Não confundir o site do Terço dos Homens :
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Homens rezado nas suas origens pelo primeiro tesoureiro,
um dos fundadores do grupo.
Sr. Manoel Pedral, falecido à mais de 40 anos -
ouçam
84 ANOS DE GRAÇAS E
BÊNÇÃOS
no Brasil e no mundo
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A Igreja, que é "a coluna e sustentáculo da verdade"
(1ª Tm. 3, 15), guarda fielmente a fé uma vez por todas
confiada aos santos (cf. Jd. 1, 3). É ela que conserva a
memória das Palavras de Cristo, é ela que transmite de
geração em geração a confissão de fé dos apóstolos. Como
uma mãe que ensina seus filhos a falar e, com isso, a
compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos
ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na
compreensão e na vida da fé. (Catecismo da Igreja
Católica)"
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42. A Bíblia não erra |
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1. Mentalidade Hebraica e Linguagem Bíblica
Vamos, pois, estudar inicialmente um pouco da
mentalidade dos judeus e do seu jeito de se exprimir.
No salmo 62, versículo 6, lemos: "minha alma será
saciada de gordura e de tutano, de meus lábios alegres
ressoará o teu louvor". Nós poderíamos dizer: O que
é isso? A alma não come! É verdade. Mas, para o judeu,
um bom almoço era aquele com muita carne gorda. Um bom
almoço alegra. Por isso o salmista, em vez de dizer:
"minha alma estará feliz junto de Deus", diz:
"junto de Deus minha alma será alimentada com carnes
gordas e tutano". Pode não parecer piedoso. Mas
assim é que rezavam.
No salmo 118, 109, encontramos: "minha vida está
sempre em minhas mãos". Ter alguma coisa nas mãos, é
estar pronto a entregar, a perder. "Ter a vida nas
mãos" queria dizer: estou pronto a perder a minha
vida, estou quase morrendo, estou em grande perigo.
Com a mão pegamos as coisas, tomamos posse. Em vez de
dizer que alguém era rico, os judeus diziam: "ele tem
a mão grande". Quem era pobre ou avarento "tinha
as mãos pequenas".
Esses exemplos bastam para mostrar como os judeus usavam
uma linguagem muito concreta, quase sem termos
abstratos. Aliás, hoje ainda usamos linguagem
semelhante. Se alguém nos diz que "está na fossa",
"foi para o brejo", "foi para o buraco",
entendemos logo o que quer dizer e não perguntamos qual
a fundura do buraco nem onde é o brejo.
Como os orientais em geral, os judeus gostavam de falar
de um modo teatral. Assim, sem muitas explicações, a
ideia se tornava clara, quase palpável. Usavam
expressões que, analisadas friamente, são exageros. Um
rei, para dizer que seu exército era numeroso, dizia que
a poeira da Samaria não seria bastante para encher as
mãos de seus soldados (1º Livro dos Reis 20, 10). Em vez
de dizer: "houve fome em muitos países", diziam:
"houve fome na terra inteira". Há uma passagem do
Evangelho (Lc. 14, 26) em que Jesus diz: "quem não
odiar pai, mãe... não pode ser meu discípulo".
Odiar, no caso, significa amar menos do que ao Cristo.
A língua hebraica não tinha os mesmos recursos das
línguas modernas. Nós temos palavras que indicam
claramente a comparação entre os termos. Nós dizemos
claramente: "é maior o número dos chamados e menor o
número dos escolhidos". "Deus quer mais a
misericórdia do que o sacrifício". Os judeus diziam:
"muitos são os chamados e poucos os escolhidos"
(Mt. 22, 14). "Quero a misericórdia e não o
sacrifício" (Mt. 9, 13).
Usavam comparações e imagens que não podem ser tomadas
ao pé da letra. As ideias abstratas estavam ligadas a
coisas materiais. Por exemplo:
- fraqueza: carne, cinza, poeira, flor que murcha, cera
derretida.
- força: montanha, rochedo, bronze, tempestade,
exército.
- glória: luz, brilho, relâmpago.
- fartura: leite, mel, água, azeite.
Esse modo concreto de pensar e de falar é que levava os
judeus a falarem das coisas e de Deus usando expressões
que realmente só de aplicam aos homens. Por exemplo:
- as cisternas, os montes, as árvores devem bater palmas
e gritar de alegria;
- o sangue inocente pede vingança divina;
- Deus tem rosto, nariz, ouvidos, boca, lábios, olhos,
voz, braços, mãos e pés. Está revestido de um manto,
senta-se num trono de rei. Tem desgosto, ódio,
sentimentos de agrado, alegria, arrependimento. Tem até
um nome próprio.
Na linguagem da Bíblia os números não têm a mesma
importância nem o mesmo significado que têm para nós.
Quando damos um número, procuramos ser matematicamente
exatos; interessa-nos a quantidade real. Para os judeus
os números tinham todo um significado simbólico,
indicava o sentido dos acontecimentos ou as qualidades
das pessoas. A idade dos patriarcas, cem ou mais anos,
não era contada em razão dos anos realmente vividos, mas
em razão da veneração que mereciam, do quanto eram
queridos por Deus. No capítulo quinto do Gênesis
encontramos uma série de dez gerações desde Adão até o
patriarca Noé. Dez era apenas o número que indicava uma
série completa e final. Falando de dez patriarcas, o
hagiógrafo queria abarcar todos os acontecimentos, todas
as gerações entre Adão e Noé, fossem lá quais e quantos
fossem. Não estava, de modo algum, querendo ensinar que
de fato tinha havido apenas uma série de dez gerações.
De modo semelhante Jesus fala das "dez virgens";
S. Paulo menciona os "dez adversários" que nos
tentam separar do Cristo (Rm. 8, 38s), e os "dez
vícios" que nos podem excluir do Reino de Deus (1ª
Cor. 6, 9s). Os meses do ano são doze. Por isso esse
número também significava a perfeição, a totalidade.
Quando damos um número, estamos de fato excluindo
qualquer quantidade maior ou menor, a não ser que
digamos claramente o contrário. Os judeus indicavam o
número que interessava no momento. Podemos dar alguns
exemplos: Mc. 11, 2; Lc. 19, 30; Jo. 12, 14, dizem que
Jesus entrou em Jerusalém montado em um jumento. Mt. 21,
2 fala, porém, de uma jumenta e de um jumentinho. Mc.
10, 46 diz que, ao sair de Jericó, Jesus curou um cego;
Mt. 20, 30, diz que dois foram os cegos curados. Além do
mais, precisamos ainda lembrar que muitas vezes houve
engano dos copistas na transcrição dos números. Engano
fácil de entender já que os números eram representados
com letras do alfabeto, bastante parecidas entre si.
Bastam esses exemplos para percebermos o cuidado
necessário para termos uma correta compreensão dos
textos bíblicos.
2. Gêneros Literários
Há ainda um outro fator que devemos levar em conta:
o gênero literário, isto é, o tipo de composição que
temos diante de nós. Isso vai determinar o sentido e o
alcance que lhe podemos dar.
Se você ouve alguém contar uma história para crianças,
uma dessas histórias em que os animais falam, aparecem
fadas e bruxas, você não vai entender essa história do
mesmo modo como entende as palavras de alguém que lhe
está contando um fato real. Há muita diferença entre uma
poesia, ou a letra de uma canção, e um trecho de um
livro de ciências. Uma carta é bem diferente de uma
reportagem ou uma notícia no jornal. Um discurso
político não é a mesma coisa que um sermão. Aí estão
exemplos de alguns "gêneros literários".
A poesia, a anedota, a narrativa histórica, cada gênero
literário afinal têm suas regras próprias de composição.
Tem a sua linguagem própria, suas palavras apropriadas,
seu estilo. Escrevemos ou falamos de um jeito quando
queremos ensinar; de outro, quando queremos divertir, ou
agradar, ou informar, ou amedrontar, e assim por diante.
E mais. Cada "gênero literário" olha para a
realidade de um lado diferente. Alguns, querem
apresentar um fato real, enquanto outros falam de fatos
imaginários. Alguns podem aprofundar o assunto até aos
mínimos detalhes, outros ficam só em generalidades. E
podemos ainda notar que essas formas de expressão variam
conforme o povo, o tempo e o lugar.
Também na Bíblia podemos encontrar muitos gêneros
literários bem característicos. Há narrativas,
históricas ou não, há poesia, parábola, alegoria,
profecia. apocalipse. E temos que levar isso em conta
ou, então, vamos interpretar mal o que foi escrito. O
que lemos no Apocalipse ou nos Profetas não pode ser
compreendido do mesmo modo como se estivéssemos lendo os
Evangelhos. Vamos entender mal as Epístolas de S. Paulo
se esquecermos que são cartas, escritas em
circunstâncias bem concretas. Precisamos conhecer e
levar em conta as regras próprias de cada gênero
literário para não lermos o que não foi pensado nem
escrito pelos autores da Bíblia.
3. A Bíblia e a História
Lendo a Bíblia encontramos narrativas que nos levam
a perguntar: - Isso aconteceu mesmo? Tanto mais que,
muitas vezes, os dados fornecidos parecem não coincidir
com o que atualmente conhecemos da História do antigo
oriente.
No livro de Daniel, por exemplo, está escrito que o rei
Baltasar da Babilônia era filho de Nabucodonosor. Ora,
pelos documentos babilônicos, conservados em tabuinhas
de argila, sabemos que Baltasar era de fato filho de
Nabonide, quarto sucessor de Nabucodonosor. E o livro de
Jonas, será que quer apresentar um fato histórico, ou
seria apenas uma narrativa com finalidade edificante? A
mesma pergunta podemos levantar quanto aos livros de Jó,
de Judite, de Tobias e outros.
Não vem ao caso um exame detalhado de todos os problemas
que se apresentam. Vamos ver apenas alguns princípios
que nos aludem a compreender o modelo literário de
História usado em algumas partes da Escritura.
Em primeiro lugar é preciso saber que a Bíblia se
interessa pela História na medida em que os
acontecimentos têm uma importância religiosa. O que
interessa ao hagiógrafo é apresentar o que Deus fez pela
salvação dos homens e qual a resposta que os indivíduos,
o povo e a humanidade deram à proposta divina. São
mencionados, por isso, apenas os fatos realmente
significativos sob esse aspecto. E mesmo esses fatos são
narrados de forma a dar relevo ao seu significado
religioso. Dados de menor importância são omitidos ou
apresentados de um modo aproximativo, sem que se procure
a exatidão que estamos acostumados a encontrar na
História cientificamente escrita.
Não podemos, porém, esquecer que a Bíblia se apresenta
como o relato do que Deus realmente fez para a nossa
salvação. Não quer apresentar lendas e mitos. Afirma
fatos: e a fé cristã é possível somente se aceitamos a
realidade desses fatos fundamentais.
Por outro lado, é bom lembrar que as descobertas
arqueológicas dos últimos tempos vêm confirmando dados
até agora conhecidos apenas através das informações
bíblicas. O que nos dá, mesmo do ponto de vista da
ciência histórica, uma garantia bastante grande pelo
menos quando a exatidão dos fatos centrais.
Finalmente, há na Bíblia muitas narrativas que não
precisam nem podem ser tomadas como apresentação de
fatos realmente acontecidos. São "histórias"
contadas com a finalidade de ensinar, exortar, animar.
Concluindo: a Bíblia não erra nem pode errar quando o
hagiógrafo quer de fato apresentar o que realmente
aconteceu. Nem tão pouco pode errar ao nos dar o
sentido, a significação religiosa dos fatos.
4. A Bíblia e a Ciência
A nossa visão atual do mundo, dos seres vivos e da
humanidade é muito diferente da que encontramos na
Bíblia. Essa nossa visão é formada por conhecimentos
certos, adquiridos através das descobertas científicas,
ou se baseia em hipóteses, tentativas de explicação
coerente para os fenómenos que ainda não chegamos a
compreender perfeitamente. Na Bíblia, encontramos uma
concepção do mundo bastante poética e ao mesmo tempo
simplista. A terra era considerada como uma grande
planície, cercada de altas montanhas (onde moravam o sol
e a lua). Sobre essas montanhas, como se fossem imensos
pilares, estaria apoiado o céu, imaginado como imensa
cúpula de cristal onde estariam incrustadas as estrelas.
A terra estaria flutuando sobre o mar imenso, sob o qual
estava a habitação dos mortos. Acima dos céus, havia o
grande mar superior, e mais alto ainda o céu, habitação
de Deus. A origem do mundo e da humanidade era imaginada
como acontecimento bem recente. A uma palavra de Deus a
criação teria surgido como um todo perfeito e
definitivo. Os fenômenos naturais (ventos, raios,
chuvas) eram atribuídos a uma intervenção direta de
Deus. As doenças, eram causadas por forças misteriosas.
Baste isso para nos fazer compreender a dificuldade de
alguns em conciliar as afirmações da Bíblia com os dados
científicos agora conhecidos.
Houve tempo em que se tomaram atitudes extremas. Alguns,
partindo dos conhecimentos atuais, viam a Bíblia cheia
de erros e tentavam explicar tudo, até os milagres, de
um modo natural. Outros tentavam colocar a Bíblia como
critério para o nosso conhecimento científico da
natureza; ou, então, queriam a todo o custo fazer uma
acomodação entre suas afirmações e as da ciência.
Tentativas que não serviam nem à verdade da Bíblia nem à
verdade da ciência.
Para evitar mal-entendidos podemos seguir estes
princípios:
- a Escritura não quer ensinar "ciência". Quer
apresentar-nos Deus, suas obras e seus planos para a
nossa salvação. Como dizia um escritor antigo: "a
Escritura ensina-nos como ir ao céu e não como vai indo
o céu". É claro, porém, que falando sobre Deus e suas
obras, a Bíblia faz afirmações que têm consequências
para a ciência. Por exemplo, quando afirma que tudo
quanto existe não surgiu por si mesmo, mas foi criado
por livre decisão de Deus.
- a Bíblia, quando fala dos fenômenos e realidades da
natureza, fala ao modo do povo, fala segundo as
aparências: o sol que nasce e se põe etc. E muitas vezes
os hagiógrafos usam uma linguagem poética que
personifica as forças da natureza.
5. A Bíblia e a Moral
Quem lê o Antigo Testamento poderia ficar chocado
com certos costumes, mais ou menos tolerados, ou com
certos episódios mais ou menos escabrosos. Como é
possível isso num livro escrito sob a inspiração divina?
A Bíblia fala sobre o homem. Fala, pois, do que há de
bom e mau, mesmo em homens que deviam desempenhar um
importante papel nos planos de Deus. Não simplesmente
para falar do mal, nem muito menos para o ensinar. Quer
mostrar até que ponto pode chegar a fraqueza humana,
quer ensinar-nos a evitar todo pecado. Justamente essa
presença do mal nos mostra como Deus foi pacientemente
educando a humanidade para que pudesse afinal aceitar e
viver o Evangelho de Cristo. Não impunha exigências
maiores do que as assimiláveis por homens ainda presos a
uma situação precária. Não estava interessado apenas em
fazer cumprir um código moral; queria levar as pessoas a
um crescimento interior. Sabia esperar o momento de
mandar o seu Cristo que, diante das tolerâncias da lei
antiga, iria anunciar: "...eu, porém, vos digo..."!
Neste ponto podemos concluir:
- a Bíblia não erra nem pode errar em nenhuma das
afirmações que Deus e o hagiágrafo quiseram de fato
fazer e no sentido em que a fizeram.
Autor: Flávio Cavalca de Castro
Fonte: Livro "Para Ler a Bíblia", ed. Santuário,
pp. 59-67 |
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O Terço
(Rosário) dos Homens não exige
nada e não cobra nada da vida pessoal dos seus
participantes, o que faz
com que seus membros se sintam livres, e a liberdade dá ao
homem o poder de ser aquilo que ele deseja ser, daí as
transformações se sucederem de modo espontâneo
causado pelo contato que os mesmos passam a ter
com
Deus por intercessão
de Maria. |
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