Não confundir o site do Terço dos Homens :
www.tercodoshomens.com.br
com o
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que é o mesmo
www.tercodoshomensmaerainha.org.br
Este site apresenta, com exclusividade, o Terço dos
Homens rezado nas suas origens pelo primeiro tesoureiro,
um dos fundadores do grupo.
Sr. Manoel Pedral, falecido à mais de 40 anos -
ouçam
84 ANOS DE GRAÇAS E
BÊNÇÃOS
no Brasil e no mundo
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A Igreja, que é "a coluna e sustentáculo da verdade"
(1ª Tm. 3, 15), guarda fielmente a fé uma vez por todas
confiada aos santos (cf. Jd. 1, 3). É ela que conserva a
memória das Palavras de Cristo, é ela que transmite de
geração em geração a confissão de fé dos apóstolos. Como
uma mãe que ensina seus filhos a falar e, com isso, a
compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos
ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na
compreensão e na vida da fé. (Catecismo da Igreja
Católica)"
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60. Somente a Bíblia? - 21 razões para rejeitar a Sola
Scriptura |
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1. O que é Sola Scriptura?
2. Não é ensinada em parte alguma da Bíblia
3. A Bíblia indica que devemos aceitar a Tradição Oral
4. A Bíblia qualifica a Igreja coluna e fundamento da
verdade
5. Cristo nos fala para submetermo-nos à autoridade da
Igreja
6. A Escritura afirma que é insuficiente como
orientadora
7. Os primeiros cristãos não tinham uma Bíblia completa
8. A Igreja produziu a Bíblia, e não o contrário
9. É completamente estranha à Igreja Primitiva
10. Os heresiarcas baseiam-se na interpretação sem o
Magistério
11. O cânon da Bíblia não estava formado até o século IV
12.O cânon foi definido por uma autoridade "extra bíblica"
13. Crer que a Bíblia é "auto autenticável" não
tem bases
14. Nenhum dos escritos bíblicos originais existe mais
15Os manuscritos bíblicos possuem milhares de variações
16. Existem centenas de versões Bíblicas
17. A Bíblia não estava disponível a todos até o século
XV
18. A Sola Scriptura não existia antes do século XIV
19. Produz maus frutos, como divisões e disputas
20. Não permite a interpretação definitiva da Bíblia
21. Faltam sete livros na Bíblia protestante
22. Se originou dos problemas emocionais de Lutero
23. Considerações finais
24. Referências
O Que é Sola Scriptura?
"Eu
não creria no Evangelho, se a isto não me levasse a
autoridade da Igreja Católica"
(St. Agostinho -
Contr. Epist. Manichaei. v, 6)
Nós cremos somente na Bíblia, e a Bíblia inteira é a
única regra de fé para o cristão.
Talvez você já tenha ouvido esta frase ou algo parecido
de um protestante evangélico. Ela é, em essência, o
significado da doutrina da Sola Scriptura, ou Somente a
Escritura, que alega que a Bíblia - interpretada
individualmente pelo crente - é a única fonte de
autoridade religiosa e é a única regra ou o único
critério em que o crente deve acreditar. Por esta
doutrina, que é uma das fundamentais doutrinas do
protestantismo, o protestante nega que exista qualquer
outra fonte de autoridade religiosa ou revelação divina
à humanidade.
A Igreja Católica, por outro lado, afirma que a regra
imediata ou direta de fé é o ensino da Igreja. Este, por
sua vez, tem suas Fontes da Revelação Divina - A Palavra
Escrita, a Sagrada Escritura, e a Palavra não-Escrita,
conhecida como Tradição. A autoridade do Magistério da
Igreja Católica (chefiado pelo Papa), apesar de não ser
ela própria uma fonte de revelação divina, possui a
missão de interpretar e ensinar tanto a Escritura como a
Tradição. Estas duas formas são as fontes da doutrina
cristã, a regra de fé cristã remota ou indireta.
Obviamente, estas duas visões apresentadas são opostas,
e aquele que busca seguir Cristo deve ter a certeza de
que está seguindo a verdadeira.
A doutrina da Sola Scriptura se originou com Martinho
Lutero, um monge alemão do século 16 que quebrou sua
união com a Igreja Católica Romana e iniciou a Reforma
Protestante [1]. Em resposta a alguns abusos que
ocorriam na Igreja, Lutero tornou-se um grande oponente
de certas práticas. Como tais abusos de fato ocorriam,
Lutero estava correto em se revoltar. Contudo, houve uma
série de confrontos entre ele e a hierarquia católica. E
à medida que foram evoluindo, as disputas foram se
centrando na questão da autoridade da Igreja e - pelo
ponto de vista de Lutero - se o ensino da Igreja deveria
ser considerado regra de fé legitima para os cristãos.
Crescendo as disputas entre Lutero e a hierarquia da
Igreja, ele a acusava de haver corrompido a doutrina
cristã e distorcido as verdades bíblicas, e cada vez,
mais e mais, ele acreditava que a Bíblia, interpretada
por cada indivíduo, era a única regra de fé religiosa
para o cristão. Rejeitou a Tradição assim como a
autoridade do ensino da Igreja Católica (com o Papa como
sua cabeça) como tendo legítima autoridade religiosa.
Um observador honesto poderia perguntar, portanto, se a
doutrina de Lutero sobre a Sola Scriptura seria uma
restauração genuína das verdades bíblicas ou a
promulgação de uma visão pessoal acerca da autoridade da
Igreja. Lutero era um apaixonado pelas suas crenças, e
foi bem-sucedido em divulgá-las, mas estes fatos por si
só não são garantia alguma de que o que ensinou esteja
correto. Pelo fato de o bem-estar, e mesmo o destino
eterno das pessoas, ser uma aposta de confiança, o fiel
cristão precisa estar precisamente seguro neste assunto.
Nos parágrafos seguintes declaramos vinte e uma
considerações que ajudarão você, leitor católico ou
protestante, a analisar cuidadosamente a doutrina
luterana da Sola Scriptura de um ponto de vista bíblico,
histórico e lógico, e que mostrará que de fato esta não
é uma doutrina bíblica genuína, mas somente uma doutrina
de homens. [Topo]
Não é Ensinada em Parte Alguma da Bíblia
Talvez a razão que mais chame a atenção para
rejeitar está doutrina é que não existe nem mesmo um só
versículo onde está seja ensinada, e isto, portanto,
torna está doutrina auto refutada.
Os protestantes comumente citam versículos tais como 2ª
Tm. 3, 16-17 ou Ap. 22, 18-19 em defesa da Sola
Scriptura, mas um exame minucioso destas duas passagens
facilmente irá demonstrar que na verdade estas não
suportam tal doutrina.
Em 2ª Tm. 3, 16-17 lemos: Toda Escritura é inspirada por
Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito,
qualificado para qualquer boa obra. Existem aqui cinco
considerações que enfraquecem a interpretação
protestante desta passagem:
1. A palavra grega ophelimus utilizado no v.16 significa
útil e não suficiente. Um exemplo desta diferença seria
dizer que a água é útil para nossa existência - mesmo
necessária - mas não é suficiente; isto é, ela não é o
único componente que nos manteria vivos. Também
precisamos de alimentos, medicamentos, etc. Da mesma
forma, a Escritura é útil na vida do cristão, mas isto
nunca quis dizer que ela é a única fonte de ensino
cristão e a única coisa que cada o necessita.
2. A palavra grega passa, que geralmente é traduzida
como toda, na realidade significa qualquer, e seu
sentido se refere a cada uma ou qualquer uma das classes
denotadas pelo substantivo a que está conectado [2]. Em
outras palavras, a forma grega indica que toda e
qualquer Escritura é útil. Se a doutrina da Sola
Scriptura fosse verdadeira, baseada no verso grego 16,
todo e qualquer livro da Bíblia poderia, isoladamente,
ser considerado a única regra de fé, uma posição que é
obviamente absurda.
3. A Escritura a que Paulo se refere é o Antigo
Testamento, um fato que é claramente referido pelo fato
de as Escrituras serem conhecidas desde a tenra infância
(v.15) por Timóteo. O Novo Testamento como conhecemos
ainda nem mesmo existia, ou na melhor das hipóteses
estava incompleto, então não poderia estar incluído no
que Paulo quis dizer com o termo Escritura. Se
aceitarmos as palavras de Paulo sem analisarmos o que
realmente significam, a Sola Scriptura, então,
significaria que a única regra de fé do cristão é o
Antigo Testamento. Esta é uma conclusão que todos os
cristãos rejeitariam. Os protestantes responderiam a
este argumento dizendo que Paulo não está tratando do
cânon da Bíblia (os livros inspirados que constituem a
Bíblia), mas sim da natureza da Escritura. Ainda que
haja alguma validade nesta afirmação, a questão do cânon
também é relevante aqui, pelas seguintes razões: antes
que falemos da natureza das Escrituras como sendo
theopneustos, ou seja, inspirados (literalmente
"soprados por Deus"), é imperativo que
identifiquemos com segurança os livros que queremos
listar como Escritura; de outra forma, livros errados
poderia ser chamados de inspirados. Obviamente, as
palavras de São Paulo aqui tomaram uma nova dimensão
quando o Novo Testamento foi completado, e os cristãos
eventualmente as consideravam, também, como sendo
Escritura. Deve ser dito, então, que o cânon bíblico
também entra na questão, pois Paulo - escrevendo sob a
inspiração do Espírito Santo - enfatiza o fato de que
toda (e não somente alguma) Escritura é inspirada. A
questão que deve ser discutida, entretanto, é esta: como
podemos ter a certeza de que temos todos os livros
corretos? Obviamente, somente poderemos conhecer a
resposta se soubermos qual é o cânon da Bíblia. Tal
questão guarda um problema para os protestantes, mas não
para os católicos, pois estes possuem uma autoridade
infalível que pode responder.
4. A palavra grega artios, aqui traduzida como perfeito,
à primeira vista pode fazer crer que a Escritura é de
fato tudo o que é necessário. "Logo", alguém
poderia perguntar, "se as Escrituras tornam o homem
de Deus perfeito, que mais seria preciso? Por acaso a
palavra 'perfeito' não significa que nada mais é
necessário"? Bem, a dificuldade com esta
interpretação é que o texto não diz que somente pelos
meios da Escritura o homem de Deus é tornado perfeito. O
texto indica precisamente o oposto, pois é verdadeiro
que a Escritura opera em conjunção com outras coisas.
Note que não é qualquer um que se torna perfeito, mas o
homem de Deus - que significa um ministro de Deus (cf.
1ª Tm. 6, 11), um sacerdote. O fato deste indivíduo ser
um ministro de Cristo pressupõe que ele já estava
acompanhando um estudo que o prepararia para exercer tal
ofício. Sendo assim, a Escritura poderia ser mais um
instrumento dentro de uma série de outros que tornam o
homem de Deus perfeito. As Escrituras poderiam
complementar sua lista de itens necessários ou poderiam
ser o item mais proeminente da lista, mas seguramente
não eram a única ferramenta de sua lista nem pretendia
ser tudo o que necessitaria. Por analogia, considere um
médico. Neste contexto, poderíamos dizer algo como "O
Tratado de Medicina Interna do Harrison (livro texto de
referência na prática médica mundial) torna nossa
prática médica perfeita, logo estamos aptos a qualquer
procedimento médico". Obviamente tal afirmativa não
pode significar que tudo o que o médico precisa seja o
TMIH. Este é um item entre vários outros, ou o mais
proeminente. O médico também necessita de um
estetoscópio, um tensiômetro, um otoscópio, um
oftalmoscópio, técnicas cirúrgicas, etc. Estes outros
itens são pressupostos pelo fato de estarmos falando de
um médico, e não de um leigo. Logo, seria incorreto
presumir que somente o TMIH torna o médico perfeito, a
única ferramenta necessária.
Além disso, considerar que a palavra perfeito significa
o único item necessário resulta em contradição bíblica,
pois em Tg 1,4 lemos que a paciência - sem citar as
Escrituras - torna os homens perfeitos e íntegros,
livres de todo defeito. É verdade que aqui uma palavra
grega diferente - teleios - é usada para perfeitos, mas
permanece o fato de que o entendimento básico é o mesmo.
Então, se alguém certamente entende que a paciência não
é a única ferramenta que o cristão precisa para ser
perfeito, um método interpretativo consistente
levaria-nos a reconhecer da mesma forma que as
Escrituras não são a única coisa que o homem de Deus
necessita para ser perfeito.
5. A palavra grega exartio no v.17, traduzida por
qualificado (outras Bíblias trazem algo como equipado ou
plenamente qualificado) é tida como uma prova pelos
protestantes da Sola Scriptura pois esta palavra -
novamente - implica em dizer que nada mais é necessário
ao homem de Deus. Contudo, ainda que o homem de Deus
seja qualificado ou plenamente equipado, este fato por
si mesmo não garante que este homem saiba interpretar e
aplicar corretamente uma passagem bíblica. O sacerdote
deve também aprender como usar corretamente as
Escrituras, mesmo que ele já esteja equipado com elas.
Considere de novo a analogia do médico. Pense num
estudante de medicina no início de seu internato. Ele
deve dispor de todo seu arsenal necessário para os
procedimentos cirúrgicos, ou seja, ele deve estar
qualificado, plenamente equipado para qualquer
procedimento de emergência, mas a menos que ele passe
boa parte do tempo junto a médicos mais experientes,
observe suas técnicas, aprenda suas habilidades, e
pratique algum procedimento ele próprio, os instrumentos
cirúrgicos que possui são completamente inúteis. Sem
dúvida, se não aprender a usar tais instrumentos
apropriadamente, estes mesmos podem se tornar armas
perigosas em suas mãos. Quem se habilitaria a
submeter-se a um cirurgião que aprendeu cirurgias por
cursos de correspondência?
Da mesma forma ocorre entre o homem de Deus e a
Escritura. Estas, como os instrumentos cirúrgicos, são
preciosos apenas quando bem manipulados. Do contrário,
os resultados são o oposto do esperado. Mal usados, um
pode trazer a dor e a morte física, a outra, a dor e a
morte espiritual. Devido a Escritura nos advertir a
mantermos a retidão da palavra da verdade (cf. 2ª Tm. 2,
15), é óbvio, portanto, que a palavra da verdade pode
ser desviada de seu correto caminho - da mesma forma que
um estudante de medicina destreinado que usa
incorretamente seu instrumental.
Com relação ao Ap. 22, 18-19, há duas considerações que
desqualificam a Sola Scriptura. A passagem - quase a
última da Bíblia - diz: Eu atesto a todo o que ouvir as
palavras proféticas deste livro: Se alguém lhes fizer
qualquer acréscimo, Deus lhes acrescentará as pragas
escritas nesse livro. E se alguém tirar qualquer coisa
das palavras deste livro profético, Deus lhe retirará a
sua parte da árvore da vida e da cidade santa, que estão
descritas neste livro.
1. Quando os versos desta passagem afirmam que nada deve
ser acrescentado ou retirado das palavras deste livro
profético, não estão se referindo à Sagrada Tradição
sendo acrescentada à Sagrada Escritura. É óbvio pelo
contexto que o livro aqui referido é o do Apocalipse, e
não a Bíblia inteira. Sabemos disso porque São João diz
que o que for culpado por acrescentar a este livro será
penalizado com as pragas escritas neste livro, as pragas
que ele mesmo descreveu em seu próprio livro, o
Apocalipse. Afirmar algo diverso disso é atentar contra
o texto e distorcer seu claro significado, especialmente
devido a Bíblia que conhecemos ainda não existir quando
esta passagem foi escrita, sendo assim não poderia
significar o compêndio cristão [3].
Na defensiva de sua interpretação, os protestantes
trarão o argumento de que Deus vê adiante, vê qual seria
o cânon da Bíblia, sendo o Apocalipse o último livro da
Bíblia, e portanto. Ele definiu o cânon com as palavras
dos vv.18-19. Mas esta interpretação necessita que
busquemos o significado do texto. Além do mais, se tal
afirmação for correta, como o cristão pode saber
inquestionavelmente que Ap 22,18-19 está selando o cânon
a menos que um intérprete infalível lhe confirme que
este é, inquestionavelmente, o único sentido deste
verso? Porém, se tal autoridade existe, então a doutrina
da Sola Scriptura - ipso facto - torna-se nula e a ser
evitada.
2. A mesma advertência de não acrescentar ou subtrair
palavras é vista em Dt. 4, 2, que diz: nada
acrescentareis às palavras dos mandamentos que vos dou,
e nada tirareis; assim guardareis os mandamentos do
Senhor, vosso Deus, que eu vos dou. Se aplicarmos uma
interpretação paralela com este verso, logo tudo o que
está na Bíblia além dos decretos das leis do Antigo
Testamento deveria ser considerado apócrifo ou
não-canônico - incluindo o Novo Testamento! Mais uma
vez, todos os cristãos rejeitam, imediatamente, esta
conclusão. A proibição de Ap. 22, 18-19 contra a adição,
portanto, não pode significar que os cristãos estão
proibidos de buscar algum guia fora da Bíblia. [Topo]
A Bíblia Indica Que Devemos Aceitar a Tradição Oral
São Paulo recomenda e ordena a manutenção da
Tradição Oral. Em 1ª Cor 11, 2, por exemplo, lemos: Eu vos
felicito por vos lembrardes de mim em toda ocasião e
conservardes as tradições tais como eu vô-las transmiti
[4]. São Paulo está claramente recomendando que
mantenham a tradição oral, e deve ser notado em
particular que ele congratula os fiéis por fazê-lo (Eu
vos felicito...). Também é explícito no texto o fato de
que a integridade desta Tradição oral apostólica era
claramente mantida, da mesma forma como Nosso Senhor
havia prometido, sob o auxílio do Espírito Santo (cf.
Jo. 16, 13).
Talvez o mais claro apoio bíblico para a Tradição oral
seja 2ª Ts. 2, 15, onde os cristãos são enfaticamente
advertidos: Assim, pois, irmãos, ficai inabaláveis e
guardai firmemente as tradições que vos ensinamos, de
viva voz ou por carta. Esta passagem é significante
porque:
a) mostra uma tradição oral apostólica vivente,
b) diz que os cristãos estarão firmemente fundamentados
na fé se aderirem a estas tradições e
c) claramente afirma que estas tradições eram tanto
escritas como orais.
A Bíblia distintamente mostra aqui que as tradições
orais - autênticas e apostólicas em sua origem -
deveriam ser seguidas como componente válido do Depósito
da Fé, então por quais razões ou desculpas os
protestantes a rejeitam? Com qual autoridade podem
rejeitar uma exortação clara de Paulo?
Além do mais, devemos considerar o texto desta passagem.
A palavra grega krateite, traduzida aqui como guardar,
significa estar firme, forte, prevalecer [5]. Esta
linguagem é enfática, e demonstra a importância da
manutenção destas tradições. Obviamente, devemos
diferenciar o que seja Tradição (com T maiúsculo), que é
parte da revelação divina, das tradições da Igreja (com
t minúsculo) que, mesmo que sejam boas, desenvolveram-se
tardiamente na Igreja e não fazem parte do Depósito da
Fé. Um exemplo de algo que seja parte da Tradição seria
o batismo infantil; um exemplo de tradições da Igreja
seria o calendário das festas dos santos. Tudo que venha
da Sagrada Tradição é de origem divina e são imutáveis,
enquanto que as tradições da Igreja são cambiáveis pela
Igreja. A Sagrada Tradição serve-nos como regra de fé
por mostrar no que a Igreja tem consistentemente crido
através dos séculos e como ela sempre entendeu uma
determinada parte Bíblica. Uma das principais formas
pelo qual a Sagrada Tradição foi transmitida a nós está
nas doutrinas dos textos litúrgicos antigos, o serviço
divino da Igreja.
Todos já notaram que os protestantes acusam os católicos
de promoverem doutrinas novas e anti bíblicas baseadas na
Tradição, por afirmarem que tal Tradição contém
doutrinas que são estranhas à Bíblia. Entretanto, esta
acusação é profundamente falsa. A Igreja Católica ensina
que a Tradição Oral não contém nada que seja contrário à
Tradição Escrita. Alguns pensadores católicos afirmam,
inclusive, que não há nada na Tradição Oral que não seja
encontrado na Bíblia, mesmo que implicitamente ou em
formas seminais. Certamente as duas estão em perfeita
harmonia e complementam uma à outra. Para algumas
doutrinas, a Igreja faz uso da Tradição mais que pelas
Escrituras para seu entendimento, mas mesmo estas
doutrinas estão incluídas nas Sagradas Escrituras. Por
exemplo, as doutrinas seguintes são preferencialmente
baseadas na Sagrada Tradição: batismo infantil, o cânon
das Escrituras, o domingo como Dia do Senhor, a
virgindade perpétua de Maria e a assunção de Maria.
A Sagrada Tradição complementa nossa compreensão da
Bíblia ao mesmo tempo que não constitui uma fonte
extra bíblica de revelação, com doutrinas novas ou
estranhas a ela. Muito pelo contrário: a Sagrada
Tradição age como a memória viva da Igreja,
relembrando-a constantemente o que criam os cristãos
antigos, como entendiam e interpretavam as passagens
bíblicas [6]. De certa forma, é a Sagrada Tradição que
diz ao leitor da Bíblia: Você está lendo um livro muito
importante, que contém a revelação de Deus aos homens.
Agora deixe-me explicá-lo como ela sempre foi entendida
e praticada pelos cristãos desde o início dos tempos.
[Topo]
A Bíblia Qualifica a Igreja Coluna e Fundamento da
Verdade
É muito interessante que em 1ª Tm. 3, 15 vemos não a
Bíblia, mas a Igreja - isto é, a comunidade viva de
crentes fundada sob Pedro e os apóstolos e mantida pelos
seus sucessores - sendo chamada de coluna e fundamento
da verdade. Claramente esta passagem de modo algum
significa diminuir a importância da Bíblia, mas sua
intenção é de mostrar que Jesus Cristo de fato
estabeleceu um magistério autorizado que foi enviado a
ensinar todas as nações (cf. Mt. 28, 19) Em outro lugar
esta mesma Igreja recebeu de Cristo a promessa de que os
portões do inferno não prevaleceriam contra ela (cf. Mt.
16, 18), pois Ele sempre estaria presente (cf. Mt. 28,
20) e enviaria o Espírito Santo para ensiná-la todas as
verdades (cf. Jo. 16, 13). Ao chefe visível de sua
Igreja, São Pedro, Nosso Senhor disse: Te darei as
chaves do Reino dos Céus. Tudo que ligares na terra será
ligado no céu; e tudo que desligares na terra será
desligado no céu (Mt. 16, 19). É evidente a partir
destas passagens que Nosso Senhor enfatiza a autoridade
de Sua Igreja e a norma que deveria seguir para
salvaguardar e definir o Depósito da Fé.
Também é evidente destas passagens que esta mesma Igreja
seria infalível, pois se em algum lugar de sua história
a Igreja ensinou o erro em matéria de fé e moral - ainda
que temporariamente - cessaria de ser esta coluna e
fundamento da verdade. Pelo fato de todo fundamento
existir para ser firme e permanente, e de que as
passagens acima não permitem a possibilidade da Igreja
ensinar algo contrário à reta fé e moral, a única
conclusão plausível é que Nosso Senhor foi muito preciso
em estabelecer a sua infalibilidade quando chamou-a de
coluna e fundamento da verdade.
O protestante, entretanto, vê aqui um dilema quando
afirma que a Bíblia é a única regra de fé para seus
crentes. Qual a capacidade, então, da Igreja - coluna e
fundamento da verdade - se não deve servir para
estabelecer autoridade alguma? Como a Igreja pode ser
coluna e fundamento da verdade se não é palpável,
habitualmente prática para servir como autoridade na
vida do cristão? O protestante efetivamente nega que a
Igreja seja o fundamento da verdade por negar que ela
possua qualquer autoridade para ensinar. Além disso, os
protestantes entendem o termo Igreja como sendo algo
diferente do que entende a Igreja Católica. Os
protestantes veem a igreja como uma entidade invisível,
e para eles ela é a coletividade de todos os cristãos ao
redor do mundo unidos na fé em Cristo, apesar das
grandes variações nas doutrinas e alianças
denominacionais. Os católicos, por outro lado, entendem
que não somente os cristãos unidos na fé em Cristo
formam seu corpo místico, mas entendemos simultaneamente
que esta seja - e somente uma - a única organização que
possa traçar uma linha ininterrupta até os próprios
apóstolos: a Igreja Católica. É esta Igreja e somente
está Igreja que foi estabelecida por Cristo e que tem
mantido uma consistência absoluta em doutrina através de
sua existência, e, portanto, é somente está Igreja que
pode requerer ser a coluna e fundamento da verdade. O
protestantismo, por comparação, tem conhecido história
de fortes vacilos e mudanças doutrinárias, e nem mesmo
duas denominações concordam entre si completamente -
mesmo quanto a doutrinas importantes. Tais mudanças e
alterações não permitem que sejam consideradas
fundamento da verdade. Quando os fundamentos de uma
estrutura alteram-se ou são dispostos inapropriadamente,
este mesmo fundamento é fraco e sem suporte firme (Mt.
7, 26-27). Pelo fato de o protestantismo ter
experimentado mudanças tanto intradenominacional quanto
entre as diversas denominações que surgem continuamente,
estas crenças são como uma fundação que muda
constantemente. Tais credos então cessam de prover o
suporte necessário para manter a estrutura que
sustentam, e a integridade dessa estrutura fica
comprometida. Nosso Senhor claramente não pretendeu que
seus discípulos e seguidores construíssem suas casas
espirituais em tal fundamento instável. [Topo]
Cristo nos Fala Para Submetermo-nos a Autoridade da
Igreja
Em Mt, 18, 15-18 vemos Cristo orientar seus
discípulos em como corrigir um companheiro. É dito neste
exemplo que Nosso Senhor identifica melhor a Igreja que
as Escrituras como sendo a autoridade final a se apelar.
Ele mesmo diz que se o irmão pecador não ouvir a própria
Igreja, seja para ti como o pagão e o coletor de
impostos (v. 17) - isto é, como um excluído. Além do
mais, Nosso Senhor reenfatiza solenemente a autoridade
infalível da Igreja no v.18 repetindo Seu pronunciamento
anterior sobre o poder de ligar e desligar (Mt. 16,
18-19), dirigido desta vez aos apóstolos como um
colégio, um grupo, e não somente a Pedro: Em verdade eu
vos declaro: tudo o que ligares na terra será ligado no
céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no
céu (Mt. 18, 18).
Claro que existem exemplos na Bíblia onde Nosso Senhor
apela às Escrituras, mas nestes casos Ele, como aquele
que possui a autoridade, estava ensinando as Escrituras;
Ele não estava permitindo que as Escrituras ensinassem a
si mesmas. Por exemplo, Ele preferiu responder aos
escribas e fariseus usando as Escrituras precisamente
porque estes tentavam apanhá-lo usando as mesmas
Escrituras. Nestes exemplos, Jesus geralmente demonstra
como os escribas e fariseus tinham más interpretações,
então corrigia-os mediante uma melhor interpretação
escriturística.
Suas ações não servem de argumento para que a Escritura
seja Sola, ou uma autoridade por si mesma e, de fato, a
única autoridade do cristão. Muito pelo contrário: em
todo lugar que Jesus leva seus ouvintes às Escrituras,
Ele também fornece o Seu entendimento infalível, uma
interpretação com autoridade, demonstrando que as
Escrituras não podem interpretar a si mesmas.
A Igreja Católica prontamente reconhece a inerrância e
autoridade da Escritura. Porém a doutrina católica diz
que a regra imediata de fé dos cristãos é a autoridade
do ensino da Igreja - uma autoridade para ensinar e
interpretar a Escritura e a Tradição, como mostra Mt.
18, 17-18.
Também deve-se notar que está implícita (ou talvez até
explícita) nesta passagem de Mateus o fato de que a
Igreja deve ser visível, uma entidade palpável
estabelecida sob uma linha hierárquica. De outro modo,
como alguém saberia a quem encaminhar o pecador? Se a
definição protestante de igreja fosse correta, então o
pecador deveria escutar todos os cristãos que existem,
desejando que haja uma unanimidade entre eles acerca do
objeto da discussão. Transborda aos olhos o absurdo que
esta interpretação causaria. O único modo de tornar a
afirmação de Nosso Senhor plausível é reconhecendo que
lá havia uma organização definida, com ofícios
hierárquicos definidos, a quem um apelo poderia ser
feito e de onde um julgamento decisivo poderia ser dado.
[Topo]
A Escritura Afirma Que é Insuficiente como
Orientadora
A Bíblia mostra em 2ª Tm. 3, 17 que o homem de Deus é
perfeito, qualificado para qualquer boa obra. Como
percebemos acima, este versículo prova somente que o
homem de Deus é plenamente suprido com as Escrituras;
isto não é garantia de que ele automaticamente saiba
como interpretá-la da maneira correta. Este versículo
chama a atenção à suficiência material das Escrituras,
uma opinião que alguns pensadores católicos sustentam
atualmente.
Suficiência material significaria que a Bíblia de certo
modo contém todas as verdades que o cristão precisa
saber; em outras palavras, os materiais estão todos
presentes ou no mínimo implícitos. Suficiência formal,
por outro lado, significaria que a Bíblia não somente
contém todas as verdades que são necessárias, mas que
ela também apresenta estas mesmas verdades e um sentido
perfeitamente claro e de pronto entendimento. Em outras
palavras, estas verdades estariam em uma forma prática
tamanha que não haveria necessidade de uma Sagrada
Tradição para clarificar e complementar o entendimento
da Palavra de Deus com uma interpretação infalível.
Devido a Igreja Católica afirmar que a Bíblia não é
suficiente por si mesma, naturalmente ensina que está
necessita de um intérprete. São duas as razões pelas
quais a Igreja ensina tal coisa: primeiro, porque Cristo
estabeleceu uma Igreja viva para ensinar com Sua
autoridade. Ele simplesmente não deu uma Bíblia aos seus
discípulos, completa e encadernada, e lhes disse para ir
e fazer cópias para a multidão, para distribuir, e
deixar que cada um interprete-a do seu jeito. Segundo, a
própria Bíblia afirma que precisa de um intérprete.
Sobre a segunda assertiva, lemos em 2ª Pd. 3, 16 que São
Paulo escreveu passagens difíceis, cujo sentido pessoas
ignorantes e sem formação deturpam, como também fazem
para as demais Escrituras, para a própria condenação.
Neste único versículo podemos ver três pontos muito
importantes sobre a Bíblia e sua interpretação:
a) A Bíblia contém passagens que não são facilmente
compreendidas ou suficientemente claras, um fato que
demonstra a necessidade de um orientador infalível e com
autoridade suficiente para tornar as passagens claras e
compreensíveis [8],
b) não é somente possível que algumas pessoas deturpem o
significado da Escritura, mas isto, de fato, já estava
sendo feito desde o começo da era da Igreja,
c) distorcer o significado da Escritura pode resultar na
condenação de um indivíduo, realmente um destino
desastroso. É óbvio destas considerações que Pedro não
acredita que a Bíblia deva ser a única regra de fé. Mas
há mais.
Em At. 8, 26-40 lemos o encontro do diácono Felipe com o
eunuco etíope. Neste cenário, o Espírito Santo leva
Felipe a se aproximar do etíope. Quando Felipe percebe
que o etíope está lendo o profeta Isaías, faz uma
importante pergunta: será que compreendes
verdadeiramente o que está lendo? Mais importante é a
resposta dada pelo eunuco: e como poderia eu
compreender, respondeu ele, se não tenho guia?
Mesmo que este Felipe (conhecido como o Evangelista) não
seja um dos apóstolos, ele fora comissionado pelos
apóstolos (cf. At. 6, 6) e pregou o Evangelho com
autoridade (cf. At. 8, 4-8). Consequentemente, sua
pregação refletiria o legítimo ensino dos apóstolos. A
questão aqui é que as declarações do etíope verificam o
fato de que a Bíblia não é suficiente por si mesma como
orientadora de doutrina cristã, e as pessoas que ouvem a
Palavra precisam de uma autoridade que as oriente
corretamente para que possam entender o que a Bíblia
quer dizer. Se a Bíblia fosse de fato suficiente por si
mesma, então o eunuco compreenderia claramente a
passagem de Isaías.
Também há 2ª Pd. 1, 20, que afirma: nenhuma profecia da
Escritura é objeto de interpretação pessoal. Aqui vemos
a própria Bíblia afirmar de forma inequívoca que suas
profecias não são objeto pelos quais o indivíduo deva
compreender pelos seus próprios meios. Também é de
grande importância que este verso seja precedido por uma
seção sobre o testemunho apostólico (vv.12-18) e seguido
por uma seção sobre falsos mestres (2,1-10). Pedro está
contrastando o ensino apostólico genuíno com os falsos
profetas e falsos mestres, e faz a referência à
interpretação pessoal como o pivô entre os dois. A
implicação imediata e clara é que a interpretação
pessoal é um caminho por onde o indivíduo perde-se do
autêntico ensino dos apóstolos e passa a seguir falsos
mestres. [Topo]
Os Primeiros Cristãos Não Tinham Uma Bíblia Completa
Estudiosos bíblicos nos revelam que o último livro
da Bíblia não havia sido escrito até o final do primeiro
século, isto é, até meados do ano 100 dC. [9]. Este
fato demonstra um intervalo inexato de cerca de 65 anos
entre a ascensão de Cristo aos céus e o término da
redação da Bíblia como a conhecemos. A pergunta que deve
ser feita é a seguinte: Quem ou o que serviu como
autoridade final e infalível durante este tempo?
Se a doutrina protestante da Sola Scriptura fosse
verdade, então houveram disputas e discussões dentro das
comunidades que não tiveram a oportunidade de ser
resolvidas definitivamente, até que os livros do Novo
Testamento fossem escritos, mesmo já existindo uma
Igreja antes que a Bíblia estivesse completa. O barco
ficou sem comandante, por assim dizer, pelo menos por um
determinado tempo. Porém isto vai de encontro às
afirmações e promessas que Jesus fez à sua Igreja: Eis
que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos
tempos (Mt. 28, 20), sem mencionar que Ele garantiu a
seus discípulos: não vos deixarei órfãos (Jo. 14, 18)
Este é um assunto de particular importância, pois as
primeiras décadas da existência da Igreja foram repletos
de tumultos. As perseguições já haviam começado,
cristãos estavam sendo martirizados, a nova fé estava
lutando para crescer, e alguns falsos mestres já haviam
aparecido (cf. Gl. 1, 6-9). Se a Bíblia fosse a única
regra de fé dos cristãos, sendo que ela ainda não havia
tomado forma - muito menos definido seu cânon - durante
pelo menos 65 anos depois da ascensão de Jesus, como a
Igreja primitiva poderia resolver questões doutrinárias
sem uma autoridade que a conduzisse?
Neste momento os protestantes buscam oferecer duas
possíveis respostas:
1) Os apóstolos eram temporariamente a última autoridade
enquanto o Novo Testamento estava sendo escrito, e
2) que o Espírito Santo foi dado à Igreja e que a sua
direta orientação foi o que preencheu o lacuna entre a
ascensão e a definição do Novo Testamento.
Sobre a primeira resposta, é verdadeiro que Jesus
revestiu aos apóstolos da Sua autoridade; contudo, a
Bíblia em local algum indica que está autoridade dentro
da Igreja iria cessar com a morte dos apóstolos. Pelo
contrário, a Bíblia é bastante clara quando:
1) em lugar algum diz que uma vez morto o último
apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornar-se-ia a
autoridade final e; 2) os apóstolos claramente
escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a
mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de
Judas Iscariotes por Matias (cf. At. 1, 15-26) e a
transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo
e Tito (cf. 2ª Tm. 1, 6; Tt. 1, 5) são exemplos de
sucessão apostólica.
Sobre a segunda resposta - que o auxílio direto do
Espírito Santo preencheu a lacuna - o problema com este
entendimento é que o auxílio direto do próprio Espírito
Santo é uma conclusão extra bíblica. Naturalmente, a
Bíblia nos fala da clara presença do Espírito Santo
entre os cristãos e sua missão de ensinar aos apóstolos
toda a verdade, porém se a direção direta do Espírito
Santo foi, de fato, a autoridade final durante estes 65
anos, então a história da Igreja conheceu duas
autoridades finais sucessivas: primeiro, o Espírito
Santo, sendo que está autoridade foi substituída pela
Escritura, que então tornar-se-ia sola, ou a única
autoridade final. E se esta situação de uma autoridade
final extra bíblica é permissiva pelos protestantes, não
o é pelos católicos, que afirma que a autoridade do
ensino da Igreja é a autoridade final direta - derivando
sua autoridade de Cristo e seu ensino da Escritura e da
Tradição, guiada pelo Espírito Santo.
O Espírito Santo foi dado à Igreja por Jesus Cristo, e é
exatamente este mesmo Espírito que protege o chefe
visível da Igreja, o Papa, e a autoridade do ensino da
Igreja jamais permitindo que ele ou ela caiam em erro. O
católico acredita que Cristo de fato enviou seu Espírito
Santo à Igreja e que este Espírito esteve sempre
presente na Igreja, ensinando toda a verdade (Jo 16,13)
e continuamente protegendo sua integridade doutrinal,
particularmente pelo ofício do Papa. Com isso o
Evangelho pode continuar sendo pregado - com autoridade
e infalivelmente - mesmo sem um só versículo do Novo
Testamento. [Topo]
A Igreja Produziu a Bíblia, e Não o Contrário
A doutrina da Sola Scriptura não dá importância - ou
pelo menos grosseiramente desmerece - ao fato de que a
Igreja surgiu antes da Bíblia, e não o contrário. Foi a
Igreja, com efeito, que escreveu a Bíblia sob a
inspiração do Deus todo-poderoso: os israelitas como a
Igreja do Antigo Testamento (ou pré-católicos) e os
católicos da Igreja do Novo Testamento.
Nas passagens do Novo Testamento notamos que Nosso
Senhor dá certa primazia à autoridade do ensino de Sua
Igreja e sua proclamação em Seu nome. Por exemplo, em
Mateus 28,20 vemos Jesus ordenando os apóstolos a ir e
ensinar em Seu nome, fazendo discípulos em todas as
nações. Em Marcos 16, 15 vemos que os apóstolos são
enviados a pregar a todo o mundo. E em Lucas 10, 16
vemos que aquele que escuta os setenta e dois escuta o
Senhor. Estes fatos são muito importantes, pois em lugar
algum vemos Nosso Senhor ordenando que seus apóstolos
evangelizem o mundo escrevendo em Seu nome. A ênfase
está sempre na pregação do Evangelho, não na sua
impressão e distribuição escrita.
Então segue que o comando e a autoridade do ensino da
Igreja são elementos indispensáveis como meios pelos
quais a mensagem do Evangelho deve alcançar os confins
do mundo. Pelo fato de a Igreja ter escrito a Bíblia, é
lógico e racional dizer que somente a Igreja detém a
autoridade para interpretá-la e aplicá-la. E sendo
assim, por causa de sua natureza e origem, a Bíblia não
pode servir como única regra de fé para os fiéis
cristãos. Em outras palavras, por ter produzido a
Escritura, a Igreja não elimina a necessidade de ela
mesma servir como mestre e intérprete destas Escrituras.
Além do mais, não é errado dizer que somente por colocar
a autoridade apostólica no papel, a Igreja de alguma
forma faz com que esta mesma autoridade seja superior ao
ensino oral? Semelhantemente à organização que Nosso
Senhor estabeleceu, Sua palavra é autoridade, mas porque
esta palavra está posta em uma forma diferente da outra
não significa que uma forma seja superior à outra. Pelo
fato de a única Palavra de Deus ser dimórfica em sua
organização, negar a autoridade de uma é negar a
autoridade da outra. As formas da Palavra de Deus são
complementares, não excludentes. Portanto, se há
necessidade das Escrituras, também há necessidade da
autoridade que a produziu. [Topo]
É Completamente Estranha à Igreja Primitiva
A ideia da autoridade da Escritura existindo
separada da autoridade do ensino da Igreja é
completamente estranha à Igreja Primitiva
Se buscarmos os escritos dos Pais da Igreja Primitiva,
encontraremos referências à Sucessão Apostólica [10],
aos bispos como guardiões do Depósito da Fé [11], e ao
primado e autoridade de Roma [12]. O precioso valor
destas referências torna claro o fato de que a igreja
primitiva entendeu a si própria como uma hierarquia
necessária para proteger a integridade da fé. Em lugar
algum encontramos alguma indicação de que os primeiros
fiéis cristãos discordavam da autoridade da Igreja e a
consideravam inválida como regra de fé. Do contrário,
vemos nestes escritos que a Igreja, desde a sua mais
longínqua origem, entendeu sua autoridade para ensinar
como uma combinação inseparável entre Escritura e
Tradição Apostólica - sendo ambas ensinados e
interpretados com autoridade pelo Magistério da Igreja,
cuja cabeça é o bispo de Roma.
Dizer que a Igreja primitiva acreditava na noção de
somente a Bíblia, seria o mesmo que dizer que homens e
mulheres poderiam alegar que as leis civis não
necessitam de um Congresso que as legisle, ou de uma
corte que as interprete e de polícia alguma que as
execute. Tudo que seria necessário seria o livro de
Direito Civil em todas as casas para que cada cidadão
possa determinar por si mesmo como entender e aplicar as
leis. Tal afirmação, claro, é absurda, pois ninguém
esperaria que as leis civis funcionassem bem deste modo.
A consequência de tal escândalo inadvertidamente levaria
à anarquia total.
Quão mais absurdo, então, é pretender que a Bíblia pode
funcionar por si mesma sem a Igreja que a organizou? É
somente está Igreja - e não somente qualquer cristão -
que possui a autoridade divinamente transmitida para a
interpretar corretamente, assim como legislar sobre os
problemas decorrentes da conduta de seus membros. Se
este não fosse o caso, qualquer nível de situação -
local, regional ou global - rapidamente
desenvolver-se-ia em anarquia espiritual, onde cada
cristão pode formular um sistema teológico e desenvolver
uma moral simplesmente baseadas em sua própria
interpretação da Bíblia.
E desde a tão chamada Reforma não é isto que estamos
vendo? De fato, um exame do escândalo na Europa que
imediatamente seguiu a gênese da reforma -
particularmente na Alemanha - irá demonstrar que o
resultado das doutrinas da reforma são uma desordem
tanto espiritual quanto social [13]. Mesmo Lutero se
mostrou desapontado pelo fato de que infelizmente, é de
nossa costumeira observação que agora sob o Evangelho o
povo está mais amargo, invejoso e avarento que antes sob
o papado [14]. [Topo]
Os Heresiarcas Baseiam-se na Interpretação Sem o
Magistério
Os heresiarcas e os movimentos heréticos baseiam
suas doutrinas na interpretação da Bíblia separada do
Magistério e da Tradição.
Ao longo da história da Igreja primitiva, vemos que ela
lutou continuamente contra as heresias e contra quem as
promovia. Vários foram os concílios que responderam aos
desafios dos detratores [15] e recorreram à Roma para
dar um fim às disputas doutrinárias e disciplinares. Por
exemplo, o Papa Clemente interveio em uma discussão na
comunidade de Corinto no fim do primeiro século e acabou
com um cisma por lá. No segundo século, o Papa Vitor
excomungou uma grande parte da Igreja no Oriente por
motivos de divisões sobre quando a páscoa deveria ser
celebrada. No início do século três, o Papa Calixto
condenou a heresia sabeliana.
Nestes casos, quando estas heresias ou conflitos
disciplinares ocorrem, as pessoas envolvidas defendem
seus erros através de sua própria interpretação das
Escrituras, excluindo a participação da Tradição e do
Magistério da Igreja. Um bom exemplo disto é o caso de
Ario, sacerdote do quarto século que declarou que o
Filho de Deus era uma criatura e não co-substancial ao
Pai.
Ario e todos os seus seguidores citavam versículos da
Bíblia para provar seus argumentos [15]. Os debates que
chegaram por causa desta doutrina tornaram-se tão
volumosos que foi convocado o primeiro Concílio
Ecumênico, em Nicéia, em 325 dC. O Concílio, sob a
autoridade do Papa, declarou serem as doutrinas arianas
heréticas e elaborou declarações definitivas quanto à
pessoa de Jesus, e fez isso baseada no que a Sagrada
Tradição tinha a dizer sobre os versículos bíblicos em
questão.
Aqui vemos a autoridade da Igreja sendo utilizada como
última e extremamente importante palavra em matéria
doutrinária. Caso não existisse autoridade alguma a quem
apelar, a heresia de Ário poderia ter se apossado da
Igreja. A maioria dos bispos daquela época foi seduzida
pela heresia ariana [17]. Apesar de Ário ter
fundamentado sua doutrina nas Escrituras - e
provavelmente comparou a Escritura pela Escritura - o
fato é que chegou a uma conclusão herética. Foi somente
a autoridade do ensino da Igreja - hierarquicamente
constituída - que o freou e declarou que estava errado.
A implicação é óbvia. Se você perguntar a algum
protestante se Ario estava ou não correto em sua
doutrina de que o Filho fora criado, ele irá, claro,
responder que não. Enfatize, então, que mesmo que ele
tenha utilizado as Escrituras pelas Escrituras, mesmo
assim ele chegou a uma conclusão errada. Se isto foi
verdadeiro para Ario, o que garante ao protestante que
este não é o caso acerca de sua interpretação de uma
dada passagem bíblica? O fato de os protestantes
reconhecerem que a interpretação de Ario estava errada
implica dizer que de fato houve uma base bíblica para
seus argumentos. Este fato, portanto, transforma-se em
um questionamento acerca do que seja uma verdadeira
interpretação bíblica. A única explicação possível é que
deve haver, por necessidade, uma autoridade infalível
que no-la diga. Esta autoridade infalível, a Igreja
Católica, declarou Ario um herege. Se a Igreja Católica
jamais foi infalível ou possuiu alguma autoridade em
suas declarações, então os cristãos não teriam razão
alguma em rejeitar Ario e aceitar a autoridade da
Igreja, e a maioria do cristianismo atual seria baseado
nos ensinamentos de Ario.
É evidente, portanto, que usar somente a Bíblia não é
garantia de se chegar a uma doutrina verdadeira. O
resultado acima descrito é o que acontece quando a falsa
doutrina da Sola Scriptura é utilizada como princípio
guia, e a história da Igreja e das inúmeras heresias que
teve de combater são testemunhas inegáveis deste fato.
[Topo]
O Canon da Bíblia Não Estava Formado Até o Século IV
Um dos fatos históricos que é um extremo
inconveniente aos protestantes é o fato de que o cânon
da Bíblia - a lista sagrada dos livros que fazem parte
das Escrituras inspiradas - não fora definido até o
final do século 4. Até esta data, havia larga discórdia
sobre quais seriam os livros considerados inspirados e
de origem apostólica. O cânon bíblico antigo variava de
local a local: algumas listas continham livros que mais
tarde foram reconhecidos como apócrifos, enquanto outras
listas não traziam livros que hoje constam entre os
livros canônicos. Por exemplo, existiam livros cristãos
que eram considerados por alguns inspirados e
apostólicos e que eram lidos nos cultos públicos, mas
que foram mais tarde omitidos do Novo Testamento, entre
eles, O Pastor de Hermas, Epístola de Barnabé, Didaché
[18].
Somente nos Concílio de Roma (382), Hipona (393) e
Cartago (397) podemos encontrar uma lista definitiva dos
livros canônicos sendo descrita, e cada um destes
concílios reconheceu a mesma lista do anterior [19]. A
partir de então, não houveram mais disputas sobre o
cânon bíblico, a única exceção ficando a cargo dos
reformadores protestantes, que entraram em cena em 1517,
inacreditáveis 11 séculos depois.
Mais uma vez, mais duas questões fundamentais porque
alguém não deve buscar respostas que sejam consoantes
com a Sola Scriptura:
a) Quem ou o que serviu como autoridade cristão final
durante o tempo em que o Novo Testamento não tomou
forma? b) E se havia alguma autoridade final que os
protestantes reconhecem antes da definição do cânon, com
que bases está autoridade desapareceu uma vez que o
cânon bíblico tenha sido fechado? [Topo]
O Canon Foi Definido Por Uma Autoridade "Extra
Bíblia"
Devido a Bíblia não vir com um índice inspirado, a
doutrina da Sola Scriptura criou um outro dilema: como
alguém pode saber quais são os livros que pertencem à
Bíblia - principalmente, ao Novo Testamento? Um fato
inquestionável é que ninguém pode saber disso, a menos
que alguma coisa fora da Bíblia mostre a resposta. E sem
dúvida, este detalhe a mais deve ser, por necessidade,
infalível, pois a possibilidade haver erro na definição
dos livros inspirados [20] significa que todos os
cristãos estariam correndo o risco de estar lendo livros
não-inspirados, uma situação que tornaria a Sola
Scriptura defeituosa. Porém, se houve tal autoridade
"extra bíblica", a doutrina da Sola Scriptura desaba
da mesma forma.
Outro fato histórico que dificulta ainda mais a
aceitação desta doutrina é que não houve qualquer outra
instituição que tenha identificado e ratificado o cânon
da Bíblia. Os três Concílios mencionados anteriormente,
todos, eram concílios católicos. A Igreja Católica deu a
sua definição final do cânon da Bíblia no Concílio de
Trento em 1546 - nomeando os mesmos 73 livros que já
haviam sido incluídos desde o século 4. Se a Igreja
Católica é capaz, então, de conceder uma definição
autoritária e infalível de tão importante assunto sobre
quais livros deve conter a Bíblia, logo com que bases
alguém pode questionar sua autoridade em outros assuntos
acerca de fé e moral?
Os protestantes, no mínimo, devem, assim como o seu
fundador, Martinho Lutero, reconhecer que a Igreja
Católica protegeu e organizou a Bíblia: Somos obrigados
a reconhecer muitas coisas aos católicos - (como por
exemplo), que eles possuem a Palavra de Deus, que nós
recebemos deles; de outro modo, não saberíamos nada
sobre ela [21]. [Topo]
Crer Que a Bíblia é "Auto Autenticável" Não
Tem Bases
Procurando uma resposta satisfatória ao problema de
como fora determinado o cânon bíblico, os protestantes
costumeiramente apelam para o fato de que a Bíblia é
auto autenticável, ou seja, os próprios livros da Bíblia
testemunham que eles são inspirados. O grande problema
com esta afirmação é que uma boa excursão pela história
da Igreja demonstra que esta teoria é falha.
Por exemplo, vários livros do Novo Testamento - Tiago,
Judas, 2ª Pedro, 3ª João e Apocalipse - receberam
questionamentos acerca de seu status canônico por algum
tempo. Em alguns lugares eram aceitos, enquanto
simultaneamente em outros eram rejeitados. Mesmo grandes
pensadores, como Santo Atanásio (297-373), São Jerônimo
(342-420) e Santo Agostinho (354-430) apresentaram
listas de livros do Novo Testamento que refletiam o que
era reconhecido como inspirado em seus tempos e lugares,
porém nenhuma destas listas correspondia ao Novo
Testamento que fora identificado pela Igreja Católica no
fim do século 4 e que até hoje corresponde à Bíblia que
os católicos possuem [22].
Se a Bíblia é auto autenticável, porque, então, havia
tamanha discórdia e incerteza sobre tantos livros?
Porque a disputa? Porque o cânon não foi identificado
logo do início, já que os livros são prontamente
discerníveis? A única resposta a estes questionamentos é
que o cristão deve aceitar que a Bíblia não seja auto
autenticável.
Mais interessante também é o fato de que alguns livros
da Bíblia não identificam seu próprio autor. A ideia de
auto autenticação - se fosse verdade - seria mais
plausível se cada um dos autores bíblicos identificassem
a si mesmos, pois examinaríamos mais facilmente suas
credenciais, ou, no mínimo, quem era que alegava falar
em nome de Deus. Mas quanto a isso a Bíblia nos deixa
ignorantes, com poucos exemplos.
Tome o Evangelho de Mateus como exemplo: não há
indicação de que fora Mateus, o cobrador de impostos,
quem o escreveu. Há duas possibilidades, então, para
conhecermos o autor destes livros:
1) através da Tradição;
2) por estudiosos bíblicos. Em ambos os casos, a fonte
da conclusão é "extra bíblica", e, portanto,
condena a doutrina da Sola Scriptura à completa
incompetência e fracasso.
Mas os protestantes respondem a este argumento dizendo
que não é necessário conhecer se Mateus escreveu ou não
este Evangelho, pois a salvação não depende de conhecer
se foi ele ou outro quem o escreveu. Porém, tal ponto de
vista guarda uma dificuldade. O que os protestantes
estão dizendo é que, enquanto um Evangelho autêntico é a
Palavra de Deus e é o meio pelo qual o cristão adquire
um conhecimento salvífico de Jesus Cristo, o mesmo
cristão não tem como saber com certeza, no caso do
Evangelho de Mateus, se este é de origem apostólica e,
consequentemente, não possui meios para saber se este
Evangelho é autêntico (ou seja, a Palavra de Deus) ou
não. E se a autenticidade deste Evangelho é
questionável, então porque está incluído na Bíblia? Se
sua autenticidade é certa, como se pôde saber com a
ausência do autógrafo de Mateus? A única saída coerente
é admitir que a Bíblia não é auto autenticável.
O protestante então recorrerá à asserção bíblica de auto
inspiração, citando a passagem de 2ª Tm. 3, 16 - Toda
Escritura é inspirada por Deus, e útil... - Contudo, a
alegação de inspiração não é por si só garantia de
inspiração. Considere o fato de que os escritos de Mary
Baker Eddy, a fundadora da seita Ciência Cristã, aleguem
ser inspirados. Os escritos de Joseph Smith, o fundador
da seita Mórmon, afirmem ser inspirados. São apenas dois
exemplos, entre muitos, que demonstram que qualquer
escrito particular pode reclamar a autoridade sobre
qualquer coisa. Obviamente, para reconhecermos se um
escrito é inspirado de verdade ou não necessitamos mais
do que tal afirmação escrita no papel. A garantia de
inspiração de algum escrito deve vir de fora deste
escrito, senão será um eterno argumento circular. No
caso da Bíblia, a garantia deve vir de uma fonte fora da
Bíblia. Porém a autenticação extra bíblica é uma
possibilidade excluída pela Sola Scriptura. [Topo]
Nenhum Dos Escritos Bíblicos Originais Existe Mais
Uma importante consideração - talvez uma das mais
fatais à doutrina da Sola Scriptura - é a de que não
possuímos ao menos um manuscrito original de nenhum
livro da Bíblia. Claro que existem milhares de
manuscritos que são cópias dos originais - e mais
provável é que sejam cópias das cópias -, e este fato em
nada auxilia a Sola Scriptura pela simples razão de que
sem os originais, ninguém pode garantir que possuímos
atualmente a Bíblia real, completa e sem corrupções
[23]. Os autógrafos originais são inspirados, as cópias
não...
Os protestantes argumentam que não há problema em não
ter os escritos originais, pois Deus protegeu a Bíblia
protegendo sua duplicação ao longo dos séculos [24].
Entretanto, existem dois problemas com esta linha de
pensamento. Primeiro, que afirmar que a providência de
Deus manteve a integridade das cópias é afirmar algo que
não encontra nem de longe suporte nas Escrituras, logo
não pode ser tomada como regra de fé, pela própria
definição de Sola Scriptura. Em outras palavras, não se
encontra versículo algum que demonstre que Deus
protegeria a transmissão dos manuscritos, logo esta
conclusão está excluída. A Bíblia nada diz a respeito.
Segundo, se você afirmar que Deus protegeu a transmissão
da Sua Palavra escrita, então podemos concluir que
também protegeu a transmissão de Sua Palavra oralmente
(releia 2ª Ts. 2, 15 e a dimórfica estrutura da Palavra
de Deus). Até porque a pregação do Evangelho começou
pela Tradição Oral (cf. Lc. 1,1 -4 e Rm. 10, 17).
Somente muito tempo depois uma parte da Tradição oral
fora posta na forma Escrita - tornando-se a Sagrada
Escritura - e somente muito tempo após este mesmo evento
os escritos foram reconhecidos e definidos com
canônicos. Uma vez que você possa reconhecer que Deus
protegeu a transmissão oral de Sua mensagem, você
automaticamente admite as bases da Sagrada Tradição e já
começou a compreender a posição católica. [Topo]
Os Manuscritos Bíblicos Possuem Milhares de Variações
Percebeu-se que, existindo milhares de manuscritos
da Bíblia, estes manuscritos continham milhares de
variações textuais; um autor estima que devam existir
mais de 200.000 variações [25]. Apesar de muitas destas
variações referirem-se a temas menores - tais como
escrita, ordem das palavras e etc. - também existem
variações das mais importantes naturezas: a) os
manuscritos demonstram que algumas vezes os escribas
modificavam o texto para harmonizar passagens,
acomodá-las a fatos históricos, e para estabelecer uma
correta conduta doutrinária [26]; b) existem partes de
versículos (isto é, mais que simples palavras) que
possuem leitura diferente em diferentes manuscritos,
como Jo. 7, 39, At. 6, 8, Cl. 2, 2 e 1ª Ts. 3, 2 [27].
Estes fatos levam o protestante a não saber se a Bíblia
que possui é a mesma Bíblia que foi escrita pelo autor
inspirado. E se este é o caso, então como o protestante
pode professar a base de sua crença somente na Bíblia
quando ele não consegue determinar com certeza a
autenticidade textual desta mesma Bíblia? [28].
Mais importante, existem muito mais variações entre os
manuscritos do Novo Testamento. Os dois exemplos
seguintes ilustrarão este ponto:
Primeiro, de acordo com os manuscritos que possuímos,
existem quatro possíveis finais para o Evangelho de
Marcos: o menor, que inclui os vv.1-8 do capítulo 16, o
longo, que inclui os vv.1-8 mais os vv.9-20; o
intermediário, que inclui duas ou três linhas entre o
v.8 e o final longo, e o final longo expandido, que
inclui vários versículos após o v.14 do final longo
[29]. O melhor que podemos concluir sobre estas
diferenças é que não podemos saber, apenas pela Bíblia,
onde termina o Evangelho de Marcos, e, dependendo de
qual final está (ou estão) incluído(s) na Bíblia
protestante, o publicador corre o risco de estar
distribuindo Bíblias acrescentando ou omitindo
versículos do texto original - portanto violando a
doutrina da Sola Scriptura, que requer que somente a
Bíblia, e a Bíblia inteira seja a única regra de fé.
Mesmo se uma Bíblia protestante incluir todos os quatro
finais com notas de rodapé e comentários, mesmo assim
não terão a certeza de qual final é o genuíno.
Segundo, há algumas evidências para leituras alternadas
de alguns textos centrais da Bíblia, tal como Jo. 1, 18,
onde ocorrem dois possíveis significados [30]. Algumas
Bíblias (como a King James Version) trazem este
versículo como está na Douay-Rheims: Nenhum homem viu a
Deus em qualquer tempo, o filho único que está no seio
do Pai o revelou. Outras acompanham a New Internacional
Version: Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que
está à direita do Pai, foi quem o revelou. Ambas as
formas estão sustentadas por manuscritos, e você
encontrará exegetas bíblicos debruçarem seus mais
preciosos julgamentos à que creem seja a "correta".
Uma situação similar ocorre em At 20,28, onde os
manuscritos mostram que Paulo poderia estar se referindo
tanto à Igreja do Senhor (gr. Kurion) ou à Igreja de
Deus (gr. Theou) [31].
Este assunto pode parecer simplório à primeira vista,
mas suponha que você esteja tentando evangelizar um
membro de uma seita que nega a divindade de Jesus
Cristo. Ainda que Jo 1,18 e At 20,28 não sejam as únicas
passagens que possam defender a divindade de Nosso
Senhor, você ficará incapacitado de utilizá-los com esta
pessoa, dependendo de qual manuscrito sua Bíblia foi
reproduzida. Isto levá-lo-ia a uma possibilidade
reduzida de defender uma doutrina bíblica fundamental, e
este fato tornaria problemática a perspectiva da
doutrina da Sola Scriptura. [Topo]
Existem Centenas de Versões Bíblica
Como mencionado no tópico anterior, existem milhares e
milhares de variações nos manuscritos bíblicos.
Acrescentado a isto o fato de histórico de que existiram
centenas de versões bíblicas, variando cada uma tanto em
tradução quanto em fontes textuais. A questão é: qual é
a versão correta? ou qual é a versão mais fidedigna ao
original? A possível resposta dependerá de qual lado
você estiver, ou de católicos ou de protestantes. Outra
saída dependerá de qual especialista bíblico você
depositará sua confiança e credibilidade.
É fato que algumas versões são inferiores a outras. Os
avanços nos campos arqueológicos possibilitaram
descobertas (como os manuscritos do Mar Morto) que
alteraram nosso conhecimento sobre locais e linguagens
bíblicas antigas. Sabemos mais hoje pelos avanços dos
estudos bíblicos que nossos antepassados de 100, 200,
1000 anos atrás. Deste ponto de vista, versões bíblicas
contemporâneas provavelmente possuem certa superioridade
em relação às suas versões mais antigas. Por outro lado,
Bíblias transcritas a partir da Vulgata latina de São
Jerônimo (quarto século) - em língua inglesa, a
Douay-Rheims - são baseadas em textos originais que não
existem mais, portanto estas versões passaram por
dezesseis séculos de possíveis corrupções.
Isto causa um problema considerável aos protestantes,
pois significa que os protestantes modernos possuem, por
assim dizer, uma versão bíblica melhor ou mais acurada
que a Bíblia de seus antecessores, que, portanto,
possuíram Bíblias de menor qualidade - que por sua vez
leva a concluir que os protestantes modernos possuem uma
bíblia "mais completa" como autoridade final que a
bíblia "menos completa" que dos antigos protestantes. Só
que está discrepância entre autoridades começa a
diminuir a doutrina da Sola Scriptura, pois está
significa que uma bíblia não é mais ou menos autoritária
que outra, e se uma não é autêntica e completa, a
probabilidade de produzir doutrinas erradas é imensa,
logo a função particular da bíblia como autoridade final
falha, pois não pode mais ser uma autoridade final.
Outro ponto a considerar é que traduções bíblicas, como
produtos humanos, não são completamente objetivas e
imparciais. Um pode se sentir mais à vontade de incluir
notas a uma passagem de uma maneira que corresponda
melhor à doutrina que deseja transmitir. Um exemplo
disto é a ocorrência da palavra grega paradoseis nas
bíblias protestantes. Como negam a existência da Sagrada
Tradição, algumas traduções trazem esta palavra como
ensinamentos ou costumes e não tradições, sendo que esta
última é a que mais se encaixa na tradução correta e à
posição católica.
Ainda outra consideração é que algumas versões são
corrupções bíblicas notáveis, como é o caso da Bíblia
dos Testemunhas de Jeová, a New World Translation. Nela
os "tradutores" manusearam passagens bíblicas
para propagar doutrinas erradas [32]. Agora, a menos que
haja uma autoridade fora da Bíblia para declarar tais
traduções como falsas e perigosas, com qual autoridade e
revelação divina os protestantes podem considerar esta
ou aquela tradução como falsa? Com qual autoridade os
protestantes podem impedir os Testemunhas de usar esta
tradução para difundir suas doutrinas? Os protestantes
responderiam que este caso pode ser encontrado na
Bíblia, através dos estudos de pesquisadores bíblicos.
Contudo isto ignora o fato dos Testemunhas também
basearem sua tradução em estudos "especialistas".
Forma-se um jogo de vai e volta, colocando as conclusões
de um especialista contra outro, uma autoridade humana
contra outra.
Este problema somente pode ser resolvido pela
intervenção de um magistério infalível e com autoridade
de falar por Cristo. O católico sabe que está autoridade
é a Igreja Católica e a autoridade de seu magistério. No
exercício desta autoridade, os bispos católicos conferem
o imprimatur ("Imprima-se") que deve constar nas
primeiras páginas de certas versões bíblicas e outros
tipos de literatura religiosa para alertar os leitores
que aquele livro não contém nada contrário ao
ensinamento de Cristo ou dos apóstolos [33]. [Topo]
A Bíblia Não Estava Disponível a Todos Até o Século
15
Essencial à doutrina da Sola Scriptura é a ideia de que
o Espírito Santo guia cada crente na interpretação
infalível de qualquer passagem bíblica. Esta ideia, no
mínimo, requer que todos possuam Bíblias ou acesso a
ela. A dificuldade de tal pensamento está no fato de que
a Bíblia não era um produto de massas disponível para
todo mundo até o advento da imprensa no século 15 [34].
Mesmo depois disso, custava certo tempo até que um
número ideal de Bíblias fosse impressa para suprir a
população.
A difícil situação que esta ideia coloca é que milhões e
milhões de cristãos ficaram sem uma autoridade final até
o século 15, na total confusão espiritual, a menos que
eles pudessem possuir uma Bíblia manuscrita. Qualquer um
consideraria Deus um tanto cruel por causa disto, pois
teria revelado sua mensagem de salvação para a
humanidade por Cristo, mesmo sabendo que esta mensagem
não estaria disponível a esta mesma humanidade por
quinze séculos.
Porém sabemos que Deus não é cruel, mas tem um amor
infinito por nós. Por esta razão não nos deixaria na
escuridão. Nos enviou Seu único Filho para nos mostrar o
Reino de Deus, como deveríamos agir e crer, e este Filho
estabeleceu uma Igreja para promover esses ensinos
através da pregação aos letrados e iletrados: assim a fé
vem da pregação, e a pregação é o anuncio da Palavra de
Cristo (Rm. 10, 17). Cristo também deu à Sua Igreja a
garantia de que Ele sempre estaria com ela, nunca
permitindo que ensine o erro. Deus, por essa razão, não
abandonou Seu povo e fez com que antes da invenção da
imprensa estes chegassem ao conhecimento de Seu Filho.
De fato, deu-nos um mestre infalível, obra divina, a
Igreja Católica, para nos dar toda a informação
necessária sobre a Boa Nova - e da forma certa. [Topo]
A Sola Scriptura Não Existia Antes do Século XXIV
É uma realidade dura, mas deve ser encarada pelos
protestantes, o fato de que está doutrina não surgiu
antes do século 14 e não se difundiu antes do século 16
- um tempo longo, muito longo, desde a era dos apóstolos
e da fundação da Igreja de Cristo. Este fato, claro, é
simplesmente ignorado pelos protestantes, mas sozinho é
razão para refutar a Sola Scriptura. Esta doutrina não
existia antes de John Huss (precursor do protestantismo)
no século 14 e somente ganhou difusão quando Martinho
Lutero, no século 16, veio trazer suas "tradições de
homens" para pôr no lugar da autêntica doutrina cristã.
Esta doutrina, portanto, não somente surgiu do nada, mas
também representa uma mudança abrupta e radical no
ensino dos apóstolos.
Claro, os protestantes afirmam que a própria Bíblia
ensina a Sola Scriptura e por isso está doutrina é tão
antiga quanto a Igreja. Contudo, como mostramos nos
primeiros tópicos, a Bíblia não ensina está doutrina em
lugar algum. A insistência nesta afirmação é uma
tentativa de forçar um contexto bíblico que mais se
adeque ao que se pretende. Um exame acurado da história
revela se uma crença foi ou não originada por Jesus e
pelos apóstolos ou se apareceu em algum outro lugar no
tempo. O fato é que, apesar dos esforços protestantes,
os registros históricos são silenciosos quanto à
doutrina da Sola Scriptura antes do 14º século. [Topo]
Produz Maus Frutos, Como Divisões e Disputas
Se está doutrina fosse correta e santa, então todos os
protestantes deveriam concordar em todos os pontos
doutrinários, pois a Bíblia não pode ensinar doutrinas
contraditórias simultaneamente. Mas a realidade é que
existem milhares [35] de seitas protestantes, cada uma
proclamando ser a Bíblia sua única regra de fé, cada uma
garantindo que está pregando a verdade do Evangelho,
embora muitas preguem assuntos totalmente diferentes
umas das outras. Os protestantes, mestres da fuga, dizem
que tais doutrinas discordantes não são essenciais, são
secundárias, porém é realidade também que em assuntos,
então, centrais, mesmo estes, os protestantes discordam.
A salvação do homem, os sacramentos e a justificação são
somente alguns exemplos.
Exemplificando: algumas seitas pregam que Jesus está
simbolicamente presente na Eucaristia. Outros, como os
luteranos, creem o contrário, que Jesus está realmente
presente na Eucaristia. Algumas denominações pregam que
uma vez salvo, o crente não poderá jamais perder a sua
salvação, não importa se faça o bem ou o mal. Outros
pregam que o pecado pode causar a condenação do homem,
mesmo após justificado. Algumas seitas afirmam que o ser
justificado é apenas declarado justo, enquanto outras
afirmam que o ser justificado é tornado justo.
Jesus jamais quis que seus discípulos estivessem
divididos, desunidos, mergulhados num caos doutrinário
como está o protestantismo desde a sua origem [36].
Jesus, pelo contrário, pediu a união de seus seguidores:
para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em
mim e eu em ti, que também eles estejam em nós (Jo. 17,
21). E São Paulo exorta aos cristãos a unidade
doutrinária com estas palavras: um só corpo e um só
Espírito...um só Senhor, uma só fé, um só batismo (Ef.
4, 4-5). Como, então, as milhares de seitas protestantes
podem ser denominadas de "Igrejas verdadeiras"
quando as suas simples existências já refutam tal
presunção? Como doutrinas tão heterodoxas e
contraditórias podem servir de instrumento divino de
união, desejada por Jesus? Sobre isto, o leitor deve
lembrar das palavras de Jesus: pela árvore se conhece os
frutos (Mt. 12, 33). Por este versículo, vemos que a
árvore da história do protestantismo e da Sola Scriptura
está recheada de maus frutos. [Topo]
Não Permite a Interpretação Definitiva da Bíblia
A doutrina da Sola Scriptura não permite a
interpretação definitiva de nenhuma passagem bíblica
Como temos visto, a Sola Scriptura supõe que basta uma
Bíblia como regra de fé para se obter a verdadeira
interpretação de qualquer passagem bíblica simplesmente
comparando este verso com o restante da Bíblia. Na
prática, contudo, o remendo saiu pior que a fratura,
pois acaba por impedir que o crente possa chegar a uma
certa e definitiva interpretação de qualquer passagem
bíblica.
O protestante, na verdade, interpreta a Bíblia mais a
partir de uma opinião subjetiva que de uma verdade
objetiva. Por exemplo, digamos que o protestante A
estudou a determinada passagem bíblica e chegou à
conclusão X. O protestante B estudou a mesma passagem,
mas concluiu Y. Então, o protestante C estudou a mesma
passagem dos outros dois, mas chegou a uma interpretação
Z [37]. As interpretações X, Y e Z são contraditórias,
entretanto cada um acha que chegou à verdadeira
interpretação bíblica porque cada um estudou e comparou
a Bíblia pela Bíblia.
Existem, agora, somente duas saídas para estes três
protestantes:
1) todos estão errados;
2) somente um está correto.
Três interpretações contraditórias jamais podem estar
simultaneamente corretas [38]. O problema aqui é que,
sem haver uma autoridade infalível que diga qual das
três interpretações é a verdadeira (objetivamente
verdadeira), não há meios para se saber qual das três é
a correta seguramente. Cada protestante está, portanto,
em meio a uma interpretação pessoal baseada meramente em
opinião pessoal. Estudos e mais estudos são vãos. Cada
protestante torna-se, com isso, sua própria autoridade
final, ou seja, seu próprio Papa.
Na prática o próprio protestantismo nos mostra que este
raciocínio é verdadeiro. Pelo fato de somente a Bíblia
não ser suficiente como regra de fé (se fosse, todos os
protestantes concordariam em interpretação), cada
denominação tem que se render e aderir fixamente às suas
próprias interpretações bíblicas. Logo, se existem
várias possíveis interpretações da Bíblia, nenhuma é de
fato definitiva. E se não há interpretação definitiva da
Bíblia o protestante não têm como saber se sua
interpretação é verdadeira ou falsa.
Uma boa comparação seria com a lei moral. Se cada um
pudesse determinar por sua própria opinião o que é certo
e errado, não restaria nada mais que um relativismo
moral, e cada uma fixaria seus próprios padrões morais.
Entretanto, Deus definiu leis morais absolutas para nós
(em adição às que conhecemos pelas leis naturais), e por
isso podemos analisar cada ato e reconhecer se é
moralmente bom ou mal. O mundo seria impraticável sem
moral absoluta.
Cada denominação protestante afirma, lógico, que possui
a verdadeira interpretação bíblica. Todas fazem isso. Se
não fizessem, perderiam membros. Entretanto, se afirmam
que possuem a verdadeira interpretação bíblica, em
detrimento às demais, então está se auto proclamando
autoridade final. O problema aqui, se os leitores ainda
não notaram, é que este detalhe viola o princípio da
Sola Scriptura, que rejeita qualquer autoridade final
que não seja a própria Bíblia. Cheque mate.
Por outro lado, se uma denominação reconhece que sua
interpretação bíblica não é mais correta que a de outra,
então voltamos ao eterno dilema: qual interpretação está
correta? existe alguma, então, que está correta? e se
todas são falsas?. Nosso Senhor disse: Eu sou o caminho,
a verdade e a vida (Jo 14,6). O problema aqui é que cada
denominação, na prática, afirma possuir a única
interpretação correta. Conclusão, milhares de
interpretações corretas diferentes, que resultam em uma
total impossibilidade de se conhecer a real e definitiva
interpretação a uma passagem bíblica qualquer. Em outras
palavras, nenhuma seita protestante pode dizer a
autoridade está aqui em relação a uma interpretação
bíblica. [Topo]
Faltam Sete Livros na Bíblia Protestante
Para sua decepção, os protestantes são culpados de
violar sua própria doutrina. A Sola Scriptura proíbe que
algo seja acrescentado ou subtraído das Escrituras,
porém os protestantes retiraram sete livros das
Escrituras do Antigo Testamento, assim como porões de
outros dois. Estes são erroneamente chamados de
Apócrifos (não-autênticos) pelos protestantes, e de
deuterocanônicos (segundo cânon) pelos católicos:
Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico,
Baruc, partes de Daniel e Ester.
Defendendo seu cânon incompleto, os protestantes
apresentam alguns argumentos, tais como:
1) O cânon menor, chamado cânon farisaico ou
palestinense do Antigo Testamento, foi aceito por Jesus
e seus apóstolos, pois eles nunca citaram nenhuma fonte
dos livros deuterocanônicos;
2) O Antigo Testamento foi fechado no tempo de Jesus, e
este era composto pelo cânon menor;
3) Os próprios judeus aceitaram o cânon menor no sínodo
de Jâmnia (ou Javneh) em 90 d.C.;
4) Os livros deuterocanônicos contém doutrinas ante
bíblicas.
Vejamos cada um destes argumentos:
1) Sobre este, que Jesus e seus apóstolos aceitaram o
cânon menor, um exame das citações neotestamentárias do
Antigo Testamento demonstrará a falácia. O Novo
Testamento cita o Antigo cerca de 350 vezes, e em
aproximadamente 300 destas (86%!) foram retiradas da
septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento,
largamente usada no tempo de Cristo. Esta versão, a
septuaginta, continha os deuterocanônicos.
Não há razão para dizer que Jesus e os seus discípulos
aceitaram o cânon menor, quando na maioria das vezes
utilizaram fontes do Antigo Testamento que continham os
deuterocanônicos.
Tomemos o exemplo de Paulo, cujas cartas missionárias
eram dirigidas a regiões fora da palestina. Deve-se
notar, por exemplo, que seu sermão em Antioquia na
Pisídia presumiu um conhecimento, entre seus ouvintes,
da Septuaginta e uma vez que a comunidade fora formada,
o conteúdo de suas cartas a estas era baseado na
Septuaginta [40] Obviamente, Paulo assim não rejeitava,
mas se utilizava do cânon maior, com os livros
deuterocanônicos.
Além do mais, é errado dizer que estes livros não foram
citados no Novo Testamento [41] e que tal citação deve
ser pré-requisito para a canonicidade de um livro
bíblico. Algumas fontes dizem que os deuterocanônicos
são citados no Novo Testamento, no mínimo, 150 vezes
[42]. Acrescido a isto, livros do cânon menor, como
Eclesiastes, Abdias e Ester não são citados por Jesus ou
seus apóstolos, e nem por isso os protestantes
retiraram-nos do seu cânon. Obviamente este argumento
não serve para determinar a canonicidade de um livro.
2) A evidência histórica mostrará que o argumento
protestante de que o cânon do Antigo Testamento foi
fechado no tempo de Jesus é falso. Primeiro que não
havia nenhum cânon palestino oficial, pois existia neste
tempo três canons em circulação [43], além da
Septuaginta. Segundo, as evidências mostram que o
judaísmo durante os últimos dois séculos antes de Cristo
e o primeiro século depois de Cristo não era uniforme em
seu entendimento sobre quais livros deveriam ser
considerados sagrados. Existiam muitas opiniões dentro e
fora de Israel sobre esta questão [44].
3) Usar o sínodo de Jâmnia para justificar o cânon menor
é problemático por algumas razões: a) tal decisão,
tomada cerca de 50 anos após a morte de Cristo, não tem
relação alguma com o cânon dos livros cristãos, pois os
rituais veterotestamentários (como não comer carne de
porco) não têm relação com o cristianismo; b) é
questionável se de fato este sínodo possuiu uma visão
definitiva e autoritária sobre o cânon do Antigo
Testamento das Escrituras, pois a lista continuou a
variar dentro judaísmo até o século 4 dC. [45]; c) o
sínodo foi, de certo modo, formado devido a polêmica
contra a seita dos cristãos, portanto em total oposição
ao cristianismo. Estes judeus aceitaram o cânon menor
porque os cristãos aceitavam o cânon maior da
Septuaginta; d) as decisões deste sínodo representaram a
decisão de apenas um ramo do judaísmo farisaico, o da
palestina, e não do judaísmo como um todo.
4) Por fim, para os protestantes afirmarem que os
deuterocanônicos possuem doutrinas ante bíblicas é
decididamente um caso de insegurança dogmática. Esta
conclusão foi tomada porque os reformadores, claramente
em antagonismo com a Igreja Católica, tomavam a Bíblia a
priori como um livro de doutrinas protestantes.
Descartaram os deuterocanônicos porque continham
doutrinas católicas, como 2º Mac. 12, 42-46, que
claramente baseia a oração pelas almas do purgatório:
santo foi e piedoso o seu pensamento, e foi essa a razão
por que mandou que se celebrasse pelos mortos um
sacrifício expiatório, para que fossem absolvidos de
seus pecados. Lutero, claramente, quis retirar também do
Novo Testamento livros como Apocalipse, Hebreus e Tiago,
este merecendo o nome de epístola de palha, onde nada de
evangélico é encontrado [46], isso devido, sem dúvidas,
o fato de que Tiago afirmava que somos salvos pela fé e
pelas boas obras (Tg. 2, 14-26), refutando a doutrina
recém-criada por Lutero de que somos salvos somente pela
fé, sem participação das obras. Lutero foi convencido
por seus correligionários a não retirar mais este livro
da Bíblia.
Além deste fato acima, existe o testemunho histórico da
continuidade do cânon bíblico. enquanto vimos que
existiam disputas em relação ao cânon bíblico, duas
considerações são evidentemente verdadeiras: a) com
certeza os deuterocanônicos eram usados pelos cristãos
do primeiro século, a começar por Jesus e seus
apóstolos; b) desde que foi definido o cânon no século
4, não vemos mudança alguma em relação ao conteúdo da
Bíblia. Na prática, a única disputa que surgiu após este
evento veio com a reforma protestante, somente no século
16, que decidiram que poderiam simplesmente lançar no
lixo a continuidade de 11 séculos do cânon bíblico em
sua existência formal, e 15 séculos de existência
prática.
O fato de que qualquer pessoa possa vir e simplesmente
alterar a continuidade de um tema tão central como o
conteúdo dos livros da Escritura deveria levar o cristão
a pensar seriamente sobre um detalhe. Este cristão
deveria se perguntar: com que autoridade esta pessoa
pôde fazer esta alteração? Tanto a história como os
próprios escritos de Lutero mostram que suas ações foram
baseadas em nada mais que sua opinião pessoal.
Certamente, tal "autoridade final" falha grosseiramente
no que se requer para que alguma alteração canônica seja
feita, especialmente quando se considera que o processo
de identificar o cânon bíblico envolveu um processo
guiado pelo Espírito Santo, levou séculos, e envolveu
algumas das maiores mentes do cristianismo assim como
alguns Concílios da Igreja. Mais interessante é o fato
de que outros chamados reformadores - e desde então
todos os protestantes - aceitaram a alteração do cânon
de Lutero, mesmo que todos dissessem que eram fiéis à
Bíblia e insistiam que nada deveria ser acrescentado ou
retirado de suas páginas [Topo]
Se Originou Dos Problemas Emocionais de Lutero
Se algo deve ser dito com relação a Martinho Lutero
é o fato de que ele era cronicamente assolado por uma
combinação de dúvidas e inseguranças quanto a sua
própria salvação e uma sensação de extrema impotência em
face as tentações do pecado. Ele próprio escreveu: meu
espírito está completamente partido e estou em eterno
estado de melancolia; pois, faça o que fizer, minha
retidão e minhas boas obras não me trazem ajuda ou
consolação alguma [47].
À luz desta realidade, pode-se acessar o perfil
emocional e psicológico do pensamento de Lutero e seu
impacto na origem de sua Sola Scriptura. Uma pequena
análise pode mostrar que está doutrina nasceu da
necessidade que Lutero tinha de se ver livre de seus
sentimentos de culpa, insegurança e tentação que o
"torturavam".
Considerando que o próprio Lutero admite uma tendência
obsessiva ao pecado, assim como uma inabilidade de
resistir a ele, fica claro que ele sofreu de "escrupulosidade",
e todos os estudiosos luteranos admitem isso [48].
Escrupulosidade significa que uma pessoa fica
extremamente ansiosa quanto a ter cometido um pecado
quando na verdade não há razão para tal, e uma pessoa
escrupulosa é aquela que geralmente supervaloriza seu
pecado, com uma correspondente confiança em Deus. Também
é relevante notar que a escrupulosidade parece ser
baseada em alguma disfunção psicológica [49].
Em outras palavras, Lutero provavelmente nunca desfrutou
de paz espiritual e psicológica, pois a voz de sua
"consciência" sempre o alcançava sobre qualquer assunto,
real ou imaginário. É natural que alguém tão atordoado
busque refúgio nesta voz, e para Lutero este refúgio foi
encontrado na doutrina da Sola Fide, ou a salvação
somente pela fé.
Mas desde que resistir ao pecado e praticar boas obras
são componentes essenciais para nossa salvação, e desde
que estes fatos são satisfatoriamente componentes e
defendidos pela Igreja Católica, Lutero se encontrou
diametricamente oposto à doutrina da Igreja. Pelo fato
de a Igreja ensinar a necessidade de algo que ele
exatamente não podia fazer, tomou uma decisão drástica -
uma que "resolveria" sua escrupulosidade: rejeitou a
autoridade da Igreja, contida no seu Magistério cujo
Papa é o chefe, e afirmou que era algo contrário à
Bíblia. Em outras palavras, por dizer que a Sola
Scriptura deveria ser a verdadeira doutrina cristã,
Lutero repugnou a autoridade que o fazia reconhecer que
sua própria espiritualidade era disfuncional. [Topo]
Considerações Finais
Por todas estas razões, então, é evidente que a
doutrina protestante da Sola Scriptura é uma
extremamente anti-bíblica, humana e errônea crença que
deve ser desacreditada e rejeitada completamente. Todos
os que são genuinamente cristãos e seguem as verdades
que Jesus ensinou - mesmo que contradiga o seu sistema
religioso atual - devem reconhecer a falha desta
doutrina, falha está óbvia pelas Escrituras, pela
história e pela lógica.
A plenitude da verdade cristã, sem erro, é encontrada
somente na Igreja Católica, a mesma Igreja que o próprio
Cristo estabeleceu sobre a terra. De acordo com esta
Igreja, a Sola Scriptura é uma distorção da autoridade
cristã. Na realidade, a verdadeira e direta regra de fé
do cristão é a Igreja, que por sua vez absorve o que
ensina da Revelação Divina - a Tradição Escrita e a
Tradição Oral, que juntas formam a regra indireta de fé.
A Escritura e a Tradição são as fontes inspiradas da
doutrina cristã, enquanto que a Igreja - entidade
histórica e visível em sucessão ininterrupta desde Pedro
e os demais apóstolos - é a intérprete infalível da
doutrina cristã. Somente aceitando completamente esta
regra de fé que os seguidores de Cristo podem aderir a
todas as coisas que Ele ordenou aos seus apóstolos
ensinar (Mt. 28, 20). Somente aceitando completamente
esta regra de fé o cristão pode conhecer a verdadeira
doutrina pregada por Cristo, e nada além da verdade.
[Topo]
Referências
Nota: entre as referências estão citados alguns
autores protestantes. Seus trabalhos não são obras
recomendadas, porém mostram que os pontos apresentados
neste trabalho são verdadeiros e válidos mesmo entre os
protestantes.
1. A reforma protestante não foi uma reforma no sentido
verdadeiro da palavra, mas sim uma revolução - uma
alteração violenta da legítima religiosidade e ordem
civil.
2. W.E. Vine [protestante], Vine's Expository Dictionary
of New Testament Words (McLean, VA: McDonald Publishing
House, n. d.), p. 387. Cf. St. Afonso de Liguóri,
Exposição e defesa de todos os assuntos de fé discutidos
e definidos pelo Santo Concílio de Trento; com a
refutação dos erros dos pretensos reformadores, etc.
(Dublin: James Duffy, 1846), p. 50.
3. Apesar de todos os livros do Novo Testamento já terem
sido escritos enquanto João finalizava o Apocalipse,
ainda não estavam organizados como Sagrada Escritura.
4. A palavra traduzida como ordenança é também traduzida
como ensinamento ou tradição, por exemplo, a NIV traz
ensinamento com uma nota dizendo: "ou tradição".
5. Vine, op. cit., p. 564
6. Um exemplo desta forma interpretativa envolve Ap, 12.
Os Padres da Igreja entenderam a mulher vestida de sol
como referência à Assunção da Virgem Maria. Alguém
afirmar que esta doutrina não existia até 1950 (o ano em
que o Papa Pio XII definiu-o como dogma de fé)
corresponde a uma grande ignorância de história
eclesial. Essencialmente, a crença surgiu desde o
início, mas não fora formalmente definida até o século
20. Deve-se saber que a Igreja geralmente não costuma
definir uma doutrina formalmente a não ser que esta seja
questionada por correntes heréticas perigosas. Tais
ocasiões requerem uma necessidade oficial de definir
parâmetros sobre a doutrina em questão.
7. A Igreja Católica afirma que "o corpo dos Bispos",
os sucessores dos apóstolos, também goza de
infalibilidade, quando, em união com o Papa, "exerce
seu magistério supremo, sobretudo em um Concílio
Ecumênico" (cf. CCE # 891). "Ligar e desligar"
é uma terminologia rabínica, e se refere à autoridade de
seus ensinamentos e interpretações. Cristo claramente
pretendeu, portanto, que seus apóstolos, sob a liderança
de Simão Pedro (contudo somente Pedro recebeu o poder
das chaves), possuíssem a autoridade para ensinar a
correta interpretação.
8. A afirmação protestante de que a Bíblia interpreta a
si mesma nada mais é do que uma futilidade. Afirmam que
cada pessoa pode chegar a uma correta interpretação
bíblica comparando seus versículos com outros da Bíblia.
O problema com este argumento pode ser assim
demonstrado: peça a dez pessoas para darem sua
interpretação sobre um certo versículo bíblico, e é
provável que encontre dez interpretações diferentes. Se
a Bíblia pudesse interpretar a si mesma, sempre se
chegaria à mesma conclusão, independente da época em que
se estuda, mesmo pelas mais diferentes pessoas. E se tal
diferença de interpretações pode ser verdadeira para
apenas dez pessoas, imagine então o resultado quando se
multiplica este número por milhares ou milhões? A
história já demonstrou tal resultado, e seu nome é
Protestantismo.
9. Existem alguns estudiosos que afirmam que 2 Pd foi o
último livro escrito do Novo Testamento, datando do
início do século dois. Pelo fato de não haver consenso
entre os especialistas sobre a data acurada, é
suficiente para nosso propósito aceitar a visão geral de
que ao fim do século um todos os livros do Novo
Testamento já haviam sido escritos.
10. Veja, por exemplo, Santo Irineu, Contra as Heresias
3,3; Tertuliano, Prescrição contra os hereges 32,
Orígenes, Primeiros princípios, 1, prefácio.
11. Veja, por exemplo, Santo Inácio, Carta aos
Esmirnenses 8-9; Carta aos Filadélfos, introdução e
cap.1-4; Carta aos Magnésios, 7.
12. Veja, por exemplo, 1 Clemente 1,56,58,59; Santo
Inácio, Carta aos Romanos, introdução e cap.3; Santo
Irineu, Contra as Heresias 3,3; Tertuliano, Prescrição
contra os hereges 22; Eusébio, História Eclesiástica
5,24,9.
13. Msr. Patrick F. O'Hare, L L D, The Facts about
Luther (Cincinnati: Pustet, 1916; Rockford, IL; Tan,
1987), pp. 215-255.
14. Walch, XIII, 2195, citado em The Facts about Luther,
p. 15.
15. É relevante que os decretos de um Concílio Ecumênico
não porta autoridade a menos que seja ratificados pelo
Papa.
16. Dois versículos favoritos dos arianos para respaldar
sua crença são Pv. 8, 22 e Jo. 14, 28.
17. John Henry Newman, Os arianos do quarto século.
18. Henry G. Graham, Where we got the Bible: our debt to
the Catholic Church (St. Louis: B. Herder, 1911;
Rockford, IL: TAN, 1977, 17th edição), pp. 34-35.
19. É a mesma lista dada pela declaração final,
explícita e infalível da Igreja sobre quais os livros a
serem incluídos na Bíblia, feita pelo Concílio de
Trento, na sessão IV, em 1546. Listas iniciais dos
livros canônicos eram as listas do "Decreto Gelasiano",
dado pela autoridade do Papa Dâmaso em 382, e o cânon do
Papa Inocêncio I, enviada a um bispo franco em 405.
Nenhum dos dois documentos pretendia compor uma
afirmação infalível a toda a Igreja, mas ambos incluíam
os mesmos 73 livros da lista de Trento 11 séculos antes.
(The Catholic Encyclopedia [New York: The Encyclopedia
Press, 1913], vol. 3, p. 272).
20. O leitor deve notar que a Igreja Católica não afirma
que a identificação dos livros da Bíblia não os tornaram
canônicos. Deus é quem é o autor da canonicidade. A
Igreja Católica afirma, isto sim, que somente ela detém
a autoridade e responsabilidade por identificar
infalivelmente quais são os livros canonizados por Deus
que devem compor a Bíblia cristã.
21. Commentary on John, cap. 16, como citado em Paul
Stenhouse, Catholic Ansewrs to "Bible" Christians
(Kensington: Chevalier Press, 1993), p. 31.
22. Graham, op. cit, p. 31.
23. Nem as primeiras cópias da Bíblia, o Codex Vaticanus
e o Codex Sinaiticus, ambos datados do quarto século
d.C., nem qualquer outra cópia contém a Bíblia inteira,
pois partes dos manuscritos foram perdidos ou
destruídos. A grande maioria dos manuscritos que existem
atualmente são apenas fragmentos da Bíblia.
24. A ironia é que foi pelos esforços incansáveis e
laboriosos dos monges católicos em suas clausuras que a
Palavra de Deus escrita sobreviveu através dos séculos.
A acusação de que os católicos fizeram de tudo para
suprimir a Bíblia é uma das mais perniciosas falsidades,
e é facilmente refutada pelo atento exame nas pesquisas
da história da Igreja. Muito pelo contrário, a Igreja
Católica, cuja única função é ser a guardiã do Depósito
da Fé, protegeu a Bíblia das traduções falsas e
espúrias, e foram estas versões que foram destruídas ou
queimadas para evitar que falsos evangelhos circulasse.
25. Raymond F. Collins, Introduction to the New
Testament (Garden City, NY: Doubleday & Company, Inc.,
1983), p. 77.
26. Ibid., pp. 100-102.
27. Bruce M. Matzger [protestante], The Text of the New
Testament: its transmission, corruption and restoration
(Oxford University Press, 1992), pp. 221-225, 234-242.
28. Os protestantes argumentam que mesmo com as
variações nos manuscritos bíblicos, nenhum aborda as
doutrinas principais. Mesmo que fosse verdadeira esta
afirmação, não altera o fato de que os protestantes
estão verdadeiramente admitindo, ao menos indiretamente,
que aceitam algumas doutrinas que são diferentes da
Bíblia "real". E se isto é verdadeiro, então o
próprio protestante começa a desmerecer a Sola
Scriptura.
29. Metzger, op. cit., pp. 226-228.
30. Collins, op. cit., p. 102.
31. Metzger, op. cit., p. 234.
32. Entre os vários exemplos que poderiam ser citados,
por motivos de espaço, vamos considerar somente algumas
ilustrações sobre este assunto. Em Jo. 1, 1, a NWT traz,
"...e a Palavra era um deus" e não "e a
Palavra era Deus", isto porque os Testemunhas
rejeitam a divindade de Cristo. Em Cl. 1, 15-20, a NWT
acrescenta a palavra outro no texto quatro vezes porque
creem que Jesus era uma criatura. Em Mt 26,26 a NWT
traz, "...isto significa meu corpo..." e não
"...isto é o meu corpo", porque os Testemunhas negam
a Real Presença de Jesus na Eucaristia.
33. Além do mais, a versão latina Vulgata recebeu uma
aprovação particular pelo Concílio de Trento entre todas
as demais versões latinas existentes na época. O
Concílio declarou: ...esse mesmo sacrossanto Concílio
determina e declara: que nas preleções públicas, nas
discussões, pregações e exposições seja tida por
legítima a antiga edição da Vulgata, que pelo longo uso
de tantos séculos se comprovou na Igreja; e que ninguém,
sob qualquer pretexto, se atreva ou presuma rejeitá-la.
(Sessão IV [8-4-1546], A edição da Vulgata da Bíblia e o
modo de interpretação, 785). Desde então, como afirmou o
Papa Pio XII na Carta Encíclica Divino Afflante Spiritu
("Sobre a promoção dos estudos bíblicos"), a
Vulgata, "quando interpretada no sentido que a Igreja
sempre entendeu" é "livre de erro em matéria de
fé e moral". Em 1970 o Papa Pio IX (1903-1914)
iniciou a revisão da Vulgata para uma maior acurácia
textual. Após sua morte, este enorme projeto está sendo
continuado por outros. Em 1979 João Paulo II promulgou a
"Nova Vulgata" como Editio typica ou "edição
normativa".
34. Notemos que o inventor da imprensa - Johannes
Gutenberg - era católico, e que o primeiro livro
impresso foi a Bíblia (circa 1455). Também deve ser
notado que esta primeira Bíblia continha os 73 livros
que até hoje compõem a Bíblia católica. Portanto, os
protestantes retiraram os 7 livros da Bíblia quando está
já existia em formato impresso.
35. Alguns estimam que existam cerca de 25 mil
denominações protestantes diferentes. Contando-se a
partir de 500 anos de história protestante, desde Lutero
(1517), este número significa uma média de uma nova
denominação protestante nova por dia! Sabemos, contudo,
que estes dados são desatualizados, e existem muito mais
de 25 mil denominações/seitas protestantes diferentes.
36. Mesmo os primeiros reformadores - Martinho Lutero,
João Calvino e Ulrich Zwingli - não concordavam em
assuntos doutrinários e classificaram as doutrinas uns
dos outros como heréticas.
37. Três aqui é usado apenas como ilustração. A
quantidade histórica (isto é, o número das variações nas
interpretações de várias passagens) é imensamente maior.
38. Não é negado que uma passagem da Escritura possa ter
diferentes níveis de interpretação ou que possa ter
diferentes níveis de significado em termos de sua
aplicação na vida do cristão. O que é negado aqui,
contudo, é o fato de uma passagem possuir mais de um
significado doutrinário ou teológico oposto a outro. Por
exemplo, se duas pessoas afirmam, respectivamente, "X" e
"não-X" para uma determinada interpretação, ambos não
podem estar corretos. Tome a doutrina da Real Presença
na Eucaristia. Se o primeiro afirma que Jesus está
presente no pão e no vinho, mas a segunda pessoa afirma
que Cristo não está presente no pão e no vinho, é
impossível que ambas as doutrinas estejam corretas ao
mesmo tempo.
39. O cânon farisaico, usado pelos judeus da Palestina,
não continha os livros deuterocanônicos. O cânon
alexandrino ou Septuaginta, usado largamente pelos
judeus da diáspora (regiões helenísticas fora da
Palestina), continha os livros deuterocanônicos.
40. W.H.C. Frend [protestante], The Rise of the
Christianity (Philadelphia, PA: Fortress Press, 1984),
pp. 99-100.
41. Para alguns exemplos, compare as seguintes
passagens: Mt. 6, 14-15 e Eclo. 28, 2; Mt. 6, 7 e Eclo.
7, 15; Mt. 7, 12 e Tb. 4, 15-16; Lc. 12, 18-20 e Eclo.
11, 19; At. 10, 34 e Eclo. 35, 15; At. 10, 26 e Sb. 7,
1; Mt. 8, 11 e Br. 4, 37.
42. Lee Martin McDonald [protestante], The Formation of
the Biblical Canon, Apêndice A (Nashville, TN: The
Parthenon Press, 1988) (Lista entitulada "New Testament
citations and allusions to apocryphal and
pseudo eptgraphal writtings", adaptado de The Text of the
New Testament, de Kurt Aland e Barbara Aland, dois
famosos biblistas).
43. Incluem
a) o cânon de Qumram, conhecido pelos
Manuscritos do Mar Morto;
b) o cânon farisaico e
c) o
cânon saduceu/samaritano, que inclui somente o Torah (os
primeiros livros do Antigo Testamento).
44. McDonald, op. cit., p. 53.
45. Ibid, p. 60.
46. Hartmann Grisar, SJ, Marthin Luther: His life and
work (B. Herder, 1930: Westminster, MD: The Newman
Press, 1961), p. 426.
47. Jansen, Vol. III, p. 84, como citado em O'Hare, op.
cit., p. 51.
48. Cf. Fr. William Most, "Somos salvos somente pela
fé"? Fita cassete da Catholic Answers, PO Box
174900, San Diego, CA 92177.
49. Fr. Peter Stravinskas, ed., Catholic Encyclopedia (Huntington,
Indiana: Our Sunday Visitor, Inc. 1991), p. 873.)
Autor: Joel Peters
Tradução: Rondinelly Ribeiro |
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O Terço
(Rosário) dos Homens não exige
nada e não cobra nada da vida pessoal dos seus
participantes, o que faz
com que seus membros se sintam livres, e a liberdade dá ao
homem o poder de ser aquilo que ele deseja ser, daí as
transformações se sucederem de modo espontâneo
causado pelo contato que os mesmos passam a ter
com
Deus por intercessão
de Maria. |
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