em
conhecimentos científicos. Mas não poderia ser
diferente! Se Jesus falasse de computadores, aviões e
televisão em suas parábolas seria entendido por aquele
povo? Haveria o Cristianismo hoje se seus apóstolos
pregassem algo que não conhecessem?
Para nós que cremos em Deus, não interessa saber se a
ordem da Criação está certa ou errada, se a princípio
foi criado somente um casal de cada espécie ou não...
para nós, o que nos interessa mesmo é saber - e ter a
certeza - de que Deus criou tudo no universo: os astros,
as estrelas, a terra, os animais e o gênero humano;
interessa-nos saber que Deus nos ama, apesar de termos
pecado contra Ele (pouco importando se foi porque
comemos o fruto de uma árvore, mas porque de alguma
forma o desobedecemos). Devemos saber que, por Seu Amor,
Deus nos mandou seu Filho único, verdadeiro Deus feito
homem, que nos libertou de uma vez por todas do pecado e
nos alcançou a salvação... e por aí vai.
Concluímos afirmando que a Bíblia é, portanto, infalível
nos assuntos de fé, como sempre foi e sempre será, não
devendo invadir o campo da ciência, da mesma forma como
está também não deve se intrometer nos assuntos de fé,
para os quais permanece incompetente.
Autor: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Agnus Dei |
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45.
A Bíblia ou a Tradição? |
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Um argumento pouco bíblico
Os reformadores protestantes diziam que a Bíblia era a
única fonte das verdades da fé e que, para entender sua
mensagem, dever-se-ia tão somente ler as palavras do
texto. É o que se chama de "teoria protestante da
sola scriptura" ou, em português, "somente a
Bíblia". Segundo esta teoria, nenhuma autoridade
fora da Bíblia pode impor uma interpretação e nenhuma
instituição extra bíblica - por exemplo, a Igreja - foi
estabelecida por Jesus Cristo para fazer as vezes de
árbitra em caso de conflitos de interpretação.
Como bons herdeiros dos reformadores, as seitas
fundamentalistas trabalham sobre a base desta teoria e
não perdem oportunidade para demonstrar seu princípio
que, por outro lado, pareceria ser sua arma mais
poderosa, algo que eles aceitam como o fundamento
indiscutível dos seus pontos de vista.
Contudo, não existe coisa mais difícil no diálogo com os
fundamentalistas que fazê-los provar o porquê creem no
princípio do "somente a Bíblia", separada de
qualquer outra fonte de autoridade, e que está (a
Bíblia) seja suficiente nas questões de fé. A questão se
resume em saber qual o motivo que faz um fundamentalista
crer que a Bíblia seja um livro inspirado, já que é
óbvio que ela pode tornar-se regra de fé apenas no caso
de se comprovar sua inspiração e, também, sua
inerrância.
Claro que essa questão não preocupa por demais a maioria
dos cristãos e, certamente, são poucos os que tenham se
atentado para isto alguma vez. Em geral, se crê na
Bíblia porque é o livro aceito por todos os cristãos,
cuja autoridade não se discute, eis que ainda vivemos em
tempos em que os princípios cristãos têm influência na
cultura e no modo de vida da maioria das pessoas.
Um cristão humilde, que não daria a mínima credibilidade
para o Alcorão, pensaria duas vezes antes de falar mal
da Bíblia, já que está goza de certo prestígio, mesmo
quando não pudesse explicá-la ou entendê-la bem. Poderia
dizer-se que essa pessoa aceita a Bíblia como inspirada
- qualquer que seja seu entendimento quanto à inspiração
- por razões de tipo cultural, razões que, sem dúvida,
são de escasso ou nenhum valor, já que pelas mesmas
razões o Alcorão é tido por inspirado em países de
cultura muçulmana.
"Para Mim, é Motivo Suficiente"
Diga-se o mesmo perante quem sustenta que a família
pela qual veio ao mundo sempre considerou a Bíblia como
livro inspirado e "para mim, isso basta". Seria um bom
motivo somente para aquele que não pode fazer um
trabalho de reflexão sério (e não devemos nunca
desprezar uma fé simples, sustentada sobre fundamentos
bem mais débeis). Porém, seja como for, o mero costume
familiar ou local não pode estabelecer-se como base para
a crença na inspiração divina da Sagrada Escritura.
Alguns sectários dizem que a Bíblia é um livro inspirado
porque "é um livro que inspira". Porém, a palavra
"inspiração" é precisamente o que se quer provar
e observemos que há muitos escritos religiosos antigos
que certamente são muito mais "inspirativos" ou
"emotivos" do que muitos textos e até livros
inteiros do Antigo Testamento. Não é falta de respeito
afirmar que certas passagens dos escritos sagrados são
tão secos quanto as estatísticas militares... e algumas
partes da Bíblia (Antigo Testamento) são compostas
realmente por isso: estatísticas militares!
Por isso, concluímos que não é suficiente crer na
Sagrada Escritura por motivos culturais ou de costume,
nem tampouco por seus textos emotivos ou sua beleza
espiritual: há outros livros, alguns totalmente
mundanos, que ultrapassam em beleza poética muitas
passagens da Escritura.
Que Diz a Bíblia de Si Mesma?
E que dizer do que a própria Bíblia ensina sobre sua
inspiração? Notemos que são muito poucas as passagens
onde a própria Bíblia ensina sua inspiração - mesmo que
de modo indireto - e a maioria dos livros do Antigo e do
Novo Testamento não dizem absolutamente nada sobre sua
particular inspiração. De fato, nenhum autor dos livros
do Novo Testamento diz estar escrevendo sob o impulso do
Espírito Santo, exceto São João, ao escrever o
Apocalipse.
Ademais, ainda que cada livro da Bíblia começasse com a
frase: "Este livro é inspirado por Deus", semelhante
frase não provaria nada: o Alcorão diz ser inspirado,
assim como o Livro do Mórmon e vários livros de algumas
religiões orientais. Mais: os livros de Mary Baker Eddy
(a fundadora da Ciência Cristã) e de Ellen G. White
(fundadora do Adventismo do Sétimo Dia) se auto
proclamam inspirados. Pode-se concluir - com grande
senso comum - que o fato de um escrito atribuir a si
qualidades de inspiração divina não quer dizer que assim
o seja na realidade.
Ao dizer estes argumentos, muitos fundamentalistas
recuam e nos afirmam que "o Espírito Santo me diz
claramente que a Bíblia é inspirada", uma noção
bastante subjetiva - para se dizer o mínimo - muito
semelhante com aquela outra, tão comum entre os
sectários, de que "o Espírito Santo o guia para
interpretar as Escrituras". É, assim, que o autor
anônimo do artigo "Como posso compreender a Bíblia?", um
folheto distribuído pela organização evangélica "Radio
Bible Class", apresenta doze regras para o estudo da
Bíbali. A primeira é: "Busca a ajuda do Espírito
Santo. O Espírito Santo foi dado para iluminar as
Escrituras e fazê-las reviver para ti quando a estudas;
deixa Ele te guiar".
Se com esta regra se entende que qualquer pessoa que
pedir a Deus para o guiar na interpretação da Bíblia
receberá essa condução do alto - e neste sentido
entendem a maioria dos fundamentalistas - então o imenso
número de interpretações contrárias e contraditórias,
mesmo entre os próprios fundamentalistas, nos
apresentaria a preocupante sensação de que o Espírito
Santo não tem trabalhado direito...
Não Com Silogismos
Grande parte dos fundamentalistas não dizem
diretamente que o Espírito Santo lhes falou,
assegurando-lhes que a Bíblia é um livro inspirado. Ao
menos, não falam desse modo. Melhor, agem assim: ao ler
a Bíblia, o Espírito "os convencem" que essa é a
Palavra de Deus, recebem certa sensação interior de que
é uma palavra divina e ponto.
De qualquer modo que se veja, a postura fundamentalista
não resiste a um raciocínio sério. Conta-se nos dedos de
uma mão os fundamentalistas que num primeiro momento se
aproximaram da Bíblia como um livro "neutro" e, após sua
leitura, a reconheceram como inspirado, segundo um
raciocínio lógico. De fato, os fundamentalistas começam
pressupondo o fato da inspiração - tal como recebem
outras doutrinas das suas seitas - sem raciocinar sobre
elas e, então, encontram partes da Sagrada Escritura que
parecem fundamentar a inspiração, caindo assim num
círculo vicioso, confirmando com a Bíblia o que eles já
acreditavam de antemão.
A pessoa que quer refletir seriamente sobre o tema se
defraudará com a posição fundamentalista da inspiração
bíblica, percebendo que esta não possui uma base sólida
para manter tal teoria. A posição católica é a única
que, no final, pode dar uma resposta intelectualmente
satisfatória.
A maneira católica de raciocinar, para demonstrar que a
Bíblia é inspirada, é a seguinte: em um primeiro passo,
consideramos a Bíblia como qualquer outro livro
histórico, sem presumir que seja inspirado. Estudando o
texto bíblico com os instrumentos da ciência moderna,
chegamos à conclusão de que se trata de uma obra
confiável, de grande precisão histórica, sendo que
referida precisão ultrapassa em muito a de qualquer
outro texto histórico.
Um Texto Preciso
Frederic Kenyon, em "A História da Bíblia",
faz notar o seguinte: "para todas as obras da
antiguidade clássica, nos vemos obrigados a nos socorrer
de manuscritos redigidos muito depois do original. O
autor que leva vantagem neste sentido é Virgílio, visto
que o manuscrito mais antigo que dele possuímos foi
escrito 350 anos depois da sua morte. Para todas as
demais obras clássicas, o intervalo que existe entre a
data do escrito original e a do manuscrito mais antigo
que dele se conserva é muito maior: para Lívio, é de uns
500 anos; para Horácio, 900; para a maioria das obras de
Platão, 1300; para Eurípedes, 1600". Mesmo assim,
ninguém pode seriamente duvidar de que realmente
possuímos cópias fiéis das obras desses autores.
Não somente possuímos manuscritos bíblicos mais próximos
aos originais que os da antiguidade clássica, como
também possuímos um número muito maior que aqueles.
Alguns destes manuscritos são livros inteiros; outros
são fragmentos; outros, tão somente algumas palavras;
mas todos eles juntos somam milhares de manuscritos em
hebraico, grego, latim, copta, siríaco e outras línguas.
Tudo isso significa que possuímos um texto rigorosamente
fiel, que pode ser usado com toda confiança.
Tomado Historicamente
Em um segundo momento, dirigimos nossa atenção para
o que a Bíblia - considerada somente como um livro
histórico - nos ensina, particularmente no Novo
Testamento e nos Evangelhos. Examinemos o relato da vida
de Jesus, sua morte e sua ressurreição.
Usando o que nos transmitem os Evangelhos, o que lemos
em outros escritos extra bíblicos dos primeiros séculos
e o que nos ensina nossa própria natureza - e o que de
Deus podemos conhecer pela luz da razão - concluímos que
Jesus ou era o que dizia ser (Deus) ou era louco.
(Sabemos que não pode ter sido apenas um bom homem e ao
mesmo tempo não ser Deus, já que nenhum bom homem
poderia atribuir para si a divindade se realmente não
fosse Deus).
Também podemos negar que era um louco, não apenas pelo
que disse e ensinou - nenhum louco jamais falou como
ele, da mesma forma que nenhum homem sábio tampouco já
tenha falado assim... - mas ainda pelo que seus
discípulos fizeram após a sua morte. Uma fraude (o
túmulo supostamente vazio) poderia ter ocorrido, mas
ninguém daria a vida por uma fraude, ao menos por uma
fraude sem perspectiva de proveito. Logo, devemos
afirmar que Jesus verdadeiramente ressuscitou e,
portanto, era Deus como dizia ser e cumpriu o que
prometeu fazer.
Outra coisa que Ele disse que faria seria fundar a sua
Igreja; e tanto a Bíblia (ainda que tomada como simples
livro histórico e não como livro inspirado por Deus)
como outras fontes históricas antigas nos fazem saber
que Cristo estabeleceu uma Igreja com as características
que vemos hoje na Igreja Católica: papado, hierarquia,
sacerdócio, sacramentos, autoridade para ensinar e, como
consequência desta última, infalibilidade. A Igreja de
Cristo deveria gozar da infalibilidade de ensinamento se
fosse cumprir aquilo para o qual Cristo a fundou.
Tomando material meramente histórico, concluímos que
existe uma Igreja - a Igreja Católica - protegida pelo
Espírito Santo para que possa ensinar, sem erro, até o
fim dos tempos. Vejamos agora a última parte do
argumento.
Essa Igreja nos diz que a Bíblia é inspirada e podemos
confiar em seu ensino porque se trata de um ensinamento
autorizado, infalível. Só após sermos ensinados por uma
autoridade propriamente constituída por Deus para nos
transmitir as verdades necessárias para a nossa fé - tal
como a inspiração da Bíblia - só então é que podemos
usar as Escrituras como um livro inspirado.
Um Argumento em Espiral
Há que se notar que o nosso argumento não cai em um
círculo vicioso: não estamos baseando a inspiração da
Bíblia na infalibilidade da Igreja e a infalibilidade da
Igreja na palavra inspirada da Bíblia; isso seria
precisamente um círculo vicioso. O que temos feito se
chama "argumento em espiral": por um lado, argumentamos
sobre a confiabilidade da Bíblia como texto meramente
histórico; dali sabemos que Jesus fundou uma Igreja
infalível e só então tomamos a palavra dessa Igreja
infalível que nos ensina que a Palavra transmitida pela
Bíblia é uma Palavra inspirada, Palavra de Deus. Não se
trata de um círculo vicioso, já que a conclusão final (a
Bíblia é a Palavra de Deus) não é o enunciado do qual
partimos (a Bíblia é um livro historicamente confiável),
e este enunciado inicial não está baseado, em absoluto,
na conclusão final. O que demonstramos é que, se
excluirmos a Igreja, não teremos suficientes motivos
para afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus.
É certo que o que acabamos de discutir não é
precisamente o raciocínio que a gente habitualmente faz
ao se aproximar da Bíblia, mas é a única maneira
razoável de fazê-lo na hora em que se nos perguntam por
que cremos na Bíblia. Qualquer outro raciocínio é
insuficiente; talvez haja argumentos mais próximos da
gente sob o ponto de vista psicológico, porém, são
estritamente argumentos não convincentes. Na matemática
aceitamos "por fé" (não no sentido teológico do termo, é
claro) que dois mais dois é igual a quatro. É uma
verdade que nos parece evidente e satisfatória sem
maiores argumentos, mas para quem quiser fazer um curso
de matemática, deverá estudar um semestre inteiro
visando provar essa verdade tão "óbvia".
Razões Inadequadas
A questão aqui é a seguinte: os fundamentalistas têm
muita razão em crer que a Bíblia é um livro inspirado
por Deus, no entanto, suas razões para crer são
inadequadas, insuficientes, já que a aceitação da
inspiração divina das Escrituras pode se basear
satisfatoriamente apenas numa autoridade estabelecida
por Deus que nos assegure isso; e essa autoridade é a
Igreja.
E precisamente aqui encontramos um problema mais sério:
pode parecer a alguém que mesmo que eu creia na Bíblia
como Palavra de Deus, pouco importa o motivo dessa minha
crença; o importante seria aceitar a Bíblia como a
Palavra de Deus. Porém, o motivo pelo qual uma pessoa
crê na Bíblia afeta substancialmente a maneira de
interpretar a Bíblia. O fiel católico crê na Bíblia
porque a Igreja assim o ensina e essa mesma Igreja tem a
autoridade de interpretar o texto inspirado. Os
fundamentalistas, por sua vez, creem na Bíblia - mesmo
baseados em argumentos pouco convincentes - porém, não
aceitam nenhuma outra autoridade para interpretar o
texto bíblico a não ser os seus próprios pontos de
vista.
O cardeal Newman expressava isso em 1884, da seguinte
maneira: "certamente que se as revelações e
ensinamentos bíblicos do texto sagrado se dirigem a nós
de uma maneira pessoal e prática, se faz obrigatória a
presença formal, no meio de nós, de um juiz e expositor
autorizado dessas revelações e ensinamentos. É
antecedentemente irracional supor que um livro tão
complexo, tão pouco sistemático, em partes tão obscuro,
fruto de várias mentes tão distintas, lugares e épocas
diferentes, fosse nos dado do alto sem uma autoridade
interpretativa do mesmo, já que não podemos esperar que
interprete a si mesmo. O fato de que seja um livro
inspirado nos assegura a verdade do seu conteúdo, não a
interpretação do mesmo. Como pode o simples leitor
distinguir o que é didático e o que é histórico, o que é
fato real e o que é uma visão, o que é alegórico e o que
é literal, o que é um recurso idiomático e o que é
gramatical, o que se enuncia formalmente e o que ocorre
de passagem, quais são as obrigações que vigoram sempre
e quais vigoram em certas circunstâncias? Os três
últimos séculos têm provado, infelizmente, que em muitos
países tem prevalecido a interpretação particular das
Escrituras. O dom da inspiração divina das Escrituras
requer como complemento obrigatório o dom da
infalibilidade da sua interpretação".
As vantagens do raciocínio católico são duas: em
primeiro lugar, a inspiração é estritamente demonstrada,
não apenas "sentida". Segundo o fato principal
que pulsa atrás deste raciocínio - a existência de uma
Igreja infalível, que nos conduz pela mão a dar uma
resposta à pergunta do eunuco etíope (Atos 8, 31): como
saber se as interpretações do texto são mesmo as
corretas? A mesma Igreja que autentica a Bíblia, que
estabelece a sua inspiração, é a autoridade estabelecida
por Jesus Cristo para interpretar a Sua Palavra.
Autor: Catholic Answers
Fonte:
http://www.apologetica.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto |
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46. A Bíblia dispensa a Tradição oral da Igreja? |
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A Tradição oral remonta ao próprio Cristo e aos
Apóstolos. Ela é anterior à Escritura e se exprime nela.
O ponto em que mais aparece a necessidade de algo
anterior à Escritura, é a que se refere ao Cânon
Bíblico: Como saber se um livro é ou não inspirado?
O próprio protestantismo, que afirma só reconhecer a
Escritura, recorre necessariamente à Tradição Oral em 2
ocasiões:
1 - sem a Tradição oral, não se pode definir o catálogo
sagrado, pois em nenhuma parte da Escritura está escrito
quais os livros que, inspirados por Deus, a devem
integrar. É preciso procurar a definição dos livros
sagrados fora da Escritura: na Tradição. Ora Lutero e o
Protestantismo recorreram a tradição dos judeus da
palestina, enquanto a Igreja Católica, seguindo o uso
dos Apóstolos, optara pela tradição dos judeus de
Alexandria.
2 - na sua maneira de interpretar a Bíblia, os
protestantes também recorrem a uma tradição. Pois embora
o texto bíblico seja o mesmo para todas as denominações
evangélicas, estas não concordam entre si, por exemplo,
no que toca ao Batismo de criança, à observância do
sábado ou do domingo, etc. As divergências não provêm do
texto bíblico, mas da interpretação dada a este texto
por cada fundador. Ou seja, dependem da tradição oral ou
escrita que cada fundador quis iniciar na sua
congregação. Assim, embora queiram rejeitar a Tradição
Oral, o cristão a professa sempre: professa a Tradição
oriunda de Cristo e dos Apóstolos, ou a tradição oriunda
de Lutero, Calvino... Cada "profeta" protestante
faz o que Lutero fez: rejeita a tradição protestante
anterior e começa uma nova tradição: sim, lê a Bíblia ao
seu modo e dela deduz proposições de fé e de moral que,
segundo a sua intuição humana falível, lhe parecem mais
acertada.
Assim, a Escritura, só, não pode ser, nem é no
protestantismo, a única fonte de fé. Por outro lado, a
Tradição Oral e o Magistério da Igreja só tem sentido se
fazem eco à Sagrada Escritura.
Autor: Dom Estêvão Bettencourt, OSB
Fonte: Apostila "Diálogo Ecumênico" (Escola Mater
Ecclesiae) |
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47. A necessidade da Tradição e do Sagrado Magistério da
Igreja |
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A Igreja Católica, desde os tempos apostólicos ensina
que além da Sagrada Escritura, também é necessário para
a formação doutrinal e moral da Igreja, a Sagrada
Tradição (compreendendo aí os ensinamentos dos apóstolos
e dos primeiros cristãos) e o Sagrado Magistério
(compreendendo o que os Concílios, o Bispo de Roma em
particular, e em comunhão com ele todos os Bispos
definem e ensinam como verdades de fé e moral).
Tal tríade abençoada (Sagrada Escritura, Sagrada
Tradição e Sagrado Magistério) foram e são os
responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de toda a
doutrina católica nestes vinte séculos de história
cristã.
O Protestantismo nega tanto a Tradição quanto o
Magistério legitimamente instituído por Jesus Cristo.
Para eles, a única regra é a Sola Scriptura (ou seja,
somente a Bíblia e nada mais do que ela é regra de fé e
de moral) interpretada livremente por qualquer pessoa
(método do livre exame). Eis Martinho Lutero a dize-lo
sem rodeios: "a todos os cristãos e a cada um em
particular pertence conhecer e julgar a doutrina.
Anátema a quem lhe tocar um fio deste direito"
(Conforme D. M. Luthers, Werke, Kritische Gesamtausgabe.
Weimar, X. 2 Abt., p. 217, 1883 ss). Como se dissesse a
cada um de seus seguidores: Eia pois, valoroso cristão!
Tu és mestre de ti mesmo. Despreza tudo o que os
primeiros cristãos, os Bispos e os Concílios definiram
como verdade. Toma tu a bíblia, senta em tua saleta e
defina tu mesmo o teu cristianismo!
Procuraremos demonstrar - Se Deus o consentir - que ao
abandonar tanto a Sagrada Tradição quanto o Sagrado
Magistério, o protestantismo provocou inadvertidamente
sua própria dissolução doutrinária e orgânica. E hoje,
infelizmente, sob o elástico nome de "protestantismo"
se abrigam milhares e milhares de seitas
doutrinariamente e disciplinadamente discordantes entre
si. Causando um fragrante escândalo à causa ecumênica e
ao desejo expresso de Jesus Cristo: "para que todos
sejam um (...) e o mundo creia que tu me enviaste"
(Jo. 17, 20-21).
Com efeito, sabemos, a própria Bíblia não caiu pronta
dos céus. Quem definiu que cada um dos livros que
compõem a Sagrada Escritura, era de inspiração Divina
foi o Espírito Santo agindo através da Tradição e do
Magistério Católico. Isto são fatos históricos! Quem
definiu o cânon completo, tanto do antigo quanto do novo
testamento, foi o Espírito Santo através da Tradição e
do Magistério. Quem definiu que o Novo Testamento e o
Velho fossem enfeixados em um único volume dando,
portanto, igual valor entre os dois testamentos foi a
Tradição e o Magistério. Do que viveu a Igreja católica
primitiva, durante os primeiros anos de pregação? Quando
o Novo testamento ainda não havia sido escrito?
Sobreviveu pela Tradição e pelo Magistério.
A própria Bíblia dá testemunho interno da necessidade de
uma Tradição e de um Magistério vivo, para interpretá-la
e ensiná-la. Transcrevo sobre isto, o magnífico
comentário de Pe. Leonel Franca: "(a própria Bíblia)
inculca a necessidade do ensino vivo, a importância de
conservar a tradição, a insuficiência das Escrituras,
que segundo afirma São João, não encerra tudo o que
ensinou o Salvador (Jo 21,25). Jesus Cristo nunca mandou
aos seus discípulos que folheassem um livro para achar a
sua doutrina, mandou pelo contrário aos fiéis, que
ouvissem aos que Ele mandara pregar: quem vos ouve, a
mim ouve; se alguém não ouvir a Igreja, seja considerado
como infiel e publicano, isto é, não pertencente a minha
Igreja: se alguém não vos receber nem ouvir vossas
palavras, saindo da casa ou da cidade sacudi até o pó
dos sapatos; Pai oro não só por estes (Apóstolos) mas
por todos os que hão de crer em mim mediante a sua
palavra a fim de que sejam todos uma coisa só. Foi Jesus
ainda quem prometeu o seu Espírito de Verdade, a sua
assistência espiritual, todos os dias, até a consumação
dos séculos, para que os apóstolos vivendo moralmente em
seus sucessores (os Bispos) continuassem até o final dos
tempos a ensinar sempre tudo o que ele nos mandou. Eis
meus caros leitores, o que diz a Bíblia" (Franca, P.
Leonel, I. R. C., 1958, pg. 216-7).
Quando se fala de Magistério, evidentemente se fala do
magistério legítimo, constituído por Jesus Cristo, o
qual prometeu assistência especial e infalível até o
final dos tempos: "Recebei o Espírito Santo (...) Eu
estarei convosco até o final dos tempos". Hoje,
qualquer papalvo se atribui a si mesmo o título de
"Bispo" e sai por aí a fundar seitas e pregar
doutrinas. Evidentemente este não é um magistério
legítimo. O indivíduo que a si mesmo se premia com o
título de "Bispo", nada mais é que um mentiroso
sacrílego.
Os próprios apóstolos ensinaram à exaustão a respeito da
necessidade da Sagrada tradição e do Magistério
legitimamente constituído. Vejamos S. João em suas
últimas duas epístolas dizer expressamente que não quis
confiar tudo por escrito, mas havia outras coisas que
comunicaria à viva voz (2ª Jo. 12; 3ª Jo, 14). O
apóstolo São Paulo, inculca fortemente a necessidade de
uma tradição e um magistério vivo: "estais firmes,
irmãos e conservai as tradições que aprendestes ou de
viva voz..." (2ª Tes. 2, 15); "que vos aparteis
de todos os que andam em desordens e não segundo a
tradição que receberam de nós" (2ª Tes. 3, 6); "o
que de mim ouvistes por muitas testemunhas, ensina-o a
homens fiéis que se tornem idôneos para ensinar aos
outros" (2ª Tm. 2, 2). A Igreja fundada por Cristo,
portanto, seria ela "a coluna e o firmamento da
verdade" (1ª Tm. 15). A Igreja fundada por Cristo
portanto é maior que a Sagrada Escritura. Pois a Igreja
é quem a escreveu, a definiu, a interpreta e a ensina.
Os primeiros cristãos seguindo os ensinamentos dos
apóstolos e já de posse da Sagrada Tradição e do Sagrado
Magistério, nem pensam ser a Bíblia a única regra de fé.
Aqui, por falta de espaço, vamos respigar apenas algumas
citações da vasta seara dos testemunhos primitivos:
"advertia, antes de tudo, as igrejas das diversas
cidades, evitassem, sobre todas as coisas, as heresias
que começavam então a se alastrar e exortava-as a se
aterem tenazmente à tradição dos apóstolos" (
Eusébio resumindo o ensino de S. Inácio de Antioquia,
martirizado no ano 107 DC cf. Euséb., Hist. Eccles.,
III, 36 / MG, 20, 287); "antes exortei-vos a vos
conservardes unânimes na doutrina de Deus, pois Jesus
Cristo nossa vida inseparável, é a doutrina do Pai, como
a doutrina de Jesus Cristo são os bispos constituídos
nas diversas regiões da terra" ( clara alusão ao
Sagrado Magistério) ( S. Inácio, + 107 DC in Ad
Ephesios, 3-4) ; "sob Clemente, havendo nascido forte
discórdia entre os irmãos de Corinto, a Igreja de Roma
escreveu-lhes uma carta enérgica, exortando-os à paz,
reparando-lhes a fé, e anunciando-lhes a tradição que
havia pouco tinham recebido dos apóstolos" ( S.
Irineu, martirizado em 202 DC in Contra as Heresias III,
c. 3, n. 3) ; "aí está claro, a quantos querem ver a
verdade, a tradição dos apóstolos, manifesta em toda a
Igreja disseminada pelo mundo inteiro..." ( S.
Irineu mártir in Contra as heresias III, 3, 1) ; "não
devemos buscar nos outros a verdade que é fácil receber
da Igreja, pois os apóstolos a mãos cheias, versaram
nela, como em riquíssimo depósito, toda a verdade...
Este é o caminho da vida" (Idem, In Contra as
heresias III, 4, 1); "e se os apóstolos não nos
houvessem deixado as Escrituras, não cumpria seguir a
ordem da Tradição por eles ensinada aos a quem confiavam
à sua Igreja"? (Idem, In Contra as heresias III,
4,1); "de nada vale as discussões das Escrituras. A
heresia não aceita alguns de seus livros, e se os
aceita, corrompe-lhes a integridade, adulterando-os com
interpolações e mutilações ao sabor de suas ideias, e
se, algumas vezes admitem a Escritura inteira,
pervertem-lhe o sentido com interpretações
fantásticas..." (Tertuliano séc. III In De
Praescriptionibus., c. 19 / ML. II, 31). Na mesma obra
assevera que onde estiver a verdadeira Igreja, "aí se
achará a verdade das Escrituras, da sua interpretação e
de todas as tradições cristãs" (Idem, De
Praescript., c. 19 ML. II, 31).
Jesus Cristo, instituiu para sua Única Igreja, um
Magistério verdadeiro, pois disse à Pedro: "sobre
esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as
chaves do Reino dos Céus; tudo o que ligares na terra
será ligado nos céus..." (Mt. 16, 18-19), e em outro
lugar "Eu estarei convosco até o final dos tempos".
Para os católicos, se Jesus prometeu ficar conosco até o
final dos tempos ele irá cumprir literalmente está
promessa.
Se ele disse que a sua Igreja iria se manter firme por
todo o sempre porque as portas do inferno não iriam
prevalecer, nós cremos que ele está cumprindo
concretamente está promessa.
Pois não é exatamente isto que constatamos na Igreja
Católica? Dois mil anos de existência ininterrupta. E
que constância doutrinária e moral admirável! Quantas
perseguições e vicissitudes e, no entanto, "as portas
do inferno não prevaleceram". Parte desta unidade e
estabilidade maravilhosa devemos certamente à
instituição da Sagrada Tradição e do Sagrado Magistério
por Cristo e pelos apóstolos.
O protestantismo negando tanto a Tradição quanto o
Magistério sofre desde os seus primórdios uma
desintegração doutrinária assombrosa. Onde Cristo fundou
a Igreja Católica sobre a Rocha, Lutero e Cia fundaram a
Igreja Evangélica sobre a areia movediça da sola
scriptura e do livre exame. E logo nas primeiras
ventanias, pôs-se a casa dos reformadores a desabar
fragorosamente: tábuas lançadas aqui e ali, telha lá e
acolá, junturas e cacos em todas as direções.
As divisões e subdivisões do Protestantismo desafiam
hoje a paciência dos mais abnegados dos estatísticos.
Vejamos como no princípio deste século, o Reverendíssimo
Pe. Leonel Franca já chamava a atenção para este fato,
descrevendo lucidamente o processo de desagregação
doutrinária do protestantismo, baseado no método da sola
scriptura e do livre exame: "Na nova seita
(protestantismo) não há autoridade, não há unidade, não
há magistério de fé. Cada sectário recebe um livro que o
livreiro lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê
sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode,
enuncia um símbolo, formula uma moral e a toda esta mais
ou menos indigesta elaboração individual chama
cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem
as mesmas operações e chega a conclusões dogmáticas e
morais diametralmente opostas. Não importa; são irmãos,
são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram
ambos da Bíblia, ambos forjaram com o mesmo esforço o
seu cristianismo" (In I. R. C. Pg. 212, 7ª ed.).
Vejamos alguns exemplos práticos: um fiel evangélico
quer mudar de seita? Precisa-se rebatizar? Umas igrejas
dizem sim, outras não. Umas admitem o batismo de
crianças, outras só de adultos, umas admitem a aspersão,
infusão e imersão. Aquela outra só imersão, e mesmo há
grupelho que só admite batismo em água corrente e sem
cloro! Aqui e ali as fórmulas de batismo são tão
variadas como as cores do arco-íris. Quer o sincero
evangélico participar da Santa Ceia? Há seitas que
consideram o pão apenas pão (pentecostais) outras que o
pão é realmente o corpo de Cristo (Luteranos, Episcopais
e outros). Uns a praticam com pão ázimo, outras com pão
comum, aqui com vinho, lá com vinho e água, acolá com
suco de uva. A Santa Ceia pode ser praticada
diariamente, mensalmente, trimestralmente,
semestralmente, anualmente ou não ser praticada nunca.
Trata-se de ministérios ordenados? Esta seita constitui
Bispos, presbíteros e diáconos. Àquela só presbíteros e
pastores, ali pastores e anciãos, lá Bispos e anciãos,
acolá presbíteros e diáconos, outras não admitem
ministro nenhum. Umas igrejas ordenam mulheres, outras
não. E por aí, atiram os evangélicos em todas as solfas
quando o assunto é ministério ordenado. Após a morte, o
que espera o cristão? Pode um crente questionar seu
pastor sobre isto? E as respostas colhidas entre as
denominações seria tão rica e variada quanto a fauna e a
flora. Há Pastor que prega que todos estarão
inconscientes até a vinda de Cristo quando serão
julgados; outros pregam o "arrebatamento" sem
julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo
na terra; aqueles lá doutrinam que após a morte já vem o
céu e o inferno; no outro quarteirão, se ensina que o
inferno é temporário; opinam alguns que ele não existe;
e tantas são as doutrinas sobre os novíssimos quanto os
pastores que as pregam. Está cansado o fiel da esposa da
sua juventude? Não tem importância, sempre encontrará
uma seita a lhe abrir risonhamente as portas para um
novo matrimônio. E de vez em quando não aparece um
maluco aqui e ali aprovando a poligamia? Lutero mesmo
admitiu tal possibilidade: "Confesso, que não posso
proibir tenha alguém muitas esposas; não repugna às
Escrituras; não quisera, porém, ser o primeiro a
introduzir este exemplo entre cristãos" (Luthers M..,
Briefe, Sendschreiben (...) De Wette, Berlin, 1825-1828,
II. 259). Não há uma pesquisa nos Estados Unidos que
demonstra que entre os critérios para um evangélico
escolher sua nova igreja está o tamanho do
estacionamento? Eis o que é hoje o protestantismo.
Vejamos neste passo a afirmação de Krogh Tonning famoso
teólogo protestante norueguês, convertido ao
catolicismo, que no século passado já afirmava: "quem
trará à nossa presença uma comunidade protestante que
está de acordo sobre um corpo de doutrina bem
determinado? Portanto uma confusão (é a regra) mesmo
dentre as matérias mais essenciais" (Le protest.
Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I. R. C.,
Franca, L., pg. 255. 7ª ed, 1953)
Mas o próprio Lutero que se saiu no mundo com esta
novidade da sola scriptura viveu o suficiente para
testemunhar e confessar os malefícios que estas
doutrinas iriam causar pelos séculos afora: "este não
quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem
admita outro mundo entre este e o juízo final, quem
ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros
aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as
religiões quantas são as cabeças" (Luthers M. In.
Weimar, XVIII, 547; De Wett III, 6l). Um outro trecho
selecionado, prova que o Patriarca da Reforma tinha
também de quando em quando uns momentos de bom senso:
"se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de
novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de
conservar a unidade da fé contra as diversas
interpretações da Escritura que por aí correm"
(Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme
et les temps presents, tomo IV (7), p. 289).
Gostaríamos de terminar por aqui para não sermos
enfadonhos. Quando o Pai do Protestantismo, diante da
dissolução das seitas, já há quinhentos anos atrás,
confessa ao outro "reformador" que seria necessário
receber de novo o Sagrado Magistério (Concílios) para
manter a unidade, a regra do livre exame e da sola
scriptura já está julgada por si mesma.
Autor: Dr. Udson Correia |
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48. A suficiência material e a suficiência formal das
Escrituras |
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Por suficiência material entendemos que todas as
informações necessárias para se formular uma doutrina
estão presentes nas Escrituras. Entretanto, pelo fato de
o significado das Escrituras não ser totalmente claro, e
algumas vezes as doutrinas se encontram mais implícitas
que explícitas, outros "meios", além da Bíblia somente,
foram-nos deixados pelos apóstolos: A Sagrada Tradição
(que é a ferramenta que extrai as informações e as
dispõe da forma correta) e o Magistério da Igreja.
Juntas, estas três formas - a Sagrada Escritura, a
Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja - são
formalmente suficientes para que se reconheça a verdade
revelada por Deus.
Aqueles que defendem a suficiência formal das Escrituras
advertem que reunir a Tradição ao contexto bíblico
inevitavelmente tornará a última inferior à primeira.
Temem, com isso, que meras tradições humanas subjulgue a
palavra de Deus.
(Mark Shea, in Not by Scripture Alone,
Robert A. Sungenis, Santa Barbara, CA:
Queenship Pub. Co., 1997, cap. 4)
A Trindade pode ser provada pelas Escrituras, de fato
(suficiência material), mas o uso somente das Escrituras
não foi formalmente suficiente para evitar o
aparecimento da heresia ariana. Em outras palavras, a
decisão final da disputa ficou por conta da Sagrada
Tradição, que demonstrou que a Igreja sempre foi trinitariana. Os arianos não podiam recorrer a nenhuma
Tradição porque sua cristologia era uma inovação
herética do século 4.
Os arianos, com isso, recorreram somente à Escritura. O
princípio formal dos arianos era deficiente, por isso
eles puderam recorrer à Bíblia e formular suas doutrinas
(assim como vários grupos protestantes hoje em dia).
Os católicos alegam, então, que o conhecimento da
Tradição apostólica é necessário juntamente ao
conhecimento bíblico. Este é o princípio patrísticos, e
a forma como ele refuta os heréticos. Os argumentos
bíblicos contribuíram com o centro de suas doutrinas,
mas no fim deveriam consultar a Tradição do que
"sempre foi aceito por todos e em todo lugar" (São
Vicente de Lérins, Commonitorium).
Edwin Tait, anglicano, escreveu (em total acordo com o
conceito católico):
- com certeza os Padres ensinaram que podiam provar suas
conclusões a partir da Bíblia. Também ensinaram que a
comunhão dos bispos sucessores dos apóstolos, reunidos
em Concílio (com Roma tendo algum papel, o qual não
pretendo abordar aqui), seriam os responsáveis pela
correta interpretação da Bíblia. Todo este debate sobre
a Sola Scriptura somente se tornou realidade quando um
número considerável de cristãos começou a afirmar que os
bispos reunidos em Concílio haviam errado na
interpretação bíblica durante vários séculos. Ambos os
lados podem recorrer aos Pais, porque os Pais nunca
ensinaram sobre a suficiência bíblica e a autoridade da
Igreja/Tradição em discordância.
Concordo plenamente com o texto acima. Note que a última
frase é importantíssima. Esta é a visão dos apóstolos,
padres, do catolicismo, orientais e do anglicanismo
histórico. Muitos protestantes, infelizmente, sentem não
medem esforços - desnecessários - em separar estas duas
autoridades. Livros inteiros já foram escritos sobre uma
suposta defesa da Sola Scriptura pelos Pais da Igreja,
quando na realidade estes defendem a suficiência
material, a sua inspiração e suficiência em refutar os
heréticos e falsas doutrinas em geral. É fácil pensar
que os Pais foram defensores da Sola Scriptura se seus
ensinamentos sobre a Tradição Apostólica e a Autoridade
da Igreja forem suprimidos ou ignorados pelos
protestantes. Uma "meia-verdade" às vezes pode
ser pior que uma mentira completa, pois quem a ensina
deveria conhecer melhor do assunto, ou pelo menos
conhece "metade" dele...
Podemos dizer que a Trindade não é uma doutrina clara
nas Escrituras. A verdade é que esta doutrina foi o
resultado de uma discussão de cerca de 400 anos. Tal
fato não pode ser ignorado. Se a Trindade fosse
demonstrada nas Escrituras com a claridade que os
protestantes alegam que possui, tal doutrina, definida
em Calcedônia, já deveria ser seguida e transmitida
muito antes.
As Escrituras, isoladas, são suficientes para refutar o
arianismo? Creio que sim. Apesar disso, creio que também
seja verdade que alguém, em uma situação hipotética, que
não conheça nada sobre história da Igreja ou teologia,
sem saber como se chegou à definição formal da doutrina
da Trindade, começasse a ler uma Bíblia, a doutrina
ariana parecia tão plausível para ele como também
pareceria a doutrina da Trindade. Isso porque está
doutrina não é imediatamente acessível à razão humana. É
uma revelação e um mistério que precisa ser aceito pelos
olhos da fé (sem reduzir suas provas Bíblicas).
Eu conheço casos semelhantes devido a minha experiência
em diálogos com Testemunhas de Jeová. Eles leem a Bíblia
de maneira liberal e racionalista, chegando a conclusões
tais como "três não pode ser igual a um" (que é
matematicamente verdadeiro, mas não em relação aos
mistérios de Deus).
Um outro exemplo vem da minha vida pessoal. Fui criado
como protestante metodista, e os metodistas são
trinitarianos, mas eu não conhecia nada de teologia. Era
tão ignorante nesse assunto que ao assistir a um filme
sobre a vida de Jesus, aos 17 anos, com meu irmão mais
velho, fiquei chocado quando ele disse que Jesus era
Deus. Eu respondi "não, ele é o filho de Deus". Então
meu irmão me ensinou um pouco do básico da cristologia
cristã.
Em outras palavras, se alguém conhece muito pouco de
teologia, ele pode facilmente abrir sua Bíblia, ler que
Jesus é o filho de Deus, ou "meu Pai é maior que eu",
e muitas outras passagens semelhantes, concluir que
Jesus é menor que Deus. Arianismo. Ou como os TJs fazem,
ao ler Ap, 3, 14 ("Eis o que diz o Amém...o Princípio
da criação de Deus") e concluir que Jesus fora
criado. Estes são exemplos de como nascem as heresias ao
longo dos tempos.
Com relação aos Padres, tudo o que é preciso para
demonstrar que eles não ensinavam a Sola Scriptura é
verificar se as afirmações abaixo se aplicam a um Padre
em particular.
1. A Bíblia possui autoridade
2. A Tradição Apostólica possui autoridade
3. A Igreja possui autoridade
Aceitando estes três itens, é impossível que alguém
também aceite a Sola Scriptura, porque nesta doutrina, a
Bíblia (e a consciência individual) possui a autoridade
sobre a Tradição e a Igreja (Lutero, em Worms, foi o
defensor deste mesmo princípio), com a garantia de que a
Bíblia é sempre - supostamente - "clara" em seus
ensinamentos.
Aceitando estes três itens, é impossível que alguém
também aceite a Sola Scriptura, porque nesta doutrina, a
Bíblia (e a consciência individual) possui a autoridade
sobre a Tradição e a Igreja (Lutero, em Worms, foi o
defensor deste mesmo princípio), com a garantia de que a
Bíblia é sempre - supostamente - "clara" em seus
ensinamentos.
A Igreja Católica afirma a suficiência material das
Escrituras (assim como os Padres). Porém rejeita a sua
suficiência formal, que na realidade é o núcleo do dogma
protestante Sola Scriptura.
A autoridade da Igreja é uma necessidade prática, dada a
tendência do homem de subverter a Tradição Apostólica
como está nas Escrituras, seja ela clara ou não. O fato
é que quando uma controvérsia aparece, uma autoridade
fora da Bíblia deve encerrar todas as dúvidas e
confirmar a ortodoxia. Isto não quer dizer que a Bíblia,
apropriadamente entendida, não seja suficiente para
refutar erros. Ela apenas não é formalmente suficiente
por si só.
A autoridade da Igreja é uma necessidade prática, dada a
tendência do homem de subverter a Tradição Apostólica
como está nas Escrituras, seja ela clara ou não. O fato
é que quando uma controvérsia aparece, uma autoridade
fora da Bíblia deve encerrar todas as dúvidas e
confirmar a ortodoxia. Isto não quer dizer que a Bíblia,
apropriadamente entendida, não seja suficiente para
refutar erros. Ela apenas não é formalmente suficiente
por si só.
Heiko Oberman, historiador protestante, afirma:
- Em relação à Igreja pré-augustiniana, há recentemente
uma tendência convergente entre os estudiosos da Bíblia
de que a Escritura e a Tradição na Igreja Primitiva não
eram excludentes: kerygma, Escritura e Tradição
coincidiam perfeitamente.
- A tradição não deve ser entendida como uma adição ao
kerygma, mas como a sua pregação de forma viva: em
outras palavras, tudo que é encontrado na Sagrada
Escritura está presente na Tradição.
- Ela está presente no corpo visível de Cristo,
inspirado e vivificado pela obra do Espírito Santo...A
Escritura e a Tradição derivam de uma única fonte: a
Palavra de Deus. Somente na Igreja este kerygma pode ser
transmitido sem falhas...
Medieval Theology, Grand Rapids,
Eerdmans, rev. ed., 1967, 366-367
Jaroslav Pelikan, historiador luterano, afirma:
- Claramente há um anacronismo em supor que as
discussões dos séculos 2 e 3 derivam das controvérsias
do século 16 em relação à Escritura e Tradição, pois
'na Igreja ante-nicena não havia a noção de Sola
Scriptura, como também não havia a Sola Traditio.'
[1]
- A Tradição apostólica era pública...tão palpável que
mesmo se os apóstolos não estivessem com a Escritura em
mãos para demonstrar uma norma de suas doutrinas, a
igreja ainda assim seguiriam 'a estrutura da tradição
que eles traziam a quem confiaram as igrejas'[2]. Isto
foi, de fato, o que a igreja fez nos territórios
bárbaros onde o material escrito não era disponível aos
ouvintes, conservando o conteúdo da fé transmitida pelos
apóstolos e sumarizada no credo...
- O termo "regra de fé" ou "regra de verdade"...parece
algumas vezes ter pertencido à Tradição, outras à
Escritura, outras à mensagem do Evangelho...
Na Reforma...os advogados da autoridade final das
Escrituras ignoraram a função da Tradição em conservar o
que se conhecia como correta exegese das Escrituras
contra as alternativas heréticas.
The Christian Tradition: A History of the Development of
Doctrine: Vol. 1 of 5: The Emergence of the Catholic
Tradition (100-600), Chicago: Univ. of Chicago Press,
1971, 115-117, 119; citações: [1]. In Cushman, Robert E.
& Egil Grislis, eds., The Heritage of Christian Thought:
Essays in Honor of Robert Lowry Calhoun, New York: 1965,
citado em Albert Outler, "The Sense of Tradition in
the Ante-Nicene Church," 29. [2]. St. Irineu, Contra
as Heresias, 3:4:1
Autor: Dave Amstrong
Tradução: Rondinelly Ribeiro |
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49. A interpretação da Bíblia |
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Muitos escritores não levam em conta o sentido original,
o gênero literário e a intenção dos autores sagrados;
interpreta-os como se fossem textos modernos, que podem
ser entendidos segundo as categorias de pensamento do
homem de hoje. Os autores parecem mesmo desconfiar da
exegese dita "científica".
Eis, porém, que é regra de sadia exegese procurar, antes
do mais, o significado preciso do texto original; é
necessário entender o texto como o autor sagrado o
entendia e daí depreender a mensagem que ele queria
transmitir. A inspiração do texto bíblico por parte do
Espírito Santo não equivale a ditado mecânico; supõe
sempre as categorias de pensamento do escritor oriental,
antigo. Estas, portanto, têm que ser, primeiramente,
detectadas e reconhecidas para que se possa compreender
genuinamente a página bíblica. Este procedimento
exegético tem sido enfaticamente recomendado pela Igreja
desde Pio XII (encíclica Divino Afflante Spiritu, 1943)
até o Concílio do Vaticano li, que em sua Constituição
Dei Verbum ditou as normas seguintes: `Já que Deus falou
na Sagrada Escritura através de homens e de modo humano,
deve o intérprete da Sagrada Escritura, para bem
entender o que Deus nos quis transmitir, investigar
atentamente o que os hagiógrafos de fato quiseram dar a
entender e aprouve a Deus manifestar por suas palavras.
Para descobrir a intenção dos hagiógrafos, devem-se
levar em conta, entre outras coisas, também os gêneros
literários Pois a verdade é apresentada e expressa de
maneiras diferentes nos textos históricos, proféticos ou
poéticos ou nos demais gêneros de expressão. Ora é
preciso que o Intérprete pesquise o sentido que, em
determinadas circunstâncias, o hagiógrafo, conforme a
situação de seu tempo e de sua cultura, quis exprimir e
exprimiu por meio dos gêneros literários então em uso.
Pois, para entender devidamente aquilo que o autor
sagrado quis afirmar por escrito é necessário levarem
conta sejam aquelas usuais maneiras nativas de sentir,
de dizer e de narrar que eram vigentes nos tempos do
hagiógrafo, sejam as que em tal época se costumavam
empregar nas relações dos homens entre si.
Verdade é que muitos dos exegetas científicos desde o
fim do século XVIII têm cedido ao racionalismo, a ponto
de esvaziarem por completo o texto bíblico. É o que vem
provocando a réplica do chamado "Fundamentalismo" que se
apega à letra do texto como ele soa em suas versões
vernáculas e se fecha aos estudos de linguística,
arqueologia, história antiga... Ora o Fundamentalismo é
posição extremada, errônea, como o racionalismo, pois
ignora o mistério da condescendência divina, que assume
as modalidades da linguagem e da cultura dos homens
antigos para falar à humanidade. Assim se lê num
documento da Pontifícia Comissão Bíblica intitulado
"A Interpretação da Bíblia na Igreja" e datado de
15/4/1993: "o problema de base da leitura
fundamentalista é que, recusando levar em consideração o
caráter histórico da revelação bíblica, ela se toma
incapaz de aceitar plenamente a verdade da própria
Encarnação. O Fundamentalismo foge da estreita relação
do divino e do humano no relacionamento com Deus Ele se
recusa a admitir que a Palavra de Deus inspirada foi
expressa em linguagem humana e que ela foi redigida, sob
a inspiração divina, por autores humanos cujas
capacidades e recursos eram limitados. Por esta razão,
ele tende a tratar o texto bíblico como se ele tivesse
sido ditado, palavra por palavra, pelo Espírito e não
chega a reconhecer que apalavra de Deus foi formulada
numa linguagem e numa fraseologia condicionadas por uma
ou outra época. Ele não dá atenção às formas literárias
e às maneiras humanas de pensar presentes nos textos
bíblicos, muitos dos quais são fruto de uma elaboração
que se estendeu por longos períodos de tempo e leva a
marca de situações históricas muito diversas.
O Fundamentalismo insiste também de maneira indevida
sobre a inerrância dos pormenores nos textos bíblicos,
especialmente em matéria de história ou de pretensas
verdades científicas. Muitas vezes ele toma histórico
aquilo que não tinha a pretensão de historicidade, pois
ele considera como histórico tudo aquilo que é narrado
ou contado com os verbos em tempo pretérito, sem a
necessária atenção à possibilidade de um sentido
simbólico ou figurativo". Por conseguinte, nem
racionalismo nem fundamentalismo... Mas é necessário que
o exegeta proceda sempre em duas etapas:
- procure, mediante os recursos da linguística, da
arqueologia, da história antiga... definir claramente o
sentido do texto original ou aquilo que o autor humano
queria dizer;
- a seguir, coloque esses resultados no conjunto das
proposições da fé. A Sagrada Escritura é um longo
discurso de Deus, homogêneo, que tem suas linhas
centrais e seus acordes, que devem projetar luz sobre
cada secção desse discurso. É o que São Paulo chamava
"a analogia da fé ou a proporção da fé" (Rm 12,6).
Esta fé é vivida e proclamada pela Igreja, cujo
magistério recebeu de Cristo a garantia da autenticidade
(cf. Jo. 14, 26; 16,13-15). Assim o estudioso católico
chega ao entendimento exato do texto sagrado. Não incute
suas ideias ao texto (o que seria fazer in-egese), mas
deduz do texto a mensagem objetiva (faz exegese). Quem
assim não procede, corre o risco do subjetivismo ou de
interpretações pessoais, semelhantes às que ocorrem no
protestantismo.
As Revelações Particulares
Nenhuma revelação particular é endossada oficialmente
pela Igreja. Esta não pode colocar no mesmo plano a
revelação feita por Jesus Cristo e pelos autores
bíblicos e qualquer revelação ocorrida em caráter
particular após a era dos Apóstolos. A revelação oficial
e pública termina com a geração dos Apóstolos; cf. Lumen
Gentium n°- 25; Dei Verbum nº 4. Em consequência
torna-se difícil crer que Deus queira continuar e
explicitar a revelação outrora feita pelas Escrituras
servindo-se de revelações não oficiais ou fazendo destas
o complemento daquelas. As revelações particulares,
quando genuínas, geralmente corroboram o Evangelho,
incutindo duas notas importantes: oração e penitência.
Assim em La Salette, em Lourdes, em Fátima... Qualquer
outra predição, principalmente se é muito minuciosa,
torna-se suspeita. É não raro a satisfação que os
"videntes" dão à sua própria curiosidade de saber o
decurso do futuro; imaginam-no como se fosse revelado
por Deus. Independentemente dessas minúcias, ficará
sempre válida a exortação à conversão e à oração, tão
recomendada pelo Evangelho e corroborada pelos sinais
dos tempos atuais; estes pedem que os cristãos muito
especialmente sejam o sal da terra, a luz do mundo (cf.
Mt. 5, 13s), o fermento na massa (cf. Mt. 13, 33). A
consideração dos nossos tempos, portanto, deve levar ao
afervoramento da vida dos cristãos, abstração feita de
predições sinistras.
Autor: Dom Estêvão Bettencourt, OSB |
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50. Sobre o Cânon Bíblico |
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Quantas vezes você já ouviu de algum protestante a
afirmação de que a Igreja Católica teria acrescentado
vários livros apócrifos à Bíblia durante o Concílio de
Trento, no séc. XVI? Quando eles falam isso, estão
querendo se referir a sete livros do Antigo Testamento
que não se encontram em suas bíblias: Tobias, Judite,
Sabedoria, Eclesiástico, Baruc e os dois livros dos
Macabeus (além de alguns trechos dos livros de Daniel e
Ester). Porém, a própria História - que é imutável -
desmente tal argumento, vistos os testemunhos abaixo:
- "Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras
canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome
'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as
seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números,
Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos
Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de
Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos
Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias,
Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros]
dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos
Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze
epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de
Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o
Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se
consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também
permitida a leitura das Paixões dos mártires na
celebração de seus respectivos aniversários12"
(Concílio de Hipona, 08. out. 393).
- "Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas,
nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas
Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes:
Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué,
Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, dois livros dos
Paralipômenos, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de
Salomão, doze livros dos Profetas, Isaías, Jeremias,
Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de
Esdras e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo
Testamento: quatro livros dos Evangelhos, um [livro de]
Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo, uma do
mesmo aos Hebreus, duas de Pedro, três de João, uma de
Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João. Isto se fará
saber também ao nosso santo irmão e sacerdote,
Bonifácio, bispo da cidade de Roma, ou a outros bispos
daquela região, para que este cânon seja confirmado,
pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para
ler na Igreja" (Concílio de Cartago III (397) e
Concílio de Cartago IV (419)).
- Tratemos agora sobre o que sente a Igreja Católica
universal, bem como o que se dever ter como Sagradas
Escrituras: um livro do Gênese, um livro do Êxodo, um
livro do Levítico, um livro dos números, um livro do
Deuteronômio; um livro de Josué, um livro dos Juízes, um
livro de Rute; quatro livros dos Reis13, dois dos
Paralipômenos; um livro do Saltério; três livros de
Salomão: um dos Provérbios, um do Eclesiastes e um do
Cântico dos Cânticos; outros: um da Sabedoria, um do
Eclesiástico. Um de Isaías, um de Jeremias com um de
Baruc e mais suas Lamentações, um de Ezequiel, um de
Daniel; um de Joel, um de Abdias, um de Oséias, um de
Amós, um de Miquéias, um de Jonas, um de Naum, um de
Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias, um
de Malaquias. Um de Jó, um de Tobias, um de Judite, um
de Ester, dois de Esdras, dois dos Macabeus. Um
evangelho segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo
Lucas, um segundo João. [Epístolas:] a dos Romanos, uma;
a dos Coríntios, duas; a dos Efésios, uma; a dos
Tessalonicenses, duas; a dos Gálatas, uma; a dos
Filipenses, uma; a dos Colossenses, uma; a Timóteo,
duas; a Tito, uma; a Filemon, uma; aos Hebreus, uma.
Apocalipse de João apóstolo; um, Atos dos Apóstolos, um.
[Outras epístolas:] de Pedro apóstolo, duas; de Tiago
apóstolo, uma; de João apóstolo, uma; do outro João
presbítero, duas14; de Judas, o zelota, uma.
(Catálogo dos livros sagrados, composto durante o
pontificado de São Dâmaso [366-384], no Concílio de Roma
de 382)
- "Quais os livros aceitos no cânon das Escrituras, o
breve apêndice o mostra: Cinco livros de Moisés, isto é,
Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Um
livro de Josué, filho de Num; um livro dos Juízes;
quatro livros dos Reinos; e Rute. Dezesseis livros dos
Profetas; cinco livros de Salomão; o Saltério. Livros
históricos: um de Jó, um de Tobias, um de Ester, um de
Judite, dois dos Macabeus, dois de Esdras, dois dos
Paralipômenos. Do Novo Testamento: quatro livros dos
Evangelhos; quatorze epístolas do apóstolo Paulo, três
de João, duas de Pedro, uma de Judas, uma de Tiago; os
Atos dos Apóstolos; e o Apocalipse de João" (Papa
Inocêncio I, 20.02.405; Carta "Consulenti Tibi" a
Exupério, Bispo de Tolosa).
- "Devemos agora tratar das Escrituras Divinas. Vejamos
o que a Igreja Católica universalmente aceita e o que
deve ser evitado: (1) Começa a ordem do Antigo
Testamento: um livro da Gênese, um do Êxodo, um do
Levítico, um dos Números, um do Deuteronômio, um de
Josué (filho de Num), um dos Juízes, um de Rute, quatro
livros dos Reis, dois dos Paralipômenos, um livro de 150
Salmos, três livros de Salomão (um dos Provérbios, um do
Eclesiastes, e um do Cântico dos Cânticos). Ainda um
livro da Sabedoria e um do Eclesiástico. (2) A ordem dos
Profetas: um livro de Isaías, um de Jeremias com Cinoth
(isto é, as suas Lamentações), um livro de Ezequiel, um
de Daniel, um de Oséias, um de Amós, um de Miquéias, um
de Joel, um de Abdias, um de Jonas, um de Naum, um de
Habacuc, um de Sofonias, um de Ageu, um de Zacarias e um
de Malaquias. (3) A ordem dos livros históricos: um de
Jó, um de Tobias, dois de Esdras, um de Ester, um de
Judite e dois dos Macabeus. (4)A ordem das escrituras do
Novo Testamento, que a Santa e Católica Igreja Romana
aceita e venera são: quatro livros dos Evangelhos (um
segundo Mateus, um segundo Marcos, um segundo Lucas e um
segundo João). Ainda um livro dos Atos dos Apóstolos. As
14 epístolas de Paulo Apóstolo: uma aos Romanos, duas
aos Coríntios, uma aos Efésios, duas aos
Tessalonicenses, uma aos Gálatas, uma aos Filipenses,
uma aos Colossenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a
Filemon e uma aos Hebreus. Ainda um livro do Apocalipse
de João. Ainda sete epístolas canônicas: duas do
Apóstolo Pedro, uma do Apóstolo Tiago, uma de João
Apóstolo, duas epístolas do outro João (presbítero) e
uma de Judas Apóstolo (o zelota)" (Papa S. Gelásio,
~495; Decreto Gelasiano; repetido em 520 pelo Papa S.
Hormisdas. Seguido também pelo Concílio Ecumênico de
Florença15 [1438-1445], e novamente ratificado pelos
Concílio de Trento16 [1546-1563] e Vaticano I [1870])).
- Outras Fontes:
Concílio Regional de Trulos, realizado
no ano 692.
- 1 Trata-se dos dois livros de Samuel (1º Rs. / 2º Rs.)
e os dois livros de Reis (3º Rs. / 4º Rs.).
- 2 Isto é, os dois livros das Crônicas (1º Cr. / 2º
Cr.).
- 3 Ou seja: Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos
Cânticos, Sabedoria e Eclesiástico.
- 4 A saber: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
- 5 Incluindo as "Lamentações" e "Baruc",
segundo a Septuaginta.
- 6 Isto é, o livro de Esdras e o livro de Neemias.
- 7 Mateus, Marcos, Lucas e João.
- 8 Aos Romanos, duas aos Coríntios, aos Gálatas, aos
Efésios, aos Filipenses, aos Colossenses, duas aos
Tessalonicenses, duas a Timóteo, a Tito e a Filemon.
- 9 Curiosa distinção resultada, provavelmente, dos
escrúpulos que a Igreja Africana tinha a respeito da
autenticidade literária paulina dessa epístola.
- 10 Percebe-se, assim, que o cânon coincide
perfeitamente com o cânon definido pelo Concílio de
Trento.
- 11 Trata-se da Igreja de Roma.
- 12 Alusão ao culto dos santos mártires.
- 13 Os Concílios regionais de Cartago simplesmente
repetem, com as mesmas palavras, o conteúdo do cânon 36
do Concílio regional de Hipona. A diferença está somente
na conclusão.
- 14 Interessante distinção, já que antiquíssima
tradição de Éfeso distinguia o João Apóstolo de um João
Presbítero, da mesma região.
- 15 cf. Decreto "Pro Iacobitis" (da Bula
"Cantate Domino", de 04.02.1441): "...O
Sacrossanto Concílio professa que um e o mesmo Deus é o
autor do Antigo e do Novo Testamento, isto é, da Lei,
dos Profetas e do Evangelho, pois os santos de ambos os
Testamentos falaram sob a inspiração do mesmo Espírito
Santo. Este Concílio aceita e venera os seus livros que
vêm indicados pelos títulos seguintes: Cinco livros de
Moisés (isto é, Gênese, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio), Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos
Reis, dois dos Paralipômenos, Esdras, Neemias, Tobias,
Judite, Ester, Jó, o Saltério de Davi, as Parábolas
(Provérbios), Eclesiastes, Cântico dos Cânticos,
Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Baruc,
Ezequiel, Daniel, os Doze Profetas menores (isto é,
Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum,
Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias) e dois
livros dos Macabeus. Quatro Evangelhos (Mateus, Marcos,
Lucas e João), catorze epístolas de Paulo (uma aos
Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos
Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas
aos Tessalonicenses, duas a Timóteo, uma a Tito, uma a
Filemon, uma aos Hebreus), duas epístolas de Pedro, três
de João, uma de Tiago, uma de Judas, os Atos dos
Apóstolos e o Apocalipse de João".
- 16 cf. Decreto sobre o Cânon (sessão IV, de
08.04.1546).
Fonte: Site "Veritatis Splendor" |
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51. Como está definido o Cânon Bíblico |
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A Bíblia é formada pelos seguintes livros:
- Antigo Testamento: Gênese, Êxodo, Levítico, Números,
Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 1º Samuel, 2º Samuel,
1º Reis, 2º Reis, 1º Crônicas, 2º Crônicas, Esdras,
Neemias, Tobias, Judite, Ester, 1º Macabeus, 2º
Macabeus, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes (ou
Coélet), Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico
(ou Sirácida), Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc,
Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas,
Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e
Malaquias.
- Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos
Apóstolos, Romanos, 1ª Coríntios, 2ª Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, Colossenses, 1ª Tessalonicenses, 2ª
Tessalonicenses, 1ª Timóteo, 2ª Timóteo, Tito, Filêmon,
Hebreus, Tiago, 1ª Pedro, 2ª Pedro, 1ª João, 2ª João, 3ª
João, Judas e Apocalipse.
Portanto, o Antigo Testamento é formado por 46 livros e
o Novo Testamento reúne 27 livros.
A Bíblia foi escrita em três línguas diferentes: o
hebraico, o aramaico e o grego (Koiné). Quase a
totalidade do Antigo Testamento foi redigida em
hebraico, embora existam algumas palavras, trechos ou
livros em aramaico e grego. Quanto ao Novo Testamento,
este foi completamente redigido em grego - a única
exceção parece ser o livro de Mateus, originariamente
escrito em aramaico, contudo esse original foi perdido
de maneira que resta-nos hoje a versão em grego.
Quanto ao Antigo Testamento, a Bíblia protestante possui
sete livros a menos que a Bíblia católica. Ocorre que a
Igreja Católica, desde o início, utilizou a tradução
grega da Bíblia chamada Septuaginta ou Versão dos
Setenta (LXX). Essa tradução para o grego foi feita no
séc. III aC., em Alexandria (Egito), por setenta e dois
sábios em virtude da existência de uma grande comunidade
judaica nessa cidade que já não mais compreendia a
língua hebraica. Na época em que foi feita essa
tradução, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não
estava concluída, de forma que essa versão acabou
abrigando outros livros, ficando mais extensa. Essa foi
a Bíblia adotada pelos Apóstolos de Jesus em suas
pregações e textos: das 350 citações que o Novo
Testamento faz dos livros do Antigo Testamento, 300
concordam perfeitamente com a versão dos Setenta,
inclusive quanto às diferenças com o hebraico.
Por volta do ano 100 dC., os judeus da Palestina se
reuniram em um sínodo na cidade de Jâmnia e
estabeleceram alguns critérios para formarem o seu cânon
bíblico. Esses critérios eram os seguintes:
- O livro não poderia ter sido escrito fora do
território de Israel.
- O livro não poderia conter passagens ou textos em
aramaico ou grego, mas apenas em hebraico.
- O livro não poderia ter sido redigido após a época de
Esdras (458-428 aC.).
- O livro não poderia contradizer a Lei de Moisés
(Pentateuco).
Assim, os livros escritos por aquela enorme comunidade
judaica do Egito não foram reconhecidos pelo sínodo de
Jâmnia, por causa de seus critérios ultranacionalistas.
Também em virtude desses critérios, o livro de Ester -
que em parte alguma cita o nome de Deus - foi
reconhecido como inspirado, mas somente a parte escrita
em hebraico; os acréscimos gregos, que incluíam orações
e demonstravam a real presença de Deus como condutor dos
fatos narrados, foram completamente desprezados,
deixando uma lacuna irreparável.
Os livros não reconhecidos pelo sínodo da Jâmnia e que
aparecem na tradução dos Setenta são tecnicamente
chamados de deuterocanônicos, em virtude de não terem
sido unanimemente aceitos. São, portanto,
deuterocanônicos no Antigo Testamento os seguintes
livros: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria,
1º Macabeus e 2º Macabeus, além das seções gregas de
Ester e Daniel.
Com a dúvida levantada pelo sínodo de Jâmnia, alguns
cristãos passaram a questionar a inspiração divina dos
livros deuterocanônicos. Os Concílios regionais de
Hipona (393), Cartago III (397) e IV (419), e Trulos
(692), bem como os Concílios Ecumênicos de Florença
(1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870), confirmaram a
validade dos deuterocanônicos do Antigo Testamento,
baseando-se na autoridade dos Apóstolos e da Sagrada
Tradição.
Da mesma forma como existem livros deuterocanônicos no
Antigo Testamento, também o Novo Testamento contém
livros e extratos que causaram dúvidas até o séc. IV,
quando a Igreja definiu, de uma vez por todas, o cânon
do Novo Testamento. São deuterocanônicos no Novo
Testamento os livros de Hebreus, Tiago, 2Pedro, Judas,
2João, 3João e Apocalipse, além de alguns trechos dos
evangelhos de Marcos, Lucas e João.
Com o advento da Reforma Protestante, os evangélicos - a
partir do séc. XVII1 - passaram a omitir os
livros deuterocanônicos do Antigo Testamento. Alguns
grupos mais radicais chegaram - sem sucesso - a tentar
retirar também os livros deuterocanônicos do Novo
Testamento. É de se observar, dessa forma, que caem em
grande contradição por não aceitarem os deuterocanônicos
do Antigo Testamento enquanto aceitam,
incontestavelmente, os deuterocanônicos do Novo
Testamento.
1 O próprio Lutero (fundador da Reforma) traduziu e
publicou, para a língua alemã, os livros
deuterocanônicos do Antigo Testamento.
Fonte: Site "Veritatis Splendor" |
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52. Os livros deuterocanônicos fazem parte da Bíblia? |
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O texto abaixo é um debate
promovido pelo site "Agnus Dei", defendendo o
cânon bíblico definido pela Igreja Católica. As partes
escritas em azul mostram as argumentações de um irmão
sobre a visão protestantes do cânon bíblico. As
respostas à todas estas argumentações são mostradas logo
abaixo, nos textos escritos em preto.
Caro, irmão:
achei este texto de ataque ao cânon católico. Quando
possível, gostaria de receber observações suas sobre o
texto.
Prezado Fabiano,
Vamos lá...
"No que diferem as Bíblias Católicas das
Protestantes"
De fato, existem diferenças entre as Bíblias Católicas e
as Bíblias Protestantes...
Nas Católicas há os livros chamados Apócrifos. Apócrifo
antigamente no tempo dos Persas tinha um sentido
esotérico, depois passou a significar Coisas Escondidas,
Ocultas ou Secretas. Mais tarde esse termo foi sendo
aplicado a livros de autenticidade incerta e hoje se
aplica a livros religiosos não inspirados tais como
esses que encontramos nas Bíblias Católicas;
há uma meia verdade neste parágrafo. Realmente o termo
"apócrifo" tem significado pejorativo, desde
meados do séc. IV dC., indicando autenticidade incerta.
Porém, o termo não se aplica aos livros e acréscimos
indicados pelo autor deste artigo no parágrafo seguinte,
mas sim aos livros que não foram considerados inspirados
pela Igreja primitiva (ex.: Evangelho de Tomé;
Apocalipse de Paulo; 3 Macabeus; etc.) - veja uma lista
bem mais completa dos livros apócrifos no artigo "Quais
são os livros apócrifos"? São chamados mais
apropriadamente de "deuterocanônicos" por se tratar de
livros que não se encontram na Bíblia Palestinense
(definida pelos judeus da Palestina em 90 dC.), mas na
Bíblia Alexandrina (dos judeus que habitavam nesta
cidade do Egito). Os livros que coincidiam nas duas
Bíblias são chamados de "protocanônicos".
Foi Lutero quem começou a chamar estes livros de
apócrifos no séc. XVI dC. e, para complicar mais ainda,
passaram a chamar de "pseudoepígrafos" aqueles
livros de autenticidade evidentemente falsa, que nós,
católicos (e também ortodoxos), chamamos de
"apócrifos". O motivo disso é que os protestantes
têm certas dificuldades teológicas se admitirem a
autenticidade destes livros, pois apresentam de forma
bem clara certas doutrinas refutadas por eles, como, por
exemplo, o purgatório, a oração em favor dos mortos e a
intercessão dos santos.
Os livros apócrifos são: Tobias, Judite, Sabedoria de
Jesus Ben Sirach ou Eclesiástico, Sabedoria de Salomão,
Baruque, 1º Macabeus, 2º Macabeus, Acréscimos a Daniel,
Acréscimos a Ester.
A informação aqui está correta com a única ressalva de
que não são livros e acréscimos apócrifos, mas sim
deuterocanônicos...
Qual a sua origem?
a) Ptolomeu Filadelfo rei do Egito ordenou que
traduzissem os escritos dos hebreus para o Grego, língua
oficial do mundo de então, para assim enriquecer a sua
biblioteca;
A tradução dos livros dos hebreus para o grego se deu
entre os anos 300 e 150 aC. na Alexandria (Egito) e
passou a ser chamada de Septuaginta (ou "LXX"),
pois a tradição afirma de que foi realizada por 72
tradutores. A razão da tradução, entretanto, não foi
simplesmente "enriquecer" a biblioteca do rei,
mas tinha como principal propósito tornar acessível a
Palavra de Deus aos judeus que viviam ali, numa enorme e
próspera colônia, e que, com o passar dos anos, já não
mais reconheciam a língua hebraica, embora guardassem
plenamente a sua fé e identidade, como judeus que
realmente eram. O autor deste artigo reconhece isto -
ainda que timidamente, pra variar - no item
imediatamente a seguir...
b) O afrouxamento dos Judeus da grande colônia hebraica
de Alexandria quanto ao estudo da sua própria língua;
não se trata precisamente de um “afrouxamento”,
mas sim de um fator natural, que ocorre com qualquer
língua minoritária em certa região onde a esmagadora
maioria fala uma outra língua. Por exemplo, o português
tem origem no latim, mas hoje, no Brasil (e até mesmo em
Portugal), é muito difícil encontrar alguém que conheça
plenamente a língua latina. Foi afrouxamento nosso?
Certamente que não... trata-se de um processo de
desenvolvimento lento e contínuo, estritamente natural e
sem qualquer ligação com relaxamento...
c) A grande influência helenista nos judeus
alexandrinos;
isto de modo algum "manchou" a fé dos judeus,
bastando lembrar que Jesus também era judeu e nunca fez
ressalva alguma sobre tal questão; muito pelo
contrário...
d) O grande desejo do mundo grego de conhecer os
escritos dos judeus.
Esta afirmação parece-me um tanto quanto esvaziada,
porque o mundo grego, na verdade, desprezava o
conhecimento dos hebreus, pois não contavam com
filósofos. É justamente por essa razão que São Paulo
fala das vãs filosofias (Col. 2, 8) e diz que pregar a
cruz de Cristo é escândalo para os judeus (já que o
Messias seria o libertador de Israel) e loucura para os
gregos (porque é contrário à filosofia); entretanto, o
próprio São Paulo não abre mão da razão (=filosofia)
para pregar o Evangelho pelo mundo grego (v. Atos dos
Apóstolos)...
Em outras palavras: não eram os gregos que tinham
interesse de conhecer os escritos judaicos, mas eram os
judeus - e mais tarde também os cristãos - que tinham o
interesse de propagar a Palavra de Deus; os judeus por
puro proselitismo; os cristãos, pela Salvação de toda
criatura humana.
Data 200 aC. até 100 aC. foram eles escritos.
A crítica moderna (inclusive protestante) sugere as
seguintes datas de composição para os livros em debate:
Tobias: 200 aC. (em hebraico ou aramaico)
Judite: 150 aC. (em hebraico ou aramaico)
1º Macabeus: 100 aC. (em hebraico ou aramaico)
2º Macabeus: 100 aC. (em grego)
Eclesiástico: 200 (em hebraico) e 130 (tradução grega)
Sabedoria: 100 aC. (em grego)
Baruc: 200 aC. (em grego, talvez tradução do hebraico)
acréscimos a Ester: 160 aC. (em grego)
acréscimos a Daniel: 100 aC. (em grego)
Entretanto, o fato de terem sido os últimos livros a
serem escritos no Antigo Testamento, de forma alguma
reduz-lhes o valor. Também o fato de alguns terem sido
escritos fora do território da Palestina não significa
que não sejam inspirados porque, ainda assim, foram
escritos por representantes legítimos do Povo de Deus!
IV - Erros ensinados pelos apócrifos, que estão em
contradição com o restante da Bíblia
Alguns desses "erros" foram com certeza retirados
de um livretinho de autoria de Jaime Reda, chamado
"Assim Diz a Bíblia". Embora não o afirme, o autor
certamente é adventista e, como qualquer protestante,
tem dificuldade em explicar doutrinas tão claras que se
opõem ao que prega a sua seita...
Vamos analisar os "erros" e "refutar a
refutação" do autor: primeiro, demonstrando que a
Bíblia possui (nos livros que o autor aceita como
inspirados, isto é, os "protocanônicos" do Antigo
Testamento e todo o Novo Testamento) outros exemplos
daquilo que o autor considera errado; segundo,
apresentando a contradição do autor com o ensinamento
bíblico...
A-1. Dar esmolas purifica o pecado
a) Tobias 12:9 - "Porque a esmola livra da morte e é
a que apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e
a vida eterna";
b) Tobias 4:10 - "Porque a esmola livra de todo o
pecado e da morte e não deixará, cair a alma nas
trevas",
c) Eclesiástico 3:33 - "As esmolas resgatam o
pecado.";
d) II Macabeus 12:43-46 - "E tendo feito uma coleta,
mandou 12 mil dracmas de prata, a Jerusalém, para serem
oferecidas em sacrifício pelos pecados dos mortos,
sentindo bem e religiosamente da ressurreição... Se
Judas não tivesse esperança de que se erguessem de novo
os que caíram teria sido supérfluo orar pelos mortos...
É pois um santo e salutar pensamento orar pelos mortos
para que sejam livres de seus pecados".
- "Porquanto qualquer um que vos der a beber um copo
de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade
vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa"
(Mc. 9, 41).
- "Daí, porém, de esmola o que está dentro do copo e
do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas"
(Lc. 11, 41)
- "Porque, assim como o corpo sem o espírito está
morto, assim também a fé sem obras é morta" (Tg. 2,
26)
2. Refutação:
a) oferta em dinheiro para perdão do pecado não
encontramos em nenhum lugar da Bíblia, isto é coisa
diabólica, pois assim somente os ricos teriam o perdão
dos pecados;
b) I Pedro 1: 18-19 - não foi com ouro ou prata que
fomos comprados;
c) Atos 10: 4-6 - não somente dar esmolas mas conhecer e
praticar a verdade;
d) Efésios 2: 8-9 - somos salvos pela graça de Deus e
não por dinheiro;
e) Isaías 55: 1 - compra sem dinheiro.
O que importa não é se a esmola é oferecida em dinheiro
ou em espécie, mas com a intenção de querer fazer o bem,
por amor a Jesus. É dar a quem precisa, sem guardar o
sentimento de retribuição. Isto agrada ao Senhor (até um
pequeno e simples copo de água!!) e O levará a
considerar tal feito no Dia do Juízo; portanto, não há
dúvidas de que a esmola apaga pecados, não no sentido de
torná-los inexistentes, mas compensados... Foi
justamente por isso que a pobre viúva que deu tudo o que
tinha foi elogiada por Cristo, em detrimento aos ricos
(cf. Lc. 21, 3); mesmo assim, estes ricos, que deram do
que tinha de sobra, também não foram condenados - a
diferença é que estes terão uma recompensa menor do que
aquela viúva (haverá, portanto, uma compensação). Jesus
confirma também o valor da esmola juntamente com outras
formas de piedade (M.t 6, 2-18), que cobrem "uma
multidão de pecados" (1ª Pd. 4, 8).
B-1. Ensino de Crueldade e do Egoísmo
a) Eclesiástico 12: 6 - "Não favoreças aos ímpios;
retém o teu pão e não o dê a ele".
"Deste modo extirparás o mal do teu meio, para que os
outros ouçam, fiquem com medo e nunca mais tornem a
praticar o mal no meio de ti. Que teu olho não tenha
piedade. Vida por vida, olho por olho, dente por dente,
mão por mão, pé por pé" (Dt. 19, 19-20).
2. Refutação:
a) Eclesiastes 11:1-2 - lança o teu pão;
b) Provérbios 25: 21-22 - dá-lhe pão para comer e água
para beber;
c) Romanos 12: 20;
d) Mateus 5: 44-48 - amar os nossos inimigos.
É mais do que claro que o autor do Eclesiástico segue
rigorosamente o ensino do Antigo Testamento (v.
especialmente Êxodo e Deuteronômio). Se lermos Eclo. 12,
4-7, perceberemos que não se trata de esmola dada aos
necessitados, mas sim de benefícios o que, certamente, é
melhor concedê-los a gente honesta do que a pessoas
malvadas. Santo Agostinho escreveu sobre esta passagem
de Eclo: "não dês ao pecador enquanto pecador, dá-lhe
enquanto homem". Logo, a referida passagem não se
refere à crueldade, muito menos se refere ao egoísmo.
C-1. Pecados perdoados pela oração
a) Eclesiástico 3: 4 - "Quem amar a Deus receberá
perdão de seus pecados pela oração".
2. Refutação:
a) Os pecados não se perdoam pela oração, se fosse
assim, não teríamos necessidade de Jesus. Todos os povos
pagãos fazem orações, mas os pecados não se perdoam
somente pela oração;
b) Provérbios 28: 13 - o que confessa e deixa alcançará
misericórdia;
c) I João 1: 9 - renúncia do pecado;
d) 1ª João 2:1-2 - Cristo é quem perdoa.
Tal refutação é, no mínimo, ridícula. O livro do
Eclesiástico - de onde foi tirado o exemplo dos pecados
perdoados pela oração - pertence ao AT e, como todos os
demais, são apenas um preparativo para a nova Aliança em
Cristo. Além do mais, a confissão não deixa de ser uma
oração - seja no ponto de vista católico, através do Ato
de Contrição, seja no ponto de vista protestante, onde o
pecador tentar obter seu perdão diretamente de Deus.
Portanto, o autor cai em contradição consigo mesmo.
D-1. O Ensino do Purgatório
a) Sabedoria 3: 1-4 - "Mas as almas dos justos estão
nas mãos de Deus; e o tormento da morte não as tocará.
Aos olhos dos ignorantes pareciam eles morrer e sua
partida foi considerada desgraça. E, sua separação de
nós, por uma extrema perda. Mas eles estão em paz. E
embora aos olhos dos homens sofram tormentos, sua
esperança está plenamente na imortalidade.";
b) Isto é a doutrina do Purgatório.
- "Em verdade te digo que de maneira nenhuma [sairás]
dali enquanto não pagares o último ceitil" (Mt. 5,
26)
- "Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do
homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem
neste mundo, nem no vindouro" (Mt. 12, 32)
- "Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele
prejuízo; mas o tal será salvo, todavia como que pelo
fogo" (1ª Cor. 3, 15).
2. Refutação:
a) I João 1:7 - esse ensino aniquila completamente a
expiação de Cristo. Se o pecado, pudesse ser extinguido
pelo fogo, não teríamos necessidade de um Salvador;
b) Eclesiastes 9: 6 - os mortos não sabem coisa nenhuma
- Isaías 38:18-19; c)
c) 1ª Tessalonicenses 4: 13-16 - na ressurreição os
justos serão galardoados.
A doutrina do Purgatório de forma alguma aniquila a obra
de Cristo; muito pelo contrário... Sabemos muito bem que
nada de impuro pode entrar no céu (Mt. 5, 8); por outro
lado sabemos que aquele que disser que não tem pecados é
um mentiroso (1ª Jo. 1, 10). No entanto, o Senhor é
justo juiz (2ª Tim. 4, 8) e recompensa até um copo
d'água que é dado em seu nome (Mt. 9, 41). Logo, embora
o purgatório não seja mencionado com este nome na
Escritura (a Santíssima Trindade também não é e todos os
cristãos a professam como verdade revelada!), a sua
realidade é incontestável. Observe-se, ainda, que o
purgatório é somente para os que estão salvos, mas ainda
possuem pecados não expiados, tornando necessária a
purificação para ver a Deus. Quem for julgado para a
perdição, não tem como passar pelo purgatório para
expiar seus pecados... No site do Agnus Dei existem
diversos artigos sobre o Purgatório, explicando-o com
mais detalhes. Utilize a ferramenta de busca interna,
existente no Índice de Assuntos, para localizá-los mais
facilmente...
E-1. O Ensino da Vingança
a) Judite 9:2 - "O Senhor Deus, do meu pai Simeão, a
quem deste a espada para executar vingança contra os
gentios".
- "Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé
por pé..." (Ex 21,24)
- "Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por
dente; como ele tiver desfigurado algum homem, assim lhe
será feito." (Lv. 24, 20)
- "O teu olho não terá piedade dele; vida por vida, olho
por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé." (Dt.
19, 21)
2. Refutação:
a) Gênesis 34: 30 - o aborrecimento de Jacó pela
vingança de Simeão contra os cananitas;
b) Gênesis 49: 5-7 - a maldição de Jacó porque eles
usaram de vingança;
c) Romanos 12: 17-19 - minha é a vingança do Senhor.
Será que os exemplos que citei acima, tirados do Êxodo,
Levítico e Deuteronómio são exemplos de amor ao próximo?
Também não é necessário falar das mortes efetivadas
pelos hebreus durante a Conquista da Terra Prometida...
O autor do presente artigo não poderia ser mais infeliz
para refutar alguma coisa dos deuterocanônicos...
F-1. Suicídio
a) 2º Macabeus 12: 41 - "... quando ele se viu a
ponto de ser preso, feriu-se com a sua espada,
preferindo morrer nobremente a ver-se sujeito a
pecadores, e padecer ultrajes indignos de seu
nascimento".
A citação acima é tirada de 2º Mc. 14, 41-42 e não de 2º
Mc. 12, 41!
"Sansão invocou a Javé e exclamou: 'Senhor Javé, eu
te suplico, vem em meu auxílio; dá-me forças ainda está
vez, ó Deus, para que, de um só golpe, eu me vingue dos
filisteus por causa dos meus dois olhos'. E disse:
'morra eu com os filisteus!'". (Jz. 16, 28.30).
2. Refutação:
a) morrer nobremente é a frase perigosa. A Bíblia nos
conta de alguns suicídios, mas nunca os qualifica de
cousa ou ato nobre;
b) a vida e morte dependem de Deus e nós, não podemos
desertar da vida para nos livrar de dificuldades.
Cristianismo quer dizer paciência, abnegação. Tudo
sofre, tudo suporta;
c) Transgressão do mandamento "Não matarás".
A Bíblia possui diversos casos de suicídio -
principalmente entre guerreiros - além do registrado
pelo autor deste artigo: Jz. 9, 54; 16, 28-29; 1º Sm.
31, 4-5; 2º Sm. 17, 23; 1º Rs. 16, 18. O suicídio de
Sansão (Jz. 16, 28-29) embora não seja classificado
explicitamente como "morte nobre", é tido como
grandioso pelo autor do livro dos Juízes, pois ele deu a
sua vida pelo seu povo, utilizando contra os seus
inimigos a força final recebida de Deus. Poderíamos, por
isto, dizer que o suicídio é algo grandioso?? Que Deus
aprova? Ou estaria Sansão ardendo no Inferno?
Se fosse algo sempre nobre ou grandioso, a Igreja
Católica, por conseguinte, não condenaria o suicídio
como sempre o fez. Ensina o Catecismo da Igreja:
"cada um é responsável por sua vida diante de Deus que
lhe deu e que dela é sempre o único soberano Senhor.
Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la
para sua honra e salvação das nossas almas. Somos os
administradores e não os proprietários da vida que Deus
nos confiou. Não podemos dispor dela". Entretanto, a
Igreja reconhece: "não se pode desesperar da salvação
das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que
só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento
salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra
a própria vida".
G-1. O Ensino de Artes Mágicas
a) Tobias 6:8 - "Se tu puseres um pedacinho do seu
coração (do peixe que ele havia apanhado) sobre brasas
acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios,
tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam
mais chegar a eles". Verso 9 - "E o fel é bom
para untar os olhos que tem algumas névoas, e sararão".
"Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e
untou com lodo os olhos do cego e lhe disse: 'Vai
lavar-te na piscina de Siloé' [...] O cego foi.
lavou-se e voltou vendo" (Jo. 9, 6)
"Está doente algum de vós? Chame os anciãos da
igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em
nome do Senhor" (Tg. 5, 14)
2. Refutação:
a) não encontramos tal coisa em nenhum lugar da Bíblia;
b) não precisamos de truques para enfrentar o diabo;
c) maneiras de enfrentar o diabo e os demônios: Mateus
4: 4-10;
d) Tiago 4: 7 - resisti ao diabo e ele fugirá;
e) maneiras de expulsar demônios: Marcos 16: 17 e Atos
16: 18.
Também não encontramos em qualquer outro lugar da Bíblia
que a lama oriunda do cuspe misturada com a terra cura
os cegos. Seria então Jesus um feiticeiro?)
Torna-se claro, portanto, que existe um interesse oculto
na referida passagem de Tobias, que só será desvendado
em 8,3, quando o próprio Anjo Rafael expulsa o demônio
(e não Tobias através do coração, fel e fígado do
peixe). O interesse, portanto, é ocultar a identidade do
Anjo para Tobias até a efetiva expulsão do demônio...
H-1. Mentiras
a) Judite 11: 13-17 - Judite mentindo para Holofernes;
b) Tobias 5: 15-19 - o anjo Rafael mentindo. "Abraão
disse de sua mulher Sara: 'É minha irmã' e Abimelec, rei
de Gerara, mandou buscar Sara (Gen. 20 ,2) "Jacó disse:
'eu sou o teu filho primogênito, Esaú, fiz como me
ordenaste...' Disse [Isaac]: 'Tu és o meu filho Esaú?'
Respondeu: 'Eu o sou'. E logo que sentiu a fragrância de
seus vestidos, abençoou-o." (Gen. 27, 19)
2. Refutação:
a) Deus nunca sancionou a mentira nem mesmo nos seus
servos;
b) O mal começou com a mentira no céu;
c) Gênesis 3: 4 - certamente morrerás;
d) João 8: 44 - quem é o originador e pai de todas as
mentiras, portanto não pode um anjo de Deus mentir;
e) João 14: 6 - Jesus diz ser o caminho, a Verdade e a
vida. Todos os seguidores, de Cristo devem ser
verdadeiros.
Também os grandes patriarcas hebreus mentiram e não
foram abandonados por Deus; muito pelo contrário...
Abraão foi pai de muitas nações (Gen. 17, 5); Jacó
manteve a bênção de Deus e teve seu nome mudado para
Israel (Gen. 35, 10).
É certo que a mentira atenta contra a verdade e é sempre
proposital; entretanto, não se pode igualar os graus de
mentira (generalizando-a) ou desconhecer-lhe a intenção
(para prejudicar ou beneficiar alguém com ou sem
prejuízo de outrem).
I-1. Tolices
a) Tobias 2: 10 - as fezes de uma andorinha, caindo nos
olhos de Tobias que estava dormindo junto a um muro
deixa-o cego; os médicos também afirmam que o esterco de
andorinha pode queimar os olhos... A observação também é
feita na Bíblia Sagrada versão de Matos Soares (ed.
Paulinas), na pág. 484.
b) Judite 8: 5-6 - uma mulher jejuando a vida inteira,
menos aos sábados; A mulher em questão é a própria
Judite. O fato de jejuar todos os dias não significa que
não bebesse água, que é o elemento fundamental para o
corpo humano. Também Jesus jejuou por 40 dias e 40
noites seguidos e não morreu (Mt. 4, 2). Certamente aos
sábados Judite se alimentava bem, pelo menos com o
suficiente para se manter firme... Vários santos também
impuseram sobre si rigorosa rotina de jejum,
principalmente os ermitões que viviam no deserto. Não
há, neste caso, nenhuma "tolice" em Judite...
c) II Macabeus 15:40 - "beber sempre água é coisa
prejudicial". A frase completa é: "assim como é
nocivo beber somente vinho ou somente água, enquanto que
é agradável beber água misturada com vinho...". A
frase encerra, portanto, uma verdade, que é o abuso;
tudo que é feito em excesso é prejudicial, rompendo um
equilíbrio que deve ser mantido. Mesmo assim, o que o
autor se refere neste versículo é quanto à
agradabilidade da narração de sua obra, que deve
encantar os ouvidos. Você já bebeu água sem vontade? É
horrível, não? Já bebeu vinho sem gostar? É ruim também
porque queima a garganta... Misturando os dois fica
agradável, saboroso, porque alcança um equilíbrio ao
gosto do degustador. Assim deve ser qualquer obra
literária: deve agradar o leitor! V -
Razões interessantes
Roma não pode chamar as outras Bíblias de falsas por não
conterem os Apócrifos, assim como não pode se chamar uma
nota de falsa por não ter ela uns acréscimos que alguém
julgue que ela deva ter;
- pode sim! Pode porque foi a Igreja que definiu o cânon
bíblico no séc. IV, selecionando os livros do Novo
Testamento e confirmando todos os livros do Antigo
Testamento segundo a versão da Septuaginta, incluindo os
7 livros aqui debatidos, bem como os acréscimos a Ester
e Daniel. E a autoridade da Igreja para estabelecer o
cânon é indiscutível, pois ela é a "coluna e o
fundamento da Verdade" (1ª Tim. 3, 15).
E pode também porque a Igreja Católica foi fundada sobre
os Apóstolos, que usaram a Septuaginta para escrever o
Novo Testamento: das 350 citações do AT, 300 obedecem a
versão dos LXX! Se o autor segue a autoridade dos judeus
de Jâmnia para definir o seu cânon, deve deixar de lado
todos os livros do Novo Testamento; porém, se aceita a
autoridade da Igreja, fundada por Cristo, não tem como
deixar de lado os livros deuterocanônicos, pois estaria
(como de fato está) em contradição.
Em 2º Macabeus encontramos o autor do livro pedindo
perdão pelas suas falhas como escritor. Se crêssemos que
estes livros estão no mesmo pé de igualdade com os
inspirados, ficaríamos então admirados de ver agora o
Espírito Santo pedindo desculpas por algumas falhas, o
que é inconcebível;
- não tem nada a ver! Também São Paulo afirma em 1ª Cor.
7, 12: "aos outros sou eu quem digo e não o Senhor:
se algum irmão tem uma mulher sem fé e está consente em
habitar com ele, não a repudie". Será que esta
passagem também não é inspirada? Se não é, por que ainda
se encontra na Bíblia? Por que não foi simplesmente
riscada?? E se fosse riscada, o que impediria de riscar
toda a 1ª Coríntios?
O Senhor Jesus e os Apóstolos fazem 205 citações do V.T.
e mais 304 alusões ao mesmo e não dizem nenhuma palavra
sequer a respeito de um dos livros Apócrifos;
- não é verdade. Veja-se, por exemplo, o seguinte caso:
em Hebreus 11, 35 lemos que "Algumas mulheres
reencontraram os seus mortos pela ressurreição. Outros
foram esquartejados, recusaram o resgate para chegar a
uma ressurreição melhor". A quem o Apóstolo se
refere ao falar de algumas mulheres? Certamente ao filho
da viúva ressuscitado por Elias (1º Rs. 17, 22-23) e ao
filho da sunanita ressuscitado por Eliseu (2º Rs. 4,
35-36). Até aí tudo bem... Porém pergunte a um
protestante:
- onde você encontra na Bíblia alguém que aceitou ser
esquartejado crendo na esperança da ressurreição?
Ele poderá revirar todo o Antigo Testamento da sua
Bíblia protestante, do Gênese ao profeta Malaquias, mas
nada encontrará... O Apóstolo estaria mentindo? Não! Ele
se refere ao martírio dos sete irmãos que lemos em 2º
Mac. 7! Isto é indiscutível!
Fora esta passagem, existem pelo menos mais 344
referências no NT aos livros deuterocanônicos... Veja a
lista em "O Novo Testamento e os Deuterocanônicos",
na área da Bíblia do site do Agnus Dei.
Jerônimo, o tradutor da Vulgata declarou que os
Apócrifos não eram canônicos;
- por volta do ano 90 dC., vários anos após a destruição
de Jerusalém pelos romanos, os judeus (fariseus) se
reuniram em um sínodo na cidade de Jâmnia e definiram um
cânon usando de critérios meramente nacionalistas (v. o
artigo "Como está definido o cânon bíblico" na
área de Apologética), deixando de fora os 7 livros em
questão, pois não atendiam a tais requisitos.
São Jerônimo, até o ano 390 aceitava os livros
deuterocanônicos como inspirados, mas, indo para a Terra
Santa e passando a traduzir a Bíblia para o latim
diretamente do hebraico, foi influenciado pelos rabinos
a considerar somente os livros aceitos pelos judeus da
Jâmnia. Ainda assim, é possível encontrar mais de 200
referências aos deuterocanônicos nas obras do Santo.
Fora isso, a questão do cânon bíblico para a Igreja
cristã ainda não estava definida, o que torna
compreensível e justificada a posição de Jerônimo.
Porém, a Igreja Católica resolveu a situação a partir
dos Concílios regionais de Hipona (393), Cartago III
(397) e Cartago IV (418). Em 450, o papa Inocêncio I
reafirmou o cânon bíblico com todos os deuterocanônicos
numa carta ao bispo Exupério de Tolosa. Para maiores
detalhes, ler o artigo "Testemunhos Cristãos
Primitivos - O Cânon Bíblico", na área de Patrística.
Somente em 8 de Abril de 1546 é que a Igreja Católica se
lembrou que esses livros deveriam estar canonizados;
nesse concílio que declarou os Apócrifos como
autorizados, não havia nenhuma autoridade entre eles.
Havia somente 53 prelados italianos e espanhóis na sua
maioria. Nenhum alemão. Era mais um concílio religioso
do que ecumênico, portanto, não tinha autoridade;
- papo furado! A Igreja Católica usa os deuterocanônicos
desde a era apostólica. A definição de sua inspiração já
se dera oficialmente em Hipona (393) e Cartago (397 e
418), como vimos acima. Também o concílio ecumênico de
Florença (1441) professou solenemente o catalogo
completo dos livros sagrados, pelo menos 1 século antes
de Trento. A Bíblia de Guttemberg, o primeiro livro a
ser impresso no mundo por volta de 1450, também continha
os deuterocanônicos.
Foi o herege Martinho Lutero, apenas em 1534, que
colocou os referidos livros em apêndice, com o título de
apócrifos, em sua tradução alemã da Bíblia. Pelo menos
teve a decência de deixá-los por considerá-los bons e de
utilidade (segundo palavras usadas pelo próprio
"reformador" no prólogo).
A Igreja Católica Ortodoxa sempre fez restrições aos
Apócrifos;
- outra inverdade, que demonstra desconhecimento
histórico e eclesiológico. O Concílio de Trulos,
reunindo padres da Igreja Oriental em 692, também
considerou os livros deuterocanônicos como inspirados. O
mesmo ocorreu nos sínodos de Constantinopla (1638), de
Yassi (1642) e de Jerusalém (1672) - após a Reforma
Protestante.
Também a Sociedade Bíblica Unida (representada no Brasil
pela Sociedade Bíblica do Brasil), instituição
protestante que produz Bíblias, afirma em sua Agenda de
Oração-1996, pág. 5: "Deuterocanônicos: as Bíblias
para as Igrejas Católica Romana e Ortodoxa contêm livros
extras, que não fazem parte da Bíblia usada pelas
Igrejas Protestantes". A única exceção entre os
ortodoxos trata-se da Igreja Ortodoxa Russa; ainda
assim, é livre entre estes aceitar ou não os
deuterocanônicos.
Católicos Scholars rejeitam os Apócrifos:
a) Bede e John of Salisbury - 1180 A.D.;
b) William Ockham - 1347;
c) Cardeal Ximenes mandou editar na Espanha a Bíblia
Poliglota e não continha os Apócrifos - 1514-17;
d) Após o Concílio de Trento em 1546 ter pronunciado os
livros Apócrifos canônicos Sixtus de Siena em 1566
insistiu em separar os livros Apócrifos da Bíblia.
"Scholars"? Acho que este artigo tem origem americana...
Seria bom que o tradutor pelo menos disfarçasse,
traduzindo o termo ou pelo menos indicando a fonte...
Não conheço a opinião destes senhores e sinceramente
pouco me importa... São meras opiniões humanas, sem a
autoridade oficial da Igreja, "fundamento e coluna da
verdade" (1ª Tim. 3, 15). Nem todo aquele que se diz
"católico" é católico de verdade, infelizmente.
Jesus deu autoridade aos seus Apóstolos, à sua Igreja...
Os apóstolos usaram a Septuaginta com os
deuterocanônicos; a Igreja sempre os reconheceu como
inspirados, havendo aqui ou ali poucas vozes destoantes,
quase sempre influenciadas por judeus... Eu aceito a
autoridade da Igreja, dos Apóstolos e, por consequência,
de Jesus - que prometeu estar com sua Igreja até a
consumação dos séculos (Mt. 28, 20). Dizer que a Igreja
errou ao definir o cânon é chamar Jesus de mentiroso,
por não cumprir sua promessa de permanecer conosco. Tal
proposição, entretanto, é absurda!
E, pelo que vimos até aqui, existem muito mais
argumentos em favor da inspiração dos deuterocanônicos
do que contra... Em outras palavras: quem é contra os
deuterocanônicos ainda não conseguiu provar que estes
não fazem parte da Bíblia... Estão em maus lençóis!
Fonte: Site "Veritatis Splendor" |
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53. A versão da septuaginta |
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A Septuaginta foi a primeira tradução do Antigo
Testamento hebraico, feita em grego popular antes da Era
Cristã. Este artigo tratará do seguinte:
1. Sua importância;
2. sua origem;
a) Segundo a Tradição;
b) Segundo o ponto de vista comumente aceito.
- Sua história subsequente, recensões, manuscritos e
edições;
- Seu valor crítico e linguagem.
1. Importância Histórica da Septuaginta
A importância da versão da Septuaginta é representada
pelas seguintes considerações:
- a Septuaginta é a mais antiga tradução do Antigo
Testamento e, consequentemente, de valor incalculável
para os críticos compreenderem e corrigirem o texto
hebraico (Massorético), que é posterior - aquele que
chegou até nós - pois foi estabelecido pelos massoretas
no séc. VI dC. Muitas corrupções textuais, adições,
omissões ou transposições foram incorporadas ao texto
hebraico entre os séculos III-II a.C. e VII dC.; assim,
os manuscritos da Septuaginta colocados à disposição dos
críticos podem ser bem melhor compreendidos em alguns
pontos que os manuscritos massoréticos.
- A versão da Septuaginta - primeiramente aceita pelos
judeus de Alexandria e, mais tarde, por todas as nações
de língua grega - auxiliou na expansão, entre os
gentios, da ideia e expectativa do Messias, e introduziu
a terminologia teológica no grego, tornando-a o melhor
instrumento para a propagação do Evangelho de Cristo.
- Os judeus a usaram muito antes da Era Cristã e, no
tempo de Cristo, foi reconhecida como texto legítimo,
tendo sido inclusive empregada na Palestina pelos
rabinos. Os apóstolos e evangelistas a usaram também e
fizeram citações do Antigo Testamento a partir dela,
especialmente no que diz respeito às profecias. Os
padres e outros escritores eclesiásticos da Igreja
primitiva citavam-na diretamente - no caso dos padres
gregos - ou indiretamente - no caso dos padres e
escritores latinos e outros que empregavam as versões
latinas, siríacas, etíopes, árabes e góticas.
Seguramente, era tida em grande estima por todos,
chegando alguns a acreditar de que era inspirada.
Consequentemente, o conhecimento da Septuaginta auxilia
na perfeita compreensão dessas literaturas [da Igreja
primitiva].
Atualmente, a Septuaginta é o texto oficial da Igreja
grega e as antigas versões latinas usadas pela Igreja
ocidental também foram feitas a partir dela; a mais
antiga tradução adotada pela Igreja latina - a Vetus
Ítala - foi preparada diretamente sobre a Septuaginta:
as ideias adotadas nela, os nomes e palavras gregas
empregadas (tais como: Gênese, Êxodo, Levítico, Números
[Arithmoi], Deuteronômio) e, finalmente, a pronúncia
dada ao texto hebraico, passaram frequentemente para a
Ítala e, a partir desta, às vezes, para a Vulgata, que
não raramente, apresenta sinais da influência da Vetus
Ítala (principalmente nos Salmos: a tradução da Vulgata
é meramente o texto da Vetus Ítala corrigido por São
Jerônimo conforme o texto da Septuaginta encontrado na
Hexápla [de Orígenes]).
2. Origem da Septuaginta
1. Segundo a Tradição
A versão da Septuaginta é primeiramente mencionada na
Carta de Aristéias a seu irmão Filócrates. Aqui está,
substancialmente, o que lemos sobre a origem de tal
versão: Ptolomeu II Filadélfo, rei do Egito (287-247
a.C.) tinha estabelecido recentemente uma valiosa
biblioteca em Alexandria. Ele foi persuadido por
Demétrio de Fálaro - responsável pela biblioteca - a
enriquecê-la com uma cópia dos livros sagrados dos
judeus. Para conquistar as boas graças deste povo,
Ptolomeu, por conselho de Aristéias - oficial da guarda
real, egípcio de nascimento e pagão por religião -
emancipou 100 mil escravos de diversas regiões de seu
reino. Ele, então, enviou representantes - entre os
quais Aristéias - a Jerusalém e pediu a Eleazar - o
sumo-sacerdote dos judeus - para que fornecesse uma
cópia da Lei e judeus capazes de traduzi-la para o
grego. A embaixada obteve sucesso: uma cópia da Lei
ricamente ornamentada foi enviada para o Egito,
acompanhada por 72 israelitas - seis de cada tribo -
para atender o desejo do rei. Estes foram recebidos com
grande honra e durante sete dias surpreenderam a todos
pela sabedoria que possuíam, demonstrada em respostas
que deram a 72 questões; então, eles foram levados para
a isolada ilha de Faros e ali iniciaram os seus
trabalhos, traduzindo a Lei, ajudando uns aos outros e
comparando as traduções conforme iam terminando. Ao
final de 72 dias, a tarefa estava concluída. A tradução
foi lida na presença de sacerdotes judeus, príncipes e
povo reunidos em Alexandria; a tradução foi reconhecida
por todos e declarada em perfeita conformidade com o
original hebraico. O rei ficou profundamente satisfeito
com a obra e a depositou na sua biblioteca.
Ainda que possua características lendárias, a narrativa
de Aristéias ganhou crédito: Aristóbulo (170-50 a.C.),
em uma passagem preservada por Eusébio, afirma que
"através dos esforços de Demétrius de Fálero, uma
tradução completa da legislação judaica foi realizada
nos dias de Ptolomeu"; o relato de Aristéias é repetido
quase que literalmente por Flávio Josefo (Ant.Jud.
XII,2) e substancialmente - com a omissão do nome de
Aristéias - por Filo de Alexandria (De Vita Moysis II,
6). A carta e o relato foram aceitos como genuínos por
muitos padres e escritores eclesiásticos até o início do
séc. XVI; outros detalhes que serviram para enfatizar a
extraordinária origem da versão foram acrescentados ao
relato de Aristéias: os 72 intérpretes foram inspirados
por Deus (Tertuliano, Santo Agostinho, o autor de
"Exortação aos Gregos" [Justino?], entre outros);
durante a tradução eles não consultaram uns aos outros,
pois foram mantidos em celas separadas - quer
individuais, quer em duplas - e suas traduções, quando
comparadas, estavam em perfeita concordância com o
sentido e expressões empregadas no texto original e,
inclusive, de umas com as outras ("Exortação aos
Gregos", Santo Ireneu, São Clemente de Alexandria -
São Jerônimo rejeitou o relato das celas isoladas
afirmando que era fantasioso e falso (Praef. in
Pentateuchum; Adv. Rufinum II, 25), bem como a alegada
inspiração da Septuaginta); e, finalmente, de que os 72
intérpretes traduziram não apenas os cinco livros do
Pentateuco, mas todo o Antigo Testamento hebraico. A
autenticidade da Carta, posta em dúvida primeiramente
por Louis Vivès (1492-1540), professor em Louvain (Ad S.
August. Civ. Dei XVIII, 42), e, depois, por Jos Scaliger
(+1609) e, especialmente, por H. Hody (+1705) e Dupin
(d. 1719), é atualmente negada por todos.
Críticas
1. A Carta de Aristéias é certamente apócrifa. O
escritor, que chama a si mesmo de Aristéias e declara-se
grego e pagão, mostra, no decorrer de toda a sua obra,
que, na verdade, é um judeu piedoso e zeloso: ele
reconhece o Deus dos judeus como o único Deus; ele
declara que Deus é o autor da Lei Mosaica; ele é um
admirador entusiástico do Templo de Jerusalém, da terra
e do povo judeu e de suas leis sagradas e homens cultos.
2. A narrativa da Carta deve ser considerada como
fantasiosa e lendária, no mínimo em várias partes.
Alguns detalhes, como a intervenção oficial do rei ao
sumo-sacerdote, o número de 72 tradutores, as 72
questões que tiveram que responder e os 72 dias que
levaram para traduzir a Lei são, claramente, afirmativas
arbitrárias; além disso, é difícil de se admitir que os
judeus alexandrinos tenham adotado para o seu culto
público uma tradução da Lei feita a pedido de um rei
pagão; finalmente, a linguagem da versão da Septuaginta
denuncia, em vários pontos, um conhecimento imperfeito
do hebraico e da topografia da Palestina, correspondendo
muito mais ao idioma vulgar da Alexandria. Já que não é
certo que todo o conteúdo da Carta seja lendário, os
estudiosos questionam se não existe algum fundamento
histórico disfarçado sob os detalhes lendários.
Realmente isso pode ser possível - como se depreende da
natureza peculiar da linguagem bem como sobre o que
sabemos a respeito da origem e história da versão - já
que o Pentateuco foi mesmo traduzido em Alexandria.
Também parece verdadeiro que a versão date do tempo de
Ptolomeu Filadélfo, isto é, de meados do séc. III aC.
Mas se, como comumente se acredita, a Carta de Aristéias
foi escrita por volta de 200 a.C., 50 anos após a morte
de Filadélfo, com vistas a aumentar a autoridade da
versão grega da Lei, poderia ter sido aceita tão
facilmente e rapidamente difundida caso fosse fictícia
ou se o tempo de sua composição não correspondesse à
realidade? E mais: é possível que Ptolomeu tenha
realmente alguma espécie de relacionamento com a
preparação ou publicação da tradução, embora como e
porque não possa ser determinado agora. Teria sido com o
objetivo de enriquecer sua biblioteca, como declara o
pseudo-Aristéias? Isto é possível, mas não pode ser
provado, como será demonstrado abaixo; mas podemos muito
bem descrever a origem da versão independentemente do
rei.
3. Os pequenos detalhes acrescidos durante o passar dos
anos ao relato de Aristéias não podem ser aceitos; tais
acréscimos são: a estória das celas (explicitamente
rejeitada por São Jerônimo); a inspiração dos tradutores
(uma opinião certamente baseada na lenda das celas); o
número de tradutores (72 - v. abaixo); a afirmativa de
que todos os livros hebraicos foram traduzidos ao mesmo
tempo (Aristéias fala da tradução da Lei (nomos), da
legislação (nomothesia), dos livros do legislador -
estas expressões, especialmente as duas últimas,
certamente se referem ao Pentateuco e excluem os outros
livros do Antigo Testamento, e São Jerônimo (Comment. in
Mich.) declara: "Josefo escreveu, e os hebreus nos
informaram, que apenas os cinco livros de Moisés foram
traduzidos por eles (os 72) e dados ao rei Ptolomeu".
Por outro lado, as versões dos diversos livros do Antigo
Testamento diferem muito no vocabulário, estilo, forma e
características, às vezes seguem uma tradução livre,
outras vezes, extremamente literal, o que demonstra que
elas não seriam obra dos mesmos tradutores. Apesar disso
e de todas as divergências, o nome de "versão da
Septuaginta" é universalmente dado à coleção completa
dos livros do Antigo Testamento existentes na Bíblia
grega adotada pela Igreja oriental.
2. Origem segundo o ponto de vista comumente aceito Como
para o Pentateuco o seguinte ponto de vista parece
plausível, podemos também aceitar em linhas gerais: os
judeus, nos dois últimos séculos antes de Cristo, eram
tão numerosos no Egito, especialmente em Alexandria,
que, em certo momento, passaram a constituir 2/5 da
população total. Pouco a pouco a maioria deles deixou de
usar ou esqueceu a língua hebraica em grande parte,
caindo no perigo de esquecer a Lei. Consequentemente,
tornou-se costumeiro interpretar na língua grega a Lei
que era lida nas sinagogas e, naturalmente, após certo
tempo, alguns homens zelosos pela Lei resolveram
compilar uma tradução grega do Pentateuco. Isto ocorreu
por volta de meados do séc. III aC. Para os demais
livros hebraicos - os proféticos e históricos - foi
natural que os judeus alexandrinos, fazendo uso do
Pentateuco traduzido em suas reuniões litúrgicas,
desejassem também a tradução destes; então,
gradualmente, todos os livros foram sendo traduzidos
para o grego, que se tornara a língua maternal destes
judeus; tal exigência aumentava conforme o seu
conhecimento de hebraico ia reduzindo dia a dia. Não é
possível determinar com precisão o tempo ou os eventos
que levaram a estas diferentes traduções; mas é certo
que a Lei, os Profetas e, ao menos, parte dos outros
livros (i.é, os Hagiógrafos) existiam antes do ano 130
a.C., como aparece no prólogo do Eclesiástico, que não
data abaixo deste ano. É difícil determinar também onde
as diversas traduções foram feitas pois as informações
são muito escassas. A julgar pelas palavras e expressões
egípcias que ocorrem na versão, a maioria dos livros
deve ter sido traduzida no Egito, muito provavelmente na
Alexandria. Ester, entretanto, foi traduzido em
Jerusalém (XI, 1). Quem e quantos eram os tradutores?
Existe algum fundamento para o número de 72, como
declara a lenda (Brassac-Vigouroux, nº 105)? Parece
impossível responder essas questões; os talmudistas
dizem que o Pentateuco foi traduzido por cinco
intérpretes (Sopherim, c.1.). A história não nos oferece
outros detalhes, mas um exame do texto mostra que, em
geral, os autores não eram judeus palestinenses enviados
ao Egito; diferenças de terminologia, método etc. provam
claramente que os tradutores não eram os mesmos para os
diferentes livros. É impossível também dizer se a obra
foi executada oficial ou privativamente, como parece ser
o caso de Eclesiástico; contudo, os diferentes livros,
após traduzidos e dispostos em conjunto (o autor de
Eclesiástico conhecia a coleção), foi recebida como
oficial pelos judeus de língua grega.
3. História Subsequente
Recensões
A versão grega, conhecida como Septuaginta, foi bem
acolhida pelos judeus alexandrinos, que logo a difundiu
pelas nações onde o grego era falado; foi usada por
diferentes escritores e suplantou o texto original nas
cerimônias litúrgicas. Filo de Alexandria a utilizou em
seus escritos e considerava os tradutores profetas
inspirados; finalmente, ela foi acolhida pelos judeus da
Palestina e foi notavelmente empregada por Josefo,
historiador judeu palestinense. Sabemos também que os
escritores do Novo Testamento fizeram uso dela,
utilizando-a na maioria de suas citações. Ela tornou-se
o Antigo Testamento da Igreja e foi altamente estimada
pelos cristãos primitivos, de modo que muitos escritores
e padres declararam-na inspirada. Os cristãos recorriam
à ela constantemente em suas controvérsias com os
judeus; estes logo reconheceram suas imperfeições e,
finalmente, a rejeitaram em favor do texto hebraico ou
de traduções mais literais (Áquila e Teodocião).
Correções críticas de Orígenes, Luciano e Hesíquio
Em razão de sua difusão entre os judeus helenizantes e
cristão primitivos, as cópias da Septuaginta passaram a
se multiplicar e, como seria de se esperar, muitas
alterações - algumas propositais, outras involuntárias -
foram surgindo. Logo sentiu-se a necessidade de
restaurar o texto à sua pureza original. Eis um
brevíssimo relato das tentativas de correção:
1. Orígenes reproduziu o texto da Septuaginta na quinta
coluna de sua Hexápla. Marcou com obeli os textos que
ocorriam na Septuaginta e que não se encontravam no
original; adicionou de acordo com a versão de Teodocião
e distinguiu com asteriscos e metobeli os textos do
original que não se encontravam na Septuaginta; adotou
das variantes da versão grega os textos que eram mais
próximos ao hebraico; e, finalmente, transpôs o texto
onde a ordem da Septuaginta não correspondia à ordem do
texto hebraico. Sua recensão, copiada por Pânfilo e
Eusébio, foi chamada de Hexápla para distingui-la da
versão previamente empregada, chamada comum, vulgar,
koiné ou antehexápla. Foi adotada na Palestina.
São Luciano, sacerdote de Antioquia e mártir, no início
do séc. IV, publicou uma edição corrigida de acordo com
o hebraico; tal edição reteve o nome de koiné, edição
vulgar, e, às vezes, é chamada de Loukianos após o nome
de seu autor. No tempo de São Jerônimo, estava sendo
usada em Constantinopla e Antioquia.
Finalmente, Hesíquio, um bispo egípcio, publicou, quase
que ao mesmo tempo, uma nova recensão, difundida
principalmente no Egito.
Manuscritos
Os três manuscritos mais conhecidos da Septuaginta são:
o Vaticano (Codex Vaticanus), do séc. IV; o Alexandrino
(Codex Alexandrinus), do séc. V, atualmente no Museu
Britânico de Londres; e o do Monte Sinai (Codex
Sinaiticus), do séc. IV, descoberto por Tischendorf no
convento de Santa Catarina, no Monte Sinai, em 1844 e
1849, sendo que parte se encontra em Leipzig e parte em
São Petersburgo. Todos foram escritos em unciais. O
Codex Vaticanus é o mais puro dos três; é geralmente
tido como o texto mais antigo, embora o Codex
Alexandrinus carregue consigo o texto da Hexápla e tenha
sido alterado segundo o texto massorético. O Codex
Vaticanus é referido pela letra B; o Codex Alexandrinus,
pela letra A; e o Codex Sinaiticus, pela primeira letra
do alfabeto hebraico (aleph) ou S. A Biblioteca Nacional
de Paris possui também um importante palimpsesto
manuscrito da Septuaginta, o Codex Ephraemirescriptus
(designado pela letra C) e dois manuscritos de menor
valor (64 e 114), em cursivas, um pertencente ao séc. X
ou XI e o outro, ao séc. XIII (Bacuez e Vigouroux, 12ª
ed., nº. 109).
Edições Impressas
Todas as edições impressas da Septuaginta são derivadas
das três recensões acima citadas.
- A Editio Princeps é a da Complutensiana ou de Alcalá.
Provém da Hexápla de Orígenes. Impressa em 1514-18, não
foi publicada até aparecer na Poliglota do card.
Ximenes, em 1520.
- A edição Aldine (iniciada por Aldo Manúcio) apareceu
em Veneza em 1518. O texto é mais puro que a edição
Complutensiana e está mais próxima do Códice B. O editor
diz que colecionou manuscritos antigos mais não os
especifica. Foi reimpressa várias vezes.
- A mais importante edição é a Romana ou Sixtina, que
reproduz quase que exclusivamente o Codex Vaticanus. Foi
publicada sob a direção do card. Caraffa, com o auxílio
de vários sábios, em 1586, sob a autoridade de Sixto V,
com o objetivo de socorrer os revisores que preparavam a
nova edição da Vulgata latina ordenada pelo Concílio de
Trento. Tornou-se, assim, o textus receptus do Antigo
Testamento grego e teve diversas novas edições, tais
como a de Holmes e Pearsons (Oxford, 1798-1827), as sete
edições de Tischendorf, que apareceram em Leipzig entre
1850 e 1887 (as duas últimas publicadas após a morte do
autor e revisadas por Nestle), as quatro edições de
Swete (Cambridge, 1887-95, 1901, 1909), etc.
- A edição de Grabe, publicada em Oxford de 1707 a 1720,
reproduzindo, imperfeitamente, o Codex Alexandrinus de
Londres. Para edições parciais, v. Vigouroux,
"Dicionário da Bíblia", pp. 1643ss.
4. Valor Crítico e Linguagem
Valor Crítico
A versão da Septuaginta, embora ofereça exatamente em
forma e substância o verdadeiro sentido dos Livros
Sagrados, difere consideravelmente do atual texto
hebraico (Massorético). Essas discrepâncias, porém, não
são de grande importância, mas apenas assunto de
interpretação. Podem ser assim classificadas: algumas
são oriundas dos tradutores que tiveram à sua disposição
recensões hebraicas diferentes daquelas que são
conhecidas como massoréticas; às vezes os textos variam,
outras vezes, os textos são idênticos, mas lidos em
ordem diferente. Outras discrepâncias devem-se à
personalidade dos tradutores; para não se falar da
influência exercida em suas obras em razão de seus
métodos de interpretação, as dificuldades inerentes da
tarefa, seus maiores ou menores conhecimentos de grego e
hebraico: eles acabaram traduzindo diferentemente dos
massoretas justamente porque liam os textos de forma
diferente; é pois natural que o hebraico, escrito em
caracteres quadrados, e certas consoantes bem similares
na forma fossem vez ou outra confundidos, ocasionando
erros de tradução; mais: o texto hebraico era escrito
sem qualquer espaçamento entre as palavras e os
tradutores facilmente poderiam confundir a separação das
palavras; finalmente, como o texto hebraico não dispunha
de vogais, eles poderiam suprir as palavras com vogais
diversas daquelas que foram usadas mais tarde pelos
massoretas. Novamente, não devemos achar que possuímos
atualmente o exato texto grego como foi escrito pelos
tradutores; as frequentes transcrições feitas durante os
primeiros séculos, assim como as correções e edições de
Orígenes, Luciano e Hesíquio danificaram a pureza do
texto: voluntária ou involuntariamente, os copistas
permitiram a ocorrência de muitas corrupções textuais,
transposições, adições e omissões no texto primitivo da
Septuaginta. Em particular, podemos notar a adição de
passagens paralelas, notas explanatórias ou traduções
duvidosas causadas pelas notas marginais. A este
respeito, v. "Dicionário da Bíblia" art. cit., e Swete,
"Uma Introdução ao Antigo Testamento em Grego".
Linguagem
Todos admitem que a versão da Septuaginta foi redigida
em grego popular, a koine dislektos. Mas o grego do
Antigo Testamento era um idioma especial? Muitas
autoridades garantem que sim, embora discordem quanto à
sua real característica. O "Dicionário da Bíblia",
em seu verbete "Grego bíblico", assegura que era "o
grego hebraizante falado pela comunidade judaica de
Alexandria", o grego popular de Alexandria "com
uma larga mistura de hebraísmos". O mesmo
dicionário, no verbete "Septante", menciona a
mais recente opinião de Deissmann de que o grego da
Septuaginta é meramente o grego vernacular ordinário, a
pura koine daquela época. Deissmann baseia sua teoria na
semelhança perfeita da linguagem da Septuaginta com a
dos papiros e inscrições do mesmo período; ele acredita
que as peculiaridades sintáticas da Septuaginta, que a
princípio parecem favorecer a teoria de uma linguagem
especial (um grego hebraicizado), são suficientemente
explicadas pelo fato da Septuaginta ser a tradução grega
de livros hebraicos.
Autor: A. Vander Heeren
Fonte: Agnus Dei Tradução: Carlos Martins Nabeto |
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54. A aceitação do cânon amplo da LXX na Palestina do
século I
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Não é incomum ouvirmos o seguinte argumento protestante:
"a Septuaginta e os livros 'apócrifos' nunca foram
aceitos ou usados pelos judeus na Judéia do primeiro
século"
No entanto, partes da Septuaginta foram encontradas na
Judéia, entre os manuscritos do Mar Morto, sendo
anteriores ao ano 70 dC. Alguns exemplares foram
encontrados na caverna 4 (119LXX Lev.; 120papLXXLev.;
121 LXX Num.; 122 LXX Deut.). Há também um texto não
identificado da Septuaginta grega, encontrado na caverna
9 (Q 9).
Em acréscimo a esses fragmentos, existe um fragmento de
papiro, escrito em grego, encontrado na caverna 7 (LXX
Êxodo.). A caverna 7 produziu ainda muitos pequenos
fragmentos em grego (da Septuaginta), cujas
identificações permanecem em discussão ou sem
classificação. O Dr. Emanuel Tov sugere as seguintes
identificações para alguns destes fragmentos gregos do
primeiro século antes de Cristo:
7Q4. Números 14, 23-24;
7Q5. Êxodo 36, 10-11; Números 22, 38;
7Q6. 1 Salmo 34,28; Provérbios 7, 12-13;
7Q6. 2 Isaías 18, 2 7Q8. Zacarias 8, 8; Isaías 1, 29-30;
Salmo 18, 14-15; Daniel 2, 43; Eclesiastes 6, 3.
No meio destas porções da Septuaginta, foram encontrados
manuscritos parciais contendo alguns termos dos livros
"apócrifos":
4Q478 [Tobias], 4Q383 e 7QLXXEpJer. [Epístola de
Jeremias], para citar apenas alguns.
É importante notar que nas cavernas de Qumran (de onde
provêm os "manuscritos do Mar Morto"), foi encontrada
uma cópia do livro do "Eclesiástico" na língua hebraica
[manuscrito 2QSir.], bem como um fragmento de "A
História de Suzana" (correspondente ao capítulo 13
do livro de Daniel), também em hebraico [manuscrito
4Q551]. Já na caverna 4 de Qumran, foram encontrados
fragmentos do livro "apócrifo" de Tobias, nas línguas
aramaica [manuscrito 4Q196-9] e hebraica [manuscrito
4Q200].
Deve-se observar, também, que as cavernas de Qumran não
são o único lugar na Judéia em que se encontraram livros
"apócrifos". Outro exemplo é a cópia do livro do
"Eclesiástico" (ou "A Sabedoria do Filho de
Sirá"), em hebraico, encontrada nas ruínas de
Massada. Este fragmento manuscrito data do início do
século I aC.
Alguns, porém, poderão argumentar que:
"os ebionitas (ou seita de Qumran) eram um grupo
estranho, que nunca veio a fazer parte do ramo principal
do judaísmo"
Mas se lermos o Novo Testamento, verificaremos que
naquele tempo não existia nenhum "ramo principal do
judaísmo", como, ao contrário, existe hoje. Nesse
sentido, explica o pesquisador protestante Dr. Martin
Abegg:
"tanto no judaísmo moderno quanto no cristianismo,
uma 'seita' é, geralmente, um ramo de um tronco
religioso maior e é frequentemente vista com excêntrica
ou desviada nas suas crenças. Mas os pesquisadores e
leigos deveriam recordar que durante todo o período de
existência de Qumran, os fariseus e os saduceus eram
'seitas', assim como eram os essênios! Foi apenas a
partir do século II dC. que passou a se formar um tipo
de judaísmo - aquele dos fariseus, dos rabis - que veio
a se tornar padrão para o povo judeu como um todo.
Tais matérias são de menor importância se comparadas com
os manuscritos bíblicos. Primeiro, porque todos os
pesquisadores concordam que nenhum dos textos bíblicos
(tais como Gênese ou Isaías) foi composto em Qumran; ao
contrário, todos eles se originaram antes do período de
Qumran. Também é aceito que muitos ou a maioria desses
manuscritos foram trazidos de fora para Qumran e,
depois, aí reproduzidos. Isto significa que o valor da
maioria dos manuscritos bíblicos engana, não em
estabelecer precisamente onde foram escritos ou
copiados, mas especificamente quanto ao estudo das
formas textuais que encerram" [The Dead Sea Scrolls
Bible (=A Bíblia nos Manuscritos do Mar Morto), (C)
1999, pg. XVI]
Encontramos um bom exemplo do uso da Septuaginta (a qual
contém os "apócrifos") entre os judeus da Judéia quando
lemos os capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos. Aí
lemos que Santo Estêvão, cheio do Espírito Santo (At.
6,10), foi levado ao Sinédrio pela multidão (At. 6,12);
Estêvão, então, se dirigiu aos judeus e contou-lhes como
Jacó trouxe seus 75 descendentes para o Egito:
Atos 7, 14-15: "então José mandou buscar Jacó, seu
pai, e toda sua parentela, em número de setenta e cinco
pessoas. Desceu Jacó para o Egito e aí morreu, ele e
também nossos pais".
Mas os manuscritos hebraicos nos dizem que Jacó trouxe
70 descendentes para o Egito (cf. Gn. 46, 26-27; o texto
hebraico também recorda "70" em Dt. 10, 22 e Ex.
1, 5). Ora, o Sinédrio judaico e os sacerdotes bem
sabiam que Dt. 4, 2; 12, 32; Sal. 12, 6-7 e Pv. 30 ,6
proíbem que se acrescente ou retire algo da Palavra de
Deus. Com efeito, por que o Sinédrio e os sacerdotes não
se escandalizaram com a afirmativa feita por Estêvão, de
que Jacó trouxera 75 descendentes? Por que não o
acusaram de "perverter a Escritura"? Quando lemos
esses versículos, notamos que os judeus pareciam nem
mesmo piscar. Em ponto algum desta passagem encontramos
qualquer sugestão de que a raiva nutrida pelos judeus
contra Estêvão havia se originado de uma possível
"perversão das Escrituras". Ao contrário, eles mataram
Estêvão porque foram por este confrontados com a pessoa
do Senhor Jesus - que era realmente o Cristo, e, ao
contrário de ser por eles recebido, foi assassinado do
mesmo modo que seus predecessores, os profetas!
(At. 7, 51-53)
A explicação para a discrepância numérica na história de
Jacó narrada por Estêvão é simples: ele está citando
Gênese (46, 26-27) a partir da versão grega da
Septuaginta, a qual possui cinco nomes a mais (total de
75 nomes) que o texto massorético hebraico. Os cinco
nomes que faltam no texto hebraico foram preservados na
Septuaginta, em Gn. 46, 20, onde Makir, filho de
Manassés, e Makir, filho de Galaad (= Gilead, no
hebraico), são apontados, posteriormente, como os dois
filhos de Efraim, Taam (= Tahan, no hebraico) e Sutalaam
(Shuthelah, no hebraico) e seu filho Edon (Eran, no
hebraico).
O Sinédrio certamente teria contestado a afirmação de
Estêvão se a Septuaginta não fosse usada ou aceita pelos
judeus da Judéia. Com efeito, o fato de a Septuaginta
ter sido encontrada entre os manuscritos do Mar Morto
bem demonstra que esse era o caso.
Sendo, pois, uma realidade que ambas as versões (a
Septuaginta e a hebraica) eram de uso comum na Judéia do
primeiro século, o Sinédrio não se surpreendeu ou se
escandalizou com a declaração de Estêvão. Afinal, o fato
de serem 70 ou 75 o número de descendentes de Jacó não
se revelava doutrina importante para os judeus e, ao que
parece, também havia muitos judeus no outro lado da
questão.
Eis alguns dos papiros e manuscritos primitivos da
Septuaginta:
Século II aC.:
1. 4QLXXDeut [#819] (rolo em pergaminho, Deut.
11)("couro");
2. PRyl 458 [#957 = vh057] (rolo em papiro, Deut.
23-28).
Séculos II/I aC.
3. 7QLXXEx [#805 = vh038] (rolo em papiro, Ex. 28);
4. 4QLXXLev\a [#801 = vh049] (rolo em pergaminho, Lev.
26) ("couro");
5. 7QLXX EpJer [#804 = vh312] (rolo em papiro,
EpJer/Bar6);
6. 7Q4, 7Q8, 7Q12 (rolo em pergaminho, Epístola de
Enoque = "1Enoque" 103).
Século I aC.
7. 4Q127 (rolo em papiro, paráfrase grega de Êxodo?);
8. PFouad266a [#942] (rolo em papiro, Gn.);
9. 4QLXXLev\b [#802 = vh046] (rolo em papiro, Lev. 2-5);
10. PFouad 266b [#848 = vh56] (rolo em papiro, Deut.
17-33);
11. PFouad 266c [#847 = vh56] (fins do séc. I a.C., rolo
em papiro, Deut. 10-33).
Entre Eras aC. e dC.
12. 4QLXXNu [#803 = vh051] (rolo em pergaminho, Nm.
3-4).
Século I dC.
13. POxy 3522 [#??] (rolo em papiro, Jó grego 42).
Séculos I/II dC.
14. POxy 4443 [#??] (rolo em papiro, Ester grego, Est.
8-9); 15. PBodl 5 [#2082] (código em pergaminho, Salmo
grego, Sal. 48-49).
Autor: Charles The Hammer
Fonte: http://www.catholicapologetics.net
Tradução: Carlos Martins Nabeto |
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55. Palavra de Deus = Bíblia + Tradição + Magistério |
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Desde o princípio, Deus fala com sua Igreja através da
Bíblia e da Sagrada Tradição. Para garantir que sejam
compreendidas por nós, Deus guia a autoridade de ensino
da Igreja - o Magistério - para que esta possa
interpretar perfeitamente a Bíblia e a Sagrada Tradição.
Eis a dádiva da infalibilidade! Esses três elementos - a
Bíblia, a Sagrada Tradição e o Magistério - são todos
necessários para que haja a estabilidade da Igreja e
para garantir a segurança da doutrina.
A Sagrada Tradição (Catec.Igr.Cat. 75-83)
A Sagrada Tradição não deve ser confundida com a simples
tradição humana, geralmente chamada de costume ou
disciplina. Algumas vezes Jesus condenou os costumes ou
disciplinas, mas somente quando estes contradiziam os
Mandamentos de Deus (cf. Mc. 7, 8). Jesus nunca condenou
a Sagrada Tradição e nem todas as tradições humanas.
A Sagrada Tradição e a Bíblia não são diferentes, nem
são revelações concorrentes. Na verdade, são dois modos
de como a Igreja segue o Evangelho. Os ensinamentos
apostólicos como a Santíssima Trindade, o batismo das
crianças, a infalibilidade da Bíblia, o purgatório e a
virgindade perpétua de Maria têm sido, de forma muito
clara, demonstrada pela Sagrada Tradição, ainda que
estejam implicitamente presentes (e não em contradição)
na Bíblia. A própria Bíblia nos remete à Tradição, tanto
na forma oral quanto escrita (cf. 2ª Ts. 2, 15; 1ª Cor.
11, 2).
Como dissemos, a Sagrada Tradição não deve ser
confundida com os costumes e as disciplinas, como o
rosário, o celibato sacerdotal e a proibição de comer
carne nas sextas-feiras da Quaresma; tais costumes são
bons e úteis, mas não doutrinas. A Sagrada Tradição
preserva as doutrinas pregadas por Jesus primeiro aos
seus Apóstolos e, mais tarde, repassadas aos sucessores
dos Apóstolos, isto é, aos Bispos.
As Sagradas Escrituras (Catec.Igr.Cat. 101-141)
As Sagradas Escrituras, que englobam o Antigo e o Novo
Testamento, foram inspiradas por Deus (2ª Tm. 3, 16).
Foi o Espírito Santo que guiou os autores bíblicos a
escreverem aquilo que Ele desejava revelar. Já que Deus
é o principal autor da Bíblia e Deus é Verdade (cf. Jo.
14, 6), não pode Ele ensinar algo errado e, assim, a
Bíblia está isenta de qualquer erro, em tudo que ela
defende como Verdade.
Alguns cristãos dizem: "a Bíblia é tudo do que
preciso", contudo, tal afirmativa não se encontra na
própria Bíblia. Na verdade, a Bíblia ensina justamente o
contrário, como lemos em 2Pd 1,20-21 e 2Pd 3,15-16).
Além disso, a teoria de que "somente a Bíblia basta"
nunca foi professada pela Igreja primitiva.
Trata-se, assim, de um conceito novo, surgido durante a
Reforma Protestante do séc. XVI. Tal teoria é
"tradição dos homens" que anula a Palavra de Deus,
distorcendo a verdadeira regra bíblica e excluindo a
autoridade da Igreja estabelecida por Jesus (cf. Mc. 7,
1-8).
Ainda que seja popular em muitas igrejas cristãs, a
teoria de que "somente a Bíblia basta"
simplesmente não funciona na prática. A experiência
histórica desaprova essa ideia pois a cada ano vemos
surgir mais e mais religiões, cada qual com uma
interpretação bíblica diferente.
Existem hoje dezenas de milhares de denominações, cada
qual afirmando que sua interpretação particular da
Bíblia é a correta. As divisões que geram causam
confusões indescritíveis entre milhões de cristãos
sinceros, mas desorientados.
[Para se ter uma ideia,] basta abrir as páginas amarelas
da lista telefônica para verificarmos quantas
denominações diferentes estão catalogadas, cada uma
dizendo que "somente a Bíblia basta", mas nenhuma
concordando exatamente com a interpretação bíblica de
todas as demais.
Porém, podemos ter a certeza de uma coisa: o Espírito
Santo não pode ser o autor de toda essa confusão (cf. 1ª
Cor. 14, 33). Deus não pode conduzir as pessoas através
de crenças contraditórias já que a Verdade é uma só. Que
conclusão podemos então tirar? De que a teoria que diz
que "somente a Bíblia basta" [para o cristão] é
falsa.
O Magistério (Catec.Igr.Cat. 85-87; 888-892)
Juntos, o papa e os bispos compõem a autoridade de
ensino da Igreja, que é chamada de "Magistério"
(do latim Magisterium que significa Mestre). O
Magistério, guiado e protegido contra o erro pelo
Espírito Santo, nos dá a certeza da doutrina. A Igreja
defenda e proclama a mensagem da Bíblia fiel e
precisamente. Trata-se de uma tarefa da Igreja,
autorizada por Deus.
Devemos ter em mente que a Igreja nasceu antes da
redação do Novo Testamento; e não o inverso! Os membros
da Igreja, inspirados por Deus, escreveram os livros que
formam o Novo Testamento da mesma maneira como os
escritores do Antigo Testamento também eram divinamente
inspirados; e é a Igreja que é guiada pelo Espírito
Santo para guardar e interpretar toda a Bíblia, tanto o
Novo quanto o Antigo Testamento.
Assim, torna-se absolutamente necessário um intérprete
oficial quando precisamos compreender a Bíblia
apropriadamente (ora, todos nós sabemos o que diz a
Constituição Federal, porém, cabe ao Supremo Tribunal
Federal interpretá-la realmente).
O Magistério é infalível quando ensina oficialmente já
que Jesus prometeu enviar o Espírito Santo para guiar os
Apóstolos e seus sucessores no conhecimento de toda a
Verdade (cf. Jo. 16, 12-13).
Autor: Catholic Answers
Fonte: Livro "Pillar of Fire, Pillar of Truth" (2ª ed.)
Tradução: Carlos Martins Nabeto |
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56. Defendendo os deuterocanônicos |
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Quando católicos e protestantes falam sobre a Bíblia, os
dois grupos atualmente possuem dois livros diferentes.
No século 16, os reformadores protestantes removeram uma
parte do Antigo Testamento que não era compatível com a
sua teologia. Diziam que estes livros não eram
inspirados e os chamaram de "apócrifos".
Os católicos se referem a eles como
"deuterocanônicos" (pois foram disputados por alguns
autores e sua canonicidade foi estabelecida mais tarde
que o resto), enquanto que os demais livros são chamados
de "protocanônicos" (sua canonicidade foi
estabelecida primeiro).
Seguindo o argumento protestante sobre a integridade da
Bíblia, a Igreja Católica reafirmou a inspiração divina
dos livros deuterocanônicos no Concílio de Trento em
1546. Fazendo isto, ela reafirmou o que já havia sendo
crido desde os tempos primitivos.
Quem organizou o Antigo Testamento?
A Igreja não nega que aqui existem alguns livros que
são realmente "apócrifos". Durante a era da
igreja primitiva, existiam manuscritos que supunham ser
inspirados, mas não eram. Muitos chegaram até nós, como
o "Apocalipse de Pedro" e o "Evangelho de Tomé",
cujas igrejas cristãs rejeitaram como não pertencendo às
Escrituras.
Durante o primeiro século, os judeus discordavam sobre a
constituição do cânon das Escrituras. De fato, havia
muitos "cânons" sendo usados, incluindo livros
usados por cristãos. Para combater a disseminação do
rito cristão, os rabinos se encontraram na cidade de
Jâmnia em 90 d.C. para determinar quais os livros que
continham as verdadeiras palavras de Deus.
Pronunciaram-se afirmando que muitos livros, incluindo
os Evangelhos, eram impróprios para serem considerados
Escritura Sagrada. Este cânon também excluiu 7 livros
(Baruc, Sirácida, 1 e 2 Macabeus, Tobias, Judite,
Sabedoria de Salomão, e algumas porções de Daniel e
Esther) que os cristãos consideravam como parte do
Antigo Testamento.
O grupo de judeus que estavam em Jâmnia tornou-se o
grupo dominante no decorrer da história judaica, e hoje
muitos judeus aceitam tal cânon. Entretanto, alguns
judeus, como os da Etiópia, seguiam um cânon diferente,
e idêntico ao cânon Católico do Antigo Testamento, pois
incluíam os sete livros deuterocanônicos (cf.
Enciclopédia Judaica, vol. 6, p. 1147).
Não é necessário dizer que a Igreja não aderiu ao
resultado de Jâmnia. Primeiro, um Concílio judaico após
a época de Cristo não guarda ligações com os seguidores
de Cristo. Segundo Jâmnia rejeitou precisamente os
documentos que constituíam a base da Igreja Cristã - os
Evangelhos e outros documentos do Novo Testamento.
Terceiro, rejeitando os deuterocanônicos, Jâmnia
rejeitou livros que foram usados por Jesus e os
apóstolos e que estavam contidos na edição da Bíblia que
os apóstolos usaram no dia-a-dia - a Septuaginta.
Os apóstolos e os deuterocanônicos
A aceitação pelos cristãos dos deuterocanônicos era
lógica porque estes estavam incluídos na Septuaginta, a
versão grega do Antigo Testamento que os apóstolos
usaram para evangelizar. Dois terços das citações do
Antigo Testamento no Novo são oriundos da Septuaginta.
Em nenhuma parte, os apóstolos falaram aos seus
discípulos ou convertidos para evitar estes sete livros
ou alguma doutrina contida nele. Assim como os judeus
pelo mundo que usam a versão da Septuaginta, os
primeiros cristãos aceitaram os livros encontrados nela.
Sabiam que os apóstolos não iriam engana-los ou arriscar
suas almas colocando falsas Escrituras em suas mãos -
especialmente não os avisando contra isto.
Mas os apóstolos não colocaram os deuterocanônicos nas
mãos de seus convertidos simplesmente como parte da
Septuaginta. Eles regularmente citavam-nos em seus
escritos. Por exemplo, Hebreus 11 nos encoraja a imitar
os heróis do Antigo Testamento e no Antigo Testamento
"mulheres houve, até que receberam ressuscitados os seus
mortos. Alguns foram torturados, rejeitados, não
querendo o seu resgate, para alcançarem melhor
ressurreição" (Hb. 11, 35).
Existem alguns exemplos de mulheres recebendo de volta
seus mortos pela ressurreição no Antigo Testamento
protestante. Você pode achar Elias ressuscitando o filho
da viúva de Sarepta em 1º Reis 17, e você pode achar seu
sucessor Eliseu ressuscitando o filho da mulher sunamita
em 2º Reis 4, mas uma coisa não se poderá achar - em
nenhum lugar no Antigo testamento protestante, do começo
ao fim, de Gênesis a Malaquias - alguém é torturado e
rejeita o seu resgate para alcançarem melhor
ressurreição. Querendo achar tal fato, deve procurar no
Antigo Testamento da Bíblia católica - justamente nos
livros deuterocanônicos que Martinho Lutero Retirou de
sua Bíblia.
Esta história é encontrada em 2º Mac. 7, onde lemos que
durante a perseguição dos Macabeus, "Aconteceu também
que, tendo sido presos sete irmãos com sua mãe, o rei os
queria obrigar a comer carne de porco contra a lei...os
outros irmãos exortavam-se mutuamente com sua mãe, a
morrerem corajosamente, dizendo: 'o Senhor Deus vê e
consola-se em nós'...Morto deste modo o primeiro,
levaram o segundo ao suplício...respondendo na língua
dos seus pais, disse: Não! Pelo que este também padeceu
os mesmos tormentos que o primeiro. Estando já para dar
o último suspiro, disse desta maneira: 'tu ó malvado,
faze-nos perder a vida presente, mas Deus, o Rei do
universo, nos ressuscitará para a vida eterna, a nós que
morremos, por fidelidade às suas leis" (2º Mac. 7,
1. 5-9).
Os filhos morreram um por um, proclamando que eles serão
recompensados pela ressurreição. "Entretanto a mãe
deles, sobremaneira admirável e digna de memória, vendo
morrer os seus sete filhos em um só dia, suportou
heroicamente a sua morte, pela esperança que tinha no
Senhor. Cheia de nobres sentimentos, exortava, na língua
dos seus pais, a cada um deles em particular, dando
firmeza... Dizia-lhes: 'não sei como fostes formados em
meu ventre; não fui eu quem vos deu o espírito e a vida,
ou que formei os membros do vosso corpo. O criador do
mundo, que formou o homem no seu nascimento e deu a
origem a todas as coisas, vos tornará a dar o espírito e
a vida, por sua misericórdia, em recompensa do quanto
agora vos desprezais a vós mesmos, por amor das suas
leis", Diz o último irmão, "Não temas este algoz,
mas sê digno de teus irmãos, aceita a morte, para que eu
te encontre com eles no dia da misericórdia" (2º
Mac. 7, 20-23. 29).
Este é uma das referências do Novo Testamento aos
deuterocanônicos. Os primeiros cristãs reconheciam
amplamente estes livros como Escrituras Sagradas, não
somente porque os apóstolos os colocaram em suas mãos,
mas porque também se referiram a eles no próprio Novo
Testamento, citando o que recordavam como exemplos a
serem seguidos.
Os Pais falam
A aceitação dos deuterocanônicos é evidente ao longo da
história da Igreja. O historiador protestante J.N.D.
Kelly escreve:
"Deveria ser observado que o Antigo Testamento
admitido como autoridade na Igreja era algo maior e mais
compreensivo que o Antigo Testamento protestante...ela
sempre incluiu, com alguns graus de reconhecimento, os
chamados apócrifos ou deuterocanônicos. A razão para
isso é que o Antigo Testamento que passou em primeira
instância nas mãos dos cristãos era... a versão grega
conhecida como Septuaginta... a maioria das citações nas
Escrituras encontradas no Novo Testamento são baseadas
nelas preferencialmente do que a versão hebraica... nos
primeiros dois séculos... a Igreja parece ter aceitado a
todos, ou a maioria destes livros adicionais, como
inspirados e trataram-nos sem dúvida como Escritura
Sagrada. Citações de Sabedoria, por exemplo, ocorrem em
1 Clemente e Barnabé... Policarpo cita Tobias, e o
Didache cita Eclesiástico. Irineu se refere a Sabedoria,
a história de Susana, Bel e o dragão (livro de Daniel),
e Baruc. O uso dos deuterocanônicos por Tertuliano,
Hipólito, Cipriano e Clemente de Alexandria é tão
frequente que referências detalhadas são necessárias"
(Doutrina Cristã Antiga, 53-54).
O reconhecimento dos deuterocanônicos como parte da
Bíblia dada pessoalmente pelos pais também foi conferida
por esses mesmos pais como uma regra, quando se
encontravam nos Concílios da Igreja. Os resultados dos
Concílios são especialmente úteis porque não representam
a visão de uma só pessoa, mas o que fora aceito pelos
líderes da Igreja de todas as regiões.
O cânon das Escrituras, Antigo e Novo Testamento, foi
fixado definitivamente no Concílio de Roma em 382, sob a
autoridade do Papa Damaso I. E foi logo reconhecido por
sucessivos Concílios, tanto regionais como gerais. O
mesmo cânon foi firmado no Concílio de Hipona em 393 e
no de Cartago em 397. O fato destes Concílios não serem
"ecumênicos" não rejeita o fato de suas decisões
não serem aceitos como baseadas em verdade de fé. Em 405
o Papa Inocêncio I reafirmou o cânon em uma carta ao
bispo Exuperius de Toulouse. Outro Concílio de Cartago,
este no ano de 419, reafirmou o cânon como os seus
predecessores e pediu ao Papa Bonifácio que "confirme
este cânon, pois estas são as que recebemos de nossos
pais para serem lidos na Igreja". Todos estes canos
formavam a mesma Bíblia católica atual, todos eles
incluindo os deuterocanônicos.
Este mesmo cânon foi implicitamente confirmado no sétimo
Concílio Ecumênico, o de Nicéia II (787), que aprovou os
resultados do Concílio de Cartago de 419, e
explicitamente reafirmou nos Concílios Ecumênicos de
Florença (1442), Trento (1546), Vaticano I (1870) e
Vaticano II (1965).
As acusações protestantes
Os deuterocanônicos mostram doutrinas da Igreja
Católica, e por esta razão eles foram retirados do
Antigo Testamento por Lutero e colocados como apêndice
sem números de páginas! Lutero também retirou livros do
Novo Testamento - Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse - e
os colocou como apêndice, sem páginas, da mesma forma
que os outros. Estes foram mais tarde recolocados de
volta no Novo Testamento por outros protestantes, mas os
7 livros do AT foram deixados. Em 1827, o British and
Foreign Bible Society retirou também este apêndice,
sendo este o motivo pelo qual não são encontrados nas
Bíblias protestantes mais contemporâneas, apesar de
ainda serem encontradas em traduções protestantes
clássicas, como a King James Version.
A razão porque eles foram retirados é que ensinam
doutrinas católicas que os protestantes rejeitam. Acima
citamos um exemplo onde a carta aos Hebreus nos mostra
um exemplo do Antigo Testamento contido em 2 Mac 7, um
incidente não encontrado em nenhuma Bíblia protestante,
mas facilmente localizada na Bíblia católica. Porque
Lutero teria retirado este livro se ele claramente
serviu de fonte para aquela parte do Novo Testamento?
Simples: alguns capítulos mais adiante o livro apoia a
prática da oração às almas dos mortos para que sejam
purificados das consequências dos seus pecados (2º Mac.
12, 41-45); em outras palavras, a doutrina católica do
purgatório. Desde que Lutero rejeitou o ensino histórico
do purgatório (que data de antes de Cristo, como mostra
o livro de Macabeus), ele teve que retirar este livro da
Bíblia e colocá-lo como apêndice. (Note que ele também
retirou Hebreus, o livro que cita 2 Macabeus, e o
colocou também como apêndice).
Para justificar está rejeição a livros que estavam na
Bíblia desde tempos antes dos apóstolos (a Septuaginta
foi escrita antes dos apóstolos), os primeiros
protestantes recorreram ao fato de que os judeus
daqueles dias não honraram tais livros, retornando assim
ao Concílio de Jâmnia. Mas os reformadores estavam
atentos apenas aos judeus europeus; não prestando a
devida atenção aos judeus africanos, como os etíopes,
que aceitavam os deuterocanônicos como parte de sua
Bíblia. Eles censuraram as referências ao
deuterocanônicos no Novo Testamento, assim como seu uso
da Septuaginta. Ignoraram o fato de que existiam
múltiplos canons judaicos circulando no primeiro século,
apelando a um Concílio judaico pós-cristão que não
possuía nenhuma autoridade para com os cristãos para se
falar que "os judeus não aceitaram estes livros".
Na verdade, foram longe tentar buscar algo que
suportasse a rejeição a estes livros da Bíblia.
Reescrevendo a história da Igreja
Anos mais tarde eles até iniciaram a propagação do
mito de que a Igreja Católica "adicionou" estes
sete livros à Bíblia no Concílio de Trento.
Os protestantes também tentaram distorcer as evidências
patrísticas em favor do deuterocanônicos. Alguns
superficialmente afirmam que os Pais da Igreja não os
aceitavam, enquanto outros fazem reivindicações
comedidas que certos importantes pais, como Jerônimo,
também não os aceitava.
É verdade que Jerônimo, e poucos e isoladas escritores,
não aceitavam alguns deuterocanônicos como inspirados.
Entretanto, Jerônimo fora persuadido, contra sua
convicção original, a incluir os deuterocanônicos em sua
edição Vulgata pelo fato de que os livros eram comumente
aceitos e era esperado que fossem incluídos em todas as
edições da Bíblia.
Além do mais, deve ser documentado que em anos mais
tarde Jerônimo de fato aceitou certos deuterocanônicos
como inspirados. Em sua resposta a Rufino, ele defendeu
bravamente as partes deuterocanônicas de Daniel mesmo
que os judeus de seu tempo não o fizessem.
Ele escreveu, "Que pecado eu cometi se segui o
julgamento da Igreja? Mas ele que traz acusações contra
mim por relatar as objeções a que os judeus estavam
acostumados a formar contra a história de Susana... e a
história de Bel e o dragão, que não se acham nos volumes
hebraicos, provam que ele é apenas um bajulador
insensato. Eu não estava relatando minha própria visão,
mas antes as questões que eles (os judeus) estavam
acostumados a fazer contra nós" (Contra Rufinus 11,
33 [402 dC.]). Desta forma Jerônimo reconheceu o
princípio pelo qual o cânon foi fixado - o julgamento da
Igreja, não dos judeus.
Outros escritores protestantes citam como objeção aos
deuterocanônicos, que Atanásio e Orígenes não os
aceitavam. Ora, Atanásio aceitava o livro de Baruc (Festal
Letter 39) e Orígenes aceitava todos os
deuterocanônicos, mas simplesmente recomendava não os
usar nos debates com os judeus.
Contudo, apesar de alguns disparates e hesitações de
alguns escritores como Jerônimo, a Igreja permaneceu
firme em sua afirmação histórica sobre os
deuterocanônicos como inspirados e vindos com os
apóstolos. O protestante J.N.D. Kelly afirma isto apesar
da dúvida de Jerônimo:
"pela grande maioria, porém, os escritos
deuterocanônicos atingiram o grau de inspirados com o
máximo de senso. Agostinho, por exemplo, cuja influência
no ocidente foi decisiva, não fazia distinção entre eles
e o resto do Antigo Testamento... a mesma atitude com os
apócrifos foi demonstrada nos Sínodos de Hipona e
Cartago em 393 e 397, respectivamente, e também na
famosa carta do papa Inocêncio I ao bispo de Toulouse
Exuperius, em 405" (Doutrina Cristã Antiga, 55-56).
Este é, portanto, um grande mito pelo qual os
protestantes acusam os católicos de terem
"adicionado" os deuterocanônicos à Bíblia no
Concílio de Trento. Estes livros estavam na Bíblia antes
de o cânon pretender ser definido, o que ocorreu só em
380 dC. tudo o que Trento fez foi reafirmar, em face dos
ataques protestantes à Bíblia católica, o que tem sido a
histórica Bíblia da Igreja - a edição padrão seria a
Vulgata de Jerônimo, incluindo os deuterocanônicos!
Os deuterocanônicos do Novo Testamento
É irônico que os protestantes rejeitem a inclusão dos
deuterocanônicos pelos Concílios de Hipona e Cartago,
porque nestes Concílios da Igreja antiga também foram
definidos os livros do Novo Testamento. Principalmente
pelo ano 300 havia uma ampla discussão sobre quais
livros exatamente deveriam pertencer ao Novo Testamento.
Alguns livros, como os Evangelhos, Atos e a maioria das
cartas de Paulo foram rapidamente aceitos. Contudo
alguns livros, mais notavelmente Hebreus, Tiago, 2
Pedro, 2 e 3 João, e Apocalipse permaneceram em ardente
disputa até que o cânon foi fixado. São, de fato,
"deuterocanônicos do Novo Testamento". Enquanto os
protestantes aceitam o testemunho dos Concílios de
Hipona e Cartago (os Concílios que eles mesmos mais
citam) para a canonicidade dos deuterocanônicos do Novo
Testamento, não estão dispostos a aceitar o testemunho
dos mesmos Concílios para a canonicidade dos
deuterocanônicos do Antigo Testamento. Realmente
irônico!
Autor: James Akin
Fonte: Catholic Information Network
Tradução: Rondinelly Ribeiro |
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57. Referências do Novo Testamento aos deuterocanônicos
do A.T. |
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1. Referências por Ordem do Novo Testamento
Evangelho segundo Mateus
Mt. 4, 4 = Sb. 16, 26; Mt. 4, 15 = 1º Mc. 5, 15; Mt. 5,
18 = Br. 4, 1; Mt. 5, 28 = Eclo. 9, 8; Mt. 5, 2-4 =
Eclo. 25, 7-12; Mt. 5, 4 = Eclo. 48, 24; Mt. 6, 7 =
Eclo. 7, 14; Mt. 6, 9 = Eclo. 23, 1. 4; Mt. 6, 10 = 1º
Mc. 3, 60; Mt. 6, 12 = Eclo. 28, 2; Mt. 6, 13 = Eclo.
33, 1; Mt 6, 20 = Eclo. 29, 10-11; Mt. 6, 23 = Eclo. 14,
10; Mt. 6, 33 = Sb. 7, 11; Mt. 7, 12 = Tb. 4, 15 / Eclo.
31, 15; Mt. 7, 16 = Eclo. 27, 6; Mt. 8, 11 = Br. 4, 37;
Mt. 8, 21 = Tb. 4, 3; Mt. 9, 36 = Jdt. 11, 19; Mt. 9, 38
= 1º Mc. 12, 17; Mt. 10, 16 = Eclo. 13, 17; Mt. 11, 14 =
Eclo. 48, 10; Mt. 11, 22 = Jdt. 16, 17; Mt. 11, 25 = Tb.
7, 17 / Eclo 51,1; Mt 11,28 = Eclo. 24, 19 / Eclo. 51,
23; Mt. 11, 29 = Eclo. 6, 24-25 / Eclo. 6, 28-29 / Eclo.
51, 26-27; Mt. 12, 4 = 2º Mc. 10, 3; Mt. 12, 5 = Eclo.
40, 15; Mt. 13, 44 = Eclo. 20, 30-31; Mt. 16, 18 = Sb.
16, 13; Mt. 16, 22 = 1º Mc. 2, 21; Mt. 16, 27 = Eclo.
35, 22; Mt. 17, 1 = Eclo. 48, 10; Mt. 18, 10 = Tb. 12,
15; Mt. 20, 2 = Tb. 5, 15; Mt. 22, 13 = Sb. 17, 2; Mt.
23, 38 = Tb. 14, 4; Mt. 24, 15 = 1º Mc. 1, 54 / 2º Mc.
8, 17; Mt. 24, 16 = 1º Mc. 2, 28; Mt. 25, 35 = Tb. 4,
17; Mt. 25, 36 = Eclo. 7, 32-35; Mt. 26-38 = Eclo. 37,
2; Mt. 27, 24 = Dn. 13, 46; Mt. 27, 43 = Sb. 2, 13 / Sb.
18-20.
Evangelho segundo Marcos
Mc. 1, 15 = Tb. 14, 5; Mc. 4, 5 = Eclo. 40, 15; Mc. 4,
11 = Sb. 2, 22; Mc. 5, 34 = Jdt. 8, 35; Mc. 6, 49 = Sb.
17, 15; Mc. 8, 37 = Eclo. 26, 14; Mc. 9, 31 = Eclo. 2,
18; Mc. 9, 48 = Jdt. 16, 17; Mc. 10, 18 = Eclo. 4, 1;
Mc. 14, 34 = Eclo. 37, 2; Mc. 15, 29 = Sb. 2, 17.
Evangelho segundo Lucas
Lc. 1, 17 = Eclo. 48, 10; Lc. 1, 19 = Tb. 12, 15;
Lc. 1, 19 = Tb. 12, 15; Lc. 1, 42 = Jdt. 13, 18; Lc. 1,
52 = Eclo. 10, 14; Lc. 2, 29 = Tb. 11, 9; Lc. 2, 37 =
Jdt. 8, 6; Lc. 6, 35 = Sb. 15, 1; Lc. 7, 22 = Eclo. 48,
5; Lc. 9, 8 = Eclo. 48, 10; Lc. 10, 17 = Tb. 7, 17; Lc.
10, 19 = Eclo. 11, 19; Lc. 10, 21 = Eclo. 51, 1; Lc. 12,
19 = Tb. 7, 10; Lc. 12, 20 = Sb. 15, 8; Lc. 13, 25 = Tb.
14, 4; Lc. 13, 27 = 1º Mc. 3, 6; Lc. 13, 29 = Br. 4, 37;
Lc. 14, 13 = Tb. 2, 2; Lc. 15, 12 = 1º Mc. 10, 29 [30] /
Tb. 3, 17; Lc. 18, 7 = Eclo. 35, 22; Lc. 19, 44 = Sb. 3,
7; Lc. 21, 24 = Tb. 14, 5; Lc. 21, 24 = Eclo. 28, 18;
Lc. 21, 25 = Sb. 5, 22; Lc. 24, 4 = 2º Mc. 3, 26; Lc.
24, 31 = 2º Mc. 3, 34; Lc. 24, 50 = Eclo. 50, 20-21; Lc.
24, 53 = Eclo. 50, 22-23.
Evangelho segundo João
Jo. 1, 3 = Sb. 9, 1; Jo. 3, 8 = Eclo. 16, 21; Jo. 3,
12 = Sb. 9, 16 / Sb. 18, 15-16; Jo. 3, 13 = Br. 3, 29;
Jo. 3, 28 = 1º Mc. 9, 39; Jo. 3, 32 = Tb. 4, 6; Jo. 4, 9
= Eclo. 50, 25-26; Jo. 4, 48 = Sb. 8, 8; Jo. 5, 18 = Sb.
2, 16; Jo. 6, 35 = Eclo. 24, 21; Jo. 7, 38 = Eclo. 24,
40 / Eclo. 43, 30-31; Jo. 8, 44 = Sb. 2, 24; Jo. 8, 53 =
Eclo. 44, 19; Jo. 10, 20 = Sb. 5, 4; Jo. 10, 22 = 1º Mc.
4, 59; Jo. 14, 15 = Sb. 6, 18; Jo. 15, 9-10 = Sb. 3, 9;
Jo. 17, 3 = Sb. 15, 3; Jo. 20, 22 = Sb. 15, 11.
Atos dos Apóstolos
At. 1, 10 = 2º Mc. 3, 26; At. 1, 18 = Sb. 4, 19; At.
2, 4 = Eclo. 48, 12; At. 2, 11 = Eclo. 36, 7; At. 2, 39
= Eclo. 24, 32; At. 4, 24 = Jdt. 9, 12; At. 5, 2 = 2º
Mc. 4, 32; At. 5, 12 = 1º Mc. 12, 6; At. 5, 21 = 2º Mc.
1, 10; At. 5, 39 = 2º Mc. 7, 19; At. 9, 1-29 = 2º Mc.
3, 24-40; At. 9, 2 = 1º Mc. 15, 21; At. 9, 7 = Sb. 18,
1; At. 10, 2 = Tb. 12, 8; At. 10, 22 = 1º Mc. 10, 25 /
1º Mc. 11, 30.33 etc.; At. 10, 26 = Sb. 7, 1; At. 10, 30
= 2º Mc. 11, 8; At. 10, 34 = Eclo. 35, 12-13; At. 10, 36
= Sb. 6, 7 / Sb. 8, 3 etc.; At. 11, 18 = Sb. 12, 19; At.
12, 5 = Jdt. 4, 9; At. 12, 10 = Eclo. 19, 26; At. 12, 23
= Jdt. 16, 17; At. 12, 23 = Eclo. 48, 21 / 1º Mc. 7, 41
/ 2º Mc. 9, 9; At. 13, 10 = Eclo 1, 30; At. 13, 17 = Sb.
19, 10; At. 14, 14 = Jdt. 14, 16-17; At. 14,15 = Sb. 7,
3; At. 15, 4 = Jdt. 8, 26; At. 16, 14 = 2º Mc. 1, 4; At.
17, 23 = Sb. 14, 20 / Sb. 15, 17; At. 17, 24 = Tb. 7, 17
/ Sb. 9, 9; At. 17, 24-25 = Sb. 9, 1; At. 17, 26 = Sb.
7, 18; At. 17, 27 = Sb. 13, 6; At. 17, 29 = Sb. 13, 10;
At. 17, 30 = Eclo. 28, 7; At. 19, 7 = Sb. 3, 17; At. 19,
28 = Dn. 14, 18.41; At. 20, 26 = Dn. 13, 46; At. 20, 32
= Sb. 5, 5; At. 20, 35 = Eclo. 4, 31; At. 21, 26 = 1º
Mc. 3, 49; At. 22, 9 = Sb. 18, 1; At. 24, 2 = 2º Mc. 4,
6; At. 26, 18 = Sb. 5, 5; At. 26, 25 = Jdt. 10, 13.
Epístola aos Romanos
Rm. 1, 19-32 = Sb. 13-15; Rm. 1, 21 = Sb. 13, 1; Rm. 1,
23 = Sb. 11, 15 / Sb. 12, 24; Rm. 1, 28 = 2º Mc. 6, 4;
Rm. 2, 4 = Sb. 11, 23; Rm. 2, 11 = Eclo. 35, 12-13; Rm.
2, 15 = Sb. 17, 11; Rm. 4, 13 = Eclo. 44, 21; Rm. 4, 17
= Eclo. 44, 19; Rm. 5, 5 = Eclo. 18, 11; Rm. 5, 12 = Sb.
2, 24; Rm. 9, 4 = Eclo. 44, 12 / 2º Mc. 6, 23; Rm. 9, 19
= Sb. 12, 12; Rm. 9, 21 = Sb. 15, 7; Rm. 9, 31 = Eclo.
27, 8 / Sb. 2, 11; Rm. 10, 7 = Sb. 16, 13; Rm. 10, 6 =
Br. 3, 29; Rm. 11, 4 = 2º Mc. 2, 4; Rm. 11, 15 = Eclo.
10, 20-21; Rm. 11, 33 = Sb. 17, 1; Rm. 12, 15 = Eclo. 7,
34; Rm. 13, 1 = Eclo. 4, 27; Rm. 13, 1 = Sb. 6, 3-4; Rm.
13, 10 = Sb. 6, 18; Rm. 15, 4 = 1º Mc. 12, 9; Rm. 15, 8
= Eclo. 36, 20.
1ª Epístola aos Coríntios
1ª Cor. 1, 24 = Sb. 7, 24-25; 1ª Cor. 2, 9 = Eclo.
1, 10; 1ª Cor. 2, 16 = Sb. 9, 13; 1ª Cor. 4, 13 = Tb. 5,
19; 1ª Cor. 4, 14 = Sb. 11, 10; 1ª Cor. 6, 2 = Sb. 3, 8;
1ª Cor. 6, 12 = Eclo. 37, 28; 1ª Cor. 6, 13 = Eclo. 36,
18; 1ª Cor. 6, 18 = Eclo. 23, 17; 1ª Cor. 7, 19 = Eclo.
32, 23; 1ª Cor. 9, 19 = Eclo. 6, 19; 1ª Cor. 9, 25 = Sb.
4, 2; 1ª Cor. 10, 1 = Sb. 19, 7-8; 1ª Cor. 10, 20 = Br.
4, 7; 1ª Cor. 10, 23 = Eclo. 37, 28; 1ª Cor. 11, 7 =
Eclo. 17, 3 / Sb. 2, 23; 1ª Cor. 11, 24 = Sb. 16, 6; 1ª
Cor. 15, 29 = 2º Mc. 12, 43-44; 1ª Cor. 15, 32 = Sb. 2,
5-6; 1ª Cor. 15, 34 = Sb. 13, 1.
2º Epístola aos Coríntios
2ª Cor. 5, 1.4 = Sb. 9, 15; 2ª Cor. 12, 12 = Sb. 10, 16.
Epístola aos Gálatas
Gl. 2, 6 = Eclo. 35, 13; Gl. 4, 4 = Tb. 14, 5; Gl.
6, 1 = Sb. 17, 17.
Epístola aos Efésios
Ef. 1, 6 = Eclo. 45, 1 / Eclo. 46, 13; Ef. 1, 17 =
Sb. 7, 7; Ef. 4, 14 = Eclo. 5, 9; Ef. 4, 24 = Sb. 9, 3;
Ef. 6, 12 = Sb. 5, 17; Ef. 6, 14 = Sb. 5, 18; Ef. 6, 16
= Sb. 5, 19.21.
Epístola aos Filipenses
Fl. 4, 5 = Sb. 2, 19; Fl. 4, 13 = Sb. 7, 23; Fl. 4, 18 =
Eclo. 35, 6.
Epístola aos Colossenses
Cl. 2, 3 = Eclo. 1, 24-25.
1ª Epístola aos Tessalonicenses
1ª Ts. 3, 11 = Jdt. 12, 8; 1ª Ts. 4, 6 = Eclo. 5, 3; 1ª
Ts. 4, 13 = Sb. 3, 18; 1ª Ts. 5, 1 = Sb. 8, 8; 1ª Ts. 5,
2 = Sb. 18,14-15; 1ª Ts. 5, 3 = Sb. 17, 14; 1ª Ts. 5, 8
= Sb. 5, 18.
2ª Epístola aos Tessalonicenses
2ª Ts. 2, 1 = 2º Mc. 2, 7.
1ª Epístola a Timóteo
1ª Tm. 1, 17 = Tb. 13, 7. 11; 1ª Tm. 2, 2 = 2º Mc. 3, 11
/ Br. 1, 11-12; 1ª Tm. 6, 15 = Eclo. 46, 5 / 2º Mc. 12,
15 / 2º Mc. 13, 4.
2ª Epístola a Timóteo
2ª Tm. 2, 19 = Eclo. 17, 26 / Eclo. 23, 10 (vl) / Eclo.
35, 3; 2ª Tm. 4, 8 = Sb. 5, 16; 2ª Tm. 4, 17 = 1º Mc. 2,
60.
Epístola a Tito
Tt. 2, 11 = 2º Mc. 3, 30; Tt. 3, 4 = Sb. 1, 6.
Epístola aos Hebreus
Hb. 1, 3 = Sb. 7, 25-26; Hb. 2, 5 = Eclo. 17, 17; Hb. 4,
12 = Sb. 18, 15-16 / Sb. 7, 22-30; Hb. 5, 6 = 1º Mc. 14,
41; Hb. 7, 22 = Eclo. 29, 14-16; Hb. 11, 5 = Eclo. 44,
16 / Sb. 4, 10; Hb. 11, 6 = Sb. 10, 17; Hb. 11, 10 = Sb.
13, 1 / 2º Mc. 4, 1; Hb. 11, 17 = 1º Mc. 2, 52 / Eclo.
44, 20; Hb. 11, 27 = Eclo. 2, 2; Hb. 11, 28 = Sb. 18,
25; Hb. 11, 35 = 2º Mc. 6, 18-7, 42; Hb. 12, 4 = 2º Mc.
13, 14; Hb. 12, 9 = 2º Mc. 3, 24; Hb. 12, 12 = Eclo. 25,
23; Hb. 12, 17 = Sb. 12, 10; Hb. 12, 21 = 1º Mc. 13, 2;
Hb. 13, 7 = Eclo. 33, 19 / Sb. 2, 17.
Epístola de Tiago
Tg. 1, 1 = 2º Mc. 1, 27; Tg. 1, 2 = Eclo. 2, 1 / Sb. 3,
4-5; Tg. 1, 13 = Eclo. 15, 11-20; Tg. 1, 19 = Eclo. 5,
11; Tg. 1, 21 = Eclo. 3, 17; Tg. 2, 13 = Tb. 4, 10; Tg.
2, 23 = Sb. 7, 27; Tg. 3, 2 = Eclo. 14, 1; Tg. 3, 6 =
Eclo. 5, 13; Tg. 3, 9 = Eclo. 23, 1. 4; Tg. 3, 10 =
Eclo. 5, 13 / Eclo. 28, 12; Tg. 3, 13 = Eclo. 3, 17; Tg.
4, 2 = 1º Mc. 8, 16; Tg. 4, 11 = Sb. 1, 11; Tg. 5, 3 =
Jdt. 16, 17 / Eclo. 29, 10; Tg. 5, 4 = Tb. 4, 14; Tg. 5,
6 = Sb. 2, 10 / Sb. 2, 12 / Sb. 2, 19.
1ª Epístola de Pedro
1ª Pd. 1, 3 = Eclo. 16, 12; 1ª Pd. 1, 7 = Eclo. 2, 5; 1ª
Pd. 2, 25 = Sb. 1, 6; 1ª Pd. 4, 19 = 2º Mc. 1, 24 etc.;
1ª Pd. 5, 7 = Sb. 12, 13.
2ª Epístola de Pedro
2ª Pd. 2, 2 = Sb. 5, 6; 2ª Pd. 2, 7 = Sb. 10, 6; 2ª
Pd. 3, 9 = Eclo. 35, 19; 2ª Pd. 3, 18 = Eclo. 18, 10.
1ª Epístola de João
1ª Jo. 5, 21 = Br. 5, 72.
Epístola de Judas
Jd. 1, 13 = Sb. 14, 1.
Livro do Apocalipse
Ap. 1, 18 = Eclo. 18, 1; Ap. 2, 10 = 2º Mc. 13, 14; Ap.
2, 12 = Sb. 18, 16 [15]; Ap. 2, 17 = 2º Mc. 2, 4-8; Ap.
4, 11 = Eclo. 18, 1 / Sb. 1, 14; Ap. 5, 7 = Eclo. 1, 8;
Ap. 7, 9 = 2º Mc. 10, 7; Ap. 8, 1 = Sb. 18, 14; Ap. 8, 2
= Tb. 12, 15; Ap. 8, 3 = Tb. 12, 12; Ap. 8, 7 = Eclo.
39, 29 / Sb. 16, 22; Ap. 9, 3 = Sb. 16, 9; Ap. 9, 4 =
Eclo. 44, 18 etc.; Ap. 11, 19 = 2º Mc. 2, 4-8; Ap. 17,
14 = 2º Mc. 13, 4; Ap. 18, 2 = Br. 4, 35; Ap. 19, 1 =
Tb. 13, 18; Ap. 19, 11 = 2º Mc. 3, 25 / 2º Mc. 11, 8;
Ap. 19, 16 = 2º Mc. 13, 4; Ap. 20, 12-13 = Eclo. 16, 12;
Ap. 21, 19-20 = Tb. 13, 17. 2.
Referências por Ordem Deuterocanônicas
Acréscimos de Daniel
Dn. 13, 46 = Mt. 27, 24 / At. 20, 26; Dn. 14, 18.41 =
At. 19, 28.
Profeta Baruc
Br. 1, 11-12 = 1ª Tm. 2, 2; Br. 3, 29 = Jo. 3, 13 / Rm.
10, 6; Br. 4, 1 = Mt. 5, 18; Br. 4, 7 = 1ª Cor. 10, 20;
Br. 4, 35 = Ap. 18, 2; Br. 4, 37 = Mt. 8, 11 / Lc. 13,
29; Br. 5, 72 = 1ª Jo. 5, 21.
Eclesiástico (ou Sirácida)
Eclo. 1, 8 = Ap. 5, 7; Eclo. 1, 10 = 1ª Cor. 2, 9; Eclo.
1, 24-25 = Cl. 2, 3; Eclo. 1, 30 = At. 13, 10; Eclo. 2,
1 = Tg. 1, 2; Eclo. 2, 2 = Hb. 11, 27; Eclo. 2, 5 = 1ª
Pd. 1, 7; Eclo. 2, 18 = Mc. 9, 31; Eclo. 3, 17 = Tg. 1,
21 / Tg. 3, 13; Eclo. 4, 1 = Mc. 10, 18; Eclo. 4, 27 =
Rm. 13, 1; Eclo. 4, 31 = At. 20, 35; Eclo. 5, 3 = 1ª Ts.
4, 6; Eclo. 5, 9 = Ef. 4, 14; Eclo. 5, 11 = Tg. 1, 19;
Eclo. 5, 13 = Tg. 3, 6 / Tg. 3, 10; Eclo. 6, 19 = 1ª
Cor. 9, 19; Eclo. 6, 24-25 = Mt. 11, 29; Eclo. 6, 28-29
= Mt. 11, 29; Eclo. 7, 14 = Mt. 6, 7; Eclo. 7, 32-35 =
Mt. 25, 36; Eclo. 7, 34 = Rm. 12, 15; Eclo. 9, 8 = Mt.
5, 28; Eclo. 10, 14 = Lc. 1, 52; Eclo. 10, 20-21 = Rm.
11, 15; Eclo. 11, 19 = Lc. 10, 19; Eclo. 13, 17 = Mt.
10, 16; Eclo. 14, 1 = Tg. 3, 2; Eclo. 14, 10 = Mt. 6,
23; Eclo. 15, 11-20 = Tg. 1, 13; Eclo. 16, 12 = 1ª Pd.
1, 3; Eclo. 16, 12 = Ap. 20, 12-13; Eclo. 16, 21 = Jo.
3, 8; Eclo. 17, 3 = 1ª Cor. 11, 7; Eclo. 17, 17 = Hb. 2,
5; Eclo. 17, 26 = 2ª Tm. 2, 19; Eclo. 18, 1 = Ap. 1, 18
/ Ap. 4, 11; Eclo. 18, 10 = 2ª Pd. 3, 18; Eclo. 18, 11 =
Rm. 5, 5; Eclo. 19, 26 = At. 12, 10; Eclo. 20, 30-31 =
Mt. 13, 44; Eclo. 23, 1. 4 = Mt. 6, 9 / Tg. 3, 9; Eclo.
23, 10 (vl) = 2ª Tm. 2, 19; Eclo. 23, 17 = 1ª Cor. 6,
18; Eclo. 24, 19 = Mt. 11, 28; Eclo. 24, 21 = Jo. 6, 35;
Eclo. 24, 32 = At. 2, 39; Eclo. 24, 40; 43, 30-31 = Jo.
7, 38; Eclo. 25, 7-12 = Mt. 5, 2-4; Eclo. 25, 23 = Hb.
12, 12; Eclo. 26, 14 = Mc. 8, 37; Eclo. 27, 6 = Mt. 7,
16; Eclo. 27, 8 = Rm. 9, 31; Eclo. 28, 2 = Mt. 6, 12;
Eclo. 28, 7 = At. 17, 30; Eclo. 28, 12 = Tg. 3, 10;
Eclo. 28, 18 = Lc. 21, 24; Eclo. 29, 10 = Tg. 5, 3;
Eclo. 29, 10-11 = Mt. 6, 20; Eclo. 29, 14-16 = Hb. 7,
22; Eclo. 31, 15 = Mt. 7, 12; Eclo. 32, 23 = 1ª Cor. 7,
19; Eclo. 33, 1 = Mt. 6, 13; Eclo. 33, 19 = Hb. 13, 7;
Eclo. 35, 3 = 2ª Tm. 2, 19; Eclo. 35, 6 = Fl. 4, 18;
Eclo. 35, 12-13 = At. 10, 34; Eclo. 35, 12-13 = Rm. 2,
11; Eclo. 35, 13 = Gl. 2, 6; Eclo. 35, 19 = 2ª Pd. 3, 9;
Eclo. 35, 22 = Mt. 16, 27 / Lc. 18, 7; Eclo. 36, 7 = At.
2, 11; Eclo. 36, 18 = 1ª Cor. 6, 13; Eclo. 36, 20 = Rm.
15, 8; Eclo. 37, 2 = Mt. 26, 38; Eclo. 37 ,2 = Mc. 14,
34; Eclo. 37, 28 = 1ª Cor. 6, 12 / 1ª Cor. 10, 23; Eclo.
39, 29 = Ap. 8, 7; Eclo. 40, 15 = Mt. 12, 5 / Mc. 4, 5;
Eclo. 44, 12 = Rm. 9, 4; Eclo. 44, 16 = Hb. 11, 5; Eclo.
44, 18 etc. = Ap. 9, 4; Eclo. 44, 19 = Jo. 8, 53 / Rm.
4, 17; Eclo. 44, 20 = Hb. 11, 17; Eclo. 44, 21 = Rm. 4,
13; Eclo. 45, 1 = Ef. 1, 6; Eclo. 46, 5 = 1ª Tm. 6, 15;
Eclo. 46, 13 = Ef. 1, 6; Eclo. 48, 5 = Lc. 7, 22; Eclo.
48, 10 = Mt. 11, 14 / Mt. 17, 11 / Lc. 1, 17 / Lc. 9, 8;
Eclo. 48, 12 = At. 2, 4; Eclo. 48, 21 = At. 12, 23;
Eclo. 48, 24 = Mt. 5, 4; Eclo. 50, 20-21 = Lc. 24, 50;
Eclo. 50, 22 = Lc. 24, 53; Eclo. 50, 25-26 = Jo. 4, 9;
Eclo. 51, 1 = Mt. 11, 25 / Lc. 10, 21; Eclo. 51, 23 =
Mt. 11, 28; Eclo. 51, 26-27 = Mt. 11, 29.
Livro da Sabedoria
Sb. 1, 6 = Tt. 3, 4 / 1ª Pd. 2, 25; Sb. 1, 11 = Tg.
4, 11; Sb. 1, 14 = Ap. 4, 11; Sb. 2, 5-6 = 1ª Cor. 15,
32; Sb. 2, 10 = Tg. 5, 6; Sb. 2, 11 = Rm. 9, 31; Sb. 2,
12 = Tg. 5, 6; Sb. 2, 13 = Mt. 27, 43; Sb. 2, 16 = Jo.
5, 18; Sb. 2, 17 = Hb. 13, 7; Sb. 17-18 = Mc. 15, 29;
Sb. 2, 18-20 = Mt. 27, 43; Sb. 2, 19 = Fl. 4, 5 / Tg. 5,
6; Sb. 2, 22 = Mc. 4, 11; Sb. 2, 23 = 1ª Cor. 11, 7; Sb.
2, 24 = Jo. 8, 44 / Rm. 5, 12; Sb. 3, 4-5 = Tg. 1, 2;
Sb. 3, 7 = Lc. 19, 44; Sb. 3, 8 = 1ª Cor. 6, 2; Sb. 3, 9
= Jo. 15, 9-10; Sb. 3, 17 = At. 19, 27; Sb. 3, 18 = 1ª
Ts. 4, 13; Sb. 4, 2 = 1ª Cor. 9, 25; Sb. 4, 10 = Hb. 11,
5; Sb. 4, 19 = At. 1, 18; Sb. 5, 4 = Jo. 10, 20; Sb. 5,
5 = At. 20, 32 / At. 26, 18; Sb. 5, 6 = 2ª Pd. 2, 2; Sb.
5, 16 = 2ª Tm. 4, 8; Sb. 5, 17 = Ef. 6, 12; Sb. 5, 18 =
Ef. 6, 14; Sb. 5, 18 = 1ª Ts. 5, 8; Sb. 5, 19. 21 = Ef.
6, 16; Sb. 5, 22 = Lc. 21, 25; Sb. 6, 3-4 = Rm. 13, 1;
Sb. 6, 7 = At. 10, 36; Sb. 6, 18 = Jo. 14, 15 / Rm. 13,
10; Sb. 7, 1 = At. 10, 26; Sb. 7, 3 = At. 14, 15; Sb. 7,
7 = Ef. 1, 17; Sb. 7, 11 = Mt. 6, 33; Sb. 7, 18 = At.
17, 26; Sb. 7, 22-30 = Hb. 4, 12; Sb. 7, 23 = Fl. 4, 13;
Sb. 7, 24-25 = 1ª Cor. 1, 24; Sb. 7, 25-26 = Hb. 1, 3;
Sb. 7, 27 = Tg. 2, 23; Sb. 8, 3 etc. = At. 10, 36; Sb.
8, 8 = Jo. 4, 48 / 1ª Ts. 5, 1; Sb. 9, 1 = Jo. 1, 3 /
At. 17, 24-25; Sb. 9, 3 = Ef. 4, 24; Sb. 9, 9 = At. 17,
24; Sb. 9, 13 = 1ª Cor. 2, 16; Sb. 9,15 = 2ª Cor. 5, 1.
4; Sb. 9, 16 = Jo. 3, 12; Sb. 10, 6 = 2ª Pd. 2, 7; Sb.
10, 16 = 2ª Cor. 12, 12; Sb. 10, 17 = Hb. 11, 6; Sb. 11,
10 = 1ª Cor. 4, 14; Sb. 11, 15 = Rm. 1, 23; Sb. 11, 23 =
Rm. 2, 4; Sb. 12, 10 = Hb. 12, 17; Sb. 12, 12 = Rm. 9,
19; Sb. 12, 13 = 1ª Pd. 5, 7; Sb. 12, 19 = At. 11, 18;
Sb. 12, 24 = Rm. 1, 23; Sb. 13-15 = Rm. 1, 19-32; Sb.
13, 1 = Rm. 1, 21 / 1ª Cor. 15, 34 / Hb. 11, 10; Sb. 13,
6 = At. 17, 27; Sb. 13, 10 = At. 17, 29; Sb. 14, 1 = Jd.
1, 13; Sb. 14, 20 = At. 17, 23; Sb. 15, 1 = Lc. 6, 35;
Sb. 15, 3 = Jo. 17, 3; Sb. 15, 6 = Rm. 9, 21; Sb. 15, 8
= Lc. 12, 20; Sb. 15, 11 = Jo. 20, 22; Sb. 15, 17 = At.
17, 23; Sb. 16, 6 = 1ª Cor. 11, 24; Sb. 16, 9 = Ap. 9,
3; Sb. 16, 13 = Mt. 16, 18 / Rm. 10, 7; Sb. 16, 22 = Ap.
8, 7; Sb. 16, 26 = Mt. 4, 4; Sb. 17, 1 = Rm. 11, 33; Sb.
17, 2 = Mt. 22, 13; Sb. 17, 11 = Rm. 2, 15; Sb. 17, 14 =
1ª Ts. 5, 3; Sb. 17, 15 = Mc. 6, 49; Sb. 17, 17 = Gl. 6,
1; Sb. 18, 1 = At. 9, 7 / At. 22, 9; Sb. 18,14 = Ap. 8,
1; Sb. 18, 14-15 = 1ª Ts. 5, 2; Sb. 18, 15-16 = Jo. 3,
12 / Hb. 4, 12; Sb. 18, 16 [15] = Ap. 2, 12; Sb. 18, 25
= Hb. 11, 28; Sb. 19, 7-8 = 1ª Cor. 10, 1; Sb. 19, 10 =
At. 13, 17.
Tobias
Tb. 2, 2 = Lc. 14, 13; Tb. 3, 17 = Lc. 15, 12; Tb. 4, 3
= Mt. 8, 21; Tb. 4, 6 = Jo. 3, 32; Tb. 4, 10 = Tg. 2,
13; Tb. 4, 14 = Tg. 5, 4; Tb. 4, 15 = Mt. 7, 12; Tb. 4,
17 = Mt. 25, 35; Tb. 5, 15 = Mt. 20, 2; Tb. 5, 19 = 1ª
Cor. 4, 13; Tb. 7, 10 = Lc. 12, 19; Tb. 7, 17 = Mt. 11,
25 / Lc. 10, 17 / At. 17, 24; Tb. 11, 9 = Lc. 2, 29; Tb.
12 ,8 = At. 10, 2; Tb. 12, 12 = Ap. 8, 3; Tb. 12, 15 =
Mt. 18, 10 / Lc. 1, 19 / Ap. 8, 2; Tb. 13, 7. 11 = 1ª
Tm. 1, 17; Tb. 13, 17 = Ap. 21, 19-20; Tb. 13, 18 = Ap.
19, 1; Tb. 14, 4 = Mt. 23, 38 / Lc. 13, 25; Tb. 14, 5 =
Mc. 1, 15 / Lc. 21, 24 / Gl. 4, 4.
Judite
Jdt. 4, 9 = At. 12, 5; Jdt. 8, 6 = Lc. 2, 37; Jdt. 8, 26
= At. 15, 4; Jdt. 8, 35 = Mc. 5, 34; Jdt. 9, 12 = At. 4,
24; Jdt. 10, 13 = At. 26, 25; Jdt. 11, 19 = Mt. 9, 36;
Jdt. 12, 8 = 1ª Ts. 3, 11; Jdt. 13, 18 = Lc. 1, 42; Jdt.
14, 16-17 = At. 14, 14; Jdt. 16, 17 = Mt. 11, 22 / Mc.
9, 48 / At. 12, 23 / Tg. 5, 3.
1º Livro dos Macabeus
1º Mc. 1, 54 = Mt. 24, 15; 1º Mc. 2, 21 = Mt. 16, 22; 1º
Mc. 2, 28 = Mt. 24, 16; 1º Mc. 2, 52 = Hb. 11, 17; 1º
Mc. 2, 60 = 2ª Tm. 4, 17; 1º Mc. 3, 6 = Lc. 13, 27; 1º
Mc. 3, 49 = At. 21, 26; 1º Mc. 3, 60 = Mt. 6, 10; 1º Mc.
4, 59 = Jo. 10, 22; 1º Mc. 5, 15 = Mt. 4, 15; 1º Mc. 7,
41 = At. 12, 23; 1º Mc. 8, 16 = Tg. 4, 2; 1º Mc. 9, 39
= Jo. 3, 28; 1º Mc. 10, 25 = At. 10, 22; 1º Mc. 10, 29
[30] = Lc. 15, 12; 1º Mc. 11, 30. 33 etc. = At. 10,22;
1º Mc. 12, 6 = At. 5, 12; 1º Mc. 12, 9 = Rm. 15, 4; 1º
Mc. 12, 17 = Mt. 9, 38; 1º Mc. 13, 2 = Hb. 12, 21; 1º
Mc. 14, 41 = Hb. 5, 6; 1º Mc. 15, 21 = At. 9, 2.
2º Livro dos Macabeus
2º Mc. 1, 4 = At. 16, 14; 2º Mc. 1, 10 = At. 5, 21; 2º
Mc. 1, 24 etc. = 1ª Pd. 4, 19; 2º Mc. 1, 27 = Tg. 1, 1;
2º Mc. 2, 4 = Rm. 11, 4; 2º Mc. 2, 4-8 = Ap. 2, 17 / Ap.
11, 19; 2º Mc. 2, 7 = 2ª Ts. 2, 1; 2º Mc. 3, 11 = 1ª Tm.
2, 2; 2º Mc. 3, 24 = Hb. 12, 9; 2º Mc. 3, 24-40 = At. 9,
1-29; 2º Mc. 3, 25 = Ap. 19, 11; 2º Mc. 3, 26 = Lc. 24,
4; 2º Mc. 3, 26 = At. 1, 10; 2º Mc. 3, 30 = Tt. 2, 11;
2º Mc. 3, 34 = Lc. 24, 31; 2º Mc. 4, 1 = Hb. 11, 10; 2º
Mc. 4, 6 = At. 24, 2; 2º Mc. 4, 32 = At. 5, 2; 2º Mc. 6,
4 = Rm. 1, 28; 2º Mc. 6, 18-7, 42 = Hb. 11, 35; 2º Mc.
6, 23 = Rm. 9, 4; 2º Mc. 7, 19 = At. 5, 39; 2º Mc. 8, 17
= Mt. 24, 15; 2º Mc. 9, 9 = At. 12, 23; 2º Mc. 10, 3 =
Mt. 12, 4; 2º Mc. 10, 7 = Ap. 7, 9; 2º Mc. 11, 8 = At.
10, 30 / Ap. 19, 11; 2º Mc. 12, 15 = 1ª Tm. 6, 15; 2º
Mc. 12, 43-44 = 1ª Cor. 15, 29; 2º Mc. 13, 4 = 1ª Tm. 6,
15 / Ap. 17, 14 / Ap. 19, 16; 2º Mc. 13, 14 = Hb. 12, 4
/ Ap. 2, 10.
Autor: Carlos Ramalhete
Fonte: A Hora de São Jerônimo |
|
58. Cronologia da era apostólica e o desenvolvimento
do cânon |
|
Esta cronologia apresenta uma sequência dos eventos
bíblicos e extra bíblicos que refletiram sobre a
formação do cânon da Bíblia, tanto do Antigo quanto do
Novo Testamento. Afirma-se por aí que dois pesquisadores
da Bíblia não conseguem concordar sobre uma cronologia
apostólica... Com efeito, a cronologia que apresentamos
aqui é aceitável para alguns, mas não pode ser
considerada "universal". Serve apenas para
fornecer pontos de referência para os eventos que se
sucederam e suas consequências [sobre o cânon das
Escrituras].
Evento |
Data |
Obras |
|
|
|
Pregação de João Batista |
27 |
|
Vinda do Espírito Santo sobre a Igreja |
30 |
|
Estêvão é martirizado por lapidação |
36/37 |
|
Conversão de Paulo e sua primeira viagem
missionária |
45/49 |
|
Concílio [Apostólico] de Jerusalém |
50 |
|
Segunda viagem missionária de Paulo 50/52 |
|
|
|
51 |
1ª e 2ª Epístolas aos Tessalonicenses |
Terceira viagem missionária de Paulo
|
53/58 |
|
|
54-57 |
Epístola aos Gálatas |
|
57 |
1ª e 2ª Epístolas aos Coríntios |
|
58 |
Epístola aos Romanos |
Viagem [de Paulo] a Roma |
59/60 |
|
1ª prisão de Paulo em Roma |
61-63 |
|
|
|
Epístola a Filemon |
|
|
Epístola aos Colossenses |
|
|
Epístola aos Efésios |
|
|
Epístola aos Filipenses |
|
|
Epístola de Tiago |
|
65 |
Evangelho de Marcos |
|
|
1ª Epístola a Timóteo |
|
|
Epístola a Tito |
O apóstolo Tiago é martirizado. Paulo é levado
para Roma |
63/64 |
|
Pedro em Roma (Pedro é o primeiro Bispo de Roma)
|
64 |
1ª Epístola de Pedro |
2ª prisão de Paulo e martírio |
67 |
2ª Epístola a Timóteo |
Morte de Pedro. Lino é Bispo de Roma |
|
Epístola aos Hebreus |
Destruição de Jerusalém |
68-70 |
|
|
70s |
Evangelho de Mateus |
|
|
Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos |
Anacleto é Bispo de Roma |
78 |
|
|
70s/90s |
Epístola de Judas |
|
90s |
Evangelho de João |
|
|
1ª, 2ª e 3ª Epístolas de João |
|
|
Livro do Apocalipse |
Clemente é Bispo de Roma |
92-101 |
1ª Epístola de Clemente |
Morte do [apóstolo] João em Éfeso |
98 |
|
Sínodo dos rabinos/judeus em Jâmnia |
99-100 |
Cânon palestinense em hebraico |
1º Cânon Cristão do Antigo Testamento
|
c. 100 |
Cânon alexandrino em grego |
|
100-125 |
2ª Epístola de Pedro |
|
|
Didaqué |
Melitão, bispo de Sardes |
c. 170 |
Primeira tentativa cristã conhecida de
relacionar o cânon do Antigo Testamento. Melitão
lista os livros do AT. segundo a ordem da
Septuaginta, mas apresenta apenas os
protocanônicos do AT., com exceção de Ester. |
Ireneu, bispo de Lião |
185 |
Apresenta um cânon do Novo Testamento (sem 3ª
João, Tiago e 2ª Pedro) |
|
c. 200 |
Fragmento de Muratori apresenta um cânon
semelhante ao do [Concílio de] Trento |
Eusébio, Bispo de Cesareia |
c. 325 |
Escreve a "História Eclesiástica";
refere-se a Tiago, Judas, 2ª Pedro e 2-3ª João
como "controversos, ainda que aceitos pela
maioria" |
Concílio [Regional] de Laodicéia |
c. 360 |
Apresenta um cânon de livros semelhante ao de
Trento |
Papa Dâmaso |
382 |
Decreto listando os livros canônicos, da mesma
forma que em Trento |
Concílio [Regional] de Roma |
382 |
Aceitação do decreto de Dâmaso |
Concílio [Regional] de Hipona (norte da África)
|
393 |
Aprovado um cânon do Antigo e do Novo Testamento
(igual ao de Trento) |
Concílio [Regional] de Cartago (norte da África)
|
397 |
Concílio [Regional] de Cartago (norte da África)
397 |
Exupério, Bispo de Toulouse |
405 |
Escreve ao papa Inocêncio I pedindo uma lista
dos livros canônicos. Papa Inocêncio oferece uma
lista idêntica ao cânon de Trento |
Autor: Charles the Hammer
Fonte: Catholicapologetics.Net
Tradução: Carlos Martins Nabeto |
|
59. Pequena concordância bíblica |
|
Baseada na "Catholic Doctrinal Concordance"
- Sobre Deus
- Sobre as criaturas de Deus
- Sobre os instrumentos de Deus
- Sobre os dons de Deus
- Sobre as últimas coisas
- Sobre algumas questões apologéticas
Sobre Deus
A Natureza de Deus
- É Amor: 1ª Jo. 4 ,8.
- É Espírito: Jo. 4, 24.
- É fonte de vida e santidade: Rm. 6, 23; Gl. 6, 8; Ef.
1, 4-5; 1ª Ts. 4,3; 2ª Ts. 2, 13-17.
- É ilimitado: 1º Rs. 8, 27; Jr. 23, 24; At. 7, 48-49.
- É misericordioso: Ex. 34, 6; 2ª Cr. 30, 9; Sl. 25, 6;
51;1; Is. 63, 7; Lc. 6, 36; Rm. 11, 32; Ef. 2, 4; Tg. 5,
11.
- É o Criador: Gn. 1, 1; Jó. 26, 13; Sl. 33, 6; 148, 5;
Pv. 8, 22-31; Eclo. 24, 8; 2º Mc. 7, 28; Jo. 1, 3; Cl.
1, 16; Hb. 11 ,3. - É o Juiz do universo: 1º Sm. 2, 10;
1ª Cr. 16, 33; Ez. 18, 30; Mt. 16, 27; At. 17, 31; Rm.
2, 16; 2ª Tm. 4, 1; 1ª Pd. 4, 5. - É o único Deus: Dt.
32, 39; Is. 43, 10; 44, 6-8; Os. 13, 4; Ml. 2, 10; 1ª
Cor. 8, 6; Ef. 4, 6.
- É onipotente: Gn. 17, 1; 28, 3; 35, 11; 43, 14; Ex. 6,
3; Ap. 1, 8; 4, 8; 11, 17; 16, 14; 21, 22.
- É onipresente: Sl. 139, 7; Sb. 1, 7; Eclo. 16, 17-18;
Jr. 23, 24; Am. 9, 2-3; Ef. 1, 23.
- É todo-poderoso: Gn. 39, 24; Sl. 24, 8; 50, 1; Is. 10,
21; Jr. 32, 18; 2º Mc. 11, 13.
A Santíssima Trindade
- Batismo ministrado em nome da Trindade: Mt. 28. 19.
- Bênção dada em nome da Trindade: 2ª Cor. 13, 14.
- Manifestação da Trindade no NT: Mt. 3, 16-17; Lc. 1,
35; 3, 21-22.
- Pluralidade de Pessoas mencionada no NT: Jo. 14, 15.
26; 15, 26; At. 1, 6-8; Rm. 8, 9; 1ª Cor. 6, 10-11; Ef.
4, 4-6; 1ª Pd. 1, 2; 1ª Jo. 5, 6-7; Jd. 20, 21.
- Prefiguração da pluralidade de Pessoas no AT: Gn. 1,
26; 3, 22; 11, 7; 18, 1-5. 9-10. 16.
Jesus Cristo
- É a glória de Deus: 1ª Cor. 2, 8; Hb. 1, 3; Tg. 2, 1;
Ap. 21, 23.
- É chamado "o alfa e o ômega": Ap. 1, 8; 21, 6;
(Cf.) Ap. 22, 13-16.
- É chamado "o primeiro e o último": Is. 41, 4;
44, 6; (Cf.) Ap. 1, 17; 2, 8.
- É eterno: Mq. 5, 2; Jo. 1, 1; Cl. 1, 17; Hb. 1, 10.
- É imutável: Ml. 3, 6; (Cf.) Hb. 1, 12; 13, 8.
- É o Filho de Deus: Mt. 16, 16; 26, 63-64; 1ª Jo. 4,
15.
- É o Messias (Cristo [gr.]): Is. 7, 14; 9, 6; Jr. 23,
5; 30, 9; Ez. 34, 23; Mq. 5, 2; Zc. 9, 9; (Cf.) Jo. 1,
41; 4, 25-26.
- É o poder e a sabedoria de Deus: 1ª Cor. 1, 24.
- É o Rei dos reis: Ap. 1, 5; (Cf.) Ap. 17, 14; 1ª Tm.
1, 17; (Cf.) Ap. 15, 3.
- É o Senhor de todos: At. 10, 36; Rm. 10, 12.
- É onisciente: Sl. 139; (Cf.) Lc. 6, 8; Jo. 6, 64; 13,
11; 16, 13; 21, 17.
- É verdadeiro Deus: Jo. 1, 1; 5, 18; 8, 58; 20, 28; Fl.
2, 6; Cl. 1, 15-19; 2, 9; Tt. 2, 13.
- É verdadeiro Homem (provado por seu sofrimento): Mt.
26, 38; 27, 50; Mc. 15, 37; Lc. 23, 46; Jo. 1, 14; 19,
30; At. 2, 22; 3, 22; Fl. 2, 7; 1ª Tm. 2, 5; Hb. 2, 17;
1ª Jo. 1, 2.
- Provém do Pai: Jo. 1, 14; 3, 16. 18; 1ª Jo. 4, 9.
A Morte de Cristo
- Morreu para a nossa Salvação: Is. 53, 4-10; Mt. 20,
28; Lc. 24, 46; Jo. 12, 24; Rm. 5; Ef. 5, 2; 1ª Pd. 1,
18; 2, 24; 1ª Jo. 2, 2; 1ª Ts. 5, 10.
- Prevista no AT: Sl. 22, 69; Sb. 2, 10-20; Is. 1,
5-6.53; Jr. 11, 19; Lm. 1, 12; Zc. 1, 12-13; (Cf.) Lc.
24, 46.
A Ressurreição de Cristo
- É a certeza da nossa própria ressurreição: Rm. 6, 5;
1ª Cor. 15, 49; 2ª Cor. 4, 14; Fl. 3, 21.
- Garantia da nossa Fé: 1ª Cor. 15, 17.
- Prevista no AT.: Sl. 16, 10; (Cf.) At. 13, 35.
- Prevista por Jesus: Mt. 17, 23; 20, 19; Mc. 9, 9; 14,
28; Lc. 9, 22; 18, 33; Jo. 2, 19; 10, 18.
- Provada pelas manifestações aos seus discípulos: Mt.
28, 9; Mc. 16, 9; Lc. 24, 13-35; Jo. 20, 26; 21, 1; At.
1, 3; 1ª Cor. 15, 6.
- Significa nosso novo nascimento: Rm. 6 ,4; Cl. 2, 12;
1ª Pd. 1, 3.
Outros Dados sobre Jesus
- Jesus ascendeu aos céus: Mc. 16, 19; Lc. 24, 50; Jo.
20, 17; At. 1, 3-9; Ef. 4, 10; 1ª Tm. 3, 16; 1ª Pd. 3,
22.
- Jesus completará a salvação dos justos: Rm. 2, 7; 1ª
Cor. 1, 8; Fl. 3, 21; Hb. 9, 28; 1ª Pd. 1, 5.
- Jesus foi exaltado na glória: Jo. 12, 16; At. 2,
32-33; 4, 10-11; 7, 55; Rm. 8, 34; Ef. 1, 20; Fl. 2, 9;
Cl. 3, 1.
- Jesus julgará os vivos e os mortos: At. 10, 42; Rm. 2,
16; 2ª Tm. 4, 1; 1ª Pd. 4, 5.
- Jesus retornará na glória: Dn. 7, 13; Mt. 24, 30; 25,
31; 26, 64; 1ª Ts. 4, 16; Ap. 1,7.
- Jesus retornará como Juiz: Jo. 5, 22; At. 10, 42; 17,
31; 2ª Tm. 4, 1;1ª Pd. 4, 5; Ap. 20, 12-13.
- Ninguém sabe o dia e a hora em que Jesus retornará:
Mt. 24, 44; 25,13; Mc. 13, 35; Lc. 12, 40-46; 1ª Ts. 5,
2; 2ª Pd. 3, 10; Ap. 3, 3; 16, 15.
- Nós devemos ficar atentos para o seu retorno: Rm. 8,
23; 1ª Cor. 1, 7; Fl. 3, 20; Cl. 3, 1-4; 1ª Tm. 1, 1;
Hb. 10, 37; 2ª Pd. 3, 12.
O Espírito Santo
- Concede vários dons: Is. 11, 1-3; 61, 1-2; Lc. 4,1
8-19.
- É chamado Espírito da Verdade: Jo. 15,2 6; 1ª Jo. 5,
7.
- É chamado Paráclito, Consolador ou Conselheiro: Jo.
14, 16. 26; 15, 26; 16, 7.
- É dado durante o Batismo: Mt. 3, 11-16; Lc. 3, 16; Jo.
1, 33; At. 1, 5; 2, 38; 11, 16.
- É dado durante o Crisma (separado do batismo): At. 1,
8; 8, 15; 10, 44; 19, 6.
- É dado pelo Pai: Lc. 11, 13; Jo. 3, 34; 15, 26; 1ª Ts.
4, 8; 1ª Jo. 3, 24.
- É o Mestre e o Revelador da Verdade: Jo. 14, 26; 16;
13; At. 5, 32; 9, 31; 1ª Cor. 2, 10; Ef. 3, 5.
- É transmitido pela imposição das mãos: At. 8, 17; 9,
17; 13, 2-4; 19, 6.
- Inspira os homens: At. 4, 8; 6,1 0; 7, 55.
- Inspirou as Sagradas Escrituras: At. 3, 21; 2ª Tm. 3,
16; Pd. 1, 21.
- Habita em nós: Jo. 14, 17; At. 2, 33; Rm. 5, 5; 1ª
Cor. 3, 16; 6, 19; Gl. 3, 14; Ef. 1, 13; 2ª Tm. 1, 14.
- Procede do Pai e do Filho: Jo. 15, 26; 16, 7; 16, 13.
[Topo]
Sobre as Criaturas de Deus
Os Anjos
- Acompanharão Cristo no seu retorno (Parusia): Mt. 16,
27; 25, 31; Mc. 8, 38; 1ª Ts. 4, 16.
- Anjos da guarda: Tb. 12, 12; Mt. 18, 10; At. 12, 11.
15.
- Deus se manifestou como Anjo do Senhor: Gn. 16, 7. 13;
18, 1-33; 21, 17-18; 22, 11; 31, 11-13; Ex. 3, 2; Jz. 2,
1; 6, 11-24; 13, 21-22.
- Foram criados por Deus: Ne. 9, 6; Jo. 1, 3; Rm. 11,
36; Cl. 1, 16; 1ª Cor. 8 ,6.
- O homem é pouca coisa inferior aos anjos: Gn. 1,
26.28; 3, 5; Sl. 8, 5-6; Sb. 2, 23; Eclo. 17, 1-14.
- Preanunciarão o retorno de Cristo: Mt. 24, 31; Mc. 13,
27; 1ª Cor. 15, 52.
- São chamados "Filhos de Deus": Dt. 32, 8; Jó.
1, 6; 2, 1; 38, 7; Sl. 29, 1; 82, 1; 89, 6.
- São chamados "Santos de Deus": Jó. 5, 1; 15,
15; Sl. 89, 7; Dn. 4, 13; 8, 13.
- São espíritos confortadores: Sl. 91, 11; Dn. 7, 10;
Mt. 4, 11; Mc. 1, 13; Lc. 22, 43; Hb. 1, 14.
- São mensageiros de Deus: Gn. 24, 7; Nm. 20, 16; 1ª Cr.
21, 15; 2ª Cr. 32, 21; Dn. 3, 28; 6, 22; Lc. 1, 19.26;
At. 12, 11.
- São servos de Deus: Jó. 4, 18; Sl. 103, 20.
- Três deles têm seus nomes expressamente citados:
- Rafael – Tb. 3, 16-17; 5, 4; 12, 11-15;
- Gabriel – Dn. 8, 16; 9, 21; Lc. 1, 19. 26;
- Miguel – Dn. 10, 13. 21; 12, 1; Jd. 1, 9; Ap. 12, 7.
Satanás e os Demônios
- Alguns podem ser exorcizados por oração e jejum: Mt.
17, 21; Mc. 9, 20.
- Costumam a tentar os homens: Gn. 3; 1º Rs. 22, 19-23;
Jó. 1, 6-8; Sb. 2, 24; Zc. 3, 1-2.
- É chamado de "Senhor deste mundo": Jo. 12, 31;
14; 30; 16, 11; 2ª Cor. 4, 4; Ef. 2, 2; 6, 12; 1ª Jo. 5,
19.
- Os demônios são anjos caídos: Is. 14, 12; Lc. 10, 18;
Jd. 1, 6; Ap. 12, 7-9.
- Podem aparecer como anjos de luz: 2ª Cor. 11, 14; Ap.
2, 2; 16, 14.
- Podem se apossar de nossos corpos: Mt. 8, 28; 9, 32;
12, 43-45; 15, 22; Mc. 5, 1-13; 9, 14; Lc. 4, 33; 8, 2;
11, 24-26; At. 8, 7.
- Podem ser exorcizados pelos poder de Deus: Mt. 8, 29;
9, 33; 10, 1; Mc. 1, 25-26; 6, 7.13; 9, 38; 16, 17; Lc.
8, 2; 9, 1; 9, 49; At. 5, 16; 10, 38; Tg. 2, 19.
- Ronda como um leão: Sl. 22, 13; 1ª Pd. 5, 8.
- Será solto da prisão: Ap. 20, 7.
- Seus poderes foram quebrados pelo sacrifício de
Cristo: Mt. 12, 28; Lc. 8, 31; 10, 17; Jo. 3, 35; 12,
31; Ef. 6, 11; Cl. 1, 13; 1ª Jo. 3, 8; Ap. 12, 11.
- Sofrerão tormentos eternos: Mt. 25, 41; Ap. 14, 10-11;
19, 20; 20, 10.
- Têm liberdade para tentar os homens: 1º Rs. 22, 22;
Jó. 1, 12; Mt. 4, 1; Mc. 1, 13; Lc. 4, 2; Jo. 13, 2; At.
5, 3; 1ª Cor. 7, 5; 2ª Cor. 2, 11.
- Temem o Evangelho: Mt. 8, 29; Tg. 2, 19.
- Tentam nos afastar de Deus: Ef. 4, 27-6, 11; 1ª Tm. 5,
15; Tg. 4, 7.
O Homem
- Está inclinado à tentação: Rm. 7, 15-23; 1ª Cor. 7, 5;
Ef. 6, 11; 1ª Ts. 3, 5; 2ª Tm. 3, 12; Tg. 4, 2; 1ª Pd.
2, 11; 5, 8
- Está sujeito à morte: 2º Sm. 14, 14; Jó. 14, 5; Sb. 2,
24; Eclo. 25, 24; Rm. 5, 12-14; 6, 23; 1ª Cor. 15,
21-22; Hb. 9, 27.
- Foi castigado por ter pecado: Gn. 3; Sb. 2, 24; Eclo.
25, 24; Ez. 28, 12-17; Rm. 5, 12; 1ª Cor. 15, 21; 1ª Tm.
2, 14.
- Foi criado homem e mulher: Gn. 1, 27; Mt. 19, 4; Mc.
10, 6; 1ª Cor. 11, 8.
- Foi criado por Deus: Gn. 1, 26-27; 2, 7; Jó. 33, 4;
Sl. 8, 5; Ecl. 12, 7; Sb. 2, 23; 10, 1; Eclo. 17, 1; 2º
Mc. 7, 28; Mt. 19, 4; Mc. 10, 6.
- Já foi exaltado anteriormente: Gn. 1, 26; 2, 8.
- Ofendeu a Deus pelo pecado: 2º Sm. 12, 13; Sl. 32, 5;
Is. 1, 2; Jr. 2, 29; Os. 7, 13; Rm. 1, 18-32; 6, 1; Gl.
5, 17; Ef. 4, 30; 5, 3; Cl. 3, 5.
- Será julgado pelos seus méritos: At. 17, 31; Rm. 2,
6.11; 14, 10; 2ª Cor. 5, 10; 11, 15; Cl. 3, 25; Hb. 11,
6; 1ª Pd. 1, 17; Ap. 20, 13.
- Tem a promessa da ressurreição: Jo. 6, 54; 2ª Cor. 4,
13-14; Fl. 3, 11; 1ª Ts. 4, 14; 2ª Tm. 2, 1.
- Tem o paraíso como recompensa por sua justiça: Mt. 5,
12; Cl. 1, 5; Hb. 10, 34.
- Teve sua dignidade resgatada por Cristo: Rm. 5, 8; 8,
9-11; Ef. 2, 6; Cl. 2, 12; 3, 1.
A Alma e sua Imortalidade
- A salvação: Tg. 1, 21; 5, 20; 1ª Pd. 1, 9.
- A tentação durante a vida sujeita a alma: 1ª Pd. 2,
11; 2ª Pd. 2, 14.
- As almas dos justos herdam os céus: Sb. 3, 1; Ap. 6,
9; 8, 3; 20, 4.
- Confiada aos cuidados de Deus após a morte: Sl. 31, 5;
At. 7, 59; 1ª Pd. 4, 19.
- É distinta do corpo material: Mt. 10, 28; At. 2, 27;
1ª Ts. 5, 23; Hb. 4, 12.
- Foi criada à imagem de Deus: Gn. 1, 26-27; 1ª Cor. 11,
7; Cl. 3, 10.
- Foi criada por Deus: Gn. 2, 7; Ecl. 12, 7; Is. 57, 16;
Zc. 12, 1.
- Nada compensa a perda da alma: Mt. 16, 26; Mc 8, 36.
- Se separa do corpo na hora da morte: Gn. 35, 18; Ecl.
12, 7; Lc. 12, 20.
- Sobrevive à morte do corpo: Gn. 35, 18; 1º Sm. 28, 19;
1º Rs. 17, 22; Mt. 10, 28; Lc. 8,55.
Maria Santíssima
- Anunciação: Lc. 1, 28.
- Bendita entre as mulheres: Lc. 1, 42-48.
- Cheia de Graça: Lc. 1, 28. 48.
- Concebida sem pecado: Gn. 3, 15; Lc. 1, 28.
- Devotava-se à oração: At. 1, 14.
- Foi nos dada como mãe: Jo. 19, 25-27.
- Guardava as palavras de Jesus: Lc. 2, 19.
- Mãe de Deus: Is. 9, 6; Mt. 1, 23; Lc. 1, 32. 35. 43;
2, 11; Gl. 4, 4.
- Meditava sobre as palavras de Jesus: Lc. 2, 51.
- Permaneceu sempre virgem: (tipificado em) Ez. 44, 2;
Lc. 1, 34.
- Possibilidade da assunção aos céus, como Enoque e
Elias: Gn. 5, 24; Hb. 11, 5; 2ª Rs. 2, 1-13.
- Prevista no AT: Is. 7, 14; Mq. 5, 2-3.
- Responsável pelo 1º milagre de Jesus: Jo. 2, 1-12.
- Sofreu muita tristeza: Lm. 1, 12; Lc. 2, 34-35. 48;
Jo. 19, 25.
- Virgem: Is. 7, 14; Mt. 1, 18-25; Lc. 1, 27. 34.
Filhos
- A falta de filhos é considerada uma reprovação: Gn.
16, 4; 30, 1; 1º Sm. 1, 6. 11; Is. 4, 1; Lc. 1, 25.
- As crianças são abençoadas por Jesus: Mt. 19, 13; Mc.
10, 13. 16; Lc. 18. 15.
- Devem honrar os seus pais: Ex. 20, 12; Lv. 19, 3; Dt.
5, 16; Eclo. 3, 1-16; Mt. 15, 4; Mc. 7, 10; 10, 19; Lc.
18, 20; Ef. 6, 2-3.
- Devem ser disciplinados: Dt. 8, 5; Pv. 3, 12; 13, 24;
22, 15; 23, 13-14; 29, 15. 17; Sb. 11, 9-10; Eclo. 30,
1-3; Ef. 6, 4. -
- Jesus era obediente aos seus pais: Lc. 2, 51.
- Não devem ser escandalizadas: Mt. 18, 6; Mc. 9, 42;
Lc. 17, 2.
- Os cristãos devem ser inocentes como as crianças: Sl.
131, 1-2; Mt. 18, 3; Mc. 10, 15; Lc. 18, 17; 1ª Jo. 2,
1. 12; 4, 4. 5-21. /
- Mas adultos em seus pensamentos: 1ª Cor. 3, 1-3; 13,
11; Hb. 5, 11-14; 1ª Pd. 2, 2.
- Receber bem a uma criança é receber bem o próprio
Jesus: Mt. 18, 5. 10; Mc. 9, 37; Lc. 9, 48.
- São uma bênção de Deus: Sl. 115, 14; 127, 3-5; 128,
3-6; 144, 17; Pv. 17 ,6.
O Pecado
A blasfêmia contra o Espírito Santo (atribuir a obra de
Deus ao diabo) é um pecado imperdoável: Mt. 12, 31-32;
Lc. 12, 10.
- Alguns pecados nos exclui do reino de Deus: 1ª Cor. 6,
9-10; Gl. 5, 19-21; Ef. 5, 3-5; Cl. 3, 5-10; Hb. 13,
4-5; Ap. 21, 8-9.27.
- Apenas Deus pode perdoar o pecado: Mc. 2, 7; Lc. 5,
21.
- Cristo perdoa os pecados: Mt. 9, 2-6; Mc. 2. 10; Lc.
5, 24; 7, 48; Jo. 5, 14.
- Deus deseja a conversão do pecador: Is. 49, 14-16; Jr.
3, 12; 31, 20; Ez. 18, 23; 33, 11; Lc. 15, 20-24. 32;
18, 13; 19, 10; Jo. 8, 11; Rm. 11, 32; 2ª Pd. 3, 9.
- É delegado o poder de perdoar aos Apóstolos: Jo. 20,
23; 2ª Cor. 5, 18.
- É causa da morte: Gn. 3, 17-19; Sb. 1, 12; 2, 24;
Eclo. 25, 24; Rm. 5, 12; 6, 11; 1ª Cor. 15, 21.
- É prejudicial para obtermos a glória de Deus: Rm. 3,
23; (Cf.) Rm. 5, 2.
- É uma rebelião contra Deus: Nm. 15, 30; Dt. 32, 5; 2ª
Sm. 12, 9; Jó. 35, 6; Is. 1, 2; 48, 8; Br. 4, 8.
- Pode ser mortal ou venial (grau): 1ª Jo. 5, 16-17.
- Nos afasta de Deus: Rm. 1, 18-32; Ef. 4, 18; Cl. 1,
21; 1ª Pd. 1, 18.
- Provém do diabo: Jo. 8, 44; At. 13, 10; 1ª Jo. 3,
8-10.
- Torna-nos escravos: Jo. 8, 34; Rm. 6, 16-19; 2ª Pd. 2,
19. [Topo]
Sobre os Instrumentos de Deus
- A Graça A graça de Deus é inexaustível: Rm. 5, 17, 2ª
Cor. 4, 15; 9, 8; Ef. 1, 7; 2, 7; 1ª Tm. 1, 14.
- Demanda um efeito: 1ª Cor. 15, 10; 2ª Cor. 11, 23; Ef.
2, 10; Fl. 2, 12-13.
- É concedida através de Cristo: Jo. 1, 17; Rm. 1, 5;
Gl. 1, 6; Ef. 2, 7; 1ª Tm. 1, 14; 2ª Tm. 1, 9.
- É concedida por Deus ao humilde: Pv. 3, 34; Tg. 4, 6;
1ª Pd. 5, 5.
- É desejada com a paz nas saudações: Rm. 1, 7; 1ª Cor.
1, 3; 2ª Cor. 1, 2; Gl. 1, 3; Ef. 1, 2; Fl. 1, 2; Cl. 1,
2; 1ª Ts. 1, 1; 2ª Ts. 1, 2; Fm. 3, 1; 1ª Tm. 1, 2; 2ª
Tm. 1, 2; Tt. 1, 4; Hb. 13, 25.
- É mais abundante que o pecado: Rm. 5, 15. 20; 6, 1; 2ª
Cor. 12, 9.
- É oferta gratuita de Deus: Sl. 84, 11; Zc. 12, 10; Jo.
1, 16; 3, 27; Rm. 3, 24; 4, 2-5. 16; 5, 15-17; 9, 14-18;
11 ,6; 1ª Cor. 4, 7; 1ª Pd. 5,10.
- Jesus é graça de Deus: Mt. 21, 37; Jo. 3, 16-17; Rm.
3, 24; 2ª Cor. 8, 9; Gl. 4, 4; Tt. 2, 11; Hb. 2, 11.
- Maria é cheia de graça: Lc. 1, 28.42.
- Necessária para difundir a fé: At. 18, 27; Rm. 1, 5.
- Nos prepara para a vida eterna: Rm. 5, 2; 6, 23; Tt.
1, 2; 1ª Pd. 1, 13.
- Nos torna fortes na fé: At. 4, 22; 6, 8; 14, 3; 20,
32; Rm. 1, 11; 16, 25; 1ª Cor. 1, 7-8; 2ª Ts. 2, 16-17;
3, 3.
- O trono da graça: Ef. 3, 12; Hb. 4, 16.
- Pode ser perdida: Hb. 12, 15; Jd. 1, 4.
- Por ela, crescemos no conhecimento de Cristo: 2ª Pd.
3, 18.
A Igreja
- Chamada "Igreja de Deus": 1ª Tm. 3, 15.
- Comprada pelo sangue de Cristo: At. 20, 28; Ef. 5, 25;
Hb. 9, 12.
- Cristo amou a Igreja: Ef. 5, 25-26.
- Cristo é a cabeça da Igreja: Ef. 1, 22; 5, 23; Cl. 1,
18.
- Cristo é a pedra angular: Sl. 118, 22; Mt. 21, 42; Mc.
12, 10; Lc. 20, 17; At. 4, 11; Ef. 2, 20; 1ª Pd. 2, 4.7.
- Cristo protege a Igreja: Mt. 16, 18; 20, 20.
- Doutrina, comunidade e rito sagrado (pão): At. 2, 42.
- É a coluna e fundamento da verdade: 1ª Tm. 3, 15.
- É infalível: Mt. 16, 18; 28, 20; Mc. 16, 16; Lc. 10,
16; 1ª Tm. 3, 15.
- É o Corpo de Cristo: Rm. 12, 4; 1ª Cor. 12, 12; Ef. 1,
22-23; 5, 22; Cl. 1, 18.
- É perpétua: Mt. 16, 18; 28, 20.
- É visível: Mt. 5, 14; Mc. 4, 30-32; Ef. 2, 19-22.
- Edificada sobre os Apóstolos: 1ª Cor. 3, 10; Ef. 2,
20; Ap. 21, 14.
- Expansão no mundo: At. 2, 41; 2, 47; 5, 14; 6, 7; 11,
24.
- Fundada por Cristo: Mt. 16, 18; 28, 19; Mc. 16, 15; 1ª
Cor. 3, 11; Ef. 2, 20; 1ª Pd. 2, 4-6.
- Presbíteros são ordenados, cuidam do rebanho e
administram os sacramentos: At. 15, 6. 23; 1ª Tm. 4, 14;
5, 22; 1ª Tm. 5, 17; Tg. 5, 13-15; Rm. 15, 16.
- Prevista no AT: Tb. 13, 11-18; Is. 2, 2-3; Br. 5, 3;
Os. 2, 14-24; Mq. 4, 1-3.
- Seus membros são chamados à santidade: 1ª Cor. 1, 2;
Cl. 3, 12.
- Sucessão apostólica: At. 1, 15-26; 2ª Tm. 2, 2; Tt. 1,
5.
- Tem autoridade: Mt. 16, 18-19; 18, 18; Jo. 20, 23.
- Tem bons e maus membros: Mt. 13, 41-48; 22, 10.
A Comunhão dos Santos
- Intercessão dos Santos: Tb. 12, 12; 2º Mc. 15, 14; Ap.
5, 8; 8, 4.
- Milagres operados por intermédio de relíquias: At. 5,
15; 19, 11-12.
- Orar uns pelos outros: Jr. 15, 1; At. 12, 5; Rm. 15,
30; 2ª Cor. 13, 7; Ef. 6, 18; Cl. 4, 3; 1ª Ts. 5, 25; 2ª
Ts. 3, 1; Hb. 13, 18; Tg. 5, 16.
- Os Santos estão nos céus: 1ª Ts. 3, 13; Hb. 11, 40;
12, 23; 1ª Pd. 3, 19; Ap. 6, 9.
- Somos rodeados pelos Santos: Hb. 12, 1.
- Todos são chamados a serem santos: Ef. 1 ,4-6. 12. 14.
- Unidade de todos os cristãos: Jo. 15, 5; Rm. 12, 4; 1ª
Cor. 6, 12-20; 10, 17; 12, 4-27; Ef. 2, 19; 5, 30; Cl.
1, 18. 24; 2, 19; 3, 15.
O Batismo
A preparação do batismo de João: Mc. 1, 4. 8; At. 1, 5;
11, 16; 19, 4.
- Abrange todo gênero humano: Mt. 28, 19; Mc. 16, 15-16;
Lc. 24, 47; At. 2, 38.
- Administrado em nome da Santíssima Trindade: - Mt. 28,
19.
- Administrado em nome de Jesus: At. 2, 38; 8, 16; 10,
48; 19, 5; Ap. 14, 1; 22, 4.
- Batizado em Cristo: 1ª Cor. 12, 13; Gl. 3, 27.
- Batizado na morte de Cristo: Rm. 6, 3.
- Batizado para uma nova vida: Rm. 6, 4; Tt. 3, 5.
- Com água e o Espírito Santo: Jo. 3, 5; Ef. 5, 26; Tt.
3, 5.
- É administrado pelos discípulos de Cristo: Jo. 4, 2.
- É necessário: Mc. 16, 16; Jo. 3, 5.
- É nossa garantia de ressurreição: Rm. 6, 3-5; 1ª Cor.
15, 29.
- É para nossa justificação: 1ª Cor. 6, 11.
- É para nossa redenção: 1ª Jo. 5, 6.
- É para nossa santificação: 1ª Cor. 6, 11; Ef. 5, 26.
- É um presente gratuito de Deus: Tt. 3, 5.
- Há um só batismo: Ef. 4, 5.
- Perdoa o pecado: At. 2, 38; 22, 16; 1ª Pd. 3, 21.
- Prefigurado no AT: Ez. 36, 25; 1ª Pd. 3, 20-21.
Confirmação
- É conferido pela imposição das mãos: At. 8, 17; 19, 6.
- É distinto do Batismo: At. 8, 15.
- Envolve o Espírito Santo: Jo. 14, 17; At. 2, 4; 10,
44.
- Foi prometido por Cristo: Jo. 14, 16. 26; 15, 26.
- Recebido antes do Batismo: At. 10, 44.
- Recebido após o Batismo: At. 2, 38; 8, 14-17; 19, 5-6.
Reconciliação (Confissão e Penitência)
- A Penitência reconcilia o pecador com a comunidade de
crentes: 2ª Cor. 2, 5-8.
- A Reconciliação foi instituída por Cristo: Jo. 20,
22-23.
- A Reconciliação provém de Cristo: Rm. 5, 11; Cl. 1,
20; Hb. 1, 3.
- Cristo tem o poder de perdoar os pecados: Mt. 9, 6;
Mc. 2, 10; Lc. 5, 24; Cl. 3, 13.
- Deus perdoa os pecados: Mc. 2, 7; Lc. 5, 21.
- Há graus de pecado (mortal e venial): 1ª Jo. 5, 16.
- Liga/desliga no céu e na terra: Mt. 18, 18.
- Ministério da Reconciliação: 2ª Cor. 5, 18.
- O perdão é dado através de Cristo: 2ª Cor. 2, 10.
- O poder de perdoar é delegado por Cristo: Jo. 20, 23;
2ª Cor. 5, 18.
- Perdão dos pecados, unção dos enfermos e confissão:
Tg. 5, 14-16.
- Reconcilia com Cristo: 2ª Cor. 5, 18.
- "Se vocês perdoarem os pecados... serão perdoados":
Jo. 20, 22-23.
A Eucaristia
- Apenas as espécies do pão e do vinho podem ser
consagradas: Lc. 24, 30; Jo. 6, 51. 57-58; At. 20, 7; 1ª
Cor. 10, 17; 11, 27.
- Chamada "a Ceia do Senhor": 1ª Cor. 11, 20.
- Chamada "ágape" (=festa do amor): Jd. 1, 12.
- Chamada "Fração do Pão": At. 2, 42.
- Comemoração do Calvário: Mt. 26, 28; Lc. 22, 19-20; 1ª
Cor. 10, 16; 11, 25-26.
- Cristo está realmente presente nela: Mt. 26, 26; Lc.
22, 19-20; Jo. 6, 35. 41. 51-58; 1ª Cor. 11, 27-29.
- Discurso sobre a Eucaristia: Jo. 6, 32-58.
- Fonte de vida divina: Jo. 6, 27.33. 50-51. 58; 1ª Cor.
11, 30.
- Instituída por Cristo: Mt. 26, 26-29; Mc. 14, 22; Lc.
22, 15-20; 1ª Cor. 11, 23-25.
- "Isto É o meu Corpo... Isto É o meu Sangue":
Mt. 26, 26-27; Mc. 14, 22.24; Lc. 22, 19-20; 1ª Cor. 10,
24-25.
- Jesus é o Pão da Vida: Jo. 6, 35.41. 48. 51.
- Nos une a Cristo: At. 2, 42; Rm. 12, 5; 1ª Cor. 10,
17.
- Prometida por Cristo: Jo. 6, 27-59.
- Sérias consequências de pecar contra a eucaristia: 1ª
Cor. 11, 26-30.
Unção dos Enfermos
- Administrado em nome do Senhor: Tg. 5, 14.
- Recebido com oração de fé: Tg. 5, 15.
- Restaura a saúde do doente: Mc. 6, 13; Tg. 5, 15.
- Também perdoa os pecados: Tg. 5, 15.
- Uso de óleo: Mc .6, 13; Tg. 5, 14.
Sagradas Ordens
Consagração dos Apóstolos: Jo. 20, 22.
- Deveres e funções dos sacerdotes no AT: Dt. 33, 7-11.
- Funções dos sacerdotes: Ml. 1, 11; Mt. 28, 19; Jo. 20,
23; 1ª Cor. 11, 24; Tg. 5, 14.
- É o chamado dos Apóstolos: Mt. 10, 1; 16, 16-19; Lc.
6, 13; 22, 32; Jo. 21, 15-17.
- Graus de autoridade: 1ª Cor. 12, 28; Ef. 4, 11; 1ª Ts.
5, 12; Tg. 3, 1.
- Melquisedec se aproximava de Cristo: Sl. 110, 4; Hb.
5, 6. 10; 6, 20.
- O sacerdócio de Cristo foi perfeito: Hb. 3, 1-4; 7
,27; 8, 4-6; 9, 12-14. 25; 10, 5.
- O sacerdócio de Melquisedec foi superior ao de Aarão:
Hb. 7, 1-17; 8, 1-13.
- Orar para despertar vocações sacerdotais: Mt. 9,
37-38; Lc. 10, 2.
- Os Apóstolos são enviados: Mt. 28, 19; Mc. 16, 15; Lc.
24, 47; Jo. 20, 21.
- Sacerdócio dos fiéis: Ef. 2, 19-20; 1ª Pd. 2, 5. 9.
- Sacerdócio no NT: Rm. 15, 16.
- Transmissão do sacerdócio: 1ª Tm. 4, 14; 5, 22; 2ª Tm.
1, 6; Tt. 1 ,5.
Matrimônio
- A continência é aconselhada para curtos períodos: 1ª
Cor. 7, 1-5.
- A morte dissolve o matrimônio: Rm. 7, 2; 1ª Cor. 7,
39.
- A união é sagrada: 1ª Cor. 7, 13-14; Ef. 5, 25-26.
- Duas pessoas em uma só carne: Gn. 2, 23-24; Mt. 19,
3-6; Ef. 5, 31.
- É para a procriação de filhos: Gn. 1, 28.
- O casamento é como Cristo e sua Igreja: Ef. 5, 21-23.
- O celibato é superior: Mt. 19, 12; 1ª Cor. 7, 8. 25.
38.
- O divórcio não é permitido: Mt. 5, 32; 19, 9; Mc. 10,
2-12; Lc. 16, 18; 1ª Cor. 7, 10.
- Ordenado por Deus: Gn. 1, 28; 2, 18; Tb. 8, 5-7; Mt.
19, 6.
- Os filhos são a bênção de Deus: Gn. 24, 60; 30, 1-3;
Sl. 127, 3: 1º Sm. 1, 6; Lc. 1, 25.
- Respeito mútuo: 1ª Cor. 7, 4; Ef. 5, 21-25. 33; Cl. 3,
18-19.
A Bíblia
- Bênção por crer na Palavra de Deus: Lc. 11, 28; Ap.
22, 7.
- É aprendida desde a infância: Dt. 6, 7; 11, 19; 31,
12-13; 2ª Tm. 3, 15.
- É chamada espada de dois gumes: Sl. 149, 6; Hb. 4, 12;
Ap. 1, 16.
- É chamada "Palavra de Deus": 1ª Ts. 2, 13; Hb.
4, 12.
- É inspirada por Deus: At. 1, 16; Rm. 1, 2; 2ª Tm. 3,
16; 1ª Pd. 1, 10; 2ª Pd. 1, 21.
- Não está sujeita a particular interpretação: 2ª Pd. 1,
20-21.
- Necessita de um intérprete: At. 8, 30-31; 2ª Pd. 3,
16.
- Propósito e usos das Escrituras: Rm. 15, 4; 16, 26; 1ª
Cor. 10, 11; 2ª Tm. 3, 15-17.
- Tem coisas difíceis de se compreender: 2ª Pd. 3, 16.
Os Apóstolos
- A Igreja foi erguida sobre os Apóstolos: Mt. 16, 18;
Ef. 2, 20; Ap. 21, 14.
- A primazia foi dada a Pedro: Mt. 16, 18; Lc. 22,
31-32; Jo. 1, 42; 21, 15-17.
- Chamados por Cristo: Mt. 10, 2-4; Mc. 3, 13-19; Lc. 6,
12-16; At. 1, 13.
- Funções dos Apóstolos: At. 2, 42; 4, 35; 6, 2; 15, 6;
1ª Cor. 3, 9; 4, 1; 11, 23; 15, 1; 2ª Cor. 5, 20; 6, 1.
- O Espírito Santo pousou sobre os Apóstolos: At. 1, 8;
2, 3-4.
- Paulo apóstolo dos gentios: At. 9, 15; 22, 15; Rm. 11,
13; Gl. 2, 8; 1ª Tm. 2, 7.
- Paulo foi chamado a ser Apóstolo: At. 9, 15; Rm. 1, 1;
1ª Cor. 9, 1; 15, 8-10; 2ª Cor. 5, 20; Gl. 1, 15.17.
- São aqueles que foram enviados: Mt. 28, 19; Mc. 6, 7;
16, 15; Lc. 24,47; Jc 4, 38; 17,18; 20, 21.
- São testemunhas de Cristo: Lc. 24, 48; Jo. 15, 27; At.
1, 8; 21-28; 2, 32; 3, 15; 4, 33; 5, 32; 10, 39; 13, 31;
22, 15.
- Também julgarão o mundo: Mt. 19, 28; Lc. 22, 30; 1ª
Cor. 6, 2; Ap. 20, 4. [Topo]
Sobre os Dons de Deus
- Fé A caridade é superior à fé: 1ª Cor. 13, 13.
- A fé é confirmada com o batismo: At. 2, 41; 8, 12-13;
10, 44-48; 16, 14-15. 31-33; 18, 8; 19, 2-5; 1ª Cor. 1,
14-17; Hb. 10, 22.
- A fé é confirmada com o batismo e nos tornamos filhos
de Deus: Jo. 1, 12; Gl. 3, 26; 4, 5-7.
- A fé é exigida por Cristo: Mt. 9, 28; Mc. 4, 40; Lc.
8, 25; Jo. 6, 35; 8, 24; 9, 35.
- A fé é garantia das coisas esperadas: Rm. 1, 16; 4,
20; 2ª Cor. 4, 13; Hb. 11, 1.
- A fé pede obediência: At. 6, 7; Rm. 1, 5; 6, 16-17;
15, 18; 16, 19.26; 2ª Cor. 10, 6; 2ª Ts. 1, 8; Hb. 5, 9;
11, 8; 1ª Pd. 1, 22.
- A fé vem pela pregação: At. 4, 1-4; 8, 5-6. 31.; 17,
11; Rm. 10, 14-17; 2ª Cor. 1, 19; Cl. 1, 23; 1ª Tm. 3,
16; Hb. 4, 2-3.
- Alguns heróis da fé: Eclo. 44, 1-15. 21; Hb. 11, 1-40.
- Deus é fiel e verdadeiro: Sl. 89, 33-37; Rm. 3, 3-4;
1ª Cor. 1, 9; 1ª Ts. 5, 24; 2ª Ts. 3, 3; 2ª Tm. 2, 13;
Hb. 10, 23; 11, 11; Ap. 19, 11.
- Fé e boas obras são mutuamente complementares: Gl. 5,
6; 1ª Ts. 1, 3; 2ª Ts. 1, 1; Tg. 2, 17. 20. 26.
- O justo vive pela fé: Hab. 2, 4; Rm. 1, 17; 3 ,21-22.
26; Gl. 3, 11; Hb. 2, 4; 10, 38.
- Os cristãos são chamados "crentes" (=homens de
fé): At. 5, 14; 9, 42; 14, 1; 15, 7; Rm. 4, 24; 1ª Cor.
1, 21; 1ª Tm. 4, 12.
- Sem fé não podemos agradar a Deus: Rm. 2, 7-8; Hb. 11,
6.
- Tem poder para cumprir as promessas: Jr. 32, 17; Mt.
19, 26; Lc. 1, 37; 18, 27; Rm. 4 ,21; Hb. 6, 17; 11, 19.
- Vida para todos que creem com fé: Rm. 6, 8; 10, 10; 2ª
Cor. 4, 13-14; Ef. 1, 19; Cl. 2, 12; 1ª Ts. 4, 14; 2ª
Tm. 1, 10; 1ª Pd. 1, 5.
Esperança (Confiança)
- A confiança conduz à santidade: 1ª Jo. 3, 3.
- A confiança vem de Deus: Rm. 15, 13; 2ª Ts. 2, 16.
- A confiança vem do Espírito Santo: At. 1, 8; 2, 33;
Rm. 5, 5; Gl. 5, 5.
- Abraão é modelo de esperança: Rm. 4, 18.
- Cristo é a nossa confiança de glória: Rm. 5, 1-2; Ef.
2, 13-17; Cl. 1, 27; Tt. 3, 7; 1ª Pd. 1, 3.
- Deus clamou pela fé de Israel: Sl. 130, 7; 131, 3; Jr.
14, 8; 17, 13; 50, 7; At. 28, 20.
- Devemos esperar com paciência: Rm. 8, 25; 12, 12; 15,
4; 1ª Ts. 1, 3.
- Devemos perseverar na confiança: Hb. 3, 6; 6, 11.
- Israel procurou uma confiança futura: Is. 61, 1-11;
Jr. 29, 11; 31, 17; Os. 2, 21-23.
- Não há confiança para os incrédulos: 1ª Cor. 15,
14.19; Ef. 2, 12; 1ª Ts. 4, 13.
- Os cristãos esperam em Deus: 1ª Tm. 5, 5; 6, 17; 1ª
Pd. 1, 21; 3, 5.
- Os cristãos esperam em Cristo: Gl. 5, 4-5; Cl. 1, 5;
1ª Ts. 1, 3; 1ª Tm. 1, 1; Tt. 2, 13; Hb. 6, 18-20.
- Os cristãos esperam pela ressurreição: At. 2, 26; 23,
6; 24, 15; 26, 6; Rm. 8, 23-24; Hb. 11, 1.
- Os cristãos são salvos pela confiança: Rm. 8, 24; 1ª
Ts. 5, 8.
- Somos chamados para a confiança: Rm. 5, 2; Ef. 1, 18;
4, 4; Cl. 1, 23; Hb. 3, 1.
Caridade (Amor)
- Amar Jesus é seguir sua palavra: Dt. 11, 1; Jo. 14,
15. 21. 23; 1ª Jo. 2, 5; 3, 24; 5, 3.
- Cristo se ofereceu à morte por amor a nós: Jo. 15, 13;
2ª Cor. 5, 14; Gl. 2, 20; Ef. 5, 2. 25.
- Deus é Amor: 1ª Jo. 4, 8. 16.
- Deus nos amou primeiro: Ef. 5, 2; 1ª Jo. 3, 16; 4,
9-10. 19.
- Devemos amar a Deus de todo o coração: Dt. 6, 5; Mt.
22, 37; Mc. 12, 30. 33; Lc. 10, 27; 1ª Jo. 5, 2.
- Devemos amar uns aos outros: Lv. 19, 18.34; Dt. 10,
19; Mt. 19, 19. 22-39; Mc. 12, 31. 33; Lc. 10, 27; Jo.
13, 34-35; At. 4, 32; Rm. 13, 9; Gl. 5, 14; Tg. 2, 8; 1ª
Jo. 4, 20-21.
- Devemos amar também aos inimigos: Jó. 31, 29-30; Mt.
5, 43-47; Lc. 6, 27-36; 10, 29-37; Rm. 12, 14-21.
- O amor de Deus é incomparável: Mt. 6, 24; Lc. 16, 13;
1ª Jo. 2, 15.
- O amor perfeito não sente receio: Rm. 8, 15; 2ª Tm. 1,
7; 1ª Jo. 2, 28; 4, 18.
- O amor é a maior virtude: Rm. 13, 8-10; 1ª Cor. 13,
13; Gl. 5, 6.
- O amor se manifesta na caridade: Dt. 15, 7. 11; Mt.
25, 34-45; Mc. 12, 41-44; Lc. 21, 1-4; 1ª Cor. 13, 3; 2ª
Cor. 8, 1-8; 9, 7; Tg. 2, 16; 1ª Jo. 3, 17-18.
- O Espírito Santo é canal de amor: Rm. 5, 5; 8, 16; 15,
30; Gl. 4, 6.
- O marido e a mulher devem se amar: Ef. 5, 25; Cl. 3,
19; 1ª Pd. 3, 7.
- Por ter nos amado tanto, Deus enviou seu Filho: Zc.
12,10; Mt. 21, 37; Jo. 3, 16; Rm. 8, 32; 1ª Jo. 4, 9-10.
14.
- Sem o amor, nenhuma virtude ou dom tem valor: 1ª Cor.
13, 1-10; Gl. 5, 6.
A Oração
- A oração é a glorificação de Deus: 1ª Cr. 29, 13; 2ª
Cr. 20, 21-22; Sl. 21, 13; 22, 23; 89, 5; 113, 1; 148;
149; 150; Lc. 19, 37; Ap 19, 5.
- A oração desenvolve a vida espiritual: Ef. 3, 14-19;
Fl. 1, 9-11.
- A oração deve ser feita com fé: Lc. 11, 9; 18, 1-8;
Jo. 14, 13; 15, 7.
- A oração deve ser feita com fé no nome de Jesus: Jo.
14, 13; 15, 7; At. 3, 16; 1ª Jo. 3, 22; 5, 14.
- A oração deve ser feita com perseverança: Mt. 15,
22-28; Lc. 11, 5-8; 18, 1-8; Rm. 12, 12; Ef. 6, 18; Cl.
4, 2.
- A oração pode ser oferecida por um ministro especial:
At. 13, 3; 14, 23.
- A oração pode ser rezada de joelhos: 2ª Cr. 6, 13; Sl.
95, 6; Dn. 6, 10; Lc. 22, 41; At. 9, 40; 20. 36.
- A oração pode ser rezada de pé: 1ª Cr. 23, 30; Ne. 9,
5; Mc. 11, 25; Lc. 18, 11.
- A oração pode ser rezada em comunidade: Sl. 42, 4;
122, 1; Mt. 18, 19; Lc. 24, 53; At. 1, 14; 3, 1; 4, 24;
6, 4; 20, 36; 1ª Tm. 2, 8.
- A oração pode ser rezada em particular: 2ª Rs. 4, 33;
Tb. 3, 11; Is. 26, 20; Dn. 6, 11; Mt. 6, 6; At. 9, 11.
40; 10, 9.
- Agradecimento a Deus: Ne. 12, 8; 46; Tb. 13, 1ss; Jd.
16, 1ss; Sl. 35, 18; 109, 30; Eclo. 51, 1ss; 2ª Cor. 4,
15; Fl 4, 4-6; Ap. 7, 12.
- O Pai-Nosso (Oração do Senhor): Mt. 6, 9; Lc. 11, 2.
- O templo é chamado "casa de oração": Is. 56, 7; Mt.
21, 13; Mc. 11, 17.
- Oração pelos mortos: 2º Mc. 12, 42-45.
- Oração pelos outros: At. 12, 5; Rm. 15, 30; 2ª Cor. 1,
11; Ef. 6, 18; Cl. 4, 3; 1ª Ts. 5, 25; 2ª Ts. 3, 1; 1ª
Tm. 2, 1; Hb. 13, 18.
- Pedido a Deus: Ex. 32, 11-13; 33, 17; 34, 9; Js. 7, 6;
Mt. 7, 7-11; Mc. 11, 24. [Topo]
Sobre as Últimas Coisas
Morte
- A morte deve ser temida: 2ª Rs. 20, 2; Is. 38, 2; Mc.
14, 33; Lc. 22, 44; Jo. 11, 33. 38; 12, 27; 13, 21; Hb.
5, 7.
- A morte é o destino comum do homem: 2º Sm. 12, 23; 14,
14; 1º Rs. 2, 2; Sl. 49, 8-9; Ecl. 3.
- A morte encerra a nossa existência mortal: Jó. 7, 8-9.
21; 14, 10; Sl. 39, 13; 88, 5; 102, 23-24; Ecl. 3,
19-22; 6, 1-12; Lc. 12, 20.
- A morte física é consequência do pecado: Gn. 3; Sb. 1,
13; 2, 24; Eclo. 25-24; Rm. 5, 12; 1ª Cor. 15, 22.
- A morte traz sofrimento: Gn. 23, 2; 50, 1; 2º Sm. 19,
1; 2º Rs. 13, 14; Lc. 7, 12, 13; Jo. 11, 19. 35.
- Cristo venceu a morte: At. 13, 34; Rm. 6, 9; 1ª Cor.
15, 25-27; 2ª Tm. 1, 10; Hb. 2, 14; Ap. 1, 18.
- Todos aqueles que morrem em Cristo viverão com Ele:
Rm. 6, 5. 8; 8, 17; 2ª Tm. 2, 11.
Purgatório
- A oração pode ajudar: 2º Mc. 12, 45.
- A purificação é necessária para adentrar ao céu: Hb.
12, 14; Ap. 21, 27.
- Agonia temporária: 1ª Cor. 3, 15; Mt. 5, 25-26.
- Cristo pregou para seres espirituais: 1ª Pd. 3, 19.
- É um estado intermediário de purificação: Mt. 5, 26;
Lc. 12, 58-59.
- É uma realidade entre o céu e a terra: Mt. 18, 23-25;
Lc. 23, 42; 2ª Cor. 5, 10; Fl. 2, 10; Ap. 5, 2-3. 23.
- Graus de expiação dos pecados: Lc. 12, 47-48.
- Não será perdoado nem aqui nem no mundo vindouro: Mt.
12, 32.
- Nada de impuro pode entrar no céu: Ap. 21, 27.
- Sacrifício para os mortos: 2º Mc. 12, 43-46.
- Salvação, mas como pelo fogo: 1ª Cor. 3, 15.
- Sofrimento extra: 2º Sm. 12, 14; Cl. 1, 24.
Inferno (Geena)
- Chamado de abismo: Jó. 26, 5-6; Sl. 88, 6; 2ª Pd. 2,
4.
- Chamado de prisão: Jó. 38, 17; Is. 24, 22.
- Exclusão da presença de Deus: Mt. 5, 20; 7, 21-23; Lc.
13, 24-25; 1ª Cor. 6, 9-11; Gl. 5, 21; 2ª Ts. 1, 9.
- Lugar de fogo: Mt. 5, 22; 18, 9; 25, 41; Mc. 9, 43;
Lc. 3, 17; Tg. 3, 6; Jd. 1, 7; Ap. 19, 20; 20, 10; 21,
8.
- Lugar de miséria e tormento: Dn. 12, 2; Mt. 8, 11-12;
13, 42; 22, 13; Lc. 13, 24-28; Rm. 2, 8; Ap. 14, 9-11;
19, 20.
- Lugar de trevas e silêncio: Sl. 88, 6; 115, 17; Mt. 8,
12; 22, 13; 25, 30; 2ª Pd. 2, 17; Jd. 1, 13.
- Neste lugar não há chance para arrependimento: Hb. 12,
17.
- O inferno é o salário do pecado: Is. 3, 11; Rm. 2, 6;
6, 21-23; 1ª Cor. 6, 9-10; Gl. 6, 7; Tg. 1, 15; Ap. 21,
8.
- Preparado para o diabo e seus anjos: Mt. 25, 41; Ap.
14, 9-11.
- Punição para a rejeição voluntária da graça de Deus:
Jo. 12, 48; Rm. 2, 5; 2ª Ts. 1, 8; Hb. 2, 2-3; 6, 4-6;
10, 26-29.
Céu
- Cristo nos levará ao céu: Mt. 24, 31; Jo. 14, 2-3; 1ª
Ts. 4, 16-17; 2ª Ts. 2, 1.
- Devemos tentar ir para o céu: Cl. 3, 1; Hb. 13, 14.
- É o local de residência de Deus: Gn. 19, 24; Dt. 10,
14; 1º Rs. 22, 19; Sl. 11, 4; Mt. 5, 16. 45; 6, 1.
- Graus de alegria no céu: Mt. 20, 21; Jo. 14, 1-3.
- Jesus ascendeu ao céu: Mc. 16, 19; Lc. 24, 50; Jo. 20,
17; At. 1, 3-9; Ef. 4, 10; 1ª Pd. 3, 22.
- Jesus desceu do céu: Jo. 3, 13. 31; 6. 38; 1ª Cor. 15,
47.
- Jesus voltará do céu: Mt. 10, 23; 16, 27; 19; 28; 35,
31; At. 1, 11; 1ª Ts. 4, 13-18; 2ª Ts. 1, 7; 2ª Pd. 1,
16; Ap. 1, 7; 20, 11; 22, 20.
- Não é fácil entrar no céu: Pr. 11, 28; Mc. 10, 23-25;
1ª Cor. 6, 9; 1ª Pd. 4, 18.
- Nosso corpo deve primeiro ser transformado: 1ª Cor.
15, 50-51; 1ª Ts. 4, 13-17.
- O céu é o nosso lar: Mt. 5, 12; 2ª Cor. 5, 1-5; Fl. 3,
20; Cl. 1, 5; 1ª Pd. 1, 4.
- O céu é para todos os homens: 1ª Tm. 2, 4.
- São Paulo foi levado ao terceiro céu: 2ª Cor. 12, 2.
[Topo]
Sobre Algumas Questões Apologéticas
Sola Scriptura (Somente a Bíblia)
A ideia fundamental da reforma protestante é a de que
apenas a Bíblia é a única regra de fé. Entretanto, a
própria Bíblia não suporta essa crença...
- Jesus fala ou revela verdades que não se encontram na
Escritura: Mt. 2, 23; At. 20, 35; Tg. 4, 5.
- Nem tudo está na Bíblia: Jo. 21, 25.
- O grande mandamento de Cristo é pregar e não escrever:
Mt. 28, 19-20.
- Os cristãos primitivos seguiam a tradição apostólica:
At. 2, 42.
- São Paulo reconhece autoridade à tradição oral: 1ª Ts.
2, 13; 2ª Ts. 2, 15; 2ª Tm. 2, 2; 1ª Cor. 11, 2.
Sola Fide (Somente a Fé)
Martinho Lutero, querendo evitar a importância de se
fazer boas obras, promoveu a ideia de que apenas a fé é
responsável pela salvação. A Igreja, porém, sempre
ensinou que a fé, a esperança e o amor (caridade) são
necessários para a salvação. O único lugar em que a
expressão "apenas a fé" aparece na Bíblia está em
Tg 2,24, onde o autor declara que Abraão não foi salvo
apenas por sua fé.
- As obras têm méritos: Fl. 2, 12; 2ª Cor. 5, 10; Rm. 2,
6; Mt. 25, 32-46; Gl. 6, 6-10.
- Devemos evitar o pecado: Hb. 10, 26.
- Devemos fazer o desejo de Deus: Lc. 6, 46; Mt. 7, 21;
19, 16-21; 1ª Tm. 5, 8.
- Devemos guardar os mandamentos: 1ª Jo. 2, 3-4; 3, 24;
5, 3.
- Obtém o perdão dos pecados: Tg. 5, 20.
- Que proveito tem a fé sem as obras?: Tg. 2, 14-26.
- São Paulo se auto disciplina para evitar perder a
salvação: 1ª Cor. 9, 27.
Livros Deuterocanônicos (chamados de "Apócrifos"
pelos protestantes)
Os deuterocanônicos foram usados no Novo Testamento: 2º
Mc. 6, 18-7, 42 : Hb. 11, 35; Sb. 3, 5-6 : 1ª Pd. 1,
6-7; Sb. 13, 1-9: Rm. 1, 18-32.
- A versão da Septuaginta (Antigo Testamento grego com
os deuterocanônicos) é citada em partes onde difere da
versão hebraica: Is. 7, 14 : Mt. 1, 23; Is. 40, 3 : Mt.
3, 3; Jl. 2, 30-31: At. 2, 19-29; Sl. 95, 7-9: Hb. 3,
7-9.
Batismo de Crianças
- A Bíblia sugere o batismo de toda uma casa, o que
inclui as crianças: At. 2, 38-39; 16, 15.33; 1ª Cor. 1,
16.
- A circuncisão (normalmente feita em crianças) foi
substituída pelo batismo: Cl. 2, 11-12.
- O batismo é necessário para a salvação: Jo. 3, 5.
Papado/Infalibilidade
- A cátedra de Moisés como autoridade de ensino: Mt. 23,
2.
- A igreja edificada sobre os apóstolos e profetas: Ef.
2, 20.
- As chaves são símbolo de autoridade: Is. 22, 22; Ap.
1, 18.
- Pedro é sempre mencionado em primeiro, antes dos
demais apóstolos: Mt. 10, 1-4; Mc. 3, 16-19; Lc. 6,
14-16; At. 1, 13; Lc. 9, 32.
- Pedro fala pelos apóstolos: Mt. 18, 21; Mc. 8, 29; Lc.
12, 41; Jo. 6, 69.
- Pedro foi o primeiro a pregar durante o Pentecostes:
At. 2, 14-40.
- Pedro realizou a primeira cura: At. 3, 6-7.
- Pedro recebeu a revelação de que os gentios deveriam
ser batizados: At. 10, 46-48.
- Simão é chamado de Cefas (aramaico: Kepha = Pedra):
Jo. 1, 42.
- Vicário de Cristo: Lc. 10, 1-2. 16; Jo. 13, 20; 2ª
Cor. 5, 20; Gl. 4, 14; At. 5, 1-5.
"Apascenta as minhas ovelhas": Jo. 21, 17.
"Simão, confirma os teus irmãos": Lc. 22, 31-32.
"Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja; [...] Te
darei as chaves do céu; [...] Tudo que ligares e
desligares”: Mt. 16, 18-19.
Irmãos de Jesus?
O Cristianismo tradicional afirma que Jesus é o único
filho de Maria. As citações aos "irmãos do Senhor" se
referem a outros membros da família e, em alguns casos,
aos seus próprios discípulos.
- Maria, esposa de Cléofas e irmã da Virgem Maria (Jo.
19, 25) é a mãe de Tiago e José (Mc. 15, 47; Mt. 27,
56), que são chamados de "irmãos do Senhor" (Mc.
6, 3).
- Em At. 1, 12-15, vemos que os Apóstolos, Maria,
algumas mulheres e os irmãos de Jesus totalizam
aproximadamente 120 pessoas, o que é um número muito
alto de irmãos.
- Gn. 14, 14: Lot, sobrinho de Abraão (cf. Gn. 11,
26-28), é chamado de irmão de Abraão.
- Gn. 29, 15: Labão, tio de Jacó, chama Jacó de seu
irmão.
- Jo. 19-26-27: Jesus entrega Maria aos cuidados de seu
discípulo João e não a um de seus supostos irmãos.
Os Santos
- A transfiguração - onde está descrita a morte de
Moisés e Elias?: Mt. 17; Mc. 9.
- Corpo de Cristo: 1ª Cor. 12, 25-27; Rm. 12, 4-5.
- Deus não é o Deus dos mortos, mas dos vivos: Mc. 12,
26-27.
- Intercessão de Moisés e Samuel: Jr. 15, 1.
- O aviso é para não evocar os mortos, mas os santos
podem ser invocados pois estão vivos para Deus: Dt. 18,
10.
- Oração intercessória: Ef. 6, 18; Rm. 15, 30; Cl. 4, 3;
1ª Ts. 1, 11.
- Os falecidos Onias e Jeremias intercedem pelos judeus:
2º Mc. 15, 11-16.
- Os santos estão unidos com Deus: 1ª Cor. 13, 12; 1ª
Jo. 3, 2.
- Os santos são reerguidos na ressurreição e circulam
por Jerusalém: Mt. 27, 52; Ef. 2, 19.
- Veneração de anjos unidos com Deus: Js. 5, 14; Dn. 8,
17; Tb. 12, 16; Mt. 18, 10.
As Imagens
- Deus ordena a confecção de imagens: Ex. 25, 18-22; Nm.
21, 8-9.
- Salomão constrói o Templo com estátuas e imagens: 1º
Rs. 6, 23-29. 35; 7, 29.
Você já está salvo?
- 1ª Cor. 10, 12 - "Assim, pois, aquele que julga
estar de pé, tome cuidado para não cair".
- Mt. 19, 16-17 - "Aí alguém se aproximou dele e
disse: 'Mestre, que farei de bom para ter a vida
eterna?' Respondeu [Jesus]: 'Por que me perguntas sobre
o que é bom? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a
Vida, guarda os mandamentos'".
- Lc. 10, 25-28 - "E eis que um doutor da lei se
levantou e disse para experimentá-lo: 'Mestre, que farei
para herdar a vida eterna?' Ele disse: 'Que está escrito
na Lei? Como lês?'. Ele então respondeu: 'Amarás o
Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua
alma, com toda a tua força e de todo o teu entendimento;
e a teu próximo como a ti mesmo'. Jesus disse:
'Respondeste corretamente; faze isso e viverás'".
- Jo. 5, 24 - "Em verdade, em verdade vos digo: quem
escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna e não vem a julgamento, mas passou da morte
à vida".
- Jo. 6, 54 - "Quem come a minha carne e bebe o meu
sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último
dia".
- Mt 10, 22 - "E sereis odiados por todos por causa
do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim,
esse será salvo".
- Mc. 16, 16 - "Aquele que crer e for batizado será
salvo; o que não crer será condenado".
- Jo. 3, 5 - "Respondeu-lhe Jesus: 'Em verdade, em
verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no Reino de Deus". [Topo]
Autor:
Fonte: Site Catholic Doctrinal Concordance
Tradução: Carlos Martins Nabeto |
|
60. Somente a Bíblia? - 21 razões para rejeitar a Sola
Scriptura |
|
1. O que é Sola Scriptura?
2. Não é ensinada em parte alguma da Bíblia
3. A Bíblia indica que devemos aceitar a Tradição Oral
4. A Bíblia qualifica a Igreja coluna e fundamento da
verdade
5. Cristo nos fala para submetermo-nos à autoridade da
Igreja
6. A Escritura afirma que é insuficiente como
orientadora
7. Os primeiros cristãos não tinham uma Bíblia completa
8. A Igreja produziu a Bíblia, e não o contrário
9. É completamente estranha à Igreja Primitiva
10. Os heresiarcas baseiam-se na interpretação sem o
Magistério
11. O cânon da Bíblia não estava formado até o século IV
12.O cânon foi definido por uma autoridade "extra bíblica"
13. Crer que a Bíblia é "auto autenticável" não
tem bases
14. Nenhum dos escritos bíblicos originais existe mais
15Os manuscritos bíblicos possuem milhares de variações
16. Existem centenas de versões Bíblicas
17. A Bíblia não estava disponível a todos até o século
XV
18. A Sola Scriptura não existia antes do século XIV
19. Produz maus frutos, como divisões e disputas
20. Não permite a interpretação definitiva da Bíblia
21. Faltam sete livros na Bíblia protestante
22. Se originou dos problemas emocionais de Lutero
23. Considerações finais
24. Referências
O Que é Sola Scriptura?
"Eu
não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a
autoridade da Igreja Católica"
(St. Agostinho -
Contr. Epist. Manichaei. v, 6)
Nós cremos somente na Bíblia, e a Bíblia inteira é a
única regra de fé para o cristão.
Nós cremos somente na Bíblia, e a Bíblia inteira é a
única regra de fé para o cristão.
Talvez você já tenha ouvido esta frase ou algo parecido
de um protestante evangélico. Ela é, em essência, o
significado da doutrina da Sola Scriptura, ou Somente a
Escritura, que alega que a Bíblia - interpretada
individualmente pelo crente - é a única fonte de
autoridade religiosa e é a única regra ou o único
critério em que o crente deve acreditar. Por esta
doutrina, que é uma das fundamentais doutrinas do
protestantismo, o protestante nega que exista qualquer
outra fonte de autoridade religiosa ou revelação divina
à humanidade.
A Igreja Católica, por outro lado, afirma que a regra
imediata ou direta de fé é o ensino da Igreja. Este, por
sua vez, tem suas Fontes da Revelação Divina - A Palavra
Escrita, a Sagrada Escritura, e a Palavra não-Escrita,
conhecida como Tradição. A autoridade do Magistério da
Igreja Católica (chefiado pelo Papa), apesar de não ser
ela própria uma fonte de revelação divina, possui a
missão de interpretar e ensinar tanto a Escritura como a
Tradição. Estas duas formas são as fontes da doutrina
cristã, a regra de fé cristã remota ou indireta.
Obviamente, estas duas visões apresentadas são opostas,
e aquele que busca seguir Cristo deve ter a certeza de
que está seguindo a verdadeira.
A doutrina da Sola Scriptura se originou com Martinho
Lutero, um monge alemão do século 16 que quebrou sua
união com a Igreja Católica Romana e iniciou a Reforma
Protestante [1]. Em resposta a alguns abusos que
ocorriam na Igreja, Lutero tornou-se um grande oponente
de certas práticas. Como tais abusos de fato ocorriam,
Lutero estava correto em se revoltar. Contudo, houve uma
série de confrontos entre ele e a hierarquia católica. E
à medida que foram evoluindo, as disputas foram se
centrando na questão da autoridade da Igreja e - pelo
ponto de vista de Lutero - se o ensino da Igreja deveria
ser considerado regra de fé legitima para os cristãos.
Crescendo as disputas entre Lutero e a hierarquia da
Igreja, ele a acusava de haver corrompido a doutrina
cristã e distorcido as verdades bíblicas, e cada vez,
mais e mais, ele acreditava que a Bíblia, interpretada
por cada indivíduo, era a única regra de fé religiosa
para o cristão. Rejeitou a Tradição assim como a
autoridade do ensino da Igreja Católica (com o Papa como
sua cabeça) como tendo legítima autoridade religiosa.
Um observador honesto poderia perguntar, portanto, se a
doutrina de Lutero sobre a Sola Scriptura seria uma
restauração genuína das verdades bíblicas ou a
promulgação de uma visão pessoal acerca da autoridade da
Igreja. Lutero era um apaixonado pelas suas crenças, e
foi bem-sucedido em divulgá-las, mas estes fatos por si
só não são garantia alguma de que o que ensinou esteja
correto. Pelo fato de o bem-estar, e mesmo o destino
eterno das pessoas, ser uma aposta de confiança, o fiel
cristão precisa estar precisamente seguro neste assunto.
Nos parágrafos seguintes declaramos vinte e uma
considerações que ajudarão você, leitor católico ou
protestante, a analisar cuidadosamente a doutrina
luterana da Sola Scriptura de um ponto de vista bíblico,
histórico e lógico, e que mostrará que de fato esta não
é uma doutrina bíblica genuína, mas somente uma doutrina
de homens. [Topo]
Não é Ensinada em Parte Alguma da Bíblia
Talvez a razão que mais chame a atenção para
rejeitar está doutrina é que não existe nem mesmo um só
versículo onde está seja ensinada, e isto, portanto,
torna está doutrina auto refutada.
Os protestantes comumente citam versículos tais como 2ª
Tm. 3, 16-17 ou Ap. 22, 18-19 em defesa da Sola
Scriptura, mas um exame minucioso destas duas passagens
facilmente irá demonstrar que na verdade estas não
suportam tal doutrina.
Em 2ª Tm. 3, 16-17 lemos: Toda Escritura é inspirada por
Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito,
qualificado para qualquer boa obra. Existem aqui cinco
considerações que enfraquecem a interpretação
protestante desta passagem:
1. A palavra grega ophelimus utilizado no v.16 significa
útil e não suficiente. Um exemplo desta diferença seria
dizer que a água é útil para nossa existência - mesmo
necessária - mas não é suficiente; isto é, ela não é o
único componente que nos manteria vivos. Também
precisamos de alimentos, medicamentos, etc. Da mesma
forma, a Escritura é útil na vida do cristão, mas isto
nunca quis dizer que ela é a única fonte de ensino
cristão e a única coisa que cada o necessita.
2. A palavra grega passa, que geralmente é traduzida
como toda, na realidade significa qualquer, e seu
sentido se refere a cada uma ou qualquer uma das classes
denotadas pelo substantivo a que está conectado [2]. Em
outras palavras, a forma grega indica que toda e
qualquer Escritura é útil. Se a doutrina da Sola
Scriptura fosse verdadeira, baseada no verso grego 16,
todo e qualquer livro da Bíblia poderia, isoladamente,
ser considerado a única regra de fé, uma posição que é
obviamente absurda.
3. A Escritura a que Paulo se refere é o Antigo
Testamento, um fato que é claramente referido pelo fato
de as Escrituras serem conhecidas desde a tenra infância
(v.15) por Timóteo. O Novo Testamento como conhecemos
ainda nem mesmo existia, ou na melhor das hipóteses
estava incompleto, então não poderia estar incluído no
que Paulo quis dizer com o termo Escritura. Se
aceitarmos as palavras de Paulo sem analisarmos o que
realmente significam, a Sola Scriptura, então,
significaria que a única regra de fé do cristão é o
Antigo Testamento. Esta é uma conclusão que todos os
cristãos rejeitariam. Os protestantes responderiam a
este argumento dizendo que Paulo não está tratando do
cânon da Bíblia (os livros inspirados que constituem a
Bíblia), mas sim da natureza da Escritura. Ainda que
haja alguma validade nesta afirmação, a questão do cânon
também é relevante aqui, pelas seguintes razões: antes
que falemos da natureza das Escrituras como sendo
theopneustos, ou seja, inspirados (literalmente
"soprados por Deus"), é imperativo que
identifiquemos com segurança os livros que queremos
listar como Escritura; de outra forma, livros errados
poderia ser chamados de inspirados. Obviamente, as
palavras de São Paulo aqui tomaram uma nova dimensão
quando o Novo Testamento foi completado, e os cristãos
eventualmente as consideravam, também, como sendo
Escritura. Deve ser dito, então, que o cânon bíblico
também entra na questão, pois Paulo - escrevendo sob a
inspiração do Espírito Santo - enfatiza o fato de que
toda (e não somente alguma) Escritura é inspirada. A
questão que deve ser discutida, entretanto, é esta: como
podemos ter a certeza de que temos todos os livros
corretos? Obviamente, somente poderemos conhecer a
resposta se soubermos qual é o cânon da Bíblia. Tal
questão guarda um problema para os protestantes, mas não
para os católicos, pois estes possuem uma autoridade
infalível que pode responder.
4. A palavra grega artios, aqui traduzida como perfeito,
à primeira vista pode fazer crer que a Escritura é de
fato tudo o que é necessário. "Logo", alguém
poderia perguntar, "se as Escrituras tornam o homem
de Deus perfeito, que mais seria preciso? Por acaso a
palavra 'perfeito' não significa que nada mais é
necessário"? Bem, a dificuldade com esta
interpretação é que o texto não diz que somente pelos
meios da Escritura o homem de Deus é tornado perfeito. O
texto indica precisamente o oposto, pois é verdadeiro
que a Escritura opera em conjunção com outras coisas.
Note que não é qualquer um que se torna perfeito, mas o
homem de Deus - que significa um ministro de Deus (cf.
1ª Tm. 6, 11), um sacerdote. O fato deste indivíduo ser
um ministro de Cristo pressupõe que ele já estava
acompanhando um estudo que o prepararia para exercer tal
ofício. Sendo assim, a Escritura poderia ser mais um
instrumento dentro de uma série de outros que tornam o
homem de Deus perfeito. As Escrituras poderiam
complementar sua lista de itens necessários ou poderiam
ser o item mais proeminente da lista, mas seguramente
não eram a única ferramenta de sua lista nem pretendia
ser tudo o que necessitaria. Por analogia, considere um
médico. Neste contexto, poderíamos dizer algo como "O
Tratado de Medicina Interna do Harrison (livro texto de
referência na prática médica mundial) torna nossa
prática médica perfeita, logo estamos aptos a qualquer
procedimento médico". Obviamente tal afirmativa não
pode significar que tudo o que o médico precisa seja o
TMIH. Este é um item entre vários outros, ou o mais
proeminente. O médico também necessita de um
estetoscópio, um tensiômetro, um otoscópio, um
oftalmoscópio, técnicas cirúrgicas, etc. Estes outros
itens são pressupostos pelo fato de estarmos falando de
um médico, e não de um leigo. Logo, seria incorreto
presumir que somente o TMIH torna o médico perfeito, a
única ferramenta necessária.
Além disso, considerar que a palavra perfeito significa
o único item necessário resulta em contradição bíblica,
pois em Tg 1,4 lemos que a paciência - sem citar as
Escrituras - torna os homens perfeitos e íntegros,
livres de todo defeito. É verdade que aqui uma palavra
grega diferente - teleios - é usada para perfeitos, mas
permanece o fato de que o entendimento básico é o mesmo.
Então, se alguém certamente entende que a paciência não
é a única ferramenta que o cristão precisa para ser
perfeito, um método interpretativo consistente
levaria-nos a reconhecer da mesma forma que as
Escrituras não são a única coisa que o homem de Deus
necessita para ser perfeito.
5. A palavra grega exartio no v.17, traduzida por
qualificado (outras Bíblias trazem algo como equipado ou
plenamente qualificado) é tida como uma prova pelos
protestantes da Sola Scriptura pois esta palavra -
novamente - implica em dizer que nada mais é necessário
ao homem de Deus. Contudo, ainda que o homem de Deus
seja qualificado ou plenamente equipado, este fato por
si mesmo não garante que este homem saiba interpretar e
aplicar corretamente uma passagem bíblica. O sacerdote
deve também aprender como usar corretamente as
Escrituras, mesmo que ele já esteja equipado com elas.
Considere de novo a analogia do médico. Pense num
estudante de medicina no início de seu internato. Ele
deve dispor de todo seu arsenal necessário para os
procedimentos cirúrgicos, ou seja, ele deve estar
qualificado, plenamente equipado para qualquer
procedimento de emergência, mas a menos que ele passe
boa parte do tempo junto a médicos mais experientes,
observe suas técnicas, aprenda suas habilidades, e
pratique algum procedimento ele próprio, os instrumentos
cirúrgicos que possui são completamente inúteis. Sem
dúvida, se não aprender a usar tais instrumentos
apropriadamente, estes mesmos podem se tornar armas
perigosas em suas mãos. Quem se habilitaria a
submeter-se a um cirurgião que aprendeu cirurgias por
cursos de correspondência?
Da mesma forma ocorre entre o homem de Deus e a
Escritura. Estas, como os instrumentos cirúrgicos, são
preciosos apenas quando bem manipulados. Do contrário,
os resultados são o oposto do esperado. Mal usados, um
pode trazer a dor e a morte física, a outra, a dor e a
morte espiritual. Devido a Escritura nos advertir a
mantermos a retidão da palavra da verdade (cf. 2ª Tm. 2,
15), é óbvio, portanto, que a palavra da verdade pode
ser desviada de seu correto caminho - da mesma forma que
um estudante de medicina destreinado que usa
incorretamente seu instrumental.
Com relação ao Ap. 22, 18-19, há duas considerações que
desqualificam a Sola Scriptura. A passagem - quase a
última da Bíblia - diz: Eu atesto a todo o que ouvir as
palavras proféticas deste livro: Se alguém lhes fizer
qualquer acréscimo, Deus lhes acrescentará as pragas
escritas nesse livro. E se alguém tirar qualquer coisa
das palavras deste livro profético, Deus lhe retirará a
sua parte da árvore da vida e da cidade santa, que estão
descritas neste livro.
1. Quando os versos desta passagem afirmam que nada deve
ser acrescentado ou retirado das palavras deste livro
profético, não estão se referindo à Sagrada Tradição
sendo acrescentada à Sagrada Escritura. É óbvio pelo
contexto que o livro aqui referido é o do Apocalipse, e
não a Bíblia inteira. Sabemos disso porque São João diz
que o que for culpado por acrescentar a este livro será
penalizado com as pragas escritas neste livro, as pragas
que ele mesmo descreveu em seu próprio livro, o
Apocalipse. Afirmar algo diverso disso é atentar contra
o texto e distorcer seu claro significado, especialmente
devido a Bíblia que conhecemos ainda não existir quando
esta passagem foi escrita, sendo assim não poderia
significar o compêndio cristão [3].
Na defensiva de sua interpretação, os protestantes
trarão o argumento de que Deus vê adiante, vê qual seria
o cânon da Bíblia, sendo o Apocalipse o último livro da
Bíblia, e portanto. Ele definiu o cânon com as palavras
dos vv.18-19. Mas esta interpretação necessita que
busquemos o significado do texto. Além do mais, se tal
afirmação for correta, como o cristão pode saber
inquestionavelmente que Ap 22,18-19 está selando o cânon
a menos que um intérprete infalível lhe confirme que
este é, inquestionavelmente, o único sentido deste
verso? Porém, se tal autoridade existe, então a doutrina
da Sola Scriptura - ipso facto - torna-se nula e a ser
evitada.
2. A mesma advertência de não acrescentar ou subtrair
palavras é vista em Dt. 4, 2, que diz: nada
acrescentareis às palavras dos mandamentos que vos dou,
e nada tirareis; assim guardareis os mandamentos do
Senhor, vosso Deus, que eu vos dou. Se aplicarmos uma
interpretação paralela com este verso, logo tudo o que
está na Bíblia além dos decretos das leis do Antigo
Testamento deveria ser considerado apócrifo ou
não-canônico - incluindo o Novo Testamento! Mais uma
vez, todos os cristãos rejeitam, imediatamente, esta
conclusão. A proibição de Ap. 22, 18-19 contra a adição,
portanto, não pode significar que os cristãos estão
proibidos de buscar algum guia fora da Bíblia. [Topo]
A Bíblia Indica Que Devemos Aceitar a Tradição Oral
São Paulo recomenda e ordena a manutenção da
Tradição Oral. Em 1ª Cor 11, 2, por exemplo, lemos: Eu vos
felicito por vos lembrardes de mim em toda ocasião e
conservardes as tradições tais como eu vô-las transmiti
[4]. São Paulo está claramente recomendando que
mantenham a tradição oral, e deve ser notado em
particular que ele congratula os fiéis por fazê-lo (Eu
vos felicito...). Também é explícito no texto o fato de
que a integridade desta Tradição oral apostólica era
claramente mantida, da mesma forma como Nosso Senhor
havia prometido, sob o auxílio do Espírito Santo (cf.
Jo. 16, 13).
Talvez o mais claro apoio bíblico para a Tradição oral
seja 2ª Ts. 2, 15, onde os cristãos são enfaticamente
advertidos: Assim, pois, irmãos, ficai inabaláveis e
guardai firmemente as tradições que vos ensinamos, de
viva voz ou por carta. Esta passagem é significante
porque:
a) mostra uma tradição oral apostólica vivente,
b) diz que os cristãos estarão firmemente fundamentados
na fé se aderirem a estas tradições e
c) claramente afirma que estas tradições eram tanto
escritas como orais.
A Bíblia distintamente mostra aqui que as tradições
orais - autênticas e apostólicas em sua origem -
deveriam ser seguidas como componente válido do Depósito
da Fé, então por quais razões ou desculpas os
protestantes a rejeitam? Com qual autoridade podem
rejeitar uma exortação clara de Paulo?
Além do mais, devemos considerar o texto desta passagem.
A palavra grega krateite, traduzida aqui como guardar,
significa estar firme, forte, prevalecer [5]. Esta
linguagem é enfática, e demonstra a importância da
manutenção destas tradições. Obviamente, devemos
diferenciar o que seja Tradição (com T maiúsculo), que é
parte da revelação divina, das tradições da Igreja (com
t minúsculo) que, mesmo que sejam boas, desenvolveram-se
tardiamente na Igreja e não fazem parte do Depósito da
Fé. Um exemplo de algo que seja parte da Tradição seria
o batismo infantil; um exemplo de tradições da Igreja
seria o calendário das festas dos santos. Tudo que venha
da Sagrada Tradição é de origem divina e são imutáveis,
enquanto que as tradições da Igreja são cambiáveis pela
Igreja. A Sagrada Tradição serve-nos como regra de fé
por mostrar no que a Igreja tem consistentemente crido
através dos séculos e como ela sempre entendeu uma
determinada parte Bíblica. Uma das principais formas
pelo qual a Sagrada Tradição foi transmitida a nós está
nas doutrinas dos textos litúrgicos antigos, o serviço
divino da Igreja.
Todos já notaram que os protestantes acusam os católicos
de promoverem doutrinas novas e anti bíblicas baseadas na
Tradição, por afirmarem que tal Tradição contém
doutrinas que são estranhas à Bíblia. Entretanto, esta
acusação é profundamente falsa. A Igreja Católica ensina
que a Tradição Oral não contém nada que seja contrário à
Tradição Escrita. Alguns pensadores católicos afirmam,
inclusive, que não há nada na Tradição Oral que não seja
encontrado na Bíblia, mesmo que implicitamente ou em
formas seminais. Certamente as duas estão em perfeita
harmonia e complementam uma à outra. Para algumas
doutrinas, a Igreja faz uso da Tradição mais que pelas
Escrituras para seu entendimento, mas mesmo estas
doutrinas estão incluídas nas Sagradas Escrituras. Por
exemplo, as doutrinas seguintes são preferencialmente
baseadas na Sagrada Tradição: batismo infantil, o cânon
das Escrituras, o domingo como Dia do Senhor, a
virgindade perpétua de Maria e a assunção de Maria.
A Sagrada Tradição complementa nossa compreensão da
Bíblia ao mesmo tempo que não constitui uma fonte
extra bíblica de revelação, com doutrinas novas ou
estranhas a ela. Muito pelo contrário: a Sagrada
Tradição age como a memória viva da Igreja,
relembrando-a constantemente o que criam os cristãos
antigos, como entendiam e interpretavam as passagens
bíblicas [6]. De certa forma, é a Sagrada Tradição que
diz ao leitor da Bíblia: Você está lendo um livro muito
importante, que contém a revelação de Deus aos homens.
Agora deixe-me explicá-lo como ela sempre foi entendida
e praticada pelos cristãos desde o início dos tempos.
[Topo]
A Bíblia Qualifica a Igreja Coluna e Fundamento da
Verdade
É muito interessante que em 1ª Tm. 3, 15 vemos não a
Bíblia, mas a Igreja - isto é, a comunidade viva de
crentes fundada sob Pedro e os apóstolos e mantida pelos
seus sucessores - sendo chamada de coluna e fundamento
da verdade. Claramente esta passagem de modo algum
significa diminuir a importância da Bíblia, mas sua
intenção é de mostrar que Jesus Cristo de fato
estabeleceu um magistério autorizado que foi enviado a
ensinar todas as nações (cf. Mt. 28, 19) Em outro lugar
esta mesma Igreja recebeu de Cristo a promessa de que os
portões do inferno não prevaleceriam contra ela (cf. Mt.
16, 18), pois Ele sempre estaria presente (cf. Mt. 28,
20) e enviaria o Espírito Santo para ensiná-la todas as
verdades (cf. Jo. 16, 13). Ao chefe visível de sua
Igreja, São Pedro, Nosso Senhor disse: Te darei as
chaves do Reino dos Céus. Tudo que ligares na terra será
ligado no céu; e tudo que desligares na terra será
desligado no céu (Mt. 16, 19). É evidente a partir
destas passagens que Nosso Senhor enfatiza a autoridade
de Sua Igreja e a norma que deveria seguir para
salvaguardar e definir o Depósito da Fé.
Também é evidente destas passagens que esta mesma Igreja
seria infalível, pois se em algum lugar de sua história
a Igreja ensinou o erro em matéria de fé e moral - ainda
que temporariamente - cessaria de ser esta coluna e
fundamento da verdade. Pelo fato de todo fundamento
existir para ser firme e permanente, e de que as
passagens acima não permitem a possibilidade da Igreja
ensinar algo contrário à reta fé e moral, a única
conclusão plausível é que Nosso Senhor foi muito preciso
em estabelecer a sua infalibilidade quando chamou-a de
coluna e fundamento da verdade.
O protestante, entretanto, vê aqui um dilema quando
afirma que a Bíblia é a única regra de fé para seus
crentes. Qual a capacidade, então, da Igreja - coluna e
fundamento da verdade - se não deve servir para
estabelecer autoridade alguma? Como a Igreja pode ser
coluna e fundamento da verdade se não é palpável,
habitualmente prática para servir como autoridade na
vida do cristão? O protestante efetivamente nega que a
Igreja seja o fundamento da verdade por negar que ela
possua qualquer autoridade para ensinar. Além disso, os
protestantes entendem o termo Igreja como sendo algo
diferente do que entende a Igreja Católica. Os
protestantes veem a igreja como uma entidade invisível,
e para eles ela é a coletividade de todos os cristãos ao
redor do mundo unidos na fé em Cristo, apesar das
grandes variações nas doutrinas e alianças
denominacionais. Os católicos, por outro lado, entendem
que não somente os cristãos unidos na fé em Cristo
formam seu corpo místico, mas entendemos simultaneamente
que esta seja - e somente uma - a única organização que
possa traçar uma linha ininterrupta até os próprios
apóstolos: a Igreja Católica. É esta Igreja e somente
está Igreja que foi estabelecida por Cristo e que tem
mantido uma consistência absoluta em doutrina através de
sua existência, e, portanto, é somente está Igreja que
pode requerer ser a coluna e fundamento da verdade. O
protestantismo, por comparação, tem conhecido história
de fortes vacilos e mudanças doutrinárias, e nem mesmo
duas denominações concordam entre si completamente -
mesmo quanto a doutrinas importantes. Tais mudanças e
alterações não permitem que sejam consideradas
fundamento da verdade. Quando os fundamentos de uma
estrutura alteram-se ou são dispostos inapropriadamente,
este mesmo fundamento é fraco e sem suporte firme (Mt.
7, 26-27). Pelo fato de o protestantismo ter
experimentado mudanças tanto intradenominacional quanto
entre as diversas denominações que surgem continuamente,
estas crenças são como uma fundação que muda
constantemente. Tais credos então cessam de prover o
suporte necessário para manter a estrutura que
sustentam, e a integridade dessa estrutura fica
comprometida. Nosso Senhor claramente não pretendeu que
seus discípulos e seguidores construíssem suas casas
espirituais em tal fundamento instável. [Topo]
Cristo nos Fala Para Submetermo-nos a Autoridade da
Igreja
Em Mt, 18, 15-18 vemos Cristo orientar seus
discípulos em como corrigir um companheiro. É dito neste
exemplo que Nosso Senhor identifica melhor a Igreja que
as Escrituras como sendo a autoridade final a se apelar.
Ele mesmo diz que se o irmão pecador não ouvir a própria
Igreja, seja para ti como o pagão e o coletor de
impostos (v. 17) - isto é, como um excluído. Além do
mais, Nosso Senhor reenfatiza solenemente a autoridade
infalível da Igreja no v.18 repetindo Seu pronunciamento
anterior sobre o poder de ligar e desligar (Mt. 16,
18-19), dirigido desta vez aos apóstolos como um
colégio, um grupo, e não somente a Pedro: Em verdade eu
vos declaro: tudo o que ligares na terra será ligado no
céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no
céu (Mt. 18, 18).
Claro que existem exemplos na Bíblia onde Nosso Senhor
apela às Escrituras, mas nestes casos Ele, como aquele
que possui a autoridade, estava ensinando as Escrituras;
Ele não estava permitindo que as Escrituras ensinassem a
si mesmas. Por exemplo, Ele preferiu responder aos
escribas e fariseus usando as Escrituras precisamente
porque estes tentavam apanhá-lo usando as mesmas
Escrituras. Nestes exemplos, Jesus geralmente demonstra
como os escribas e fariseus tinham más interpretações,
então corrigia-os mediante uma melhor interpretação
escriturística.
Suas ações não servem de argumento para que a Escritura
seja Sola, ou uma autoridade por si mesma e, de fato, a
única autoridade do cristão. Muito pelo contrário: em
todo lugar que Jesus leva seus ouvintes às Escrituras,
Ele também fornece o Seu entendimento infalível, uma
interpretação com autoridade, demonstrando que as
Escrituras não podem interpretar a si mesmas.
A Igreja Católica prontamente reconhece a inerrância e
autoridade da Escritura. Porém a doutrina católica diz
que a regra imediata de fé dos cristãos é a autoridade
do ensino da Igreja - uma autoridade para ensinar e
interpretar a Escritura e a Tradição, como mostra Mt.
18, 17-18.
Também deve-se notar que está implícita (ou talvez até
explícita) nesta passagem de Mateus o fato de que a
Igreja deve ser visível, uma entidade palpável
estabelecida sob uma linha hierárquica. De outro modo,
como alguém saberia a quem encaminhar o pecador? Se a
definição protestante de igreja fosse correta, então o
pecador deveria escutar todos os cristãos que existem,
desejando que haja uma unanimidade entre eles acerca do
objeto da discussão. Transborda aos olhos o absurdo que
esta interpretação causaria. O único modo de tornar a
afirmação de Nosso Senhor plausível é reconhecendo que
lá havia uma organização definida, com ofícios
hierárquicos definidos, a quem um apelo poderia ser
feito e de onde um julgamento decisivo poderia ser dado.
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A Escritura Afirma Que é Insuficiente como
Orientadora
A Bíblia mostra em 2ª Tm. 3, 17 que o homem de Deus é
perfeito, qualificado para qualquer boa obra. Como
percebemos acima, este versículo prova somente que o
homem de Deus é plenamente suprido com as Escrituras;
isto não é garantia de que ele automaticamente saiba
como interpretá-la da maneira correta. Este versículo
chama a atenção à suficiência material das Escrituras,
uma opinião que alguns pensadores católicos sustentam
atualmente.
Suficiência material significaria que a Bíblia de certo
modo contém todas as verdades que o cristão precisa
saber; em outras palavras, os materiais estão todos
presentes ou no mínimo implícitos. Suficiência formal,
por outro lado, significaria que a Bíblia não somente
contém todas as verdades que são necessárias, mas que
ela também apresenta estas mesmas verdades e um sentido
perfeitamente claro e de pronto entendimento. Em outras
palavras, estas verdades estariam em uma forma prática
tamanha que não haveria necessidade de uma Sagrada
Tradição para clarificar e complementar o entendimento
da Palavra de Deus com uma interpretação infalível.
Devido a Igreja Católica afirmar que a Bíblia não é
suficiente por si mesma, naturalmente ensina que está
necessita de um intérprete. São duas as razões pelas
quais a Igreja ensina tal coisa: primeiro, porque Cristo
estabeleceu uma Igreja viva para ensinar com Sua
autoridade. Ele simplesmente não deu uma Bíblia aos seus
discípulos, completa e encadernada, e lhes disse para ir
e fazer cópias para a multidão, para distribuir, e
deixar que cada um interprete-a do seu jeito. Segundo, a
própria Bíblia afirma que precisa de um intérprete.
Sobre a segunda assertiva, lemos em 2ª Pd. 3, 16 que São
Paulo escreveu passagens difíceis, cujo sentido pessoas
ignorantes e sem formação deturpam, como também fazem
para as demais Escrituras, para a própria condenação.
Neste único versículo podemos ver três pontos muito
importantes sobre a Bíblia e sua interpretação:
a) A Bíblia contém passagens que não são facilmente
compreendidas ou suficientemente claras, um fato que
demonstra a necessidade de um orientador infalível e com
autoridade suficiente para tornar as passagens claras e
compreensíveis [8],
b) não é somente possível que algumas pessoas deturpem o
significado da Escritura, mas isto, de fato, já estava
sendo feito desde o começo da era da Igreja,
c) distorcer o significado da Escritura pode resultar na
condenação de um indivíduo, realmente um destino
desastroso. É óbvio destas considerações que Pedro não
acredita que a Bíblia deva ser a única regra de fé. Mas
há mais.
Em At. 8, 26-40 lemos o encontro do diácono Felipe com o
eunuco etíope. Neste cenário, o Espírito Santo leva
Felipe a se aproximar do etíope. Quando Felipe percebe
que o etíope está lendo o profeta Isaías, faz uma
importante pergunta: será que compreendes
verdadeiramente o que está lendo? Mais importante é a
resposta dada pelo eunuco: e como poderia eu
compreender, respondeu ele, se não tenho guia?
Mesmo que este Felipe (conhecido como o Evangelista) não
seja um dos apóstolos, ele fora comissionado pelos
apóstolos (cf. At. 6, 6) e pregou o Evangelho com
autoridade (cf. At. 8, 4-8). Consequentemente, sua
pregação refletiria o legítimo ensino dos apóstolos. A
questão aqui é que as declarações do etíope verificam o
fato de que a Bíblia não é suficiente por si mesma como
orientadora de doutrina cristã, e as pessoas que ouvem a
Palavra precisam de uma autoridade que as oriente
corretamente para que possam entender o que a Bíblia
quer dizer. Se a Bíblia fosse de fato suficiente por si
mesma, então o eunuco compreenderia claramente a
passagem de Isaías.
Também há 2ª Pd. 1, 20, que afirma: nenhuma profecia da
Escritura é objeto de interpretação pessoal. Aqui vemos
a própria Bíblia afirmar de forma inequívoca que suas
profecias não são objeto pelos quais o indivíduo deva
compreender pelos seus próprios meios. Também é de
grande importância que este verso seja precedido por uma
seção sobre o testemunho apostólico (vv.12-18) e seguido
por uma seção sobre falsos mestres (2,1-10). Pedro está
contrastando o ensino apostólico genuíno com os falsos
profetas e falsos mestres, e faz a referência à
interpretação pessoal como o pivô entre os dois. A
implicação imediata e clara é que a interpretação
pessoal é um caminho por onde o indivíduo perde-se do
autêntico ensino dos apóstolos e passa a seguir falsos
mestres. [Topo]
Os Primeiros Cristãos Não Tinham Uma Bíblia Completa
Estudiosos bíblicos nos revelam que o último livro
da Bíblia não havia sido escrito até o final do primeiro
século, isto é, até meados do ano 100 dC. [9]. Este
fato demonstra um intervalo inexato de cerca de 65 anos
entre a ascensão de Cristo aos céus e o término da
redação da Bíblia como a conhecemos. A pergunta que deve
ser feita é a seguinte: Quem ou o que serviu como
autoridade final e infalível durante este tempo?
Se a doutrina protestante da Sola Scriptura fosse
verdade, então houveram disputas e discussões dentro das
comunidades que não tiveram a oportunidade de ser
resolvidas definitivamente, até que os livros do Novo
Testamento fossem escritos, mesmo já existindo uma
Igreja antes que a Bíblia estivesse completa. O barco
ficou sem comandante, por assim dizer, pelo menos por um
determinado tempo. Porém isto vai de encontro às
afirmações e promessas que Jesus fez à sua Igreja: Eis
que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos
tempos (Mt. 28, 20), sem mencionar que Ele garantiu a
seus discípulos: não vos deixarei órfãos (Jo. 14, 18)
Este é um assunto de particular importância, pois as
primeiras décadas da existência da Igreja foram repletos
de tumultos. As perseguições já haviam começado,
cristãos estavam sendo martirizados, a nova fé estava
lutando para crescer, e alguns falsos mestres já haviam
aparecido (cf. Gl. 1, 6-9). Se a Bíblia fosse a única
regra de fé dos cristãos, sendo que ela ainda não havia
tomado forma - muito menos definido seu cânon - durante
pelo menos 65 anos depois da ascensão de Jesus, como a
Igreja primitiva poderia resolver questões doutrinárias
sem uma autoridade que a conduzisse?
Neste momento os protestantes buscam oferecer duas
possíveis respostas:
1) Os apóstolos eram temporariamente a última autoridade
enquanto o Novo Testamento estava sendo escrito, e
2) que o Espírito Santo foi dado à Igreja e que a sua
direta orientação foi o que preencheu o lacuna entre a
ascensão e a definição do Novo Testamento.
Sobre a primeira resposta, é verdadeiro que Jesus
revestiu aos apóstolos da Sua autoridade; contudo, a
Bíblia em local algum indica que está autoridade dentro
da Igreja iria cessar com a morte dos apóstolos. Pelo
contrário, a Bíblia é bastante clara quando:
1) em lugar algum diz que uma vez morto o último
apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornar-se-ia a
autoridade final e; 2) os apóstolos claramente
escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a
mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de
Judas Iscariotes por Matias (cf. At. 1, 15-26) e a
transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo
e Tito (cf. 2ª Tm. 1, 6; Tt. 1, 5) são exemplos de
sucessão apostólica.
Sobre a segunda resposta - que o auxílio direto do
Espírito Santo preencheu a lacuna - o problema com este
entendimento é que o auxílio direto do próprio Espírito
Santo é uma conclusão extra bíblica. Naturalmente, a
Bíblia nos fala da clara presença do Espírito Santo
entre os cristãos e sua missão de ensinar aos apóstolos
toda a verdade, porém se a direção direta do Espírito
Santo foi, de fato, a autoridade final durante estes 65
anos, então a história da Igreja conheceu duas
autoridades finais sucessivas: primeiro, o Espírito
Santo, sendo que está autoridade foi substituída pela
Escritura, que então tornar-se-ia sola, ou a única
autoridade final. E se esta situação de uma autoridade
final extra bíblica é permissiva pelos protestantes, não
o é pelos católicos, que afirma que a autoridade do
ensino da Igreja é a autoridade final direta - derivando
sua autoridade de Cristo e seu ensino da Escritura e da
Tradição, guiada pelo Espírito Santo.
O Espírito Santo foi dado à Igreja por Jesus Cristo, e é
exatamente este mesmo Espírito que protege o chefe
visível da Igreja, o Papa, e a autoridade do ensino da
Igreja jamais permitindo que ele ou ela caiam em erro. O
católico acredita que Cristo de fato enviou seu Espírito
Santo à Igreja e que este Espírito esteve sempre
presente na Igreja, ensinando toda a verdade (Jo 16,13)
e continuamente protegendo sua integridade doutrinal,
particularmente pelo ofício do Papa. Com isso o
Evangelho pode continuar sendo pregado - com autoridade
e infalivelmente - mesmo sem um só versículo do Novo
Testamento. [Topo]
A Igreja Produziu a Bíblia, e Não o Contrário
A doutrina da Sola Scriptura não dá importância - ou
pelo menos grosseiramente desmerece - ao fato de que a
Igreja surgiu antes da Bíblia, e não o contrário. Foi a
Igreja, com efeito, que escreveu a Bíblia sob a
inspiração do Deus todo-poderoso: os israelitas como a
Igreja do Antigo Testamento (ou pré-católicos) e os
católicos da Igreja do Novo Testamento.
Nas passagens do Novo Testamento notamos que Nosso
Senhor dá certa primazia à autoridade do ensino de Sua
Igreja e sua proclamação em Seu nome. Por exemplo, em
Mateus 28,20 vemos Jesus ordenando os apóstolos a ir e
ensinar em Seu nome, fazendo discípulos em todas as
nações. Em Marcos 16, 15 vemos que os apóstolos são
enviados a pregar a todo o mundo. E em Lucas 10, 16
vemos que aquele que escuta os setenta e dois escuta o
Senhor. Estes fatos são muito importantes, pois em lugar
algum vemos Nosso Senhor ordenando que seus apóstolos
evangelizem o mundo escrevendo em Seu nome. A ênfase
está sempre na pregação do Evangelho, não na sua
impressão e distribuição escrita.
Então segue que o comando e a autoridade do ensino da
Igreja são elementos indispensáveis como meios pelos
quais a mensagem do Evangelho deve alcançar os confins
do mundo. Pelo fato de a Igreja ter escrito a Bíblia, é
lógico e racional dizer que somente a Igreja detém a
autoridade para interpretá-la e aplicá-la. E sendo
assim, por causa de sua natureza e origem, a Bíblia não
pode servir como única regra de fé para os fiéis
cristãos. Em outras palavras, por ter produzido a
Escritura, a Igreja não elimina a necessidade de ela
mesma servir como mestre e intérprete destas Escrituras.
Além do mais, não é errado dizer que somente por colocar
a autoridade apostólica no papel, a Igreja de alguma
forma faz com que esta mesma autoridade seja superior ao
ensino oral? Semelhantemente à organização que Nosso
Senhor estabeleceu, Sua palavra é autoridade, mas porque
esta palavra está posta em uma forma diferente da outra
não significa que uma forma seja superior à outra. Pelo
fato de a única Palavra de Deus ser dimórfica em sua
organização, negar a autoridade de uma é negar a
autoridade da outra. As formas da Palavra de Deus são
complementares, não excludentes. Portanto, se há
necessidade das Escrituras, também há necessidade da
autoridade que a produziu. [Topo]
É Completamente Estranha à Igreja Primitiva
A ideia da autoridade da Escritura existindo
separada da autoridade do ensino da Igreja é
completamente estranha à Igreja Primitiva
Se buscarmos os escritos dos Pais da Igreja Primitiva,
encontraremos referências à Sucessão Apostólica [10],
aos bispos como guardiões do Depósito da Fé [11], e ao
primado e autoridade de Roma [12]. O precioso valor
destas referências torna claro o fato de que a igreja
primitiva entendeu a si própria como uma hierarquia
necessária para proteger a integridade da fé. Em lugar
algum encontramos alguma indicação de que os primeiros
fiéis cristãos discordavam da autoridade da Igreja e a
consideravam inválida como regra de fé. Do contrário,
vemos nestes escritos que a Igreja, desde a sua mais
longínqua origem, entendeu sua autoridade para ensinar
como uma combinação inseparável entre Escritura e
Tradição Apostólica - sendo ambas ensinados e
interpretados com autoridade pelo Magistério da Igreja,
cuja cabeça é o bispo de Roma.
Dizer que a Igreja primitiva acreditava na noção de
somente a Bíblia, seria o mesmo que dizer que homens e
mulheres poderiam alegar que as leis civis não
necessitam de um Congresso que as legisle, ou de uma
corte que as interprete e de polícia alguma que as
execute. Tudo que seria necessário seria o livro de
Direito Civil em todas as casas para que cada cidadão
possa determinar por si mesmo como entender e aplicar as
leis. Tal afirmação, claro, é absurda, pois ninguém
esperaria que as leis civis funcionassem bem deste modo.
A consequência de tal escândalo inadvertidamente levaria
à anarquia total.
Quão mais absurdo, então, é pretender que a Bíblia pode
funcionar por si mesma sem a Igreja que a organizou? É
somente está Igreja - e não somente qualquer cristão -
que possui a autoridade divinamente transmitida para a
interpretar corretamente, assim como legislar sobre os
problemas decorrentes da conduta de seus membros. Se
este não fosse o caso, qualquer nível de situação -
local, regional ou global - rapidamente
desenvolver-se-ia em anarquia espiritual, onde cada
cristão pode formular um sistema teológico e desenvolver
uma moral simplesmente baseadas em sua própria
interpretação da Bíblia.
E desde a tão chamada Reforma não é isto que estamos
vendo? De fato, um exame do escândalo na Europa que
imediatamente seguiu a gênese da reforma -
particularmente na Alemanha - irá demonstrar que o
resultado das doutrinas da reforma são uma desordem
tanto espiritual quanto social [13]. Mesmo Lutero se
mostrou desapontado pelo fato de que infelizmente, é de
nossa costumeira observação que agora sob o Evangelho o
povo está mais amargo, invejoso e avarento que antes sob
o papado [14]. [Topo]
Os Heresiarcas Baseiam-se na Interpretação Sem o
Magistério
Os heresiarcas e os movimentos heréticos baseiam
suas doutrinas na interpretação da Bíblia separada do
Magistério e da Tradição.
Ao longo da história da Igreja primitiva, vemos que ela
lutou continuamente contra as heresias e contra quem as
promovia. Vários foram os concílios que responderam aos
desafios dos detratores [15] e recorreram à Roma para
dar um fim às disputas doutrinárias e disciplinares. Por
exemplo, o Papa Clemente interveio em uma discussão na
comunidade de Corinto no fim do primeiro século e acabou
com um cisma por lá. No segundo século, o Papa Vitor
excomungou uma grande parte da Igreja no Oriente por
motivos de divisões sobre quando a páscoa deveria ser
celebrada. No início do século três, o Papa Calixto
condenou a heresia sabeliana.
Nestes casos, quando estas heresias ou conflitos
disciplinares ocorrem, as pessoas envolvidas defendem
seus erros através de sua própria interpretação das
Escrituras, excluindo a participação da Tradição e do
Magistério da Igreja. Um bom exemplo disto é o caso de
Ario, sacerdote do quarto século que declarou que o
Filho de Deus era uma criatura e não co-substancial ao
Pai.
Ario e todos os seus seguidores citavam versículos da
Bíblia para provar seus argumentos [15]. Os debates que
chegaram por causa desta doutrina tornaram-se tão
volumosos que foi convocado o primeiro Concílio
Ecumênico, em Nicéia, em 325 dC. O Concílio, sob a
autoridade do Papa, declarou serem as doutrinas arianas
heréticas e elaborou declarações definitivas quanto à
pessoa de Jesus, e fez isso baseada no que a Sagrada
Tradição tinha a dizer sobre os versículos bíblicos em
questão.
Aqui vemos a autoridade da Igreja sendo utilizada como
última e extremamente importante palavra em matéria
doutrinária. Caso não existisse autoridade alguma a quem
apelar, a heresia de Ário poderia ter se apossado da
Igreja. A maioria dos bispos daquela época foi seduzida
pela heresia ariana [17]. Apesar de Ário ter
fundamentado sua doutrina nas Escrituras - e
provavelmente comparou a Escritura pela Escritura - o
fato é que chegou a uma conclusão herética. Foi somente
a autoridade do ensino da Igreja - hierarquicamente
constituída - que o freou e declarou que estava errado.
A implicação é óbvia. Se você perguntar a algum
protestante se Ario estava ou não correto em sua
doutrina de que o Filho fora criado, ele irá, claro,
responder que não. Enfatize, então, que mesmo que ele
tenha utilizado as Escrituras pelas Escrituras, mesmo
assim ele chegou a uma conclusão errada. Se isto foi
verdadeiro para Ario, o que garante ao protestante que
este não é o caso acerca de sua interpretação de uma
dada passagem bíblica? O fato de os protestantes
reconhecerem que a interpretação de Ario estava errada
implica dizer que de fato houve uma base bíblica para
seus argumentos. Este fato, portanto, transforma-se em
um questionamento acerca do que seja uma verdadeira
interpretação bíblica. A única explicação possível é que
deve haver, por necessidade, uma autoridade infalível
que no-la diga. Esta autoridade infalível, a Igreja
Católica, declarou Ario um herege. Se a Igreja Católica
jamais foi infalível ou possuiu alguma autoridade em
suas declarações, então os cristãos não teriam razão
alguma em rejeitar Ario e aceitar a autoridade da
Igreja, e a maioria do cristianismo atual seria baseado
nos ensinamentos de Ario.
É evidente, portanto, que usar somente a Bíblia não é
garantia de se chegar a uma doutrina verdadeira. O
resultado acima descrito é o que acontece quando a falsa
doutrina da Sola Scriptura é utilizada como princípio
guia, e a história da Igreja e das inúmeras heresias que
teve de combater são testemunhas inegáveis deste fato.
[Topo]
O Canon da Bíblia Não Estava Formado Até o Século IV
Um dos fatos históricos que é um extremo
inconveniente aos protestantes é o fato de que o cânon
da Bíblia - a lista sagrada dos livros que fazem parte
das Escrituras inspiradas - não fora definido até o
final do século 4. Até esta data, havia larga discórdia
sobre quais seriam os livros considerados inspirados e
de origem apostólica. O cânon bíblico antigo variava de
local a local: algumas listas continham livros que mais
tarde foram reconhecidos como apócrifos, enquanto outras
listas não traziam livros que hoje constam entre os
livros canônicos. Por exemplo, existiam livros cristãos
que eram considerados por alguns inspirados e
apostólicos e que eram lidos nos cultos públicos, mas
que foram mais tarde omitidos do Novo Testamento, entre
eles, O Pastor de Hermas, Epístola de Barnabé, Didaché
[18].
Somente nos Concílio de Roma (382), Hipona (393) e
Cartago (397) podemos encontrar uma lista definitiva dos
livros canônicos sendo descrita, e cada um destes
concílios reconheceu a mesma lista do anterior [19]. A
partir de então, não houveram mais disputas sobre o
cânon bíblico, a única exceção ficando a cargo dos
reformadores protestantes, que entraram em cena em 1517,
inacreditáveis 11 séculos depois.
Mais uma vez, mais duas questões fundamentais porque
alguém não deve buscar respostas que sejam consoantes
com a Sola Scriptura:
a) Quem ou o que serviu como autoridade cristão final
durante o tempo em que o Novo Testamento não tomou
forma? b) E se havia alguma autoridade final que os
protestantes reconhecem antes da definição do cânon, com
que bases está autoridade desapareceu uma vez que o
cânon bíblico tenha sido fechado? [Topo]
O Canon Foi Definido Por Uma Autoridade "Extra
Bíblia"
Devido a Bíblia não vir com um índice inspirado, a
doutrina da Sola Scriptura criou um outro dilema: como
alguém pode saber quais são os livros que pertencem à
Bíblia - principalmente, ao Novo Testamento? Um fato
inquestionável é que ninguém pode saber disso, a menos
que alguma coisa fora da Bíblia mostre a resposta. E sem
dúvida, este detalhe a mais deve ser, por necessidade,
infalível, pois a possibilidade haver erro na definição
dos livros inspirados [20] significa que todos os
cristãos estariam correndo o risco de estar lendo livros
não-inspirados, uma situação que tornaria a Sola
Scriptura defeituosa. Porém, se houve tal autoridade
"extra bíblica", a doutrina da Sola Scriptura desaba
da mesma forma.
Outro fato histórico que dificulta ainda mais a
aceitação desta doutrina é que não houve qualquer outra
instituição que tenha identificado e ratificado o cânon
da Bíblia. Os três Concílios mencionados anteriormente,
todos, eram concílios católicos. A Igreja Católica deu a
sua definição final do cânon da Bíblia no Concílio de
Trento em 1546 - nomeando os mesmos 73 livros que já
haviam sido incluídos desde o século 4. Se a Igreja
Católica é capaz, então, de conceder uma definição
autoritária e infalível de tão importante assunto sobre
quais livros deve conter a Bíblia, logo com que bases
alguém pode questionar sua autoridade em outros assuntos
acerca de fé e moral?
Os protestantes, no mínimo, devem, assim como o seu
fundador, Martinho Lutero, reconhecer que a Igreja
Católica protegeu e organizou a Bíblia: Somos obrigados
a reconhecer muitas coisas aos católicos - (como por
exemplo), que eles possuem a Palavra de Deus, que nós
recebemos deles; de outro modo, não saberíamos nada
sobre ela [21]. [Topo]
Crer Que a Bíblia é "Auto Autenticável" Não
Tem Bases
Procurando uma resposta satisfatória ao problema de
como fora determinado o cânon bíblico, os protestantes
costumeiramente apelam para o fato de que a Bíblia é
auto autenticável, ou seja, os próprios livros da Bíblia
testemunham que eles são inspirados. O grande problema
com esta afirmação é que uma boa excursão pela história
da Igreja demonstra que esta teoria é falha.
Por exemplo, vários livros do Novo Testamento - Tiago,
Judas, 2ª Pedro, 3ª João e Apocalipse - receberam
questionamentos acerca de seu status canônico por algum
tempo. Em alguns lugares eram aceitos, enquanto
simultaneamente em outros eram rejeitados. Mesmo grandes
pensadores, como Santo Atanásio (297-373), São Jerônimo
(342-420) e Santo Agostinho (354-430) apresentaram
listas de livros do Novo Testamento que refletiam o que
era reconhecido como inspirado em seus tempos e lugares,
porém nenhuma destas listas correspondia ao Novo
Testamento que fora identificado pela Igreja Católica no
fim do século 4 e que até hoje corresponde à Bíblia que
os católicos possuem [22].
Se a Bíblia é auto autenticável, porque, então, havia
tamanha discórdia e incerteza sobre tantos livros?
Porque a disputa? Porque o cânon não foi identificado
logo do início, já que os livros são prontamente
discerníveis? A única resposta a estes questionamentos é
que o cristão deve aceitar que a Bíblia não seja auto
autenticável.
Mais interessante também é o fato de que alguns livros
da Bíblia não identificam seu próprio autor. A ideia de
auto autenticação - se fosse verdade - seria mais
plausível se cada um dos autores bíblicos identificassem
a si mesmos, pois examinaríamos mais facilmente suas
credenciais, ou, no mínimo, quem era que alegava falar
em nome de Deus. Mas quanto a isso a Bíblia nos deixa
ignorantes, com poucos exemplos.
Tome o Evangelho de Mateus como exemplo: não há
indicação de que fora Mateus, o cobrador de impostos,
quem o escreveu. Há duas possibilidades, então, para
conhecermos o autor destes livros:
1) através da Tradição;
2) por estudiosos bíblicos. Em ambos os casos, a fonte
da conclusão é "extra bíblica", e, portanto,
condena a doutrina da Sola Scriptura à completa
incompetência e fracasso.
Mas os protestantes respondem a este argumento dizendo
que não é necessário conhecer se Mateus escreveu ou não
este Evangelho, pois a salvação não depende de conhecer
se foi ele ou outro quem o escreveu. Porém, tal ponto de
vista guarda uma dificuldade. O que os protestantes
estão dizendo é que, enquanto um Evangelho autêntico é a
Palavra de Deus e é o meio pelo qual o cristão adquire
um conhecimento salvífico de Jesus Cristo, o mesmo
cristão não tem como saber com certeza, no caso do
Evangelho de Mateus, se este é de origem apostólica e,
consequentemente, não possui meios para saber se este
Evangelho é autêntico (ou seja, a Palavra de Deus) ou
não. E se a autenticidade deste Evangelho é
questionável, então porque está incluído na Bíblia? Se
sua autenticidade é certa, como se pôde saber com a
ausência do autógrafo de Mateus? A única saída coerente
é admitir que a Bíblia não é auto autenticável.
O protestante então recorrerá à asserção bíblica de auto
inspiração, citando a passagem de 2ª Tm. 3, 16 - Toda
Escritura é inspirada por Deus, e útil... - Contudo, a
alegação de inspiração não é por si só garantia de
inspiração. Considere o fato de que os escritos de Mary
Baker Eddy, a fundadora da seita Ciência Cristã, aleguem
ser inspirados. Os escritos de Joseph Smith, o fundador
da seita Mórmon, afirmem ser inspirados. São apenas dois
exemplos, entre muitos, que demonstram que qualquer
escrito particular pode reclamar a autoridade sobre
qualquer coisa. Obviamente, para reconhecermos se um
escrito é inspirado de verdade ou não necessitamos mais
do que tal afirmação escrita no papel. A garantia de
inspiração de algum escrito deve vir de fora deste
escrito, senão será um eterno argumento circular. No
caso da Bíblia, a garantia deve vir de uma fonte fora da
Bíblia. Porém a autenticação extra bíblica é uma
possibilidade excluída pela Sola Scriptura. [Topo]
Nenhum Dos Escritos Bíblicos Originais Existe Mais
Uma importante consideração - talvez uma das mais
fatais à doutrina da Sola Scriptura - é a de que não
possuímos ao menos um manuscrito original de nenhum
livro da Bíblia. Claro que existem milhares de
manuscritos que são cópias dos originais - e mais
provável é que sejam cópias das cópias -, e este fato em
nada auxilia a Sola Scriptura pela simples razão de que
sem os originais, ninguém pode garantir que possuímos
atualmente a Bíblia real, completa e sem corrupções
[23]. Os autógrafos originais são inspirados, as cópias
não...
Os protestantes argumentam que não há problema em não
ter os escritos originais, pois Deus protegeu a Bíblia
protegendo sua duplicação ao longo dos séculos [24].
Entretanto, existem dois problemas com esta linha de
pensamento. Primeiro, que afirmar que a providência de
Deus manteve a integridade das cópias é afirmar algo que
não encontra nem de longe suporte nas Escrituras, logo
não pode ser tomada como regra de fé, pela própria
definição de Sola Scriptura. Em outras palavras, não se
encontra versículo algum que demonstre que Deus
protegeria a transmissão dos manuscritos, logo esta
conclusão está excluída. A Bíblia nada diz a respeito.
Segundo, se você afirmar que Deus protegeu a transmissão
da Sua Palavra escrita, então podemos concluir que
também protegeu a transmissão de Sua Palavra oralmente
(releia 2ª Ts. 2, 15 e a dimórfica estrutura da Palavra
de Deus). Até porque a pregação do Evangelho começou
pela Tradição Oral (cf. Lc. 1,1 -4 e Rm. 10, 17).
Somente muito tempo depois uma parte da Tradição oral
fora posta na forma Escrita - tornando-se a Sagrada
Escritura - e somente muito tempo após este mesmo evento
os escritos foram reconhecidos e definidos com
canônicos. Uma vez que você possa reconhecer que Deus
protegeu a transmissão oral de Sua mensagem, você
automaticamente admite as bases da Sagrada Tradição e já
começou a compreender a posição católica. [Topo]
Os Manuscritos Bíblicos Possuem Milhares de Variações
Percebeu-se que, existindo milhares de manuscritos
da Bíblia, estes manuscritos continham milhares de
variações textuais; um autor estima que devam existir
mais de 200.000 variações [25]. Apesar de muitas destas
variações referirem-se a temas menores - tais como
escrita, ordem das palavras e etc. - também existem
variações das mais importantes naturezas: a) os
manuscritos demonstram que algumas vezes os escribas
modificavam o texto para harmonizar passagens,
acomodá-las a fatos históricos, e para estabelecer uma
correta conduta doutrinária [26]; b) existem partes de
versículos (isto é, mais que simples palavras) que
possuem leitura diferente em diferentes manuscritos,
como Jo. 7, 39, At. 6, 8, Cl. 2, 2 e 1ª Ts. 3, 2 [27].
Estes fatos levam o protestante a não saber se a Bíblia
que possui é a mesma Bíblia que foi escrita pelo autor
inspirado. E se este é o caso, então como o protestante
pode professar a base de sua crença somente na Bíblia
quando ele não consegue determinar com certeza a
autenticidade textual desta mesma Bíblia? [28].
Mais importante, existem muito mais variações entre os
manuscritos do Novo Testamento. Os dois exemplos
seguintes ilustrarão este ponto:
Primeiro, de acordo com os manuscritos que possuímos,
existem quatro possíveis finais para o Evangelho de
Marcos: o menor, que inclui os vv.1-8 do capítulo 16, o
longo, que inclui os vv.1-8 mais os vv.9-20; o
intermediário, que inclui duas ou três linhas entre o
v.8 e o final longo, e o final longo expandido, que
inclui vários versículos após o v.14 do final longo
[29]. O melhor que podemos concluir sobre estas
diferenças é que não podemos saber, apenas pela Bíblia,
onde termina o Evangelho de Marcos, e, dependendo de
qual final está (ou estão) incluído(s) na Bíblia
protestante, o publicador corre o risco de estar
distribuindo Bíblias acrescentando ou omitindo
versículos do texto original - portanto violando a
doutrina da Sola Scriptura, que requer que somente a
Bíblia, e a Bíblia inteira seja a única regra de fé.
Mesmo se uma Bíblia protestante incluir todos os quatro
finais com notas de rodapé e comentários, mesmo assim
não terão a certeza de qual final é o genuíno.
Segundo, há algumas evidências para leituras alternadas
de alguns textos centrais da Bíblia, tal como Jo. 1, 18,
onde ocorrem dois possíveis significados [30]. Algumas
Bíblias (como a King James Version) trazem este
versículo como está na Douay-Rheims: Nenhum homem viu a
Deus em qualquer tempo, o filho único que está no seio
do Pai o revelou. Outras acompanham a New Internacional
Version: Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que
está à direita do Pai, foi quem o revelou. Ambas as
formas estão sustentadas por manuscritos, e você
encontrará exegetas bíblicos debruçarem seus mais
preciosos julgamentos à que creem seja a "correta".
Uma situação similar ocorre em At 20,28, onde os
manuscritos mostram que Paulo poderia estar se referindo
tanto à Igreja do Senhor (gr. Kurion) ou à Igreja de
Deus (gr. Theou) [31].
Este assunto pode parecer simplório à primeira vista,
mas suponha que você esteja tentando evangelizar um
membro de uma seita que nega a divindade de Jesus
Cristo. Ainda que Jo 1,18 e At 20,28 não sejam as únicas
passagens que possam defender a divindade de Nosso
Senhor, você ficará incapacitado de utilizá-los com esta
pessoa, dependendo de qual manuscrito sua Bíblia foi
reproduzida. Isto levá-lo-ia a uma possibilidade
reduzida de defender uma doutrina bíblica fundamental, e
este fato tornaria problemática a perspectiva da
doutrina da Sola Scriptura. [Topo]
Existem Centenas de Versões Bíblica
Como mencionado no tópico anterior, existem milhares e
milhares de variações nos manuscritos bíblicos.
Acrescentado a isto o fato de histórico de que existiram
centenas de versões bíblicas, variando cada uma tanto em
tradução quanto em fontes textuais. A questão é: qual é
a versão correta? ou qual é a versão mais fidedigna ao
original? A possível resposta dependerá de qual lado
você estiver, ou de católicos ou de protestantes. Outra
saída dependerá de qual especialista bíblico você
depositará sua confiança e credibilidade.
É fato que algumas versões são inferiores a outras. Os
avanços nos campos arqueológicos possibilitaram
descobertas (como os manuscritos do Mar Morto) que
alteraram nosso conhecimento sobre locais e linguagens
bíblicas antigas. Sabemos mais hoje pelos avanços dos
estudos bíblicos que nossos antepassados de 100, 200,
1000 anos atrás. Deste ponto de vista, versões bíblicas
contemporâneas provavelmente possuem certa superioridade
em relação às suas versões mais antigas. Por outro lado,
Bíblias transcritas a partir da Vulgata latina de São
Jerônimo (quarto século) - em língua inglesa, a
Douay-Rheims - são baseadas em textos originais que não
existem mais, portanto estas versões passaram por
dezesseis séculos de possíveis corrupções.
Isto causa um problema considerável aos protestantes,
pois significa que os protestantes modernos possuem, por
assim dizer, uma versão bíblica melhor ou mais acurada
que a Bíblia de seus antecessores, que, portanto,
possuíram Bíblias de menor qualidade - que por sua vez
leva a concluir que os protestantes modernos possuem uma
bíblia "mais completa" como autoridade final que a
bíblia "menos completa" que dos antigos protestantes. Só
que está discrepância entre autoridades começa a
diminuir a doutrina da Sola Scriptura, pois está
significa que uma bíblia não é mais ou menos autoritária
que outra, e se uma não é autêntica e completa, a
probabilidade de produzir doutrinas erradas é imensa,
logo a função particular da bíblia como autoridade final
falha, pois não pode mais ser uma autoridade final.
Outro ponto a considerar é que traduções bíblicas, como
produtos humanos, não são completamente objetivas e
imparciais. Um pode se sentir mais à vontade de incluir
notas a uma passagem de uma maneira que corresponda
melhor à doutrina que deseja transmitir. Um exemplo
disto é a ocorrência da palavra grega paradoseis nas
bíblias protestantes. Como negam a existência da Sagrada
Tradição, algumas traduções trazem esta palavra como
ensinamentos ou costumes e não tradições, sendo que esta
última é a que mais se encaixa na tradução correta e à
posição católica.
Ainda outra consideração é que algumas versões são
corrupções bíblicas notáveis, como é o caso da Bíblia
dos Testemunhas de Jeová, a New World Translation. Nela
os "tradutores" manusearam passagens bíblicas
para propagar doutrinas erradas [32]. Agora, a menos que
haja uma autoridade fora da Bíblia para declarar tais
traduções como falsas e perigosas, com qual autoridade e
revelação divina os protestantes podem considerar esta
ou aquela tradução como falsa? Com qual autoridade os
protestantes podem impedir os Testemunhas de usar esta
tradução para difundir suas doutrinas? Os protestantes
responderiam que este caso pode ser encontrado na
Bíblia, através dos estudos de pesquisadores bíblicos.
Contudo isto ignora o fato dos Testemunhas também
basearem sua tradução em estudos "especialistas".
Forma-se um jogo de vai e volta, colocando as conclusões
de um especialista contra outro, uma autoridade humana
contra outra.
Este problema somente pode ser resolvido pela
intervenção de um magistério infalível e com autoridade
de falar por Cristo. O católico sabe que está autoridade
é a Igreja Católica e a autoridade de seu magistério. No
exercício desta autoridade, os bispos católicos conferem
o imprimatur ("Imprima-se") que deve constar nas
primeiras páginas de certas versões bíblicas e outros
tipos de literatura religiosa para alertar os leitores
que aquele livro não contém nada contrário ao
ensinamento de Cristo ou dos apóstolos [33]. [Topo]
A Bíblia Não Estava Disponível a Todos Até o Século
15
Essencial à doutrina da Sola Scriptura é a ideia de que
o Espírito Santo guia cada crente na interpretação
infalível de qualquer passagem bíblica. Esta ideia, no
mínimo, requer que todos possuam Bíblias ou acesso a
ela. A dificuldade de tal pensamento está no fato de que
a Bíblia não era um produto de massas disponível para
todo mundo até o advento da imprensa no século 15 [34].
Mesmo depois disso, custava certo tempo até que um
número ideal de Bíblias fosse impressa para suprir a
população.
A difícil situação que esta ideia coloca é que milhões e
milhões de cristãos ficaram sem uma autoridade final até
o século 15, na total confusão espiritual, a menos que
eles pudessem possuir uma Bíblia manuscrita. Qualquer um
consideraria Deus um tanto cruel por causa disto, pois
teria revelado sua mensagem de salvação para a
humanidade por Cristo, mesmo sabendo que esta mensagem
não estaria disponível a esta mesma humanidade por
quinze séculos.
Porém sabemos que Deus não é cruel, mas tem um amor
infinito por nós. Por esta razão não nos deixaria na
escuridão. Nos enviou Seu único Filho para nos mostrar o
Reino de Deus, como deveríamos agir e crer, e este Filho
estabeleceu uma Igreja para promover esses ensinos
através da pregação aos letrados e iletrados: assim a fé
vem da pregação, e a pregação é o anuncio da Palavra de
Cristo (Rm. 10, 17). Cristo também deu à Sua Igreja a
garantia de que Ele sempre estaria com ela, nunca
permitindo que ensine o erro. Deus, por essa razão, não
abandonou Seu povo e fez com que antes da invenção da
imprensa estes chegassem ao conhecimento de Seu Filho.
De fato, deu-nos um mestre infalível, obra divina, a
Igreja Católica, para nos dar toda a informação
necessária sobre a Boa Nova - e da forma certa. [Topo]
A Sola Scriptura Não Existia Antes do Século XXIV
É uma realidade dura, mas deve ser encarada pelos
protestantes, o fato de que está doutrina não surgiu
antes do século 14 e não se difundiu antes do século 16
- um tempo longo, muito longo, desde a era dos apóstolos
e da fundação da Igreja de Cristo. Este fato, claro, é
simplesmente ignorado pelos protestantes, mas sozinho é
razão para refutar a Sola Scriptura. Esta doutrina não
existia antes de John Huss (precursor do protestantismo)
no século 14 e somente ganhou difusão quando Martinho
Lutero, no século 16, veio trazer suas "tradições de
homens" para pôr no lugar da autêntica doutrina cristã.
Esta doutrina, portanto, não somente surgiu do nada, mas
também representa uma mudança abrupta e radical no
ensino dos apóstolos.
Claro, os protestantes afirmam que a própria Bíblia
ensina a Sola Scriptura e por isso está doutrina é tão
antiga quanto a Igreja. Contudo, como mostramos nos
primeiros tópicos, a Bíblia não ensina está doutrina em
lugar algum. A insistência nesta afirmação é uma
tentativa de forçar um contexto bíblico que mais se
adeque ao que se pretende. Um exame acurado da história
revela se uma crença foi ou não originada por Jesus e
pelos apóstolos ou se apareceu em algum outro lugar no
tempo. O fato é que, apesar dos esforços protestantes,
os registros históricos são silenciosos quanto à
doutrina da Sola Scriptura antes do 14º século. [Topo]
Produz Maus Frutos, Como Divisões e Disputas
Se está doutrina fosse correta e santa, então todos os
protestantes deveriam concordar em todos os pontos
doutrinários, pois a Bíblia não pode ensinar doutrinas
contraditórias simultaneamente. Mas a realidade é que
existem milhares [35] de seitas protestantes, cada uma
proclamando ser a Bíblia sua única regra de fé, cada uma
garantindo que está pregando a verdade do Evangelho,
embora muitas preguem assuntos totalmente diferentes
umas das outras. Os protestantes, mestres da fuga, dizem
que tais doutrinas discordantes não são essenciais, são
secundárias, porém é realidade também que em assuntos,
então, centrais, mesmo estes, os protestantes discordam.
A salvação do homem, os sacramentos e a justificação são
somente alguns exemplos.
Exemplificando: algumas seitas pregam que Jesus está
simbolicamente presente na Eucaristia. Outros, como os
luteranos, creem o contrário, que Jesus está realmente
presente na Eucaristia. Algumas denominações pregam que
uma vez salvo, o crente não poderá jamais perder a sua
salvação, não importa se faça o bem ou o mal. Outros
pregam que o pecado pode causar a condenação do homem,
mesmo após justificado. Algumas seitas afirmam que o ser
justificado é apenas declarado justo, enquanto outras
afirmam que o ser justificado é tornado justo.
Jesus jamais quis que seus discípulos estivessem
divididos, desunidos, mergulhados num caos doutrinário
como está o protestantismo desde a sua origem [36].
Jesus, pelo contrário, pediu a união de seus seguidores:
para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em
mim e eu em ti, que também eles estejam em nós (Jo. 17,
21). E São Paulo exorta aos cristãos a unidade
doutrinária com estas palavras: um só corpo e um só
Espírito...um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef.
4, 4-5). Como, então, as milhares de seitas protestantes
podem ser denominadas de "Igrejas verdadeiras"
quando as suas simples existências já refutam tal
presunção? Como doutrinas tão heterodoxas e
contraditórias podem servir de instrumento divino de
união, desejada por Jesus? Sobre isto, o leitor deve
lembrar das palavras de Jesus: pela árvore se conhece os
frutos (Mt. 12, 33). Por este versículo, vemos que a
árvore da história do protestantismo e da Sola Scriptura
está recheada de maus frutos. [Topo]
Não Permite a Interpretação Definitiva da Bíblia
A doutrina da Sola Scriptura não permite a
interpretação definitiva de nenhuma passagem bíblica
Como temos visto, a Sola Scriptura supõe que basta uma
Bíblia como regra de fé para se obter a verdadeira
interpretação de qualquer passagem bíblica simplesmente
comparando este verso com o restante da Bíblia. Na
prática, contudo, o remendo saiu pior que a fratura,
pois acaba por impedir que o crente possa chegar a uma
certa e definitiva interpretação de qualquer passagem
bíblica.
O protestante, na verdade, interpreta a Bíblia mais a
partir de uma opinião subjetiva que de uma verdade
objetiva. Por exemplo, digamos que o protestante A
estudou a determinada passagem bíblica e chegou à
conclusão X. O protestante B estudou a mesma passagem,
mas concluiu Y. Então, o protestante C estudou a mesma
passagem dos outros dois, mas chegou a uma interpretação
Z [37]. As interpretações X, Y e Z são contraditórias,
entretanto cada um acha que chegou à verdadeira
interpretação bíblica porque cada um estudou e comparou
a Bíblia pela Bíblia.
Existem, agora, somente duas saídas para estes três
protestantes:
1) todos estão errados;
2) somente um está correto.
Três interpretações contraditórias jamais podem estar
simultaneamente corretas [38]. O problema aqui é que,
sem haver uma autoridade infalível que diga qual das
três interpretações é a verdadeira (objetivamente
verdadeira), não há meios para se saber qual das três é
a correta seguramente. Cada protestante está, portanto,
em meio a uma interpretação pessoal baseada meramente em
opinião pessoal. Estudos e mais estudos são vãos. Cada
protestante torna-se, com isso, sua própria autoridade
final, ou seja, seu próprio Papa.
Na prática o próprio protestantismo nos mostra que este
raciocínio é verdadeiro. Pelo fato de somente a Bíblia
não ser suficiente como regra de fé (se fosse, todos os
protestantes concordariam em interpretação), cada
denominação tem que se render e aderir fixamente às suas
próprias interpretações bíblicas. Logo, se existem
várias possíveis interpretações da Bíblia, nenhuma é de
fato definitiva. E se não há interpretação definitiva da
Bíblia o protestante não têm como saber se sua
interpretação é verdadeira ou falsa.
Uma boa comparação seria com a lei moral. Se cada um
pudesse determinar por sua própria opinião o que é certo
e errado, não restaria nada mais que um relativismo
moral, e cada uma fixaria seus próprios padrões morais.
Entretanto, Deus definiu leis morais absolutas para nós
(em adição às que conhecemos pelas leis naturais), e por
isso podemos analisar cada ato e reconhecer se é
moralmente bom ou mal. O mundo seria impraticável sem
moral absoluta.
Cada denominação protestante afirma, lógico, que possui
a verdadeira interpretação bíblica. Todas fazem isso. Se
não fizessem, perderiam membros. Entretanto, se afirmam
que possuem a verdadeira interpretação bíblica, em
detrimento às demais, então está se auto proclamando
autoridade final. O problema aqui, se os leitores ainda
não notaram, é que este detalhe viola o princípio da
Sola Scriptura, que rejeita qualquer autoridade final
que não seja a própria Bíblia. Cheque mate.
Por outro lado, se uma denominação reconhece que sua
interpretação bíblica não é mais correta que a de outra,
então voltamos ao eterno dilema: qual interpretação está
correta? existe alguma, então, que está correta? e se
todas são falsas?. Nosso Senhor disse: Eu sou o caminho,
a verdade e a vida (Jo 14,6). O problema aqui é que cada
denominação, na prática, afirma possuir a única
interpretação correta. Conclusão, milhares de
interpretações corretas diferentes, que resultam em uma
total impossibilidade de se conhecer a real e definitiva
interpretação a uma passagem bíblica qualquer. Em outras
palavras, nenhuma seita protestante pode dizer a
autoridade está aqui em relação a uma interpretação
bíblica. [Topo]
Faltam Sete Livros na Bíblia Protestante
Para sua decepção, os protestantes são culpados de
violar sua própria doutrina. A Sola Scriptura proíbe que
algo seja acrescentado ou subtraído das Escrituras,
porém os protestantes retiraram sete livros das
Escrituras do Antigo Testamento, assim como porões de
outros dois. Estes são erroneamente chamados de
Apócrifos (não-autênticos) pelos protestantes, e de
deuterocanônicos (segundo cânon) pelos católicos:
Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico,
Baruc, partes de Daniel e Ester.
Defendendo seu cânon incompleto, os protestantes
apresentam alguns argumentos, tais como:
1) O cânon menor, chamado cânon farisaico ou
palestinense do Antigo Testamento, foi aceito por Jesus
e seus apóstolos, pois eles nunca citaram nenhuma fonte
dos livros deuterocanônicos;
2) O Antigo Testamento foi fechado no tempo de Jesus, e
este era composto pelo cânon menor;
3) Os próprios judeus aceitaram o cânon menor no sínodo
de Jâmnia (ou Javneh) em 90 d.C.;
4) Os livros deuterocanônicos contém doutrinas ante
bíblicas.
Vejamos cada um destes argumentos:
1) Sobre este, que Jesus e seus apóstolos aceitaram o
cânon menor, um exame das citações neotestamentárias do
Antigo Testamento demonstrará a falácia. O Novo
Testamento cita o Antigo cerca de 350 vezes, e em
aproximadamente 300 destas (86%!) foram retiradas da
septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento,
largamente usada no tempo de Cristo. Esta versão, a
septuaginta, continha os deuterocanônicos.
Não há razão para dizer que Jesus e os seus discípulos
aceitaram o cânon menor, quando na maioria das vezes
utilizaram fontes do Antigo Testamento que continham os
deuterocanônicos.
Tomemos o exemplo de Paulo, cujas cartas missionárias
eram dirigidas a regiões fora da palestina. Deve-se
notar, por exemplo, que seu sermão em Antioquia na
Pisídia presumiu um conhecimento, entre seus ouvintes,
da Septuaginta e uma vez que a comunidade fora formada,
o conteúdo de suas cartas a estas era baseado na
Septuaginta [40] Obviamente, Paulo assim não rejeitava,
mas se utilizava do cânon maior, com os livros
deuterocanônicos.
Além do mais, é errado dizer que estes livros não foram
citados no Novo Testamento [41] e que tal citação deve
ser pré-requisito para a canonicidade de um livro
bíblico. Algumas fontes dizem que os deuterocanônicos
são citados no Novo Testamento, no mínimo, 150 vezes
[42]. Acrescido a isto, livros do cânon menor, como
Eclesiastes, Abdias e Ester não são citados por Jesus ou
seus apóstolos, e nem por isso os protestantes
retiraram-nos do seu cânon. Obviamente este argumento
não serve para determinar a canonicidade de um livro.
2) A evidência histórica mostrará que o argumento
protestante de que o cânon do Antigo Testamento foi
fechado no tempo de Jesus é falso. Primeiro que não
havia nenhum cânon palestino oficial, pois existia neste
tempo três canons em circulação [43], além da
Septuaginta. Segundo, as evidências mostram que o
judaísmo durante os últimos dois séculos antes de Cristo
e o primeiro século depois de Cristo não era uniforme em
seu entendimento sobre quais livros deveriam ser
considerados sagrados. Existiam muitas opiniões dentro e
fora de Israel sobre esta questão [44].
3) Usar o sínodo de Jâmnia para justificar o cânon menor
é problemático por algumas razões: a) tal decisão,
tomada cerca de 50 anos após a morte de Cristo, não tem
relação alguma com o cânon dos livros cristãos, pois os
rituais veterotestamentários (como não comer carne de
porco) não têm relação com o cristianismo; b) é
questionável se de fato este sínodo possuiu uma visão
definitiva e autoritária sobre o cânon do Antigo
Testamento das Escrituras, pois a lista continuou a
variar dentro judaísmo até o século 4 dC. [45]; c) o
sínodo foi, de certo modo, formado devido a polêmica
contra a seita dos cristãos, portanto em total oposição
ao cristianismo. Estes judeus aceitaram o cânon menor
porque os cristãos aceitavam o cânon maior da
Septuaginta; d) as decisões deste sínodo representaram a
decisão de apenas um ramo do judaísmo farisaico, o da
palestina, e não do judaísmo como um todo.
4) Por fim, para os protestantes afirmarem que os
deuterocanônicos possuem doutrinas ante bíblicas é
decididamente um caso de insegurança dogmática. Esta
conclusão foi tomada porque os reformadores, claramente
em antagonismo com a Igreja Católica, tomavam a Bíblia a
priori como um livro de doutrinas protestantes.
Descartaram os deuterocanônicos porque continham
doutrinas católicas, como 2º Mac. 12, 42-46, que
claramente baseia a oração pelas almas do purgatório:
santo foi e piedoso o seu pensamento, e foi essa a razão
por que mandou que se celebrasse pelos mortos um
sacrifício expiatório, para que fossem absolvidos de
seus pecados. Lutero, claramente, quis retirar também do
Novo Testamento livros como Apocalipse, Hebreus e Tiago,
este merecendo o nome de epístola de palha, onde nada de
evangélico é encontrado [46], isso devido, sem dúvidas,
o fato de que Tiago afirmava que somos salvos pela fé e
pelas boas obras (Tg. 2, 14-26), refutando a doutrina
recém-criada por Lutero de que somos salvos somente pela
fé, sem participação das obras. Lutero foi convencido
por seus correligionários a não retirar mais este livro
da Bíblia.
Além deste fato acima, existe o testemunho histórico da
continuidade do cânon bíblico. enquanto vimos que
existiam disputas em relação ao cânon bíblico, duas
considerações são evidentemente verdadeiras: a) com
certeza os deuterocanônicos eram usados pelos cristãos
do primeiro século, a começar por Jesus e seus
apóstolos; b) desde que foi definido o cânon no século
4, não vemos mudança alguma em relação ao conteúdo da
Bíblia. Na prática, a única disputa que surgiu após este
evento veio com a reforma protestante, somente no século
16, que decidiram que poderiam simplesmente lançar no
lixo a continuidade de 11 séculos do cânon bíblico em
sua existência formal, e 15 séculos de existência
prática.
O fato de que qualquer pessoa possa vir e simplesmente
alterar a continuidade de um tema tão central como o
conteúdo dos livros da Escritura deveria levar o cristão
a pensar seriamente sobre um detalhe. Este cristão
deveria se perguntar: com que autoridade esta pessoa
pôde fazer esta alteração? Tanto a história como os
próprios escritos de Lutero mostram que suas ações foram
baseadas em nada mais que sua opinião pessoal.
Certamente, tal "autoridade final" falha grosseiramente
no que se requer para que alguma alteração canônica seja
feita, especialmente quando se considera que o processo
de identificar o cânon bíblico envolveu um processo
guiado pelo Espírito Santo, levou séculos, e envolveu
algumas das maiores mentes do cristianismo assim como
alguns Concílios da Igreja. Mais interessante é o fato
de que outros chamados reformadores - e desde então
todos os protestantes - aceitaram a alteração do cânon
de Lutero, mesmo que todos dissessem que eram fiéis à
Bíblia e insistiam que nada deveria ser acrescentado ou
retirado de suas páginas [Topo]
Se Originou Dos Problemas Emocionais de Lutero
Se algo deve ser dito com relação a Martinho Lutero
é o fato de que ele era cronicamente assolado por uma
combinação de dúvidas e inseguranças quanto a sua
própria salvação e uma sensação de extrema impotência em
face as tentações do pecado. Ele próprio escreveu: meu
espírito está completamente partido e estou em eterno
estado de melancolia; pois, faça o que fizer, minha
retidão e minhas boas obras não me trazem ajuda ou
consolação alguma [47].
À luz desta realidade, pode-se acessar o perfil
emocional e psicológico do pensamento de Lutero e seu
impacto na origem de sua Sola Scriptura. Uma pequena
análise pode mostrar que está doutrina nasceu da
necessidade que Lutero tinha de se ver livre de seus
sentimentos de culpa, insegurança e tentação que o
"torturavam".
Considerando que o próprio Lutero admite uma tendência
obsessiva ao pecado, assim como uma inabilidade de
resistir a ele, fica claro que ele sofreu de "escrupulosidade",
e todos os estudiosos luteranos admitem isso [48].
Escrupulosidade significa que uma pessoa fica
extremamente ansiosa quanto a ter cometido um pecado
quando na verdade não há razão para tal, e uma pessoa
escrupulosa é aquela que geralmente supervaloriza seu
pecado, com uma correspondente confiança em Deus. Também
é relevante notar que a escrupulosidade parece ser
baseada em alguma disfunção psicológica [49].
Em outras palavras, Lutero provavelmente nunca desfrutou
de paz espiritual e psicológica, pois a voz de sua
"consciência" sempre o alcançava sobre qualquer assunto,
real ou imaginário. É natural que alguém tão atordoado
busque refúgio nesta voz, e para Lutero este refúgio foi
encontrado na doutrina da Sola Fide, ou a salvação
somente pela fé.
Mas desde que resistir ao pecado e praticar boas obras
são componentes essenciais para nossa salvação, e desde
que estes fatos são satisfatoriamente componentes e
defendidos pela Igreja Católica, Lutero se encontrou
diametricamente oposto à doutrina da Igreja. Pelo fato
de a Igreja ensinar a necessidade de algo que ele
exatamente não podia fazer, tomou uma decisão drástica -
uma que "resolveria" sua escrupulosidade: rejeitou a
autoridade da Igreja, contida no seu Magistério cujo
Papa é o chefe, e afirmou que era algo contrário à
Bíblia. Em outras palavras, por dizer que a Sola
Scriptura deveria ser a verdadeira doutrina cristã,
Lutero repugnou a autoridade que o fazia reconhecer que
sua própria espiritualidade era disfuncional. [Topo]
Considerações Finais
Por todas estas razões, então, é evidente que a
doutrina protestante da Sola Scriptura é uma
extremamente anti-bíblica, humana e errônea crença que
deve ser desacreditada e rejeitada completamente. Todos
os que são genuinamente cristãos e seguem as verdades
que Jesus ensinou - mesmo que contradiga o seu sistema
religioso atual - devem reconhecer a falha desta
doutrina, falha está óbvia pelas Escrituras, pela
história e pela lógica.
A plenitude da verdade cristã, sem erro, é encontrada
somente na Igreja Católica, a mesma Igreja que o próprio
Cristo estabeleceu sobre a terra. De acordo com esta
Igreja, a Sola Scriptura é uma distorção da autoridade
cristã. Na realidade, a verdadeira e direta regra de fé
do cristão é a Igreja, que por sua vez absorve o que
ensina da Revelação Divina - a Tradição Escrita e a
Tradição Oral, que juntas formam a regra indireta de fé.
A Escritura e a Tradição são as fontes inspiradas da
doutrina cristã, enquanto que a Igreja - entidade
histórica e visível em sucessão ininterrupta desde Pedro
e os demais apóstolos - é a intérprete infalível da
doutrina cristã. Somente aceitando completamente esta
regra de fé que os seguidores de Cristo podem aderir a
todas as coisas que Ele ordenou aos seus apóstolos
ensinar (Mt. 28, 20). Somente aceitando completamente
esta regra de fé o cristão pode conhecer a verdadeira
doutrina pregada por Cristo, e nada além da verdade.
[Topo]
Referências
Nota: entre as referências estão citados alguns
autores protestantes. Seus trabalhos não são obras
recomendadas, porém mostram que os pontos apresentados
neste trabalho são verdadeiros e válidos mesmo entre os
protestantes.
1. A reforma protestante não foi uma reforma no sentido
verdadeiro da palavra, mas sim uma revolução - uma
alteração violenta da legítima religiosidade e ordem
civil.
2. W.E. Vine [protestante], Vine's Expository Dictionary
of New Testament Words (McLean, VA: McDonald Publishing
House, n. d.), p. 387. Cf. St. Afonso de Liguóri,
Exposição e defesa de todos os assuntos de fé discutidos
e definidos pelo Santo Concílio de Trento; com a
refutação dos erros dos pretensos reformadores, etc.
(Dublin: James Duffy, 1846), p. 50.
3. Apesar de todos os livros do Novo Testamento já terem
sido escritos enquanto João finalizava o Apocalipse,
ainda não estavam organizados como Sagrada Escritura.
4. A palavra traduzida como ordenança é também traduzida
como ensinamento ou tradição, por exemplo, a NIV traz
ensinamento com uma nota dizendo: "ou tradição".
5. Vine, op. cit., p. 564
6. Um exemplo desta forma interpretativa envolve Ap, 12.
Os Padres da Igreja entenderam a mulher vestida de sol
como referência à Assunção da Virgem Maria. Alguém
afirmar que esta doutrina não existia até 1950 (o ano em
que o Papa Pio XII definiu-o como dogma de fé)
corresponde a uma grande ignorância de história
eclesial. Essencialmente, a crença surgiu desde o
início, mas não fora formalmente definida até o século
20. Deve-se saber que a Igreja geralmente não costuma
definir uma doutrina formalmente a não ser que esta seja
questionada por correntes heréticas perigosas. Tais
ocasiões requerem uma necessidade oficial de definir
parâmetros sobre a doutrina em questão.
7. A Igreja Católica afirma que "o corpo dos Bispos",
os sucessores dos apóstolos, também goza de
infalibilidade, quando, em união com o Papa, "exerce
seu magistério supremo, sobretudo em um Concílio
Ecumênico" (cf. CCE # 891). "Ligar e desligar"
é uma terminologia rabínica, e se refere à autoridade de
seus ensinamentos e interpretações. Cristo claramente
pretendeu, portanto, que seus apóstolos, sob a liderança
de Simão Pedro (contudo somente Pedro recebeu o poder
das chaves), possuíssem a autoridade para ensinar a
correta interpretação.
8. A afirmação protestante de que a Bíblia interpreta a
si mesma nada mais é do que uma futilidade. Afirmam que
cada pessoa pode chegar a uma correta interpretação
bíblica comparando seus versículos com outros da Bíblia.
O problema com este argumento pode ser assim
demonstrado: peça a dez pessoas para darem sua
interpretação sobre um certo versículo bíblico, e é
provável que encontre dez interpretações diferentes. Se
a Bíblia pudesse interpretar a si mesma, sempre se
chegaria à mesma conclusão, independente da época em que
se estuda, mesmo pelas mais diferentes pessoas. E se tal
diferença de interpretações pode ser verdadeira para
apenas dez pessoas, imagine então o resultado quando se
multiplica este número por milhares ou milhões? A
história já demonstrou tal resultado, e seu nome é
Protestantismo.
9. Existem alguns estudiosos que afirmam que 2 Pd foi o
último livro escrito do Novo Testamento, datando do
início do século dois. Pelo fato de não haver consenso
entre os especialistas sobre a data acurada, é
suficiente para nosso propósito aceitar a visão geral de
que ao fim do século um todos os livros do Novo
Testamento já haviam sido escritos.
10. Veja, por exemplo, Santo Irineu, Contra as Heresias
3,3; Tertuliano, Prescrição contra os hereges 32,
Orígenes, Primeiros princípios, 1, prefácio.
11. Veja, por exemplo, Santo Inácio, Carta aos
Esmirnenses 8-9; Carta aos Filadélfos, introdução e
cap.1-4; Carta aos Magnésios, 7.
12. Veja, por exemplo, 1 Clemente 1,56,58,59; Santo
Inácio, Carta aos Romanos, introdução e cap.3; Santo
Irineu, Contra as Heresias 3,3; Tertuliano, Prescrição
contra os hereges 22; Eusébio, História Eclesiástica
5,24,9.
13. Msr. Patrick F. O'Hare, L L D, The Facts about
Luther (Cincinnati: Pustet, 1916; Rockford, IL; Tan,
1987), pp. 215-255.
14. Walch, XIII, 2195, citado em The Facts about Luther,
p. 15.
15. É relevante que os decretos de um Concílio Ecumênico
não porta autoridade a menos que seja ratificados pelo
Papa.
16. Dois versículos favoritos dos arianos para respaldar
sua crença são Pv. 8, 22 e Jo. 14, 28.
17. John Henry Newman, Os arianos do quarto século.
18. Henry G. Graham, Where we got the Bible: our debt to
the Catholic Church (St. Louis: B. Herder, 1911;
Rockford, IL: TAN, 1977, 17th edição), pp. 34-35.
19. É a mesma lista dada pela declaração final,
explícita e infalível da Igreja sobre quais os livros a
serem incluídos na Bíblia, feita pelo Concílio de
Trento, na sessão IV, em 1546. Listas iniciais dos
livros canônicos eram as listas do "Decreto Gelasiano",
dado pela autoridade do Papa Dâmaso em 382, e o cânon do
Papa Inocêncio I, enviada a um bispo franco em 405.
Nenhum dos dois documentos pretendia compor uma
afirmação infalível a toda a Igreja, mas ambos incluíam
os mesmos 73 livros da lista de Trento 11 séculos antes.
(The Catholic Encyclopedia [New York: The Encyclopedia
Press, 1913], vol. 3, p. 272).
20. O leitor deve notar que a Igreja Católica não afirma
que a identificação dos livros da Bíblia não os tornaram
canônicos. Deus é quem é o autor da canonicidade. A
Igreja Católica afirma, isto sim, que somente ela detém
a autoridade e responsabilidade por identificar
infalivelmente quais são os livros canonizados por Deus
que devem compor a Bíblia cristã.
21. Commentary on John, cap. 16, como citado em Paul
Stenhouse, Catholic Ansewrs to "Bible" Christians
(Kensington: Chevalier Press, 1993), p. 31.
22. Graham, op. cit, p. 31.
23. Nem as primeiras cópias da Bíblia, o Codex Vaticanus
e o Codex Sinaiticus, ambos datados do quarto século
d.C., nem qualquer outra cópia contém a Bíblia inteira,
pois partes dos manuscritos foram perdidos ou
destruídos. A grande maioria dos manuscritos que existem
atualmente são apenas fragmentos da Bíblia.
24. A ironia é que foi pelos esforços incansáveis e
laboriosos dos monges católicos em suas clausuras que a
Palavra de Deus escrita sobreviveu através dos séculos.
A acusação de que os católicos fizeram de tudo para
suprimir a Bíblia é uma das mais perniciosas falsidades,
e é facilmente refutada pelo atento exame nas pesquisas
da história da Igreja. Muito pelo contrário, a Igreja
Católica, cuja única função é ser a guardiã do Depósito
da Fé, protegeu a Bíblia das traduções falsas e
espúrias, e foram estas versões que foram destruídas ou
queimadas para evitar que falsos evangelhos circulasse.
25. Raymond F. Collins, Introduction to the New
Testament (Garden City, NY: Doubleday & Company, Inc.,
1983), p. 77.
26. Ibid., pp. 100-102.
27. Bruce M. Matzger [protestante], The Text of the New
Testament: its transmission, corruption and restoration
(Oxford University Press, 1992), pp. 221-225, 234-242.
28. Os protestantes argumentam que mesmo com as
variações nos manuscritos bíblicos, nenhum aborda as
doutrinas principais. Mesmo que fosse verdadeira esta
afirmação, não altera o fato de que os protestantes
estão verdadeiramente admitindo, ao menos indiretamente,
que aceitam algumas doutrinas que são diferentes da
Bíblia "real". E se isto é verdadeiro, então o
próprio protestante começa a desmerecer a Sola
Scriptura.
29. Metzger, op. cit., pp. 226-228.
30. Collins, op. cit., p. 102.
31. Metzger, op. cit., p. 234.
32. Entre os vários exemplos que poderiam ser citados,
por motivos de espaço, vamos considerar somente algumas
ilustrações sobre este assunto. Em Jo. 1, 1, a NWT traz,
"...e a Palavra era um deus" e não "e a
Palavra era Deus", isto porque os Testemunhas
rejeitam a divindade de Cristo. Em Cl. 1, 15-20, a NWT
acrescenta a palavra outro no texto quatro vezes porque
creem que Jesus era uma criatura. Em Mt 26,26 a NWT
traz, "...isto significa meu corpo..." e não
"...isto é o meu corpo", porque os Testemunhas negam
a Real Presença de Jesus na Eucaristia.
33. Além do mais, a versão latina Vulgata recebeu uma
aprovação particular pelo Concílio de Trento entre todas
as demais versões latinas existentes na época. O
Concílio declarou: ...esse mesmo sacrossanto Concílio
determina e declara: que nas preleções públicas, nas
discussões, pregações e exposições seja tida por
legítima a antiga edição da Vulgata, que pelo longo uso
de tantos séculos se comprovou na Igreja; e que ninguém,
sob qualquer pretexto, se atreva ou presuma rejeitá-la.
(Sessão IV [8-4-1546], A edição da Vulgata da Bíblia e o
modo de interpretação, 785). Desde então, como afirmou o
Papa Pio XII na Carta Encíclica Divino Afflante Spiritu
("Sobre a promoção dos estudos bíblicos"), a
Vulgata, "quando interpretada no sentido que a Igreja
sempre entendeu" é "livre de erro em matéria de
fé e moral". Em 1970 o Papa Pio IX (1903-1914)
iniciou a revisão da Vulgata para uma maior acurácia
textual. Após sua morte, este enorme projeto está sendo
continuado por outros. Em 1979 João Paulo II promulgou a
"Nova Vulgata" como Editio typica ou "edição
normativa".
34. Notemos que o inventor da imprensa - Johannes
Gutenberg - era católico, e que o primeiro livro
impresso foi a Bíblia (circa 1455). Também deve ser
notado que esta primeira Bíblia continha os 73 livros
que até hoje compõem a Bíblia católica. Portanto, os
protestantes retiraram os 7 livros da Bíblia quando está
já existia em formato impresso.
35. Alguns estimam que existam cerca de 25 mil
denominações protestantes diferentes. Contando-se a
partir de 500 anos de história protestante, desde Lutero
(1517), este número significa uma média de uma nova
denominação protestante nova por dia! Sabemos, contudo,
que estes dados são desatualizados, e existem muito mais
de 25 mil denominações/seitas protestantes diferentes.
36. Mesmo os primeiros reformadores - Martinho Lutero,
João Calvino e Ulrich Zwingli - não concordavam em
assuntos doutrinários e classificaram as doutrinas uns
dos outros como heréticas.
37. Três aqui é usado apenas como ilustração. A
quantidade histórica (isto é, o número das variações nas
interpretações de várias passagens) é imensamente maior.
38. Não é negado que uma passagem da Escritura possa ter
diferentes níveis de interpretação ou que possa ter
diferentes níveis de significado em termos de sua
aplicação na vida do cristão. O que é negado aqui,
contudo, é o fato de uma passagem possuir mais de um
significado doutrinário ou teológico oposto a outro. Por
exemplo, se duas pessoas afirmam, respectivamente, "X" e
"não-X" para uma determinada interpretação, ambos não
podem estar corretos. Tome a doutrina da Real Presença
na Eucaristia. Se o primeiro afirma que Jesus está
presente no pão e no vinho, mas a segunda pessoa afirma
que Cristo não está presente no pão e no vinho, é
impossível que ambas as doutrinas estejam corretas ao
mesmo tempo.
39. O cânon farisaico, usado pelos judeus da Palestina,
não continha os livros deuterocanônicos. O cânon
alexandrino ou Septuaginta, usado largamente pelos
judeus da diáspora (regiões helenísticas fora da
Palestina), continha os livros deuterocanônicos.
40. W.H.C. Frend [protestante], The Rise of the
Christianity (Philadelphia, PA: Fortress Press, 1984),
pp. 99-100.
41. Para alguns exemplos, compare as seguintes
passagens: Mt. 6, 14-15 e Eclo. 28, 2; Mt. 6, 7 e Eclo.
7, 15; Mt. 7, 12 e Tb. 4, 15-16; Lc. 12, 18-20 e Eclo.
11, 19; At. 10, 34 e Eclo. 35, 15; At. 10, 26 e Sb. 7,
1; Mt. 8, 11 e Br. 4, 37.
42. Lee Martin McDonald [protestante], The Formation of
the Biblical Canon, Apêndice A (Nashville, TN: The
Parthenon Press, 1988) (Lista entitulada "New Testament
citations and allusions to apocryphal and
pseudo eptgraphal writtings", adaptado de The Text of the
New Testament, de Kurt Aland e Barbara Aland, dois
famosos biblistas).
43. Incluem
a) o cânon de Qumram, conhecido pelos
Manuscritos do Mar Morto;
b) o cânon farisaico e
c) o
cânon saduceu/samaritano, que inclui somente o Torah (os
primeiros livros do Antigo Testamento).
44. McDonald, op. cit., p. 53.
45. Ibid, p. 60.
46. Hartmann Grisar, SJ, Marthin Luther: His life and
work (B. Herder, 1930: Westminster, MD: The Newman
Press, 1961), p. 426.
47. Jansen, Vol. III, p. 84, como citado em O'Hare, op.
cit., p. 51.
48. Cf. Fr. William Most, "Somos salvos somente pela
fé"? Fita cassete da Catholic Answers, PO Box
174900, San Diego, CA 92177.
49. Fr. Peter Stravinskas, ed., Catholic Encyclopedia (Huntington,
Indiana: Our Sunday Visitor, Inc. 1991), p. 873.)
Autor: Joel Peters
Tradução: Rondinelly Ribeiro |
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61. 27 livros perdidos citados pela Bíblia |
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No Antigo Testamento:
1. Livro das Guerras de Javé: "por isso se diz no
Livro das Guerras de Javé: 'Assim como fez no Mar
Vermelho, assim fará nas torrentes do Arnon. Os rochedos
das torrentes se inclinaram, para descansar em Ar, e
repousarem sobre os confins dos moabitas" (Num. 21,
14-15)
2. Livro do Justo: "foi então que Josué falou ao
Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus aos
filhos de Israel. Disse Josué na presença de Israel:
'Sol, detém-te em Gabaão, e tu, lua, no vale de Ajalão!'
E o sol e a lua pararam até que o povo se vingou de seus
inimigos. Não está isto escrito no Livro do Justo? Parou
pois o sol no meio do céu, e não se apressou a pôr-se
durante o espaço de um dia" (Jos. 10, 12-13).
"E (Davi) ordenou que ensinassem aos filhos de Judá o
(cântico chamado do) arco, conforme está escrito no
Livro do Justo. E disse: 'Considera, ó Israel, os que
morreram sobre os teus altos, cobertos de feridas'"
(2º Sam. 1, 18).
3. Provérbios e Cânticos de Salomão: "proferiu ele
(Salomão) três mil provérbios, e foram os seus cânticos
mil e cinco. Discorreu acerca das plantas, desde o cedro
que está no Líbano até o hissopo que brota da parede.
Também falou dos animais e das aves, e dos répteis, e
dos peixes" (1º Rs. 4, 32-33).
4. Livro dos Atos de Salomão: "quanto aos demais atos
de Salomão, e a tudo quanto fez, e à sua sabedoria,
porventura não está escrito no Livro dos Atos de
Salomão"? (1º Rs. 11, 41).
5. Livro das Crônicas dos Reis de Israel: "quanto ao
restante dos atos de Jeroboão, como guerreou e como
reinou, está escrito no Livro das Crônicas dos Reis de
Israel" (1º Rs. 14, 19).
6. Livro das Crônicas dos Reis de Judá: "quanto ao
restante dos atos de Roboão, e a tudo quanto fez,
porventura não está escrito no Livro das Crônicas dos
Reis de Judá"? (1º Rs. 14, 29).
7. Livro do Profeta Natã: "os atos do rei Davi, tanto
os primeiros quanto os últimos, estão escritos no livro
de Samuel, o vidente, no Livro de Natã, o profeta, e no
Livro de Gade, o vidente" (1º Cr. 29, 29).
"Quanto ao resto dos atos de Salomão, dos primeiros aos
últimos, porventura não estão escritos no livro da
história de Natã, o profeta, e nos livros de Aías, o
silonita, e nas visões de Ado, o vidente, acerca de
Jeroboão, filho de Nebate"? (2º Cr. 9, 29).
8. Livro de Samuel, o Vidente: "os atos do rei Davi,
tanto os primeiros quanto os últimos, estão escritos no
livro de Samuel, o vidente, no Livro de Natã, o profeta,
e no Livro de Gade, o vidente" (1º Cr. 29, 29).
9. Livro de Aías, o Silonita: "quanto ao resto dos
atos de Salomão, dos primeiros aos últimos, porventura
não estão escritos no livro da história de Natã, o
profeta, e nos livros de Aías, o silonita, e nas visões
de Ado, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate"?
(2º Cr. 9, 29).
10. Livro de Ado, o Vidente: "quanto ao resto dos
atos de Salomão, dos primeiros aos últimos, porventura
não estão escritos no livro da história de Natã, o
profeta, e nos livros de Aías, o silonita, e nas visões
de Ado, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate"?
(2º Cr. 9, 29).
"Quanto ao resto dos atos de Roboão, dos primeiros
aos últimos, está escrito nos livros de Semaias, o
profeta, e de Ado, o vidente, e diligentemente
registrado: 'houve guerra entre Roboão e Jeroboão
durante todos os seus dias'" (2º Cr. 12, 15).
"Quanto ao resto dos atos de Abias, seu caráter e
obras, está diligentemente escrito no Livro de Ado, o
profeta" (2º Cr. 13, 22).
11. Livros de Semaias, o profeta: "quanto ao resto
dos atos de Roboão, dos primeiros aos últimos, está
escrito nos livros de Semaias, o profeta, e de Ado, o
vidente, e diligentemente registrado: 'houve guerra
entre Roboão e Jeroboão durante todos os seus dias'"
(2º Cr. 12, 15).
12. Livro dos Reis de Judá e Israel: "mas os feitos de
Asa, dos primeiros aos últimos, estão escritos no Livro
dos Reis de Judá e Israel" (2º Cr. 16, 11).
13. Livro dos Reis de Israel e Judá: "quanto ao resto
dos atos de Joatão, e todas as suas guerras e obras,
estão escritos no Livro dos Reis de Israel e Judá"
(2º Cr. 27, 7).
14. Livro dos Reis: "o relato dos seus filhos, as
muitas sentenças proferidas contra ele e o registro da
restauração da casa de Deus, estão escritos
diligentemente no Livro dos Reis. E Amasias, seu filho,
reinou em seu lugar" (2º Cr. 24, 27).
15. Anais dos Reis de Israel: "mas o resto dos atos
de Manassés, sua oração ao seu Deus e as palavras dos
videntes que falaram-lhe em nome do Senhor Deus de
Israel, estão contidas nos Anais dos Reis de Israel"
(2º Cr. 33, 18).
16. Comentários de Jeú, filho de Hanani: "mas o resto
dos atos de Josafá, dos primeiros aos últimos, estão
escritos nos comentários de Jeú, filho de Hanani, que
observou nos Livros dos Reis de Israel" (2º Cr. 20,
34).
17. A História de Osias, por Isaías, filho de Amós, o
profeta: "mas o resto dos atos de Ozias, dos
primeiros aos últimos, foi escrito por Isaías, filho de
Amós, o profeta" (2º Cr. 26, 22).
18. Palavras de Hozai: "a oração que ele (Manassés)
fez, como foi ouvido, todos os seus pecados e o desprezo
(de Deus), os lugares também em que mandou edificar
altos, em que mandou plantar bosques, e colocar
estátuas, antes de fazer penitência, encontra-se tudo
escrito no Livro de Hozai" (2º Cr. 33, 19).
19. Livros dos Medos e dos Persas: "ora, o rei
Assuero tinha imposto tributo a toda terra e todas ilhas
do mar. Nos Livros dos Medos e dos Persas se acha
escrito qual foi o seu poder e o seu domínio, a
dignidade e a grandeza a que ele exaltou Mardoqueu"
(Est. 10, 1-2).
20. Anais do Pontificado de João: "o resto dos atos
de João, das suas guerras, das empresas que
valorosamente se portou, da reedificação dos muros que
construiu e de todas as suas ações, tudo está escrito no
Livro dos Anais do seu pontificado, começando desde o
tempo em que foi constituído sumo-pontífice em lugar de
seu pai" (1º Mac. 16, 23-24).
21. Descrições de Jeremias, o profeta: "nos
documentos referentes ao profeta Jeremias, lê-se que ele
ordenou aos que eram levados para o cativeiro que
tomassem o fogo, como já foi referido, e que lhe faz
recomendações (...) Lia-se também nos mesmos escritos,
que este profeta, por uma ordem particular recebida de
Deus, mandou que se levassem com ele o tabernáculo e a
arca, quando escalou o monte a que Moisés tinha subido
para ver a herança de Deus. Tendo ali chegado, Jeremias
achou uma caverna; pôs nela o tabernáculo, a arca e o
altar dos perfumes, e tapou a entrada. Alguns dos que o
seguiam voltaram de novo para marcar o caminho com
sinais, mas não puderam encontrá-lo" (2º Mac. 2,1.
4-6).
22. Memórias e Comentários de Neemias: "estas mesmas
coisas se achavam nos comentários e memórias de Neemias,
onde se lia que ele formou uma biblioteca, recolhendo os
livros referentes aos reis e profetas, os de Davi e as
cartas dos reis respeitantes às oferendas" (2º Mac.
2, 13).
23. Os Cinco Livros de Jasão de Cirene: "a história
de Judas Macabeu e seus irmãos, a purificação do grande
templo e a dedicação do altar, as guerras contra Antíoco
Epífanes e seu filho Êupator, as manifestações do céu a
favor dos que pelejaram pelo judaísmo com valentia e
zelo, os quais, sendo poucos, se tornaram senhores de
todo o país e puseram em fuga um grande número de
bárbaros, recobraram o templo famoso em todo o mundo,
livraram a cidade da escravidão, restabeleceram as leis
que iam ser abolidas, graças ao Senhor que lhes foi
propício com evidentes provas da sua bondade, tudo isto,
que Jasão de Cirene escreveu em cinco livros, procuramos
nós resumir num só volume".
No Novo Testamento:
1. A Epístola Prévia de Paulo aos Coríntios: "por
carta vos escrevi que não tivésseis comunicação com os
fornicadores; não certamente com os fornicadores deste
mundo, ou com os avarentos, ou ladrões, ou com os
idólatras; doutra sorte deveríeis sair deste mundo".
(1ª Cor. 5, 9-10).
2. Epístola de Paulo aos Laodicenses: "saudai os
irmãos que estão em Laodicéia, e Ninfas e a igreja que
se reúne em sua casa. Lida que for esta carta entre vós,
fazei que seja lida também na Igreja dos Laodicenses; e
vós, lede a dos laodicenses" (Col. 4, 15-16).
3. A Profecia de Enoque: "também Enoque, o sétimo
patriarca depois de Adão, profetizou destes, dizendo:
'Eis que vem o Senhor, entre milhares dos seus santos, a
fazer juízo contra todos, e a arguir todos os ímpios de
todas as obras da sua impiedade, que impiamente fizeram,
e de todas as palavras injuriosas, que os pecadores
ímpios têm proferido contra Deus'" (Jd. 1, 14-15).
4. A Disputa pelo Corpo de Moisés: "quando o Arcanjo
Miguel, disputando com o demônio, altercava sobre o
corpo de Moisés, não se atreveu a proferir contra ele a
sentença da maldição, mas disse somente: 'reprima-te o
Senhor'" (Jd. 1, 9)].
Autor: Charles the Hammer
Fonte: Traditional Catholic Apologetics
Tradução: Carlos Martins Nabeto |
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62. A tarefa do exegeta
católico |
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A tarefa dos exegetas católicos comporta vários
aspectos. É uma tarefa de Igreja, pois ela consiste em
estudar e explicar a Sagrada Escritura, de maneira a
colocar todas as riquezas à disposição dos pastores e
dos fiéis. Mas é ao mesmo tempo uma tarefa científica
que coloca o exegeta católico em relação com seus
colegas não católicos e com vários setores da pesquisa
científica. De outro lado, esta tarefa compreende ao
mesmo tempo o trabalho de pesquisa e o de ensino. Tanto
um como outro concluem-se normalmente em publicações.
1. Orientações Principais
Aplicando-se às suas tarefas, os exegetas católicos
devem levar em séria consideração o caráter histórico da
revelação bíblica. Pois os dois Testamentos exprimem em
palavras humanas, que levam a marca do tempo delas, a
revelação histórica que Deus fez, por diversos meios,
dele mesmo e de seu plano de salvação. Consequentemente,
os exegetas devem se servir do método histórico-crítico.
Eles não podem, no entanto, atribuir-lhe a
exclusividade. Todos os métodos pertinentes de
interpretação dos textos são habilitados a dar sua
contribuição à exegese da Bíblia.
No trabalho de interpretação que fazem, os exegetas
católicos não devem nunca esquecer que o que eles
interpretam é a Palavra de Deus. A tarefa comum que têm
não está terminada após terem distinguido as fontes,
definido as formas ou explicado os procedimentos
literários. A finalidade do trabalho deles só é atingida
quando tiverem esclarecido o sentido do texto bíblico
como palavra atual de Deus. A esse efeito devem levar em
consideração as diversas perspectivas hermenêuticas que
ajudam a perceber a atualidade da mensagem bíblica e
lhes permitem responder às necessidades dos leitores
modernos das Escrituras.
Os exegetas têm também de explicar o alcance
cristológico, canônico e eclesial dos escritos bíblicos.
O alcance cristológico dos textos bíblicos não é sempre
evidente; deve ser posto em evidência cada vez que seja
possível. Se bem que o Cristo tenha estabelecido a Nova
Aliança em seu sangue, os livros da Primeira Aliança não
perderam seu valor. Assumidos na proclamação do
Evangelho, adquirem e manifestam seu pleno significado
no "mistério do Cristo" Ef 3,4), do qual eles iluminam
os múltiplos aspectos ao mesmo tempo que são iluminados
por ele. Esses livros, efetivamente, preparavam o povo
de Deus para sua vinda (cf. Dei Verbum, 14-16).
Se bem que cada livro da Bíblia tenha sido escrito com
uma finalidade distinta e que tenha o seu significado
específico, ele se manifesta portador de um sentido
ulterior quando se torna uma parte do conjunto canônico.
A tarefa dos exegetas inclui, então, a explicação da
afirmação agostiniana: "Novum Testamentum in Vetere
latet, et in Novo Vestus patet" (cf. S. Agostinho,
Quaest in Hept., 2, 73: CSEL 28, III, 3, p. 141).
Os exegetas devem explicar também a relação que existe
entre a Bíblia e a Igreja. A Bíblia veio à luz em
comunidades de fiéis. Ela exprime a fé de Israel e a das
comunidades cristãs primitivas. Unida à Tradição viva
que a precedeu, a acompanha e da qual se alimenta (cf.
Dei Verbum, 21), ela é o meio privilegiado do qual Deus
se serve para guiar, ainda hoje, a construção e o
crescimento da Igreja enquanto Povo de Deus. Inseparável
da dimensão eclesial está a abertura ecumênica.
Pelo fato de que a Bíblia exprime uma oferta de salvação
apresentada por Deus a todos os homens, a tarefa dos
exegetas comporta uma dimensão universal, que requer uma
atenção às outras religiões e aos anseios do mundo
atual.
2. Pesquisa
A tarefa exegética é vasta demais para poder ser bem
conduzida por um único indivíduo. Impõe-se uma divisão
de trabalho, especialmente para a pesquisa, que requer
especialistas em diferentes domínios. Os inconvenientes
possíveis da especialização serão evitados graças a
esforços interdisciplinares.
É muito importante para o bem da Igreja inteira e para
sua irradiação no mundo moderno que um número suficiente
de pessoas bem formadas se consagre à pesquisa em
diferentes setores da ciência exegética. Preocupados com
as necessidades mais imediatas do ministério, os bispos
e os superiores religiosos são muitas vezes tentados a
não levar suficientemente a sério a responsabilidade que
lhes incumbe de prover a esta necessidade fundamental.
Mas uma carência neste ponto expõe a Igreja a graves
inconvenientes, pois pastores e fiéis arriscam-se a
ficar à mercê de uma ciência exegética estranha à Igreja
e privada de relações com a vida da fé. Declarando que
"o estudo da Sagrada Escritura" deve ser "como a alma da
teologia" (Dei Verbum 24), o II Concílio do Vaticano
mostrou toda a importância da pesquisa exegética. Ao
mesmo tempo também lembrou implicitamente aos exegetas
católicos que suas pesquisas têm uma relação essencial
com a teologia, da qual eles devem se mostrar
conscientes.
3. Ensinamento
A declaração do Concílio faz igualmente compreender
o papel fundamental que é dado ao ensinamento da exegese
nas Faculdades de Teologia, Seminários e Escolasticados.
É evidente que o nível dos estudos não será uniforme
nestes diferentes casos. É desejável que o ensinamento
da exegese seja dado por homens e por mulheres. Mais
técnico nas Faculdades, esse ensinamento terá uma
orientação mais diretamente pastoral nos Seminários. Mas
ele não poderá nunca esquecer uma dimensão intelectual
séria. Proceder de outra maneira seria falta de respeito
com a Palavra de Deus.
Os professores de exegese devem comunicar aos estudantes
uma profunda estima pela Sagrada Escritura, mostrando o
quanto ela merece um estudo atento e objetivo que
permita apreciar melhor seu valor literário, histórico,
social e teológico. Eles não podem se contentar em
transmitir uma série de conhecimentos a ser registrados
passivamente, mas devem dar iniciação aos métodos
exegéticos, explicando suas principais operações para
tornar os estudantes capazes de julgamento pessoal.
Visto o tempo limitado de que se dispõe, convém utilizar
alternativamente duas maneiras de ensinar: de um lado,
por meio de exposições sintéticas, que introduzem o
estudo de livros bíblicos inteiros e não deixam de lado
nenhum setor importante do Antigo Testamento nem do
Novo; de outro lado, por meio de análises aprofundadas
de alguns textos bem escolhidos, que sejam ao mesmo
tempo uma iniciação à prática da exegese. Tanto em um
como em outro caso é preciso cuidar para não ser
unilateral, isto é, não se limitar nem a um comentário
espiritual desprovido de base histórico crítica nem a um
comentário histórico-crítico desprovido de conteúdo
doutrinal e espiritual (cf. Divino Afflante Spiritu;
E.B., 551-552; PC, De Sacra Scriptura recte docenda,
E.B., 598). O ensinamento deve mostrar ao mesmo tempo as
raízes históricas dos escritos bíblicos, o aspecto deles
enquanto palavra pessoal do Pai Celeste que se dirige
com amor a seus filhos (cf. Dei Verbum, 21) e o papel
indispensável que tem no ministério pastoral (cf. 2ª Tm.
3, 16)
4. Publicações
Como fruto da pesquisa e complemento do ensino, as
publicações tem uma função de grande importância para o
progresso e a difusão da exegese. Em nossos dias, a
publicação não se realiza mais somente pelos textos
impressos, mas também por outros meios, mais rápidos e
mais potentes (rádio, televisão, técnicas eletrônicas),
dos quais convém aprender a se servir.
As publicações de alto nível científico são o
instrumento principal de diálogo, de discussão e de
cooperação entre os pesquisadores. Graças a elas a
exegese católica pode se manter em relação recíproca com
outros ambientes da pesquisa exegética e também com o
mundo dos estudiosos em geral.
A curto prazo, são as outras publicações que prestam
grandes serviço pois se adaptam a diversas categorias de
leitores, desde o público cultivado até as crianças dos
catecismos, passando pelos grupos bíblicos, os
movimentos apostólicos e as congregações religiosas. Os
exegetas dotados para a divulgação fazem uma obra
extremamente útil e fecunda, indispensável para
assegurar aos estudos exegéticos a irradiação que devem
ter. Neste setor, a necessidade de atualização da
mensagem bíblica faz-se sentir de maneira mais premente.
Isso significa que os exegetas levem em consideração as
legítimas exigências das pessoas instruídas e cultas de
nosso tempo e distingam claramente, para o bem delas, o
que deve ser olhado como detalhe secundário condicionado
pela época, o que é preciso interpretar como linguagem
mítica e o que é preciso apreciar como sentido próprio,
histórico e inspirado. Os escritos bíblicos não foram
compostos em linguagem moderna nem em estilo do século
XX. As formas de expressão e os gêneros literários que
eles utilizam no texto hebraico, aramaico ou grego devem
ser tornados inteligíveis aos homens e mulheres de hoje
que, de outra maneira, seriam tentados ou a perder o
interesse pela Bíblia ou a interpretá-la de maneira
simplista: literalista ou fantasiosa.
Em toda a diversidade de suas tarefas, o exegeta
católico não tem outra finalidade senão o serviço da
Palavra de Deus. Sua ambição não é substituir aos textos
bíblicos os resultados de seu trabalho, quer se trate de
reconstituição de documentos antigos utilizados pelos
autores inspirados ou de uma apresentação moderna das
últimas conclusões da ciência exegética. Sua ambição é,
ao contrário, pôr em maior evidência os próprios textos
bíblicos, ajudando a apreciá-los melhor e a
compreende-los com sempre mais exatidão histórica e
profundidade espiritual.
Autor: Pontifícia Comissão Bíblica
Fonte: Livro "A Interpretação da Bíblia na Igreja",
ed. Loyola, p.65-69. |
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O Terço
(Rosário) dos Homens não exige
nada e não cobra nada da vida pessoal dos seus
participantes, o que faz
com que seus membros se sintam livres, e a liberdade dá ao
homem o poder de ser aquilo que ele deseja ser, daí as
transformações se sucederem de modo espontâneo
causado pelo contato que os mesmos passam a ter
com
Deus por intercessão
de Maria. |
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