A Igreja, que é "a coluna e sustentáculo da verdade"
(1ª Tm. 3, 15), guarda fielmente a fé uma vez por todas
confiada aos santos (cf. Jd. 1, 3). É ela que conserva a
memória das Palavras de Cristo, é ela que transmite de
geração em geração a confissão de fé dos apóstolos. Como
uma mãe que ensina seus filhos a falar e, com isso, a
compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos
ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na
compreensão e na vida da fé. (Catecismo da Igreja
Católica)"
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Já dissemos em nosso artigo "O que é a Bíblia",
que ela foi totalmente inspirada por Deus. Para
definirmos inspiração, preferimos seguir o conceito
descrito por São Tomás de Aquino:
"é a ação de Deus, movendo e dirigindo o autor na
produção do livro, preservando-o de erros, de forma que
é Deus o autor e o homem mero instrumento usado para
escrever" (2 Quodlibetales, VII,14,5)
Vemos, assim, que os livros da Bíblia foram escritos por
homens movidos pela ação direta de Deus, de forma a
prevenir erros, fazendo que aceitemos Deus como autor
principal e o homem como autor secundário. O homem é
instrumento de Deus e é movido e dirigido por Ele.
Porém, não devemos confundir inspiração com revelação: a
revelação ocorre quando Deus mostra ou descobre ao homem
verdades de fé; a inspiração, como vimos, é o ato de
Deus mover o homem a escrever verdades de fé, assistindo
e preservando seus escritos do erro.
O fato de Deus de ter inspirado homens, não significa,
contudo, que tenha anulado a inteligência e a liberdade
do ser humano. Sobre isso, ensina-nos o Magistério da
Igreja:
"na redação dos livros sagrados, Deus escolheu
homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas
próprias faculdades e capacidades a fim de que, agindo
Ele próprio neles e por eles, escrevessem, como
verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio
quisesse" (Dei Verbum, 11).
Mas por que Deus inspiraria seres humanos para elaborar
a Bíblia?
Ora, Deus é nosso Criador e nos criou por amor!
Inspirando alguns santos homens a escrever tais livros,
deu à religião uma base divina, absolutamente correta,
já que, por serem inspirados, os livros da Bíblia são a
própria Palavra de Deus, em toda a sua essência e força.
Já que foram escritos por homens, de forma que podemos
entender seu conteúdo, foram usadas linguagens humanas.
Quase todas as Bíblias modernas trazem logo na primeira
folha as três linguagens que foram usadas para compô-la:
o hebraico, o aramaico e o grego. O hebraico foi usado
para a redação de quase todo o Antigo Testamento; o
aramaico (língua falada na Palestina na época de Jesus)
foi usado para alguns pequenos trechos do Antigo
Testamento e, segundo alguns estudiosos, para o original
do Evangelho de Mateus; o grego comum (koiné), por fim,
foi utilizado para escrever alguns poucos livros do
Antigo Testamento e para todo o Novo Testamento. |